Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

UIVOS - Capítulo Único

Floresta Uivante


— Hoje! Daremos um fim a essa praga que assola a nossa vila. — Uma voz forte ecoou pelo campo aberto.

Em resposta, gritos ressoaram, vozes de muitas pessoas.

— Não vamos mais nos esconder! Esse demônio deve morrer! — Mais uma vez a voz proclamou.

Seu portador, um homem de semblante amargo adquirido nos longos quarenta invernos em que passou a desbravar as vastas terras do Vale, cujo em uma das mãos segurava uma tocha e a elevava a cada frase concluída, incitando cada vez mais os seus ouvintes. Trajava vestes pesadas, cobertas por placas de metal não tão confiáveis e possivelmente barulhentas. Em seu pescoço pendia um anel feito de prata sobre uma fina tira de couro.

Pelos sete mundos, circulavam histórias de que ele já matou inúmeras bestas e feras, não se deixava intimidar e que até mesmo a Sombra temeria a sua presença. Mas existia um demônio em questão que ele nunca ousou enfrentar, aquele que assolava a terra de seus pais, o Demônio da Floresta Uivante, como ficou conhecido. Ou assim pensavam os moradores até o dia de hoje chegar.

Seu nome? Vejamos, ele é conhecido como Hiberlt, o Destemido.

Reza a lenda que no interior da floresta há um demônio que possuiu o corpo de uma bela jovem quando alcançou a maturidade. Era a sétima filha de um casal. Conforme o costume regional, os pais deveriam tê-la sacrificado antes de chegar à maioridade. No entanto, foi escondida na floresta no dia em que deveriam entrega-la aos deuses.

Os anos passaram, o povo do Vale vivia seu momento de prosperidade. As colheitas lhes rendiam muitos frutos e ouro, os gados estavam saudáveis; tinham os melhores tecidos da região. Porém, no último ano, coisas estranhas começaram acontecer. A floresta parecia ter ganhado vida. O relato dos viajantes consistia na existência de uma bela mulher de longos cabelos escuros como uma ônix, pele alva e olhos amarelados, como os de um lobo. Um vestido de tecido fino de coloração azul turquesa cobria o seu corpo do qual emanava um brilho fraco, mas sedutor. Vez ou outra essa aparência mudava, todavia, todos eram veemente em afirmar que lobos ferozes a seguia.

Desde então, a vila do Vale não foi mais a mesma; suas colheitas mirraram e um a um os gados foram encontrados à entrada da floresta, em pedaços. Pouco se sobrou para mantimento, quanto mais para venda. A igreja tentou intervir e expulsar o mal que assolava o povo, começaram uma campanha que durou dias. Nada resolveu. Aqueles que falavam em nome dos deuses pereceram e, os corpos, assim como os gados foram encontrados à beira da floresta, destroçados.

Uivos, todas as noites, era o que se podia ouvir.

— Convoco! Só os mais valentes a me acompanharem floresta adentro de modo a acabar de vez com os dias de miséria que passamos enfrentar. Sei que sou conhecido por grandes feitos, mas nada disso seria possível se não fosse pelos homens e mulheres que me seguiram. — Hiberlt continuava o seu discurso.

O fato era que mesmo com todos ali reunidos a margem da Floresta Uivante, poucos teriam coragem de segui-lo. Suicídio. Aqueles que tentaram, nunca mais voltaram. Um garoto franzino portando uma espada de uma mão, enferrujada e cega, tomou a frente dos moradores seguido por outros jovens maiores que ele, seus olhares expressavam medo, mas a postura ereta e segura diria a qualquer um que estavam convictos da decisão que tomaram.

— Observem moradores do Vale, esses jovens possuem mais coragem do que aqueles que se dizem homens — declarou o Destemido com sarcasmos e ironia.

— Temos família para cuidar — proclamou um homem.

— Terras para arar — disse uma das mulheres.

— E rebanhos para conduzir — Por fim, um velho pastor de ovelhas.

— Entendo... entendo. Todos vocês têm responsabilidades. Querem ver o demônio longe daqui, mas não possuem coragem suficiente para o fazer — ele sorriu inconformado. —, por isso deixarão esses quatro jovens se sacrificarem por um bem maior' O que poderia ser maior que a vida? — meneou a cabeça olhando em direção à floresta, quando se voltou aos moradores, declarou: — Sendo assim, não vejo escolha a não ser guiá-los.

Envergonhados, os moradores curvaram a cabeça.

