Capítulo 8
Elayne
Tinha se passado uma semana desde o episódio na casa da Sô em que ele tinha me dado o beijo mais enlouquecedor da minha vida. Eu podia ainda sentir o gosto de seus lábios nos meus, e minha pele arrepiava cada vez que me lembrava dele. A Sô passou a semana com um sorriso no rosto, mas para minha surpresa ela não tocou nenhuma vez no nome do filho e isso era no mínimo suspeito e, por mais que eu estivesse louca para perguntar por ele, não o fiz, não iria criar expectativas estava me livrando de minhas barreiras aos poucos e não iria querer me machucar pensando que o beijo não tinha sido tão bom para ele como tinha sido para mim.
Estava em meu escritório, me preparando para ir embora, quando meu telefone tocou. Era Rayssa:
– E aí prima? Resolveu se enjaular de novo? – Ela ri e eu a acompanho. É mesmo uma doidinha.
– Não, apenas trabalhando um pouco, sabe? Às vezes é bom para pagar as contas. – Posso ouvir sua risada do outro lado da linha.
– Prima, queria saber se você poderia vir aqui em casa, tenho uma surpresa.
– O que tu estás aprontando, hein?
– Nada, apenas venha sem desculpas. – Deu uma gargalhada alta e desligou na minha cara. E eu não consegui ficar irritada. Era Rayssa sendo Rayssa.
Entrei no meu carro e fui em direção a casa do meu tio, quando cheguei me deparei com a surpresa que Rayssa se referia sentados a mesa junto com meus tios. Meu pai e sua esposa, se levantaram assim que me viram entrar e vieram em minha direção. Uma surpresa e tanto e muito boa, para falar a verdade. Como estava com saudades dele! Ele me apertou muito, me apresentou sua esposa, era reconfortante estar ali com ele e nem de longe a presença de sua esposa me incomodava, pelo contrário, simpatizei muito com ela.
Jantamos, e depois quando fiz menção de ir embora, ele me chamou para conversar. Sentados em um banco no jardim de meus tios, olhando o céu estrelado me viro para olhá-lo na espera do que tem a me dizer, ele está nervoso.
– Filha, como você está de verdade?
– Financeiramente bem, emocionalmente bem, e psicologicamente bem. – Respondi rindo.
– Tem certeza, Lany? Como está o coração? Já tem um namorado? – Vi ele engolir em seco.
– Não, não, mas quem sabe em breve, né? Tudo pode acontecer. – Disse com um sorriso de orelha a orelha.
– Que bom, filha. – Ele parecia estar apreensivo por alguma coisa. – Tenho algo a dizer, algo que acredito que você não irá gostar. Mas saiba, que estou aqui para você. Eu não sou perfeito, filha cometi muitos erros com você, mas estou disposto a concertá-los.
– Mais que coisa viu, a gente mal decide ser feliz e lá vem bomba? – Disse rindo, tentando quebrar o clima que estava pesado com a cara que meu pai estava fazendo, ele estava muito sério.
– Bom, uma hora eu iria ter que te contar, e eu prefiro contar já, antes que vocês se esbarrem por aí.
– Fala logo, pai, me esbarrar com quem? – Senti um arrepio na espinha – E por que essa cara?
– Marcos. Ele está aqui na Flórida e ele veio para te encontrar.
Não pode ser!
– O QUÊ? Mas por quê? Não há motivo algum para ele vir atrás de mim. – Meu corpo treme. Já faz anos, o que ele quer comigo?
– Calma, filha! – Ele afaga meus cabelos e só então me dou conta que estou chorando com a cabeça enfiada no peito do meu pai.
– Pai, não faz sentido, por que ele veio atrás de mim?
– Segundo o que ele falou, se arrependeu de tudo, e não vai conseguir ser feliz com ninguém. Eu estou despistando ele faz cinco anos, minha filha! Dessa vez, não foi possível, ele me seguiu até aqui.
– Mas, mesmo assim, não faz sentido pai! – Soluço. Passei minhas mãos pelos meus cabelos, na tentativa de me acalmar. – Não tem motivos, já se passaram cinco anos. Ele já casou, já teve outra família pai, ele não é mais nada para mim.
– Não mesmo? – Perguntou e eu me afastei dele e o encarei.
– Claro que não pai, se fosse assim, eu teria ficado lá sofrendo tentando perdoar. – Disse já com lágrimas nos olhos.
– E aqui Lany? Não ficou sofrendo por cinco anos?
– Não pai, talvez eu tenha me distanciado da família, não tenha me envolvido com ninguém, e me mantido o mais longe de tudo que envolvesse sentimentos, mas eu conquistei minha liberdade, financeira e me redescobri. Esse tempo foi fundamental para que eu chegasse onde cheguei financeira e emocionalmente. Ele não me deixava fazer nada, não me apoiava em nada, não quero mais isso para minha vida, nunca mais, não querer Marcos em minha vida é a maior certeza que tenho. E também conheci uma pessoa e quero, de verdade, pai, tentar...
Falar tudo isso em voz alta me fez enxergar a verdade em cada palavra, eu realmente queria tentar, queria ser feliz, sendo com o Júlio ou não.
– Fico feliz Lany, por você finalmente estar pensando assim, mas fica atenta, ele vai te procurar. Não vai desistir até te achar, filha. Ele não parece estar num estado mental muito bom, mas não tenho certeza. E não tem controle sobre isso e faz com que me sinta impotente em relação a você. Não quero nunca mais te machucar filha, eu te amo.
Meu pai fica pensativo, me aproximo e pego em sua mão.
– Está bem pai, não se preocupe. Também te amo. – Dou um beijo em sua testa. – Vou indo, porque amanhã tenho que trabalhar e estou cansada, mas estou feliz por te ver, e saber que o senhor está muito feliz.
Me despedi de todos e fui para casa, com os pensamentos em Marcos. O que ele quer? Tratei de afastar esses pensamentos assim que cheguei em casa. Fui direto tomar um banho e fiquei em baixo da agua quente por longos minutos, comi alguma coisa e fui descasar.
Me joguei na cama, apesar da notícia ruim, me sentia feliz, queria falar com a Sô, dizer a ela que ela estava certa. Realmente me encantei pelo Júlio assim que o vi. Fiquei lembrando do seu beijo, seu cheiro, queria ligar para ele conversar com ele, mas não tinha seu número e nem entendia essa minha necessidade, era tudo muito confuso e, ao mesmo tempo, excitante, estava parecendo uma adolescente. Lembrei novamente do Marcos e me irritei com isso, queria esquecer tudo que se referia a ele. Virei para lado e me forcei a dormir, tinha chegado minha hora de ser feliz, já não me importava se iria durar um ano, dois meses ou uma vida inteira. Queria viver, e iria me dar essa oportunidade nem que para isso tivesse que finalmente enfrentar Marcos de frente.
Feliz Ano Novo.
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