Náufragos
Conheceram-se aleatoriamente, em circunstâncias difíceis de explicar, mas a atração mútua foi imediata. Deram-se as mãos e caminharam por um cenário um tanto bucólico, até chegarem à beira de um lago. Encontraram ali um pequeno barco com dois remos. Resolveram dar um passeio entre os cisnes, passar sob aquela pontezinha em arco, quem sabe parar lá no meio e assistir ao pôr-do-sol.
Ele tomou os remos, ela insistiu para remar também. Remaram juntos, pois. A partir de certo ponto, entretanto, ele se distraiu. Não fez por mal, era apenas de sua natureza voltar a atenção para outras coisas, eventualmente. E do mesmo jeito que seu foco mudava para uma ave que passava, ou um vulto de peixe movendo-se sob as águas, também retornava para ela e o que ela dizia.
Não foi o bastante. Aquelas doses de atenção não eram o que ela queria. Ela queria dedicação total, queria vê-lo imerso em seu mundo. Ele não era de imergir em nada, tinha os pés firmes no solo, mantinha a cabeça fora d'água. Aos olhos dela, entretanto, era descaso, e vai explicar que focinho de porco não é tomada!
Ela começou a demonstrar certo aborrecimento, tristeza. Ele sorria e tentava tranquilizá-la, mas aquele olhar fugidio, que não permanecia fixo no dela, era irritante demais. Percebeu então que remava sozinha. Ele estava absorto olhando para o céu, para nuvens, para pássaros.
Ela deu um chilique brusco e virou o barco.
Fodeu tudo de uma vez e pronto.
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