II - WHITEHILL
Após a chegada da noite, e o ar fresco da montanha trazia o perfume da terra e das árvores. Eileen ainda estava na presença do rapaz no observatório, com um sorriso, e a luz suave que emanava de dentro iluminou seu rosto. À medida que se aproximavam, a estrutura branca se destacava contra o céu escuro, pontilhado por estrelas que começavam a brilhar intensamente. O interior estava repleto de telescópios e equipamentos de astronomia, todos organizados com precisão. A paixão de Jace pela astronomia se refletia em cada detalhe, e a excitação no ar era palpável. O espaço era envolto em um silêncio profundo, interrompido apenas pelo sussurro do vento do lado de fora, criando uma atmosfera mágica que prometia descobertas sob o vasto céu estrelado.
— Aqui você pode ver o universo de uma maneira diferente — Disse ele, convidando-as a entrar. — Menos minha querida irmã, ela não se interessa por isso.
Rachel revirou os olhos, mas não conseguiu conter um sorriso.
— Oh, você sabe que eu só gosto de estrelas quando estão na forma de outras coisas brilhantes. — Respondeu Rachel, piscando para Jace.
A leve provocação fez o ambiente se encher de risadas. A cumplicidade entre os irmãos era palpável, um lembrete do quanto a conexão familiar poderia trazer alegria em momentos simples. Enquanto eles trocavam provocações, Eileen se permite absorver a atmosfera mágica do observatório.
As paredes eram adornadas com pôsteres de constelações e imagens de galáxias distantes. O cheiro de madeira polida e equipamentos novos a envolveu, e cada detalhe falava da dedicação de Jace à astronomia. Ele a levou a um telescópio especialmente grande, sua estrutura metálica reluzindo sob a luz suave do interior.
— Este é o meu favorito — Disse ele, ajustando o foco com cuidado. — Venha ver.
Quando ela se aproximou, Jace fez questão de mostrar como usar o telescópio. Assim que ela olhou pela lente, o universo se revelou em toda a sua glória. As estrelas brilhavam intensamente, e as constelações dançavam diante dos seus olhos. Ela podia sentir a vastidão do cosmos, e pela primeira vez em muito tempo, uma sensação de liberdade e inspiração começou a fluir nela. A noite, com suas promessas e mistérios, lhe parecia agora cheia de possibilidades. Enquanto ela se perdia na visão estonteante das estrelas, Jace a chamou de volta à realidade.
— O evento de observação de estrelas é neste fim de semana. — Ele disse, seu entusiasmo transparecendo em cada palavra. — Vai ser incrível! Teremos palestras de astrônomos convidados, workshops sobre constelações e até sessões de astrofotografia.
— Isso parece fantástico! — Exclamou, afastou-se do telescópio por um instante para olhá-lo.
— Estamos preparando tudo para as pessoas poderem se conectar com o céu noturno — Respondeu ele, gesticulando em direção à janela, onde a vastidão do cosmos se estendia diante de ambos. — E a parte mais legal? Todos irão assistir à chuva de meteoros no domingo.
Rachel interveio, claramente animada.
— Ele tem um jeito especial de tornar tudo muito interessante — Disse, com um sorriso brincalhão. — Pode até convencer uma pessoa que não se interessa por estrelas a querer saber mais.
Jace sorriu, mas sua expressão logo ficou séria, refletindo a importância que dava ao evento.
— É uma oportunidade de trazer as pessoas para mais perto da ciência. Muitos não têm ideia do que existe além do nosso mundo, e eu quero mudar isso.
Eileen sentiu uma onda de inspiração ao ouvir sua paixão. Era evidente que aquele evento significava muito para ele, não apenas como uma maneira de compartilhar conhecimento, mas como uma forma de conectar pessoas à vastidão do universo.
— E você já tem tudo planejado? — Perguntou, curiosa, sobre como ele pretendia organizar as atividades.
— Sim, estou finalizando os detalhes. Haverá um espaço para telescópios, algumas tendas para palestras e até uma área para as pessoas se sentarem e simplesmente observarem o céu. — Explicou, gesticulando animadamente.
Rachel, que estava escutando atentamente, acrescentou:
— E não se esqueça da comida! Estamos pensando em fazer um piquenique sob as estrelas. As pessoas adoram isso.