O ar gélido daquela noite de outono foi carregado pela brisa aninhando o seu abraço nos moradores reunidos a margem da Floresta Uivante, o toque congelou as espinhas fazendo-se ouvir leves assobios e resmungos. Hiberlt estava posicionado em uma das entradas da floresta segurando seu machado de dois gumes com apenas uma mão, enquanto a outra levava sua tocha. Ameaçou dar o primeiro passo, foi quando sentiu seu corpo realmente congelar, um agudo e profundo uivar percorreu por entres as arvores e se perdeu no campo aberto atrás dele. Os pelos de seus braços se eriçaram, convulsões percorreram os seus músculos das pontas dos pés a cabeça.

Imaginou que se ele se sentia assim, como deveriam estar os demais?

Movimentou os lábios e nada saiu, tentou por mais algumas vezes e então sua voz rompeu:

— Preparem à fogueira!

Determinado adentrou a floresta acompanhado dos quatro jovens.

Andavam em meio a penumbra iluminados apenas pela luz fraca de duas tochas, sob os seus pés uma densa neblina havia se formado ocultando o chão os obrigando a darem passos cautelosos. Hiberlt, olhou para o seu lado esquerdo e percebeu que o jovem franzino tremia de medo dentro de seu casaco.

— É assustador estar aqui — o jovem o olhou surpreso —, mas não deve demonstrar o seu medo. Eles farejam. Ficam mais intimidadores apenas para nos fazer enlouquecer. Possuem o prazer de ver o nosso sofrimento.

O garoto engoliu em seco, um aceno positivo seguiu o gesto. Ele perguntou:

— Por que viemos hoje? Por que a noite? Não seria mais seguro ao decorrer do dia.

— Seria, mas não conseguiríamos capturar o demônio. Precisamos que ele saia de sua toca.

O jovem apenas exprimiu um som em concordância, Destemido supôs que ele não havia de fato entendido o que dissera, então indagou:

— Sabe que dia é hoje, garoto?

— Primeiro dia do solstício de outono. Estaríamos dando início à festa da colheita se não tivéssemos perdido tudo.

— Exato. Mas não é só isso. Hoje está ocorrendo um evento astrológico — parou e apontou para o céu. —, em instantes a lua será coberta pelo sol, o seu brilho ficará obscuro marcando a abertura do portal entre o mundo dos mortos e dos vivos. Ao contrário do que todos acreditam, nesta data o demônio fica mais fraco e precisa sair para repor suas forças. Esse é motivo de estarmos aqui.

Um cântico fraco e melódico entoado por muitas vozes percorreu a floresta encontrando os frágeis ouvidos daqueles homens. A voz estava distante. Conforme seguiam seu caminho, agora a passos apressados, ela aumentava aos poucos até ganhar dimensões assustadoras a ponto de desorientar os sentidos. Os jovens olhavam para todos os lados tentando entender de onde vinha, pois, estava em todo canto e em lugar nenhum.

Não precisa mais temer,

Em meio ao vazio posso te ver,

Meu pequeno vou te guardar.

Meu amor vou te dar.

Mas, se fugir, eu irei te caçar.

Não precisa mais temer.

— Fiquem todos juntos! — ordenou Hiberlt. Os jovens correram para próximo dele.

Estavam agora em uma clareira, não sabiam explicar como chegaram ali, apenas que correram pela floresta desesperados enquanto tentavam se livrar do cântico que penetrava em seus ouvidos.

Um vulto passou entre as árvores à margem da clareira chamando a atenção de todos, entraram em posição de defesa formando um círculo, costa a costa. Sombras animalescas saíram da proteção das árvores, as silhuetas lembravam lobos, mas não possuíam pelo e até mesmo a forma era indefinida; apenas olhos prateados e sedutores.

Um dos jovens começou a caminhar lentamente em direção às sombras.

— Aonde pensa que vai, Barin?! — Advertiu sem sucesso o jovem esguio.

Barin soltou a sua foice que foi improvisada como arma, ela bateu no chão, as sombras o engoliram arrastando-o para a floresta, seus gritos de desespero sumiram em meio ao breu.

— Pelos deuses! — exclamou Hiberlt. — Falei para permanecerem juntos.

Mais sombras começaram a surgir dentre às árvores os cercando, elas não esboçavam sequer um movimento, ficaram paradas como se esperassem uma ordem. Um choro de criança rompeu o silêncio, fraco, contínuo, gradualmente foi se tornando uma gargalhada zombeteira, então perguntou:

— Vocês estão com medo? — apenas as respirações pesadas se faziam ouvir — Não precisam ficar.

