Despertando os meus poderes
- Vallerryan, como posso confiar em você?
Encarei o rei, não sabia que eu mostrava uma forma de não ter confiança.
- Sou do exército de vossa majestade, o cacique jurou lealdade.
- No cacique confio, mas você, todos te chamam de monstro, e você é um?
- Se eu fosse um, estaria fazendo terror por aí.
- A esfera armilar é um portal que abre portas para várias dimensões, mas uma delas, vai para o mundo de Tupã, acredita que seu deus Tupã não é deus?
- Acredito. - Respondi. - Já o vi uma vez.
- Você viu Tupã?
- E não foi nada bom.
- A esfera armilar foi fechada por Tupã, pelo motivo de impedir invasões de vários universos.
- Vários universos? Não estou entendendo.
O rei disse em voz grossa e bem baixo.
- Multiverso. - Disse ele. - Muitos universos, repetindo várias vezes, de forma diferente. Em um deles, tem um Brasil forte e cheio de corrupção, monarquia foi derrubada por um golpe de governo, virou uma república e o país deixou de ser um império, ficando atrasado economicamente, dependendo das tecnologias de outros países, pessoas saem do país para ganhar dinheiro e melhorar de vida, brasileiros reclamam de impostos, botam confiança em homens que se tornam líderes do país de quatro em quatro anos, estes líderes ganham dinheiro e aposentam, dentro de poucos anos, eles são de novo elegidos pelo povo, só preocupam em fazer coisas para ganhar nas futuras eleições, mas sabe o que mais tem de pior neste país?
- Não.
- Os índios estão quase sem terras, não chega ser um reino.
- Isso é horrível.
- Se é, houve muitos mortos, outros perderam terras, poluem as águas de Rio de Janeiro e não existe monarquia, em dois mil e quarenta, Brasil já enviou foguete para Marte, a terra colonizou este planeta e provavelmente trava uma batalha, mas o pior está por vir.
- Como assim, o pior está por vir?
- Você, se despertar o poder que o pajé do seu reino sempre me disse, vai trazer grandes consequências para o país, talvez para todos nós, então eu te ordeno Vallerryan, lute e obedeça seus superiores, seja submisso, pois, se não, terei que mandar te executar.
Senti a ameaça do rei me atingir em cheio, não sabia como reagir, se olhava para o rei ou se olhava para o chão, afinal, ele é o meu rei, se eu alterasse a voz com ele, seria morto muito mais rápido.
Ele levantou da cadeira e disse:
- Estou te ameaçando pelo bem do reino e de todos, você sabe um segredo que nunca contei a ninguém, agora estou sendo pressionado pelo ministro da defesa!
Ele virou para o meu lado e disse:
-Para abrir um portal, há um livro de códigos para vários mundos, são números de coordenadas, feito por Nikolas Tesla, este livro foi perdido, pois, mandei mercenários escondê-los, mas um inimigo de Tupã roubou e não sabemos onde está, temo que o reino de Mines tenha se aliado a este inimigo, já que Tupã fechou o portal, parando o mecanismo da esfera armilar, nada poderá abri-lo.
- E se o reino de Mines tiver este livro?
- Eles estariam atacando na divisa do Rio de Janeiro, porque é lá que a esfera está.
O rei me encarou.
- Você teve contato com os aliens, eles disseram algo?
Pensei em falar, mas lembrei que tinha que trabalhar de graça para aquele homem por cinco anos, falei que não tinha ouvido nada dos aliens.
O rei foi saindo da tenda, falando:
- Como posso confiar em um homem que mantém uma dupla identidade? De onde você soube desta informação sobre a esfera armilar?
- Boatos, majestade, foi por boatos.
- Não trabalho com boatos, naquela reunião estratégica, o jeito que você disse, parecia ser uma certeza.
- Apenas sorte de falar algo sem ter certeza de que está certo.
- Como um soldado age desta forma vergonhosa?
