O1. CABELO VERMELHO.
#folhasdetempo.
A grama estava seca e a madeira do tronco onde estava sentado lhe arrepiava nas costas cobertas por uma jaqueta de couro. A textura do violão contrastando com a sua pele encharcada de desenhos em preto era confortável, assim como o amontoado de garrafas de cerveja descansando ao lado dos seus quadris. Para Jungkook, a única coisa que curtia naquele inferno eram os intervalos onde ele se permitia relaxar com o seu restante grupo de amigos que eram iguais a si.
— Quer outra? — Taehyung perguntou, os seus cabelos vermelhos balançando na mesma sincronia das folhas acima. Jeon negou com a cabeça, sorrindo de leve. — Você recusando uma cerveja? — arqueou a sobrancelha.
— Está quase dando o toque.
— E desde quando você se importa em chegar atrasado ou não? — Namjoon franziu a testa, o fitando enquanto bebia do líquido amarelo.
Jungkook deu de ombros.
— Somente gosto das aulas de literatura. Na verdade, são as únicas suportáveis aqui.
— Eu realmente não entendo porque você deixou o curso de música, cara! A sua voz é bonita, é gostoso pra caralho e manja bem no violão. Você seria uma ascensão indie ou do rock se esforçasse nisso. — Tae exclamou, os seus olhos brilhando só de pensar. — Eu poderia ser o baterista, ah cara...Imagina a multidão passando mal somente com o movimento das minhas mãos?
— Não viaja. — Jung sorriu novamente, parando para ajustar as cordas do instrumento que residia no seu colo.
— Você seria mais o manager do que baterista Taehyung. Não consegue nem fritar um ovo, imagina ter um cargo foda desses? Deixa pra mim. — Namjoon alfinetou, não se deixando abalar pela carranca que se formara nos cabelos de fogo.
— Ah, é? Você sabe muito bem que a minha especialidade não é a cozinha, certo? Sou profissional no quesito de enloquecer...— lambeu os lábios lentamente, fazendo com que tanto Jungkook quanto Kim, rolassem os olhos.
— Claro, por isso é que o Yoongi correu de você quando tentou mostrar as suas habilidades de mestre. — alfinetou novamente.
Existiam somente três coisas que relaxavam Jeon Jungkook: livros, música e cigarros. Ele nunca soube ao certo como parara junto daqueles garotos insuportáveis, mas quando sequer teve o tempo de pensar sobre o assunto, eles já tinham se tornado na sua família. Jungkook de verdade, era um fudido, que curtia beber cerveja no intervalo, tocar no seu violão e dar uma longa tragada no seu cigarro. Sem mais nem menos.
Ele também não era nenhum bobo, é claro. Tinha a noção de que o seu cabelo castanho com mechas em vermelho escuro, chamavam muito a atenção pelo seu redor, assim como o amontoado de tatuagens que deliciavam a sua pele, e o piercing fino no seu nariz. O seu jeito desinteressado na maioria dos casos era um bônus que lhe tornava comentado por todo o mundo, e ele não gostava de admitir, mas adorava toda a porra da atenção que recebia. Mesmo sendo o típico homem que prefere 'ficar na sua'.
— O Yoongi só estava inseguro, por isso não caiu de boca no papai aqui, seu cuzão! Se é para falar em fracassados, então a gente sempre pode relembrar do fora irresistível que o Jin deu em você. As suas bochechas pareciam tomate! — debochou, recebendo apenas um dedo do meio de Namjoon.
— Falando nisso, cadê ele?
— Vai faltar na primeira aula, tem algum compromisso com o pai.
— O mesmo de sempre? — Jeon suspirou.
— É.
— Esse moleque não aprende nunca. — Tae revirou os olhos, pensando no amigo desaparecido. — Enfim, estou indo. Minha aula é conjunta com o açúcar em pó e não irei perder uma oportunidade como essas para encher o seu saco. — murmurou, se levantando da grama de forma desengonçada, beijando a bochecha de Jungkook e dando a língua a Namjoon.
— Faz isso denovo 'pra ver se não corto. — o de cabelos platinados ameaçou.
— Vai tomar no cu! — então, ele se foi.