Não era apenas uma voz infantil, mas várias que se misturavam como muitos corpos em um.

Uma luz surgiu ao longe na escuridão perdida no emaranhado de árvores, à medida que se aproximava o seu brilho aumentava e ganhava forma, então, a mulher de cabelos negros irrompeu. Em seu rosto repousava um belo sorriso. Caminhou em círculo ao redor dos quatro, a barra de seu vestido arrastava no chão carregando algumas folhas secas e gravetos, seu cabelo ondulava a cada passo. Parou em frente ao jovem esguio, passo suavemente a mão sobre o rosto do garoto.

— Se afaste dele demônio! — ordenou Hiberlt.

A mulher, pela primeira vez prestou atenção nele. Sorriu e caminhou ao encontro do homem que apesar de proferir a sua ordem não havia mexido um músculo se quer.

— É estranho ouvir você me chamar assim — disse a mulher —, se me lembro bem, costumava dizer que jamais me deixaria. O que aconteceu?

— Isso era antes de você se tornar esse monstro.

— Veio me matar, meu amor?

— É o que pretendo.

Ela sorriu satisfeita

— Hiberlt, Hiberlt, como pode ser tão inocente. Sabes que não conseguirá me matar.

— É o que veremos, demônio! — O homem desferiu um golpe com o machado no peito da mulher.

A mulher deu alguns passos para trás, sangue escorria por todo o seu corpo encharcando o vestido dando-lhe uma tonalidade carmesim. Um sorriso se alargou em seu rosto antes perplexo, agora demoníaco. A neblina a envolveu em um véu branco fazendo com que ela desaparecesse e apenas o som de seu sorriso perpetuasse no ar. As sombras uivaram e, os garotos apreensivos seguraram com força o cabo de suas armas. Não demorou muito para atacarem. Desesperados os jovens golpeavam sem eficácia apenas mantendo as sombras distantes. Hiberlt se lançou em meio à neblina correndo atrás da mulher demônio descumprindo a sua própria ordem de não se separem.

Correu às cegas pela floresta se entranhando cada vez mais em seu interior, constantemente a voz da mulher ressoava em seus ouvidos fazendo a adrenalina que corria em seu corpo aumentar.

— Por que você fez isso comigo, já não me amas? — dizia ela com prazer.

— Você não é ela! – retrucava Hiberlt.

— Como ousa dizer isso? Sempre fui e sempre serei a Claire.

— Você é um monstro que roubou o corpo dela!

Hiberlt não aguentava mais as suas pernas, o calor do momento havia passado. Sua determinação se tornou espasmos de desespero e ira. Olhou ao seu redor sabendo estar perdido, mas, nada daquilo importava para ele. Desejava apenas ter o sangue daquele demônio escorrendo por suas mãos. Quem o visse, insinuaria estar embriagado ou ser um psicótico em conflito com as muitas personalidades que o habitam, lutando para sair. Olhos estufados, pupila dilatada, lábios secos, respiração compassada. Não era mais o mesmo.

As sombras o atacaram, cortes surgiram por todo o seu corpo, não havia proteção contra as garras das bestas. Prostrou-se ensanguentado, cabeça baixa, as mãos apoiadas no chão. A mulher surgiu em seu lado sussurrando aos ouvidos:

— Pobrezinho, não aguenta mais ficar em pé. Mas, não se preocupe, tudo logo passará. Basta você me ouvir, sinta o meu amor te invadir.

Hilbert viu Claire se abaixar à sua frente, sentiu o toque suave das mãos dela acariciando-o queixo e um leve levantar de sua cabeça, seus olhos estavam em contato, o brilho amarelado do jovem mulher e os seus como obsidiana. Como se refletisse sua alma, olhos do Destemido denunciavam que ele ainda a amava, que aquela era uma atitude desesperada de livra-la daquele mal. A única encontrada.

— Como você é tolo, não pode me matar.

Ele abriu a boca em um sorriso fraco, disse:

— Eu sei... M-Mesmo assim tentarei.

Ela cravou uma de suas mãos no estômago de Hiberlt, o grito dele pode ser ouvido para além da floresta, sangue escorria de sua boca. Ela removeu a mão lentamente de dentro do corpo do homem, sua face demonstrava prazer, o líquido carmesim viscoso banhava a mão do demônio que a levou a boca e lambeu, salivando agraciada com o sabor.