- Peço seu perdão, majestade.
- Se estiver escondendo algo Vallerryan, será afastado do serviço militar, se tornando um exilado do seu país.
Fiquei pensando que deve ser bom em ser rei, vive fazendo ameaças para conseguir o que quer.
Depois que ele foi embora, eu e mais dois comandantes se reunimos com Jacira para uma estratégia de ataque.
A cidade que foi ocupada pelo reino de Mines foi a cidade de Vargem, eles ocuparam apenas um quilômetro, os soldados colocaram sacos de areia, fazendo muros de defesa, tinha sido montado metralhadoras, submetralhadoras, zarabatanas e dez tanques de guerra. Fizeram também uma antena de comunicação, ajudando o transporte de soldados para aquela cidade.
Neste dia, às duas horas da tarde, informaram para Jacira, que Mines já tinha invadido a metade da cidade.
Jacira ficou mal-humorada, olhou para nós e disse:
- Mudança de planos.
Um comandante pegou um mapa e abriu em cima da mesa.
- Quero três naves no modo furtivo, cada uma com cinco atiradores com zarabatana, o centro da cidade de Vargem foi tomada de nós, muros de sacos de areia foi colocado e agora, tem cem soldados de vigia, pronto para atacar, cinco tanques de guerra e duas torres de comunicação, não sabemos o que querem, mas continuar tomando território, vai chegar na capital de São Paulo o mais rápido possível.
Ela olhou para mim.
- Comandante Vallerryan não vai ficar responsável pelos atiradores, quero ele com arco e flecha, daremos cobertura.
- Como é que é? - Perguntei, sem acreditar no que ela tinha dito. - Isso é um suicídio.
- Você sobreviveu um meteoro, vai conseguir cumprir com sua missão.
- Sim, uma missão para ir pra vida após a morte? - Perguntei.
- Vallerryan, sou sua superiora, exijo respeito!
- Isso nunca vai dar certo, vamos falhar.
- Comandante Vallerryan, feche sua boca, isso é uma ordem!
Ela gritou comigo, me senti magoado com o jeito dela. Já não era mais minha mulher falando, mas sim uma capitã.
- Muito bem! - Disse ela se acalmando. - Não será um suicídio como Vallerryan disse, as naves no modo furtivo vão ficar invisível, pois, com as nuvens de chuva, será fácil se camuflar sem ser vistos, quinze zarabatanas estarão posicionadas dentro da nave, prontos para atirar em qualquer soldado inimigo que aparecer naquele muro de sacos de areia, não vamos avançar, o comandante Gomez ficará pronto com cinquenta homens com escudo eletromagnético, enquanto cinquenta homens irão atrás, com metralhadora e assim avançaremos.
- Vamos avançar trocando tiro? - Perguntou o comandante Gomez.
- Sim, vamos avançar trocando tiro, enquanto eles estão distraídos, preocupados com o avanço, as zarabatanas no ar, vão atirando em cada um, dando uma bela morte para nossos inimigos.
- Então, eu, comandante Gomez, responsável pelo batalhão de escudos, vamos parar em frente ao muro, quebrar a formação de escudo e entrar atacando?
- Não, é aí que entra Vallerryan, ele tem que estar em alta velocidade, usando uma moto, freiar apenas a roda da frente, ele será arremessado quinze metros de altura, lá no alto, ele deve disparar uma flecha com bomba de fumaça, em seguida, outra flecha com pulso elétricomagnético, vou conseguir o controle da primeira torre e assim conseguirei cortar a transmissão da segunda torre, logo em seguida, a força aérea joga míssil nos tanques e recuperamos a cidade.
Olhei para ela, não acreditando no que ela tinha passado para mim.
- Você consegue. - Disse ela, com meio sorriso na cara. - Vamos nos preparar, atacaremos às seis horas da tarde.