— Sinceramente...— o escutou xingar Taehyung baixinho. — Você acha que o Jin irá ficar bem? — dessa vez perguntou, encarando Jungkook com uma leve preocupação adornando os seus olhos. Este apenas deu de ombros, retirando um isqueiro do bolso e acendendo um cigarro.
— Sabe como ele é. — tragou. — Seokjin é grande o suficiente para aprender a lidar com as consequências. Não é como se fosse a primeira vez que isso acontece, certo? — o amigo assentiu, parecendo pensativo.
— Ah, cara, ele é um fudido do caralho. Tenho vontade de encher a cara dele de socos. — resmungou, fazendo Jeon sorrir levemente.
— Não conseguiria, gosta demais dele para isso.
Kim Seokjin não era um homem de grandes ambições. Na verdade, era um cara muito charmoso e bonito, os seus lábios eram rosados e cheios, o nariz proporcional a todo o restante do seu rosto. Os olhos beiravam um castanho escuro sutil, mas todavia brilhante, assim como o seu cabelo preto que mais parecia uma peruca de tão hidratado. Nenhum deles sabia ao certo o porquê do menino continuar frequentando aquela merda com eles, contando que tinha idade o suficiente para trabalhar e uma inteligência avançada. Soubera que o mesmo tinha recusado uma oferta de emprego como modelo, somente para permanecer na cidade, escutando as merdas que Jungkook e os amigos diziam e as cervejas baratas que compravam na esquina. Resumindo, ele era um bocó baitola.
— Infelizmente ele não sente o mesmo, não é? — suspirou, visivelmente abalado. Namjoon não era um garoto de demonstrar sentimentos, bom, pelo menos não com frequência. Ele manjava na escrita e palavras, mas construía um muro invisível à sua frente e se dizia ser uma espécie de incógnita, ou pedra. Eram raros os momentos em que se deixava abalar ao redor dos outros, ainda mais por assuntos de grande porte, como paixões colegiais.
Mesmo que fosse muito mais que isso.
— Escuta...— retirou lentamente o cigarro da sua boca quando achou ter sido o suficiente, e o jogou na grama, amassando com o pé logo após. — Nem sempre o amor é recíproco. Não posso dizer para seguir os meus conselhos porque nunca desfrutei desse sentimento que é 'estar apaixonado', mas tenho conhecimento que ele nem sempre é esse mar de rosas que as pessoas pintam. — se desencostou da árvore que já lhe machucava as costas e se colocou em pé, esticando o braço na direção do outro, de modo a que ele pegasse. — Mas na hora certa, as coisas irão dar certo. Não prometo que seja com Jin, porém, o que tiver que acontecer, irá acontecer, saca? Pare de se martirizar por coisas que não tem a certeza, e vá para a aula.
Namjoon revirou os olhos, encarando a mão apontando para si, pensando se se jogaria na grama e tirava um cochilo, ou se retirava algumas horas para aprender algo realmente útil. Acabou cedendo com um resmungo, e se apoiou nos dedos do outro, se erguendo com uma carranca visível na testa.
— Obrigado, bobão do caralho. — sorriu mostrando as covinhas nas suas bochechas. — Entendi o seu ponto, acho que irei esquecer o assunto por agora.
— Faça isso.
Faça isso.
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Sendo sincero, Jimin queria sumir. De verdade, a ideia de que alguém estaria feliz pelo começo de um novo ano escolar, para ele, era nula. Inexistente.
Por favor, quem sentia falta do som irritante do toque de entrada? Quem sentia falta de babar na mesa nas aulas de história, porque, oh, eram uma tremenda meia hora que passaria com sono? Quem sentia falta de ser comentado apenas por respirar, pelo grupinho de fofoqueiros que sempre que podiam, passavam o restante do dia sentados nas bancadas murmurando a seu respeito? Era um tremendo saco. Ali, para Jimin, tudo era a porra de uma chatice.
Porém, ele não poderia reclamar, não esse ano. Seria o seu último naquela escola, e ele teria que se esforçar ao máximo para que conseguisse passar, porque se ele reprovasse? Estava fudido, e bom, Jimin não precisava de carregar esse peso também.
