Capítulo 10
O rei contava sobre as suas aventuras quando era mais novo. Eu nunca imaginei que o homem mais importante de Velorum possuísse uma humildade tão marcante, mesmo tendo o criado com tal característica. Ele respirava fundo, dando um gole no seu chá antes de retornar à conversa. Nós dois estávamos no jardim em uma caminhada matinal que se tornou um hábito frequente do monarca após recuperar boa parte da sua saúde. Às vezes, depois do passeio, ele se encontrava um pouco indisposto pelo esforço físico mas no outro dia estava com a mesma energia de antes. No final das contas, a vontade de viver falava mais alto do que qualquer outra limitação.
A nossa conversa seguia um rumo agradável, pois ele falava mais sobre o reino que eu criei e dizia detalhes novos até mesmo para mim. Era bom conhecer Velorum como ela realmente deveria ser; além de folhas de papéis ou páginas no Word. Eu podia sentir que estava em uma cidade real com pessoas de carne e osso. Pessoas com sonhos, objetivos e histórias que pertenciam à elas mesmas; não a uma escritora sem autoconfiança.
— Irá para o baile, majestade? — questiono enquanto caminhávamos para fora do jardim.
O Sol já beijava as colinas em um tom alaranjado. O local tornava-se incrivelmente belo com o contraste da cor vívidas da flores e a luz mais amena do astro.
— Eu gostaria mas não acho que aguentaria passar a noite inteira. — ele comenta com uma evidente tristeza. — Eu e minha amada Lilian amávamos esses bailes. Nós dançávamos por toda a noite até os pés doerem.
Eu poderia facilmente visualizar a imagem de duas pessoas apaixonadas girando pelo salão em cima do olhar da sociedade. Eles ignorando todos ao redor para focar no rosto da pessoa amada. Com certeza, seria uma cena digna de um livro de romance.
— O senhor pode passar um tempo no baile, apenas para presenciar as primeiras danças. — sugiro. — Tenho certeza que a rainha não gostaria de te ver trancado no quarto em um dia especial como esse.
A expressão dele torna-se distante e pensativa. Os segundos se passam e engulo seco, temendo que a minha língua grande tenha sido um problema. Porém, uma parte da tensão some ao ver o sorriso gentil do rei.
— É uma boa ideia. Talvez eu compareça ao baile, afinal odiaria que o espírito da Lilian ficasse irritado comigo. Ela tinha o sorriso mais belo do mundo e quero lembra-la sempre assim.
Um suspiro de alívio escapa dos meus lábios e balanço a cabeça, concordando.
— É esse o espírito, majestade.
— Eu instruí o Chris a usar esse baile para analisar as belas mulheres do reino. Estou ficando velho e, antes de morrer, quero ver meu netinho correndo por esse palácio. — dizia todo bobo com um brilho no olhar. — Eu tenho fé que ele escolherá uma bela dama para dançar nesse baile e depois os dois irão se conhecer melhor.
O aperto em meu coração traz uma sensação inexplicável e desconfortável em meu interior. Ainda assim, continuo a sorrir e assentir com as palavras do rei enquanto ele torna a falar.
— Eu conheci nobres que desejam ver suas filhas casadas e, particularmente, as opções são boas. Eu sei que Chris fará a escolha certa no final, ele é bem criterioso.
Mesmo não sendo a intenção do rei, as suas palavras atingem em cheio a minha insegurança. Christian é um príncipe lindo, educado e gentil. É quase como um conto de fadas alguém assim ter olhos para mim e tenho medo da realidade me atingir em cheio, vulgo com uma bela pancada na cabeça.
Estou pensando demais, por enquanto preciso relaxar um pouco e aproveitar o momento. E eu sei que Christian dará um jeito, confio nele.
***
A noite estava agradável e silenciosa. O movimento dos guardas, após o acordo de paz entre o rei e o duque, diminuiu bastante. Então, duvido muito que teríamos problemas quanto à privacidade. Eu e Christian nos encontrávamos debaixo da pequena "tenda" de videiras, sentados na mobília branca de mármore.