Os dois comandantes saíram, quando eu estava saindo, Jacira me chamou:
- Aetler, preciso falar com você.
Estava apenas ela e eu naquela tenda.
- Me desculpa por gritar com você. Vou fazer de novo quando você me desrespeitar.
- Você quer me matar? Quinze metros de altura, e quando eu cair no chão?
- Vai estar protegido, você teve treinamento de queda de quinze metros de altura.
- Tenho medo de alta velocidade, ainda mais de moto.
Ela ficou bem perto de mim, disse baixinho:
- Posso te dar um adiantamento do seu salário comandante, ou posso te pagar depois.
- Você é má. - Falei com raiva.
- Prefiro agora, porque depois que você terminar sua missão, te darei o restante.
Ela deu um beijo no meu pescoço.
- Estamos em uma missão, capitã.
- Não no banheiro.
- Alguém vai ouvir.
- Não se ficar com boca fechada.
Falei perto da orelha direita dela, deixando ela com os cabelos arrepiados.
- Então saiba que faço o que você quiser, se me deixar fazer algo que estou louco para fazer agora...
- Fale logo, antes que venha alguém.
- Fique de costas.
Ela ficou de costas, comecei a beijar a nuca dela, enquanto minha mão esquerda deslizava em cima da roupa, cheio de botões, apertando forte para ela saber que estou passando ali, até chegar no cinto super protegido da sua calça, com muito esforço, consegui enfiar minha mão lá dentro, sentindo algo quente e molhado.
- Vallerryan... Vai logo!
Provoquei ela mais um pouco, ela chegou a derreter, então parei e disse no seu ouvido:
- Viu só? Eu também mando em você, capitã!
Soltei ela, vi sua cara furiosa.
- Te odeio! - Disse ela com muita raiva. - Tomara que caia e quebre todo!
Comecei a rir dela.
Ela, toda descontrolada, disse:
- Some da minha frente, antes que eu te mato.
- Não.
- Não brinque com a sorte Vallerryan!
- Você não pode me matar.
Ela pegou uma arma que estava próxima dela e apontou para mim.
- Calma amor, quando voltar, vou te dar o dobro, era só uma demonstração.
Saí, rindo, pois, vi ela ficar desarmada, percebi que ela deu um sorriso e abaixou a arma.
Fui me preparar para a guerra.
Dia 24/09/2040
Hora: 18:00
Cidade de Vargem SP
- Vallerryan, está em posição? - Perguntou Jacira pelo rádio de comunicação na minha cintura.
- Sim capitã, estou em posição.
- Contagem regressiva começa em cinco segundos... Cinco, quatro, três, dois, um!
Acelerei a moto, uma ducati não sei o quê, tinha sido transportada da capital de São Paulo, e agora eu estava pilotando essa máquina, desfiando o meu medo de alta velocidade.
As três naves no modo furtivo se camuflou muito bem no meio das nuvens.
Acelerando na BR 381, que sua rota tinha sido alterada no ano de mil novecentos e noventa cinco, estava indo direto para o inferno de balas voadoras.
A equipe de escudos do comandante Gomez entrou em cena, usando escudo no formato de hexágonos, eles ativaram o campo magnético dos escudos.
Ilustração de escudo magnético. N é norte e S é sul.
Formação da muralha de escudos, o magnetismo ativado serve para diminuir o impacto das balas e aplicando alta resistência ao escudo, a forma de hexágono elimina a possibilidade de ter uma brecha para ser perfurado por uma bela. Muralha de escudos é uma ótima forma de proteção em uma guerra.
Quando Gomez disse:
-Formação, parede de escudos!
Os soldados formaram uma parede de escudos, colocando um escudo em cima do outro, com os campos magnéticos atraindo um para o outro.
- Avançar! - Gritou o comandante.
Soldados com metralhadoras vieram correndo, sendo protegidos pelos escudos, foram avançando, até que os soldados inimigos começaram a abrir fogo contra nós.
