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E nasce uma bruxa...

— A todo mal, providenciar reparação. Às forças naturais proteger com devoção. A magia usar somente na inópia. Às promessas, cumprir sem hesitação. Porque esse é meu dever, esse é meu papel e para isso a Deusa me criou. Sou o coração pulsante da mata, as águas correntes dos rios, o fogo que emana dos vulcões, o ar que corre pelo céu e o espírito que habita a matéria... Sou filha da deusa, sou bruxa e restauradora do mundo.

Ao termino do juramento de formatura Érica recebeu das professoras, seus presentes sagrados, brotados das entranhas da terra a partir de uma súplica ritual. A varinha, para concentrar suas forças e unir às da natureza, para assim canalizar seus feitiços. A Vassoura para se locomover invisível aos olhos humanos. O manto, para protegê-la das forças malignas. O mentor espiritual e o Chapéu dar desanuviar seus pensamentos. Finalmente formara-se na escola de bruxas, duzentos e cinquenta anos que pareceram um milênio completo.

— É um alívio... Digo, uma honra, vê-la finalmente formada Érica.

— Obrigada, Anciã! Prometo fazer jus ao nome da escola e executar minhas missões com dedicação e maestria. — Disse ela abraçando seus objetos mágicos.

— Basta não desorganizar nada... — As professoras a deixaram no pátio apreciando a lua em sua fase mais esplendorosa e retornaram aos seus afazeres.

Érica não conseguiu dormir de tanta agitação e felicidade. Ao levanta-se vestiu seu novo traje e voou para o portão, provavelmente não voltaria mais a escola, então tratou de despedir-se de suas inusitadas amizades: a mandrágora devoradora insaciável, o trasgo surdo e cego que guardava a ponte do rio de lágrimas, a águia de vento, que controlava as rajadas de ar ao redor do mundo e o Pessegueiro imortal.

Passou pelo portão com o coração acelerado e também com um grande vazio. Desde que fora encaminhada para a escola de bruxas jamais havia visto o exterior além dos muros mágicos, não tinha noção do que encontraria lá fora, mas estava esperançosa.

Era véspera de Natal, e ela não participava de uma festa havia muito tempo. Assim que deixou as dependências da escola, deparou-se com um mundo completamente diferente; as árvores haviam se petrificado e os humanos moravam dentro delas, as carroças estavam mais rápidas em maior quantidade, e também não precisavam mais de cavalos para puxá-las. O clima estava frio e as pessoas passeavam pelas ruas como formigas num quintal, todas com montes de pacotes e sorrisos empáticos.

Érica precisava encontrar um lugar para passar a noite, festejando e aprendendo mais sobre o mundo moderno, mas não tinha noção de onde encontraria um lugar assim. Esfregou a aba aveludada de seu chapéu mágico evocando memórias ancestrais, e rapidamente, a localização do coven amazônico lhe pareceu inata.

Montou em sua vassoura e lançou o feitiço de voo rápido, tinha apenas algumas horas para atravessar os continentes e não queria chegar muito atrasada. Enquanto voava, sorria e deliciava-se com a sensação de liberdade causada pelo vento sacudindo seus cabelos e vestes, arriscava manobras com a vassoura; algo que sempre lhe proibiam na escola, mas ali estava em paz, longe das regras, dos olhares vigilantes e de qualquer perigo em potencial.

Érica subia em direção ao céu até ultrapassar as nuvens, depois descia velozmente e fazia um rasante rente ao solo, cada segundo era mágico, inenarrável e surpreendente; ela gargalhava, rodopiava e de olhos fechados sonhava com séculos de liberdade e alegria que teria pela frente, ignorando todos os avisos e conselhos de seu mentor espiritual, Apolinário.

Ela ouviu um assobiofino e ululante unido ao som de guizos e cascos, olhou precipitadamente para oslados e nada encontrou; deveria ter olhado para cima. Um grupo de imensosanimais arrastando um enorme e pesado trenó cruzou sua frente, sem que tivessetempo de corrigir a trajetória ou parar a vassoura, gritou desesperada ao mesmotemo em que ouviu o berro do velho que conduzia o trenó. O choque foi tão forteque Érica apagou.


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Olá pessoas! Como estão?

Essa é uma obra criada exclusivamente para o concurso Golden Fox. Confesso que a proposta me pegou de surpresa, mas é difícil de recusar um desafio. rsrsrs ^^

Espero que gostem do conto. ^^

Beijos da Pri!!!

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