Ele ainda trajava suas roupas rotineiras, o branco enraizado da cabeça aos pés apesar das botas serem pretas. A beleza desse homem parecia não ter fim pois, quanto mais o analisava, mais belo o achava. Por outro lado, eu estava usando uma camisola lilás com babados brancos nas pontas, tocando nos joelhos. Para quem está acostumado a dormir com alguma camisa folgada da Marvel, essa roupa não era tão ruim assim.
— A saúde do meu pai está melhor graças à sua dedicação, Diane. Muito obrigado.
Christian transparecia toda a sua gratidão através de um sorriso sincero, deixando mais nítida a beleza de seus traços. O meu coração se aquece de maneira inexplicável enquanto sinto aquela inquietude boa na barriga.
— É o meu dever.
— Mas eu sei que fez isso por ter um bom coração, não por causa de uma simples obrigação. — ele comenta depositando a xícara ao lado antes de se erguer para sentar ao meu lado. — Eu estou em dívida com você.
Apenas em um livro de romance para existir um homem perfeito como esse.
O príncipe é o parâmetro que todos os homens deviam seguir. Educado, bom com palavras, gentil e incrivelmente sincero. Além de que possui um gosto impecável para roupas e tem hobbies realmente louváveis.
Claire iria surtar se o visse pessoalmente.
Então, ao lembrar da minha melhor e única amiga no mundo real, sinto um aperto no peito. Viver em Velorum é maravilhoso, mas há uma pessoa que realmente se importa comigo e que, com toda certeza, ficaria preocupada com a minha ausência.
— Aproveite a recuperação com o seu pai e aprenda mais com ele. — comento desviando a atenção para a xícara em minhas mãos. — Se bem que eu sei que será um ótimo rei.
— Prevê o futuro, Diane? — ele brinca.
Não, algo bem melhor. Eu posso criar o futuro, mas isso não vem ao caso.
Dou nos ombros.
— É um palpite baseando na forma como trata as pessoas e também... — murmuro sentindo as bochechas esquentarem. — Como deixa a sua gentileza e o seu senso de justiça transparecerem.
Ele sorria mais ainda e retira a xícara das minhas mãos, deixando-me confusa. Porém, não tenho tempo para responder pois sinto seu toque em meu rosto e qualquer palavra foge de forma instantânea. Então, aquele belo rosto se aproxima de mim e tudo que consigo fazer é fechar os olhos até que minha boca seja agraciada com o sabor de seus lábios.
O beijo de Christian é gentil, mas possui um leve toque ardente de desejo. A sua mão contorna minha face até chegar à nuca, onde ele puxava os fios soltos do meu cabelo. O seu ato é tão inesperado que deixo um som indecente escapar dos meus lábios. E com isso, o príncipe interrompe o beijo, comentando:
— Você não me ajuda a se controlar, Diane.
— Talvez seja porque... — comento abrindo lentamente os olhos. — Eu não quero que se controle.
O loiro solta uma risada anasalada.
— Que danada.
Em resposta, finjo um sorriso inocente. Com um puxão, estou no colo do príncipe com as pernas em cada lado do corpo dele e frente à frente para o homem mais belo que já conheci — e que criei também. Desta vez, o seu segundo beijo é tudo menos gentil. A língua dele pedia passagem e, ao ser concedida, explorava a minha boca com necessidade. As suas mãos encontram um ótimo lugar para repousar: minha cintura. Ele apertava a região durante o beijo e, às vezes, fazia meu corpo propositadamente roçar contra o seu.
Logo, pude sentir algo me cutucar e o nervosismo se apoderou de mim. Como um reflexo involuntário, recuo o corpo desfazendo o beijo. O príncipe piscava os olhos, confuso e não demora muito para expressar preocupação.
— Eu fiz algo errado? Desculpa, não foi a minha intenção.
Com toda certeza, Bryan nunca se preocuparia com essa minha reação e ainda tentaria avançar sem perguntar. Mas preciso tirar da cabeça essa comparação tosca. Christian não é o meu namorado — ou ex-namorado, seja lá o que for — e, se o príncipe o conhecesse, acharia essa comparação ofensiva.
— Você não fez nada, alteza. Eu só...
Como posso dizer que estou insegura com o meu corpo? É melhor pensar em outra coisa.