Eles atiravam sem parar, não perceberam as três naves camufladas nas nuvens.
- Atenção, zarabatanas, mirem em um alvo e matem! - Ordenou Jacira.
Então os atiradores começaram a matar os soldados que estavam no muro de areia.
Vieram outros soldados inimigos para substituir os mortos, a equipe de Gomez já estava muito perto do muro.
- Vallerryan, é a sua deixa!
Eu estava tremendo, acelerei, pensando que eu iria morrer em breve.
Quando cheguei perto o suficiente, freei a roda da frente, fui arremessado por mais de quinze metros, enquanto a moto foi jogada no chão, ficando toda destruída.
Ainda no ar, vi tudo, um monte de soldados inimigos olhando para mim.
Peguei o arco, minha flecha, coloquei no arco, nem sei como consegui mirar em uma parede, parecia que estava tudo em câmera lenta, tudo surreal.
Meu coração palpitava.
Senti meu sangue ferver e um gosto de metal na boca.
Percebi que um soldado estava mirando em mim. Ele ia puxar o gatilho da sua arma.
Disparei a flecha, que voou tão rápido, e bateu numa parede.
Apertei o botão no meu arco, a flecha explodiu, soltando fumaça branca e densa.
Atirei outra flecha, que era de pulso eletromagnético.
- Agora! - Falei para Jacira.
Ela ativou a flecha e disse:
- Entrei! Missão cumprida.
O soldado inimigo que estava no meio da fumaça, ele atirou em mim antes de morrer, a bala veio e atingiu no meu peito, eu ainda estava no ar.
A adrenalina me fazia sentir uma pressão no meu estômago, e vi com meus próprios olhos, a bala derreteu instantaneamente quando bateu no meu peito.
O impacto da bala bateu no meu peito e me jogou no chão, mas eu não senti dor.
- Vallerryan, você está ferido? - Perguntou Jacira, pelo rádio de comunicação.
Levantei do chão, eu não tinha sentido dor na minha queda, não tinha ganhado nenhum arranhão.
Vi a bala derretida garrada na minha roupa.
- Vallerryan, está na escuta?
Os aviões e naves voavam e jogavam bombas nos tanques, a vitória estava garantida.
- Vallerryan...
- Estou bem. - Respondi para Jacira.
Então, na minha frente, eu vi o marido da Jaci, o famoso Guaraci, com uma luz forte como sol. Seu rosto moreno, tinha uma bela coroa de ouro com penas douradas, usando uma armadura de ouro e uma lança na mão esquerda.
- Tupã avisou, Tupã avisou, Aetler Vallerryan, e agora você despertou o poder, libertando os sete monstros lendários, um deles sabe sobre a existência da esfera armilar, Tupã te matará.
No rádio, Jacira gritava:
- Aetler, que luz é essa na sua frente? Vallerryan, me responde!
Desliguei o rádio e disse para Guaraci:
- Porque teme a abertura da esfera armilar?
Ele respondeu:
- Por causa de Anhangá, e as suas sombras malignas, seu desejo de conquistar universos são maiores que o amor e a compaixão pelos humanos, o que ele mais quer é o reino de Tupã, nosso pai. Tupã viu isso acontecer, te alertou para não vir nesta guerra e você veio, pagarás pelos seus atos.
- E se eu impedir que isso aconteça?
- Não tem hipóteses para isso.
- Então me mate agora! - Gritei, um dos soldados olharam para mim, ele não via nada, me perguntou se estava bem.
Vi Guaraci começar a voar, ficando invisível.
Antes de desaparecer, vi ele sorrir para mim.
- O comandante Vallerryan está delirando, deve que bateu a cabeça, não está se sentindo bem. - Disse o soldado no rádio.
Liguei o rádio, para ouvir o que a Jacira iria dizer.
- Traga ele de volta soldado, bom trabalho!
Fui com o soldado para a base do exército.
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