Capítulo 06 - Vampira Infernal
"Por toda a eternidade".
Um fio tênue de sangue escorria pela face alva de Ketheryne enquanto ela corria o mais rápido possível entre as copas das árvores. Sua cabeça estava interditada pelos pensamentos lutuosos e fúnebres, jamais poderia se perdoar se algo acontece a Amber. Uma luz surgiu em seu campo de visão, era uma tocha, estava presa a uma das casinhas do cemitério.
── Ketheryne. ── a voz de Amber soou fraca.
Ela encarou o local enquanto seguia as batidas de um coração desesperado. Quando finalmente colocou os olhos na doce figura de Amber, um amontoado de vampiros surgiu. Um deles saiu de trás de Amber enquanto a segurava pelo pescoço, as poderosas unhas negras ameaçavam perfurar a pele de seu pescoço a qualquer momento. A camisa azul de Amber, estava manchada pelo seu próprio sangue. Seus olhos marejados. Sua face rosada, estava inchada de tanto chorar. Seus pulsos machucados pelas correntes que estavam presas a ela.
── Você não achou que seus amigos poderiam realmente me enganar? ── a voz sombria de Cassius soou pouco antes de sua figura surgir. ── Achou? ── perguntou com lúdico.
Ketheryne permaneceu em silêncio enquanto observava a cena, os dois homens do baile tentaram ajudá-la, mas porquê?
── Solte ela! ── ordenou ao vampiro.
── Eles obedecem a mim. ── Cassius falou.
── Por que está fazendo isso? ── perguntou Ketheryne.
── Por que você deveria estar morta! ── respondeu. ── Você é uma ameaça.
── Aos vampiros?
── NÃO! ── exclamou. ── Você é uma ameaça a mim. ── respondeu.
Ketheryne o encarou confusa, como ela poderia ser uma ameaça a aquele homem?
── Matem-na. ── ele ordenou com os olhos fixos em Ketheryne.
O corpo de Ketheryne entrou em alerta máximo quando o grupo assumiu posição de ataque. Um dos vampiros tomou frente, confiante. Uma atitude estupida de coragem, como se Cassius fosse poupá-lo algum dia.
O vampiro saltou enquanto rosnava para a ruiva. O gélido ódio chegou até Ketheryne, e de sua garganta surgiu o mais temível rosnado. Com intenso furor, a jovem agarrou o vampiro pelo pescoço e o ergueu com facilidade, em seguida o puxou com rapidez, cravando-lhe as presas em seu pescoço. O vampiro se debateu em vão. Ela dilacerou a pele do vampiro pouco antes de decepá-lo.
Outro vampiro atacou. Com mais força, mais fúria. Suas unhas longas e afiadas rasgaram a belíssima face da vampira, fazendo com que a mesma rosnasse ferozmente. Ele atacou novamente, seus golpes eram precisos e inteligentes.
Gotas agressivas começaram a despencar do céu acompanhadas por raios que cortavam o céu negro ferozmente. O CÉU CHORAVA.
O vampiro atacou novamente, agarrando Ketheryne pelo pescoço. Ela apenas contra-atacou da forma que podia. Deferiu-lhe um poderoso soco no maxilar. Ele cambaleou para o lado e quando se recompôs do golpe era tarde demais, ela saltou sobre o homem e lhe explodiu o crânio com socos incessantes.
Antes mesmo que pudesse terminar de esmagar o crânio do vampiro no chão, outro atacou. Desta vez ela não permitiu que ele lhe tocasse, apenas cravou as unhas em seu pescoço e puxou de forma precisa a traqueia do vampiro.
A poderosa chuva lavava o sangue do local, levando junto consigo todas as provas daquela batalha sangrenta. Quando o sol finalmente surgisse, ele terminaria o serviço, aniquilando as carcaças vampíricas do chão, transformando-as em cinzas.
Enquanto lutava com todas as forças para vencer, os gritos de Amber ressoavam pelo local. Ketheryne se virou para fita-la, e um dos vampiros a atacou por trás e desferiu um golpe nas costas da vampira, a mão atravessou seu corpo e agarrou o coração da vampira. As longas unhas do vampiro perfuraram seu coração lhe causando uma grande e densa dor. Sem reação, Ketheryne esperou que seu coração inerte fosse arrancado de seu peito, contudo isso não aconteceu.
Ela se virou bruscamente para ver o que tinha acontecido e se deparou com o homem mascarado atrás de si. Ele ainda usava aquela maldita e misteriosa máscara negra. A troca de olhares entre os dois durou exatamente cinco segundos, pois antes que algum deles pudesse dizer alguma coisa, mais vampiros estavam atacando.
Ela perdeu o homem de vista quando mais vampiros atacaram. Agora ela não conseguia encontrar nenhum dos dois. Eram tantos vampiros, que aquilo a impedia de procurar por Amber, mas seu coração ainda soava, e isto significava que ela estava viva.
Percebendo que a ruiva não cairia tão facilmente o grupo atacava simultaneamente. Eles rasgavam e perfuravam a pele da vampira o máximo que podiam. Ketheryne lutava bravamente contra todos eles.
── Ketheryne. ── Amber gritou.
Sua voz saiu esganiçada, como se a mesma estivesse se engasgando. Ketheryne seguiu o grito com os olhos e encarou incrédula a cena. Os dedos finos e alvos de Amber tentavam a todo custo conter o próprio sangue que jorrava de seu pescoço.
Ela tentou correr até Amber, contudo foi impedida por vampiros que lhe seguravam. O corpo miúdo da jovem despencou de joelhos no chão pouco antes dela cair de cara na lama.