— C... Cla... — A vida deixava o corpo de Hilbert mais rápido do que esperava, lhe permitindo apenas emitir gemidos, quando enfim disse: — Claire.

A mulher levantou-se dando-lhe as costas e começou a se afastar do corpo já inerte ao chão. Porém, seu avanço foi interrompido por um puxar em seu vestido, ao olhar para trás percebeu que o homem a segurava pela barra. Os olhos de Hiberlt não tinham expressões, sua pele já pálida começava a necrosar abruptamente, sua boca balbuciava palavras ininteligíveis. Ela puxou a barra de seu vestido e se afastou dele deixando que as sombras envolvessem o Destemido em escuridão.

Na clareira, o jovem esguio havia abandonado a sua espada e passado ameaçar às sombras com uma das tochas.

— LASAR! Me ajude.

O jovem Lasar observou atônito o corpo de mais um de seus companheiros ser arrastado para dentro da floresta. Rapidamente olhou ao seu redor em busca de mais alguém e só então percebeu que estava sozinho, cercado. Passou a golpear instigado apenas pela cólera que insistia leva-lo para além de seus limites. A cada lembrança de seus amigos. Familiares. Vilarejo. Foi completamente consumido por suas emoções. Os olhos vermelhos disputavam em terror com o sorriso psicótico esboçado em seu lábios.

A tocha havia se mostrado uma arma eficiente à medida que transpassava as sombras fazendo-as dissipar. Logo viu os adversários recuarem, como se estivessem com medo. Em desafio gritou:

— Pensam que podem me vencer?! Venham. Venham me enfrentar seus malditos!

De repente, a mulher surgiu diante dele. Ficou paralisado. Surpreso. Sua expressão, fez com que ela sorrisse de prazer.

— Pobrezinho, seus amigos o abandonaram? Não precisa temer, já não disse que estou com você?

Ela dançava a passos suaves ao seu redor e com delicadeza tocava-lhe o corpo.

— O que você fez com eles?

— Nada de mais, apenas os convidei para cear.

A mulher parou na frente do jovem, acariciou o seu rosto e com um leve toque de seus lábios o beijou. Quando os lábios deixaram de se tocar foi possível ver em seu rosto a expressão de espanto, ela olhou para o próprio corpo e esbravejou:

— Maldito!

Uma rajada escura emergiu de seu corpo acertando Lasar o lançando do outro lado da clareira. Ele havia enfiado a tocha no corpo do demônio que agora estava agoniando em chamas, possessa, ela se arrastou para perto do jovem que tentava se levantar do chão. Era tarde demais para o Demônio da Floresta Uivante. Lasar ficou imóvel olhando o corpo daquele ser sendo carbonizado a sua frente.

As sombrasanimalescas desapareceram e a luz da lua invadiu a clareira, o eclipse lunarhavia terminado.

Os moradores do vilarejo esperavam apreensivos ao redor da fogueira. Alguns murmuravam, trocavam palavras de conforto, vez ou outra olhavam para floresta que se estendia atrás. Até que uma das mulheres disse:

— Olhem!

Foi o que todos fizeram.

Lasar saia da floresta caminhando devagar, os passos eram arrastados, estava de cabeça baixa e em uma das mãos carregava a tocha frouxa quase que acertando a grama abaixo de si, na outra levava a espada que mais parecia um pendulo sendo balançado de um lado para o outro. Os moradores se aproximaram evidentemente preocupados, mas retesaram os passos quando o jovem parou poucos metros à frente.

— O que aconteceu Lasar? Onde está Barin? — perguntou uma mulher, com a voz embargada e lagrimas escorrendo por sua face.

— Devem ter morrido — respondeu um dos moradores bruscamente.

— Pelo visto conseguiram se livrar do demônio, se não ele não teria voltado! — disse outro morador em tom animador.

Lasar nada respondeu, levantou a cabeça lentamente e sorriu, um sorriso diabólico. Todos os presentes foram consumidos pelas sombras que emanaram de seu corpo, restando apenas o jovem que seguiu caminhando pelo campo aberto acompanhado das figuras animalescas.

Glossário

Samnhain: Não chega a ser citado diretamente, mas é o festival celta da colheita que celebrava o final do período fértil no hemisfério norte. Uma das possíveis origens do halloween.

Peeiras: Não chega a ser citado diretamente, mas serviu como inspiração para criação do conto Uivos. Uma Peeira, ou fada-dos-lobos, é o nome que se dá as jovens protetoras e companheiras dos lobisomens. Versão feminina do lobisomem.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro