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Quem vê cara...

 Era uma jovem de vinte e poucos anos, cuja beleza e inteligência iam pouco acima da média. Seria um exagero dizer que atraía homens aos borbotões, como seria afirmar que os repelia. Da mesma forma, seria incorreto afirmar que era intocada, uma virgem, e igualmente injusto chamá-la por adjetivos impróprios. Tivera sua dose de relacionamentos infrutíferos. Alguns duradouros, outros breves. Tinha a bagagem que alguém de sua idade deveria ter nos assuntos do amor, do sexo e da convivência. Nem mais, nem menos, para a moça mediana que era.

Conheceu-o por acaso, em um jantar na casa de amigos, e foi arrebatada pelos modos alheios, o olhar longínquo, o ar sempre distante e a moderação com tudo. Tudo, menos comer. O homem comia como um tigre faminto. Mastigava com um furor voraz, que tinha, para ela, algo de luxurioso.

Aproximou-se dele, trocaram telefones, marcaram encontros.

Ele levou algum tempo até perceber os intentos dela, mas percebeu. Ela levou algum tempo até notar que seria necessário abandonar as indiretas para deixá-lo a par de suas intenções, mas notou. Depois de breve período de romance, ele revelou que também tinha reparado nela no dia do jantar, que ficara encantado com sua presença de espírito, seus olhos vivos e comentários perspicazes.

Ela sabia, graças aos romances passados, que namoros se resumiam a duas coisas: fazer sexo e comer. Sabia que seu futuro namorado era um legítimo bom-garfo e, por isso, apreciava sua companhia nas refeições. Mas seu grande apetite lembrou-a de certas teorias que diziam que homens muito vorazes à mesa não raro demonstravam na cama disposição semelhante. Curiosa, decidiu tirar a dúvida.

Certo dia em que seu pai viajava - a mãe vivia alhures -, convidou-o para jantar. Ele aceitou. Apresentou-se inocente, como um bezerro que caminha para o matadouro, ignorando que está prestes a se tornar um pedaço de vitela. Com os trejeitos tímidos de sempre, sentou-se empertigado à mesa. Devorou tudo o que lhe foi servido, conforme o esperado. Aniquilado o jantar, dizimada a sobremesa, sentaram-se no sofá. Ligaram a TV enquanto conversavam. Nenhum deles prestava atenção no aparelho. Por fim, ele ainda encontrou espaço para petiscar um tira-gosto, ela o acompanhava em uma taça de um Merlot que melhorava na adega. A conversa e as brincadeiras logo deram lugar a carícias leves, que se intensificaram, até que o controle remoto foi ao chão com estrépito quando ele se levantou e, demonstrando surpreendente força física, ergueu-a pela cintura com um braço, enquanto, ávido, mordia-lhe o pescoço e abria o fecho do sutiã habilmente, utilizando apenas três dedos da outra mão.

Entre beijos, já arfante, ela sugeriu que fossem para o quarto e ele a levou sem colocá-la no chão, acariciando seus seios por baixo da roupa.

As teorias se provaram verdadeiras. O homem deitou-a na cama com gentileza que não condizia com o modo fremente com o qual os lábios, língua e dentes percorriam seu pescoço, queixo, nuca, boca e orelhas. Feroz, retirou-lhe os jeans e apenas pedaços de sua calcinha foram encontrados no dia seguinte, espalhados pelo aposento. A seguir, despiu-se com igual velocidade e juntou-se a ela sob os lençóis.

Alternava carinhos insolentes com carícias ternas. A língua dele percorria cada milímetro de seu corpo, suas sensações tão transitórias que era difícil compreender o que acontecia. Ela se maravilhava com a avalanche de sensações. Gemia de agrado quando ele, virando-a de bruços e mordendo-a das nádegas até o pescoço, sussurrava elogios despudorados em seu ouvido. Gemia duas vezes mais quando, no instante seguinte, com um movimento brusco, tornava a virá-la e trafegava por seu corpo com mãos ágeis apertando, afagando, arranhando e massageando, e com a ansiosa boca beijando, lambendo, chupando e mordendo. Chegava até seu baixo ventre, até seus grandes, gotejantes lábios, e, entre volteios calculados e investidas competentes com a língua, que a faziam estremecer, dizia obscenidades inenarráveis que, somadas à sofreguidão de seus gestos, faziam-na pensar que estava prestes a perder o juízo.

Em um instante lambia-lhe os pés, chupava-lhe os dedos, abocanhava-lhe os calcanhares. No próximo segundo já estava manuseando seus mamilos, mordiscando-lhe o púbis, os lobos das orelhas, as palmas das mãos, as axilas. Não lhe pedia nada, não lhe dava ordens, nada lhe perguntava. Perscrutava seu corpo como se lho pertencesse. Mastigava-a com a voracidade com que devorava sua comida. Ela apenas mordia os lábios, voluptuosa, gemia, urrava, gritava, implorava por mais, arranhava-se, agatanhava-o, raspava as paredes, desalinhava os cabelos, descontrolava-se.