── NÃO! ── Ketheryne gritou em fúria enquanto olhava o corpo de Amber no chão.
Um calor arrebatador se espalhou pelos membros de Ketheryne, como lava derretida. E um amontoado de descargas elétricas serpentearam sua pele. O furor em seu corpo libertou algo poderoso, e simultaneamente ouve uma explosão seguida por um clarão brilhante. Tudo aconteceu tão rápido que quando Ketheryne recuperou a lucidez, os vampiros ao seu redor haviam sido carbonizados. As poderosas gotas de chuva que caiam sobre os corpos, desfaziam suas figuras, levando consigo a carcaça frágil e carbonizada.
Uma chama infernal estava presente nas mãos da vampira, o fogo dançava entre seus dedos, crepitando intensamente. INTENSO E FORTE. Nem mesmo a chuva era capaz de apagá-lo. Aquilo era tão surreal que Ketheryne poderia jurar estar sonhando. Contudo, ela já tinha ouvido muitas histórias sobre vampiros que possuíam poderes, era tão raro quanto uma pedra "Painite", mas tão real quanto um órgão. Era um dom intrigante, como um ser gélido e sem vida poderia fornecer calor? Logo ele que é um dos maiores pesadelos dos vampiros.
Os vampiros que ainda restavam fugiram, restando apenas Cassius Damien que encarava a ruiva incrédulo.
── Você! ── ele tentou formular uma frase. ── VAMPIRA INFERNAL. ── Cassius falou com os olhos brilhantes.
Ketheryne não conseguia entender o porquê de Cassius está feliz com aquilo.
── Sempre soube que você tinha potencial. ── ele sussurrou contente.
Ketheryne rosnou irritada e o fogo em suas mãos ficou inquieto. Cassius tentou freá-la, mas era tarde demais. Ela não teve misericórdia. Jamais permitiria que tal monstro fugisse impune, tão pouco que tivesse a chance de destruir mais alguma coisa.
Ela contemplou minuciosamente a figura sombria de Cassius se transformar em um amontoado de cinzas e ser levado pela chuva. Suas chamas se desfizeram e seu corpo tombou no chão enquanto ás lágrimas inundavam sua face.
O barulho de um galho se quebrando chamou a atenção de Ketheryne Murdock. Ela inclinou-se para trás e encarou o homem mascarado da festa. Logo em seguida o segundo homem surgiu, ele ainda possuía a forma de uma mulher, mais precisamente a de Ketheryne. A figura se desfez novamente e ele voltou a sua forma original, sua mascará branca tapava toda sua face.
O mascarado de cabelos negros ergueu uma das mãos e a chuva cessou, as gotas permaneceram no ar, pairando como se houvesse gravidade naquele local. Em seguida elas tremeram e levitaram até o céu, desaparecendo por completo. O outro vampiro mascarado ao seu lado levantou uma das mãos e um brilho azul pairou entre seus dedos, até formar dois flocos de neve, o primeiro voou lentamente e se desfez contra a ponta do nariz de Ketheryne. O segundo que tinha um tamanho significativo voou e caiu no chão e, simultaneamente todo o local se congelou, e logo em seguida surgiu uma nevasca.
Ketheryne encarou maravilhada os flocos de neve que despencavam do céu de forma graciosa e em seguida voltou sua atenção para os dois homens. O chão rapidamente fora coberto pela neve incessante que caia do céu.
O mascarado fúnebre esticou o braço para a floresta e uma figura feminina começou a caminhar em sua direção. Ketheryne encarou primeiro a mão alva da mulher que tocava a dele, em seguida seus olhos percorreram até a face da jovem, para finalmente descobrir que era Amber. Sua pele corada agora lívida, seus olhos caramelos estavam ainda mais reluzentes, e seu cabelo preto e curto estava brilhoso e bonito como nunca esteve antes.
Ketheryne varreu o local a procura do corpo de Amber, porém não encontrou nada. Aquela era mesmo a verdadeira Amber?
── VAMPIRA INFERNAL. ── ela sussurrou se divertindo. ── Acho que isso define você agora. ── piscou.
── Amber! ── ela sussurrou incrédula enquanto encarava a jovem.
── Você mentiu para mim. ── bramiu irritada enquanto se aproximava.
Ketheryne sentiu o coração ser esmagado.
── Me perdoe Amber. ── pediu.
── Tudo bem Ketheryne. ── sorriu.
Quando Amber finalmente chegou perto, Ketheryne tateou sua face, precisava certificar-se de que aquilo era realmente real.
── Estou mesmo aqui! ── Amber sussurrou emocionada.
Ketheryne sorriu e a abraçou o mais forte que pode.
── Eu vi você morrer. ── ela falou pasma.
── Eu sei! Mas, ele me salvou. ── disse virando-se.
As duas inclinaram-se para ver os dois homens, contudo nenhum deles estava lá.
── Para onde foram? ── Amber perguntou.
── Isso não importa. ── Ketheryne falou. ── Você está aqui agora. E isto que importa! ── falou. ── Eu nunca devia ter deixado você partir.
── Eu sei que queria o meu bem, mas, estou zangada por ter apagado você das minhas memórias.
── Sinto muito. ── pediu acariciando a face de Amber. ── Eu nunca mais deixarei você.
── Promete? ── perguntou erguendo uma das sobrancelhas.
── Prometo! ── meneou a cabeça concordando. ── Ficaremos juntas para sempre.
── Para sempre? ── perguntou.
── Por toda a eternidade
Olá meus amores, espero que tenham gostado desse capítulo tanto quanto eu ❤
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