Desde cedo, o garoto de cabelos loiros secos, possuía apenas um sonho: ser escritor. A ideia de que não fosse ter futuro, para ele era a que mais brilhava na sua mente, porém, também sabia que não era bom em mais nada que não isso. E do mesmo jeito, cada palavra que passava para um papel -digital ou real- era onda de insegurança e tristeza que se apossavam de si por um grande período de tempo. Os seus pais negavam a lhe fornecer apoio, os seus amigos antigos diziam ser bobagem, porque para eles o mais importante era ser advogado, policial, enfermeiro e atleta.
Mas estava tudo bem, Park lidou com tudo isso e escolheu seguir o curso de Línguas e Humanidades. Como disciplinas adicionais, optou por Língua Estrangeira I e II, Literatura, Língua Estrangeira II e III e Psicologia. Tudo num só curso, porém com somente um objetivo.
— JIMIN! — se assustou, quando deu o seu primeiro passo adentro daquele local, repleto de gente que odiava e denominava como insuportável. Jung Hoseok, um amigo seu, se aproximou com um largo sorriso no rosto e uma maleta azul apoiada em seu ombro. — Que saudades!
— Estivemos juntos ontem, seu bobo. — retribuiu o sorriso, fazendo com que os seus olhos amêndoa se tornassem em duas metades de uma lua.
— Hm, eu sei, só tentei ser educado. Convenhamos, o seu rosto está péssimo! Dormiu?
— Não.
— Insónia, ou estava preocupado com o final do curso? — perguntou, a sua feição se tornando séria há medida que os seus lábios fecharam. Jimin murchou.
— É que... é o último ano, e escutei rumores de que grande parte das notas seriam avaliadas num trabalho. Em grupo. E meu deus, eu tenho cara de quem gosta de alguém daqui?
— Tem razão, eu sou o único legal no meio desses babacas intrometidos. — Hoseok suspirou, retocando no seu avelã, dando a confirmação de que ele era bonito em qualquer hora do dia. — Mas você vai se mandar bem, hm? Foque no que precisar fazer, e se a sua dupla não estiver disposta para isso, você fala para a professora. E como disse, escutou rumores, não sabe se irá acontecer de verdade.
— Certo...— Jimin bufou, incerto nas palavras do amigo. Talvez ele só precisasse respirar.
— Mas e então, alguém novo na sua classe? — Hobi parecia animado, e julgando pelo seu rosto, alguma novidade estava entalando na sua garganta pronta para ser solta a qualquer momento. — Minhas aulas de Psicologia agora têm a dádiva de serem conjuntas com Kim Namjoon! Você sabe, né? Do clube.
Ah, o clube.
A universidade de Busan possuía uma peculiaridade. Ao invés de ser dividida naqueles grupos predominantes e categorizados pelos: nerds, normais e populares, ali tinha um acréscimo.
O clube dos Garotos Quebrados.
Bom, caso não gostasse desse nome, sempre poderia trocar por Vecchio Demone. Sinceramente, Jimin não entendia que porra isso significava, tampouco porque os garotos auto se denominavam com ele, mas eram termos que rondavam a escola a cada milímetro de segundo. Era irritante e Park não via a necessidade do porquê de receberem tanta atenção assim.
Esse grupinho era composto por quatro garotos: Kim Taehyung, um pirado pau de mel que vivia correndo atrás do seu melhor amigo e não aguentava levar um fora; Kim Namjoon um homem inteligente e que xingava até o próprio vento; Kim Seokjin que era uma incógnita contando que vivia faltando; e por fim - mas não menos importante - Jeon Jungkook. Ah, esse cara, Jimin não gostava dele, nadinha mesmo.
Como poderia começar uma breve explicação sobre o garoto, sem querer soltar um palavrão no meio?
Jungkook era...bonito. Não, não era somente bonito, ele era... realmente impressionante. Tipo, lindo pra caralho. Numa escala de zero a cem, ele explodia e ia muito além dos números indicados, poderia até afirmar que beirava o infinito e mais além de tão esbelto que o maldito era. Com os seus cabelos tingidos num vermelho escuro, Jeon não carregava somente um rosto bonito, como um corpo escultural. E sendo sincero, não era um exagero, o garoto parecia um combo de arrancar suspiros por onde quer que passasse. Parecia tremendamente clichê uma definição desse tipo, porém, infelizmente era a verdade.
Para além do seu rosto incrível e porte mais incrível ainda, o ruivo ainda possuía várias tatuagens adornando a sua pele. No pescoço, um relógio velho com alguns passarinhos, e nos braços - que pode calcular meticulosamente quando usava somente uma t-shirt no ano passado - uma serpente, e a palavra tristeza em letras grotescas. As suas vestes se resumiam em moletons ou roupa de exercício, no geral algo bem folgadinho mesmo, mas que o deixavam bonito de qualquer maneira. Jimin não sabia ao certo afirmar o que tornava Jeon Jungkook tão gutural assim, mas admitia que os seus olhos eram esplêndidos, num jeito que arrepiava qualquer pelinho seu. Eram castanho escuro, um escuro que quase beirava o preto, e de certa forma, eram intensos. Muito intensos.
Porém, Jungkook apesar de parecer uma reencarnação de afrodite, era também muito complexo. Na maior parte do tempo, o garoto se encontrava no pátio bebendo álcool que, sinceramente, não sabia como não era pego pela diretoria, e conversando com o seu aglomerado de quatro amigos que pareciam tão imbecis quanto ele. Possuíam diálogos sobre quem já tinham pego, quem queriam pegar, e outras merdas sobre as suas vidas medíocres que mais ninguém tinha conhecimento sobre. Jeon, exclusivamente, era um ponto de interrogação, diria até, a tela azul que desconfigura o seu sistema. Sempre possuí um violão entre as mãos dedilhando músicas que Jimin não conhecia; e um rádio velho onde passavam melodias antigas demais. Realmente, era um cara que gostava de ficar na sua, contando que não conversava muito com os de fora do seu círculo social.
Mas agora lhes pergunto, porque Park Jimin não gostava de Jeon Jungkook, contando que tudo o que dissera até agora, foram pontos adicionais para a lista de charmes do ruivinho?
Era simples, na verdade. O garoto queria estudar, ele precisava de força de vontade. Tinha de ter concentração, foco, e não podia exceder ao luxo de pensar naquele mongó estonteante. Não gostava do fato dele chamar tanto a sua atenção, porque sabia que Jeon no fundo, amava. Não gostava de estar na aula e ter como tópico principal de cochichos, boatos acerca de sua pessoa, lhe deixando levemente irritado, porque já não bastavam nos corredores. Não gostava dele conseguir fazer absolutamente o que quisesse, porque os professores o amavam então ele nunca era repreendido. Jimin poderia abrir a boca e levava advertências, enquanto o outro bebia cervejas no gramado e nem tchum.
Park tinha ciúmes, era injusto.
— Você está interessado nele? — perguntou, rolando os olhos internamente ao ter ficado tanto tempo pensando no ruivinho sortudo.
Hoseok engasgou.
— Não! Apenas comentei porque ele me parece alguém deveras gentil, e sempre tive curiosidade em conversar com ele. Sem contar que você odeia qualquer membro do Vecchio, foi apenas um bônus. — deu uma piscadela, se aproximando do seu cacifo e retirando alguns livros que precisaria para agora -contando que tinha soado o toque-.
Jimin suspirou.
— Não os odeio. — deu de ombros. — Apenas não entendo o porquê de terem as mãos beijadas a cada segundo pelos professores e consequentemente, TODO o mundo. São bonitos, idai? Você também é bonito e não pode beber sem ser escondidinho.
— Obrigado pelo elogio. — gargalhou, caminhando com ele até à sua respectiva sala. — Sendo sincero, também não sei. Acabam sendo interessantes de certo modo, não? Principalmente Jungkook e aquela vibe misteriosa que possui.
— Argh, pare de mencionar esse garoto, cheguei à dez minutos e já escutei o seu nome umas trinta vezes, sem exagero. — esbravejou, segurando a alça da sua mochila. Jimin, ao contrário de Hoseok, não gostava de cacifos ou qualquer outra forma de guardar as suas coisas senão na sua mochilinha amarela, por simplesmente ser um cabeça na lua. Provavelmente esqueceria a chave, ou os próprios livros ali dentro, quando precisasse para estudar depois. Como Yoongi dizia, ele era um pé rapado do caralho.
Hobi gargalhou denovo.
— Imagina caso ele fosse da sua classe? Cara, eu iria rir tanto. Jeon Jungkook e Park Jimin dois estudantes de literatura que acabariam fazendo um trabalho em dupla. Então vocês acabariam flertando, um iria a casa do outro, trocariam uns beijos, umas mãos bobas, e logo após um sex-
— CHEGA! — o loiro berrou, não aguentando esses absurdos que o amigo dirigia para si. — Ficou louco? Nem morto que faria uma coisa dessas, e o mundo não seria tão filho da puta comigo a esse ponto. — resmungou, apertando com mais afinco o tecido no seu ombro. — Aliás, Jungkook estuda música, certo? Por isso tem sempre aquele violão ou o rádio feio no colo.
— Ouvi dizer que ele desistiu. — negou com a cabeça. — Ele entrou para outro curso, não descobri qual ainda.
Jimin arqueou a sobrancelha, curioso.
— Bom...de qualquer maneira, o Jeon não parece ser o tipo de cara que se interessa por leitura, livros, ou algo que sequer tenha mais de cinco frases numa folha. — parou no meio do corredor, notando que a porta da sua sala estava ali.
Hobi parou também.
— Talvez tenha razão. Mas não iremos descartar essa hipótese, ele é uma incógnita, ninguém sabe como a mente desse garoto funciona.
É, ninguém sabe.
Mas Jimin não poderia se importar menos.
— Estou indo! — disse o amigo, o abraçando desastrado, antes de sair aos pulos do corredor, não sem antes berrar um: "me conte o que aconteceu depois!"
Pronto, era agora, estava fudido.
Ano novo, vida nova.
Então, entrou na sala.
.
Puta merda, queria uma bala na testa. O que Jimin tinha dito acerca dos estudos? Foco e empenho? Tira essa, o maluco estava a um ponto de se jogar na janela e quebrar uma perna só para não precisar estar ali mofando na cadeira, e escutar a lenga-lenga chata da sua professora de literatura. Qual, é? A mulher estava mais concentrada em contar sobre o término do seu relacionamento do que propriamente na literatura em si.
Park bufou, examinando a paisagem lá fora. Se encontrava na última fileira, a cadeira encostada à janela, e estava morrendo de tédio. Tinham se passado uns dez minutos desde que pisou naquela sala, e a sua atmosfera foi de mal, a pior. Existiam poucos alunos na sala, contando que a maioria chegava depois de quinze minutos do toque de entrada, então talvez fosse pela falta de pessoas que a professora estivesse empenhada em não dar a matéria proposta e sim as crônicas do seu fracasso amoroso.
Jimin não gostava de estudar, mesmo. Esse ano era importante para si, e sinceramente, estava cansado de ser uma decepção para os seus pais. Cansado de ser comparado ao prodígio (leia com ironia) de seu irmão, cansado de parecer um fardo aos olhos dos progenitores porque vivia tirando nota vermelha. Cansado de receber nada sem ser um 'esperava melhor' quando dera tudo o que podia. Jimin queria reconhecimento pelos seus esforços somente uma vez na puta da vida, e faria isso, mesmo estando morrendo de vontade de fugir daquelas paredes que pareciam-lhe engolir.
Os seus pensamentos foram desligados ao passo que escutou passos se aproximando de sua mesa. O que era agora?
— Desculpe, mas poderia sair dessa cadeira? Eu a reservei antes de você chegar. — o timbre rouco perambulou nos seus ouvidos e o loirinho derreteu numa fração de segundos, por ser tão bonita. Porém, ao prestar atenção nas suas falas, o mesmo sorriu nasalado pela audácia do garoto. Quem ele achava que era?
— O seu nome está aqui? — perguntou, continuando dando foco no vidro sujo. — Acredito que não esteja, porque quem tem o rabo nela, sou eu.
Escutou uma gargalhada debochada, e logo o seu sistema ficou em alerta. Ele conhecia aquela risada, em algum lugar muito distante da sua cabeça. Mas conhecia.
Por isso, quando finalmente tivera a coragem de examinar o ser reserveiacadeira, Park jurou engasgar. O coração tremeu e descompassou, e tudo o que pode fazer fora abrir a boca num jeito estúpido de puro espanto.
Jeon Jungkook, ali, na sua mesa. Na sala de literatura, conversando consigo e sendo um otário.
— É claro que não coloquei o meu nome nela. Conversei com a professora antes da aula começar e avisei que gostaria desse lugar, que é precisamente onde a sua bunda está sentada. — cruzou os braços, e Jimin sufocou um outro engasgo pelos músculos definidos na sua frente. Todavia, não perdeu a postura totalmente. Possuía dignidade o suficiente e não deixaria um rosto bonito atrapalhar a sua aula, mais do que já estava atrapalhada por si só.
— Bom, se faz tanta questão de ter essa cadeira...— se levantou, pegando na mesma e lhe oferecendo. — Tome então, é toda sua. — e então, pegou noutra que estava livre, e a direcionou para a sua mesa.
Jungkook sorriu incrédulo e levemente interessado na ousadia do loirinho.
— Você é bem audacioso, não? — caminhou em sua direção, de forma a que estivesse próximo o suficiente. — Irei deixar passar, porque gostei que tomou atitude. — se agachou, fazendo com que ambos os rostos estivessem na medida certa para começarem uma troca de olhares intensa.
Ah, merda, Jimin tinha um tiquinho pelos olhos do marmanjo.
Ele nada disse, estava absorto demais no castanho do garoto à sua frente. Céus, eram bonitos demais.
Jeon, parecendo notar o que estava acontecendo, não deixou de sorrir ladino, algo quase imperceptível que não passou despercebido aos olhos do menor. Balançou a cabeça, irritado por ter se deixado levar, e tentou se afastar da proximidade do outro.
— Que bom, então.
— Uhum. — gargalhou. O encarou de soslaio por mais alguns segundos, até que finalmente se sentasse na mesa ao seu lado. Não era um grande progresso, mas Jimin conseguiu soltar a respiração, que não soubera que estava prendendo.
Caralho, merda, cu, rola.
Park, literalmente, queria enfiar a cabeça num buraco por se sentir tão fraco com nada. Jungkook era bonito, bonito em níveis absurdos, mas o loiro possuía inteligência e orgulho o suficiente para não se deixar cair nos charmes de um rosto perfeito. E sutilmente quase derreteu com a sua aproximação.
— Certo, agora que todos estão aqui...— procurou esquecer o fulano na mesa ao lado que, por sinal, ainda ria de si e escutou a professora falar atentamente. — Teremos um trabalho em dupla.
Merda.
Já era, todo o futuro de Park Jimin tinha ido pro ralo. Era óbvio que os pares não seriam escolhidos voluntariamente, os superiores não faziam mais isso. Eles pareciam calcular exatamente as pessoas que lhe deixariam fritando de raiva, e aí teriam de ser obrigados a participar de algo coletivo, se unirem por estúpidos pontos. E para a sua sorte? Jimin odiava todos naquela sala.
Não tinha Min Yoongi, tampouco Jung Hoseok que o salvasse. Estava perdido, fudidamente perdido.
— Este ano, para a felicidade de vocês, não escolherei os parceiros de cada um. — sorriu traiçoeira, como se a notícia fosse muito pior do que o pretendido. — O sujeito mais próximo de suas mesas será a sua dupla para o trabalho. Ele irá equivaler aos pontos de duas provas juntas, e consequentemente a este ano inteiro. Quero que invistam nesse assunto, que se afoguem e caiem de cabeça no tópico pretendido. Realidade, perfeição, se aprofundem ao máximo.
E pronto, a bomba tinha sido lançada.
Primeiro, era um trabalho difícil pra caralho, contando que o amor é um dos assuntos mais complexos de decifrar. Segundo, o ano inteiro iria se basear na pesquisa e exploração desse tópico, se Jimin mandasse mal, definitivamente reprovaria.
E o pior...
O sujeito mais próximo de sua mesa era Jeon Jungkook.
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oi :)
depois do meu LONGO hiatus, finalmente estou devolta e trago aqui o primeiro capítulo de vecchio demone. não tenho grandes expectativas para essa obra mas de verdade espero que gostem e dêem uma oportunidade para a minha nova filha <3
a nossa tag será folhas de tempo e é relacionada às tatuagens de Jungkook (explicarei futuramente). podem usar no twitter se quiserem, eu respondo TODO mundo e tiro print deles pra postar aqui em agradecimento!!
inclusive, muito obrigada pelo 1k somente com um prólogo mixuruca. espero que realmente gostem de VD.
qualquer dúvida me perguntem no mural, dm, ou curiouscat cujo link se encontra no meu perfil. nós vemos na próxima!
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