Ele murmurou em seu ouvido, em dado momento, que iria apresentá-la à sensação de descer na maior montanha-russa do mundo e riu o riso sem-vergonha dos devassos. Em seguida jogou as duas pernas dela para cima e, introduzindo-lhe dois dedos, apertou algum botão - até então desconhecido a ela - que causou efeitos imediatos, a sensação de um relâmpago correndo-lhe pela barriga, espalhando-se pelas pernas, uma eletricidade brusca que amolecia e retesava, simultaneamente, todos os seus músculos. Após intermináveis segundos que chegaram ao fim mais rápido do que gostaria, seu corpo inteiro convulsionou-se como que tomado por um surto epilético. Sentiu os lençóis encharcados com a torrente de satisfação que escorria entre suas coxas lânguidas.

Depois de tão violento orgasmo, deixou-se desfalecer. Chegou a sentir a vista escurecer e o quarto girar, mas ele, veloz, apertou seu pescoço num gesto agressivo, como se tentasse sufocá-la. O afogamento súbito, em vez de apagá-la de vez, trouxe sua consciência novamente à tona. Resfolegando, olhou para ele.

Os olhos, antes aéreos, pacíficos, estavam completamente diferentes. Fitava-a como um gato que observa a presa encurralada. Não havia nada do ar distraído de outrora, apenas o olhar decidido do agressor sobre a vítima. Tremeu em um misto de espanto e prazer. Via-se submissa, dominada. E ele, após assediá-la com nova série de preliminares, penetrou-a com o vigor de seu sexo furioso, subversivo, insaciável.

Fizeram amor, sexo, transaram, fornicaram, foderam… deixaram-se levar pela luxúria. Entre uma rodada e outra da mais pura, feliz e realizada safadeza, atacavam a geladeira. O mesmo apetite que ele manifestava com a comida, dirigia a ela, a seus fluidos, a seus orifícios, a toda sua anatomia. Ela descobriu no próprio corpo algo entre doze a dezessete zonas erógenas que antes desconhecia.

Na semana seguinte, dormiram juntos todas as noites. O pai dela, um homem instruído, com boa cabeça, razoável, não interferia no direito da filha – maior de idade, responsável, inteligente – de dormir com quem preferisse. Inclusive lhe agradava a companhia do rapaz. Conversavam sobre esportes e música erudita; literatura e filosofia. O jovem, por vezes, calava-se de súbito, como se incomodado com algum assunto. Permanecia em silêncio, ouvindo e meneando a cabeça. O pai, acreditando que o aborrecia, mudava de assunto ou retirava-se para seu quarto. Era dessas almas gentis, que não gostam de incomodar. Às vezes retornava com algum vinho, minutos depois: um Semillon para acompanhar foie gras, um Cabernet para melhorar a degustação de queijos e outros frios.

A moça ficava feliz em ver o pai se dando bem com o rapaz, em notar como as conversas rendiam horas e horas de assunto; em ver como o apetite sexual vigoroso de seu parceiro não arrefecia. Era impossível se conter durante as intermináveis maratonas de descaramento e, não tivesse o velho sono tão pesado a ponto de resistir aos próprios roncos, amargaria noites insones ao som das sessões de ode aos prazeres carnais da filha.

Um dia, marcaram de se encontrar na rua. Ele iria buscá-la na saída do estágio. A cidade estava caótica. Um jornal dizia que um pequeno grupo de manifestantes de vertente política conservadora e retrógrada impedia o trânsito em uma avenida próxima. Ela tentou telefonar para ele, sem sucesso. Por fim, recebeu uma mensagem na qual ele informava que estava a caminho. Aguardou em um café nas imediações. Tentava ler um livro, mas só conseguia pensar nas possibilidades que a noite trazia. Comprara, em uma Sex Shop, itens - divertidos, ainda que desnecessários - para apimentar a relação. "Dessa vez", pensava, "serei eu a surpreendê-lo!". Sentia-se umedecer apenas imaginando o que fariam. A visão do rapaz, entretanto, tornou-a árida.

Ele trajava uma camiseta com os dizeres "Intervenção Militar Já!". No vidro do carro, havia adesivos de apoio a Jair Bolsonaro. Trazia nas mãos um livro do Olavo de Carvalho.

Incapaz de tolerar tamanha sem-vergonhice, ela deu o relacionamento por terminado. Dias depois, explicava o rompimento a amigos: "Uma coisa é querer me foder. Coisa bem diferente é querer foder o país inteiro."

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