A menção da comida fez o estômago da mulher roncar, despertando um sorriso em seu rosto. A ideia de reunir pessoas em um ambiente tão acolhedor, cercadas pela beleza da natureza e das estrelas, parecia mágica.
— Além disso, proponho começarmos nossa manhã de sábado diferente, Eileen. — Rachel a alerta.
— O que você está aprontando?
— Um passeio de cavalo até o riacho das Esmeraldas. — A menção do passeio a cavalo fez seu coração disparar de empolgação. Eileen sempre adorou a ideia de explorar a natureza dessa forma, sentindo a liberdade que vem com o galopar de um cavalo.
— Isso soa incrível! — Exclamou, imaginando as paisagens que iriam ver ao longo do caminho. — Nunca andei a cavalo antes, mas estou disposta a tentar.
Rachel sorriu, sua animação contagiante.
— Não se preocupe! Meu irmão vai nos guiar, e ele é ótimo com os cavalos. Vai ser uma experiência maravilhosa. Podemos levar um lanche e desfrutar do riacho quando chegarmos lá.
A perspectiva de galopar ao lado de árvores altas, acompanhando o som suave da água correndo, era exatamente o que ela precisava para se sentir viva. Rachel parecia ter planejado tudo meticulosamente; com seu irmão Jace como guia, sabia que seria uma experiência segura e divertida. O pensamento de estar rodeada pela beleza do Monte Safir, respirando ar fresco e puro, deixava Eileen animada. Mesmo nunca tendo andado a cavalo antes, a ideia de se aventurar era tentadora.
Após voltarem para o rancho, onde uma mesa repleta de comida quase a fez salivar. O jantar longo e saboroso, repleto de conversas animadas, a fez sentir-se acolhida. A noite se encerrava lentamente, e, com o estômago cheio, Eileen deitou-se na enorme cama. A brisa gélida que entrava pela janela da varanda acariciava seu rosto, proporcionando uma sensação de tranquilidade. Ela se arrastou pelo colchão até a beirada, puxando o notebook que estava na mochila. Seus pensamentos voavam, mas o bloqueio criativo ainda persistia, como uma nuvem densa que se recusava a se dissipar.
Eileen encarou o site, percebendo o quão mal recebido havia sido o penúltimo capítulo. A frustração começou a surgir dentro dela; talvez esse fosse o problema. Ela não estava tão envolvida nas palavras, como se o medo de desapontar a estivesse entorpecendo. O brilho da tela era um lembrete de que deveria estar apaixonada pelo que criava, mas a verdade era que se sentia desconectada. Ao reler o capítulo, cada frase provocava uma mistura de ansiedade e frustração. Eileen estava tão longe do que havia imaginado que o desejo de escrever se tornara um fardo pesado em seus ombros.
Preciso recomeçar. Eileen sentiu a urgência de recomeçar ecoar em sua mente como um mantra. Ao encarar a tela pela última vez, tomou uma decisão drástica: apagar sua própria obra. O cursor piscava, quase zombando dela, enquanto ponderava sobre o que significava deixar para trás o que já havia escrito. O capítulo mal recebido e cada palavra que agora parecia uma sombra do que desejava expressar eram pesos que a impediam de avançar. O botão "Excluir" parecia um portal para a renovação, oferecendo a chance de se libertar das limitações que ela mesma impusera. Com um suspiro profundo, Eileen se preparou para dar aquele passo audacioso.
Com um suspiro profundo, ela pressionou as teclas e viu as palavras desaparecendo, como se cada uma delas estivesse levando consigo uma parte da frustração que a atormentava. Sentia um misto de alívio e medo. O medo de não conseguir recriar, de não ter mais ideias, mas, ao mesmo tempo, a liberdade que vinha com a possibilidade de um novo começo.
Eileen olhou para a tela em branco diante de si, sentindo uma onda de esperança a invadir. Aquela página em branco, que antes parecia uma prisão, agora se transformava em um espaço infinito, repleto de novas histórias e aventuras a serem contadas. A brisa gélida que entrava pela janela parecia sussurrar palavras de encorajamento. Era o momento de se reconectar com a essência de sua escrita, de explorar as nuances de sua criatividade sem medo de falhar. Com um leve sorriso, ela começou a digitar, pronta para dar vida a suas novas ideias.
Pegou uma caneta e um bloco de notas, decidida a deixar fluir as ideias, anotar o que realmente desejava contar. O universo à sua frente estava repleto de possibilidades, e estava pronta para abraçar cada uma delas. O que poderia dar errado? Era hora de recomeçar, e ela estava determinada a transformar essa nova jornada em algo que realmente refletisse quem ela é.
(...)
Naquela manhã, Eileen enfrentou uma noite de tormento, mas também de calmaria. Ao digitar novas ideias, percebeu que o rascunho da história original ainda estava guardado em seu notebook, uma lembrança persistente do que havia construído. Algumas partes eram valiosas demais para serem descartadas, essenciais para o que queria transmitir. A cada frase que escrevia, o peso do bloqueio criativo se dissipava, e a tranquilidade que buscava se manifestava não apenas no fluxo de palavras, mas na sensação de estar finalmente no caminho certo. As palavras dançavam na tela, transformando-se em uma expressão verdadeira de sua visão.
Eileen estava ciente de que o processo de reescrita não seria fácil. Inseguranças e dúvidas ainda a assombravam, mas, desta vez, em vez de se deixar abater, ela estava decidida a enfrentar cada desafio que surgisse. Manter a essência original enquanto deixava espaço para novas ideias se tornava um ato de equilíbrio delicado. A jornada de transformação de sua história estava apenas começando, e Eileen estava determinada a explorar cada nuance desse caminho, abraçando as oportunidades de crescimento e criatividade que se apresentavam.
Logo ouve batidas animadas vindo da porta, Rachel abre sem ao menos pensar se a mesma está nua, ela a encara com os olhos arregalados ao ver seu estado deplorável.
— Estava em reunião com mendigos, Eileen? — Ela exclamou, a risada escapando de seus lábios.
A ironia da observação de Rachel fez Eileen soltar uma gargalhada tímida, mesmo que a situação fosse cômica. A última coisa que desejava era ser vista daquela forma, mas a leveza da presença da amiga trouxe um conforto inesperado ao seu dia. Ela sentiu que, apesar das dificuldades, havia espaço para um pouco de humor e descontração.
— Bem, se você diz, posso me considerar uma artista maltrapilha em busca de inspiração. — Respondeu, tentando recuperar a compostura enquanto ela se sentava e puxava a coberta ao redor dela.
Rachel não perdeu tempo. Entrou no quarto e fechou a porta atrás de si, ignorando totalmente seu estado de desleixo.
— Então se apronte para irmos! Ou você esqueceu do passeio? — Ela disse, sua empolgação irrompendo como um vendaval no quarto bagunçado. — Trouxe isto.
Eileen piscava lentamente, tentando processar o que ela dizia. As vestes colocadas na cama lhe espantam um pouco. O passeio ao riacho era a última coisa em sua mente naquele momento, a ideia de um dia ao ar livre parecia quase surreal diante do seu estado atual. Mas a animação de Rachel era contagiante, e a promessa de um novo cenário começava a seduzir.
— Não, eu não esqueci — Murmurou, esforçando-se para levantar e espantar a sonolência. — Só estava... em uma fase intensa.
Rachel ergueu uma sobrancelha, claramente cética, mas não deixou que isso a desanimasse. Poucos minutos depois, Eileen já estava vestida com uma blusa de manga longa azul-marinho, com zíper no colarinho que se ajustava confortavelmente ao seu corpo, proporcionando a mobilidade necessária para o passeio a cavalo. A calça cinza de equitação, reforçada nos joelhos, completava o visual prático. Calçou as botas altas pretas, sentindo-se finalmente preparada para encarar a manhã na montanha.
Rachel, ao observá-la, sorriu satisfeita. Havia uma mistura de aprovação e entusiasmo em seu olhar, como se a preparação para aquele passeio simbolizasse algo maior. Talvez, assim como a mudança de roupas, o passeio também traria uma nova perspectiva.
— Espero você do lado de fora da casa, Eileen. — Disse ela, antes de sair do quarto com passos leves, deixando-me sozinha por um instante.
Enquanto Eileen se olhava no espelho pela última vez, ajustando as botas, respirou fundo. Lá fora, a manhã começava a se desenrolar, e o ar fresco das montanhas prometia mais do que um passeio comum. Ela arrumou rapidamente o que havia deixado sobre a cama, como se organizar o ambiente fosse um reflexo do desejo de trazer ordem à própria mente. A leve ansiedade que sentia era acompanhada por uma estranha sensação de renovação, como se aquele dia pudesse marcar o início de algo novo.