—... Eu quero, mas sou apenas uma empregada.
— Eu não me importo. Acha mesmo que a diferença de títulos é algo que eu devia dar importância quando me sinto tão bem na sua companhia? — ele questiona enquanto deposita vários selinhos em meus lábios. — Nada disso.
Só em livro de romance pra um príncipe não se importar com títulos.
Contenho um riso diante do meu pensamento. Então, limito a um aceno com a cabeça antes de ser alvo de outro beijo do loiro. Eu ainda estava insegura mas não queria que ele pensasse ser drama, além de que sinto uma imensa vontade de continuar a agradá-lo. Ele é um príncipe, pode ter várias à sua disposição mas escolheu logo à mim. Por isso, preciso fazer o possível para não o decepcionar.
E também seria burrice da minha parte não aproveitar essa chance.
As mãos dele subiram por minhas coxas, erguendo o vestido até a altura do quadril. Nós dois estávamos imersos no beijo mas, ainda assim, sentíamos o toque um do outro. Eu já afundava os dedos em seu cabelo macio enquanto estremecia com seus dedos delicadamente roçando em minha pele. Com um movimento rápido, Christian retira o meu longo vestido deixando-me apenas com a calcinha. Uma onda de vergonha me atinge em cheio, mas ele sequer lança um olhar para aumentar o meu constrangimento.
Não, o príncipe foca em meus olhos. Unicamente neles.
Ao final do beijo, aproveitamos para recuperar o fôlego e ele não perde tempo, abaixando a calça com um movimento rápido. Por uma fração de segundos, lembro das cenas que escrevi sobre o príncipe e a Alene em momentos íntimos, mas nunca o narrei com tamanha pressa para chegar aos finalmente.
Mas eu não sou a Alene e, sinceramente, tem coisa melhor agora a se fazer do que comparar.
Era tão bom se sentir desejada. Os dedos de Christian deslizaram para dentro da minha calcinha e, ao senti-los acariciando aquela região, um arrepio percorre o meu corpo. O foco de seus lábios muda para o meu pescoço, distribuindo beijos.
— Desculpa, Diane. Mas eu não consigo esperar.
Assinto com a cabeça e sorrio de leve.
— Nem eu, alteza.
— Chame-me apenas de Christian. — pedia segurando delicadamente meu queixo, depositando um beijo demorando em meus lábios. — Não tem ninguém aqui, apenas nós dois.
— Como quiser, Christian... — sussurro sem conter o sorriso.
Os olhos do príncipe brilham em felicidade antes de apoiar ambas as mãos nas minhas coxas, erguendo brevemente o meu corpo. Então, ele abaixava a própria roupa até que não houvesse um tecido sequer nos impedindo. Lentamente, Christian descia o meu corpo encaixando nossas partes, parando apenas quando estávamos conectados. Um gemido arrastado escapa dos meus lábios enquanto o sentia me preencher, pulsando dentro de mim.
As minhas mãos vão para os seus ombros, apertando a região enquanto o sentia deslizar pelo meu interior. Os gemidos do príncipe são tão bons que tenho uma inexplicável vontade de ouvir mais. Por isso, começo a mover o quadril por vontade própria e o resultado é satisfatório. Christian fechava os olhos com os lábios entreabertos, respirando pesadamente.
Quando aqueles belos olhos verdes voltam-se para mim, sei que devo me preparar para o "contragolpe" do príncipe. Ele segura minha cintura com força e toma o controle dos movimentos de forma rápida. Então, agora sou eu quem estou gemendo e não demoro muito para me desmanchar em uma explosão de prazer.
Ele abria um sorriso vitorioso mas esse é apenas o começo da nossa noite, por isso mordo o lábio, desta vez, propositadamente.
— Diane, Diane... — ele dizia com uma risada anasalada. — Espero que esteja preparada para se divertir por toda a noite.
— Só há uma maneira de saber, Christian... — ouso dar um sorriso malicioso, entrando nessa brincadeira de provocações. — Testando.
— Com muito prazer.
Quando ele retorna aos movimentos, tenho leves espasmos por causa da sensibilidade pós-orgasmo. O príncipe mantinha um ritmo constante, atacando os meus lábios mais uma vez enquanto uma de suas mãos se apoia em meu seio exposto o apalpando. É um pouco complicado se livrar das inseguranças do meu corpo mesmo nesse momento, mas faço o maior esforço possível para ignorá-las.
Ele não merece uma mulher insegura.
Christian atinge o orgasmo indo o mais fundo possível em mim, arrancando um gemido mútuo de ambos. Mesmo ofegante e suando, ele se recusa a interromper as estocadas e logo estamos testando os nossos limites mais uma vez.
***
O melhor de tudo foi chegar ao quarto do príncipe sem sermos percebidos. Os guardas estavam atentos à qualquer movimento suspeito no corredor mas, por sorte, Christian conhecia "atalhos" dentro do próprio palácio. Então, chegamos furtivamente no cômodo onde fomos para outro round.
No final, tomamos um banho repleto de carícias e beijos até irmos para a cama. Christian me emprestou uma de suas camisas que tocou um pouco abaixo do meu quadril. Ela era quente e confortável, além de ter o cheiro do príncipe.
Quando fiz menção à voltar para o quarto, ele me puxou para deitar ao seu lado e, obviamente, não neguei o seu pedido para continuarmos juntos. Nós parecíamos um casal daquela forma e o meu tolo coração aceitou esse pensamento de bom grado. Talvez sonhar em ser a protagonista não seja uma bobagem tão grande assim.
— Já dormiu? — murmuro enquanto ergo um pouco o olhar. Ele havia me colocado deitada contra o seu peito, onde podia sentir aquela troca agradável de calor corporal.
O príncipe acena negativamente com a cabeça, mas mantém os olhos fechados.
— Não, está tudo bem?
Eu queria dizer que estava com medo de tudo não passar de um sonho, onde Christian fingiria indiferença no outro dia. Mas era algo tão bobo de se pensar, principalmente quando eu o criei para não agir dessa maneira. O protagonista da minha obra era perfeito em todos os sentidos e, até então, nunca deu nenhuma prova contrária à isso.
— Sim, eu só pensei que estivesse tão cansado do longo dia que dormiria logo. — minto aconchegando-me mais ainda contra seu peitoral nu.
— Estou mais cansado por causa de outra coisa, Diane.
O meu rosto esquenta e opto por ficar calada, o que rende uma breve risada do príncipe. Eu já disse que não me canso do seu sorriso? Pois é, eu não me canso!
— É melhor dormirmos, amanhã será um longo dia. — sugere.
— Verdade. Boa noite, Christian.
Ele deposita um beijo no topo da minha cabeça, murmurando:
— Boa noite, Diane.
E eu dormi como um anjo em seus braços, sendo acalentada por essa sensação calorosa de proteção.
Quando abri os olhos, já havia amanhecido. Infelizmente, senti falta de um calor humano ao meu lado e sentei na cama, procurando pelo príncipe. Contudo, ele havia saído para as suas tarefas rotineiras, o que era compreensível. Christian, como sucessor de Velorum, não tinha tempo para aproveitar com uma simples empregada, uma secundária na trama.
Se bem que estou ganhando meu espaço aos poucos, isso é bom... Eu acho.
Então, decido tomar um rápido banho em seu banheiro e coloco o vestido da noite anterior, prendendo o cabelo de qualquer forma. Ao sair do quarto do príncipe, certifico-me de que não há ninguém no corredor e, assim, sigo em passos silenciosos em direção ao primeiro andar. Ao se aproximar das escadas, ouço a voz rígida da senhora Hopkins e um calafrio percorre minha espinha.
— Eu espero que faça o seu trabalho corretamente. — dizia a governanta com o seu típico tom rígido. — Estamos entendidas?
— S-Sim...
A pessoa a responder possuía uma voz suave e baixa, bastante agradável. A curiosidade me faz apressar os passos até pisar no primeiro degrau, erguendo o olhar para a jovem que segurava a sua mala simples. Ela esperou a senhora Hopkins se retirar do recinto para relaxar a postura e, então, notou a minha presença no topo da escadaria. Logo, um sorriso gentil surgiu em seus lábios enquanto se apresentava.
— Prazer, eu sou Alene Evans.
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