Com um sorriso travesso no rosto e uma cesta firmemente segurada em suas mãos. Ela a balançava levemente, como se estivesse revelando um segredo. Havia apenas dois cavalos, e a ausência de seu irmão a intrigou.
— Vamos? — Perguntou.
— Meu irmão foi até o estábulo, ele foi buscar a Ursa.
— Ursa? — O riso espontâneo ecoou
Os galopes logo atrás de Eileen a assustaram, mas, ao se virar, seus olhos se encantaram ao ver o cavalo de pelagem branca à sua frente. Ursa, com sua crina esvoaçante e postura majestosa, parecia ter saído de um conto de fadas. Momentaneamente, Eileen esqueceu o que a cercava. Jace, montando o cavalo, exibia uma figura imponente que contrastava com a suavidade de Ursa. Seu olhar focado e determinado se suavizou ao encontrá-la, e um sorriso amplo se espalhou por seu rosto. Ele desceu do cavalo com uma agilidade admirável e se aproximou, a energia do momento palpável, intensificando a expectativa do início da aventura.
— Toda sua, Eileen. Quero que monte em Ursa. — Jace se pronunciou, e Rachel e Eileen trocaram olhares que misturavam animação e curiosidade. Ele se dirigiu a elas, mencionando que Ursa era uma excelente montaria e tinha um temperamento dócil. Essa descrição deixou Eileen ainda mais animada; montar um cavalo assim em um cenário tão bonito parecia a combinação perfeita para um dia memorável.
Sentir o vento fresco no rosto enquanto montava em Ursa parecia promissor, como se aquele momento fosse uma chave para abrir novas portas na mente criativa de Eileen. Aproximando-se da égua, ela sentiu uma leve intimidação diante de sua majestade, mas logo um calor de entusiasmo começou a crescer dentro dela. Jace estendeu a mão, ajudando-a a subir e se acomodar na sela. Uma vez em cima, Eileen experimentou uma onda de realização. Ursa, poderosa e gentil, a sustentava, e o vento balançava seus cabelos, trazendo uma sensação de liberdade talvez.
Após dez minutos de galopes, Ursa parecia dançar pelo caminho, levando Eileen e Rachel até um riacho tranquilo. Sentaram-se em frente à água que fluía naturalmente, saboreando a comida que, para Eileen, não se comparava ao último sanduíche de frango que havia feito. Cercados pela beleza do Monte Safir, com as nuvens ainda brilhando no céu, Eileen percebeu que aquele era o momento exato que precisava. Não apenas para desfrutar da companhia dos amigos, mas também para refletir e renovar a criatividade que tanto buscava.
— O que achou de montar na Ursa, Eileen? — Rachel questiona com boca cheia.
— Foi incrível! — Respondi, deixando a animação transparecer na minha voz. — Ursa é tão gentil e cheia de energia. Senti como se estivesse voando!
— Quer montá-la novamente? Podemos ir até o campo aberto. — Jace sugere. O campo aberto surgiu nela em imagens de liberdade, uma vastidão de espaço onde poderia galopar sem limites. A proposta de explorar um novo cenário despertou-a uma onda de empolgação.
— Claro, adoraria! — Respondeu, seu coração acelerando com a perspectiva de mais uma aventura a cavalo.
Rachel se levantou, começando a guardar a cesta com os restos do nosso piquenique, sua animação contagiante. O clima fresco da manhã, misturado ao perfume da grama molhada e às flores silvestres ao redor, tornava tudo ainda mais especial.
Enquanto Jace se preparava para ajudar Eileen a montar Ursa novamente, ela percebeu que aquele dia se tornava muito mais do que um simples passeio. Era uma oportunidade de se reconectar com a natureza e com a parte de si mesma que havia se perdido na correria do cotidiano. A ideia de galopar pelo campo aberto não era apenas emocionante; era um passo em direção à renovação de sua criatividade.
Assim que Jace ajudou Eileen a subir na sela, ela segurou as rédeas com firmeza, sentindo a energia vibrante de Ursa sob ela. Era hora de libertar não apenas o cavalo, mas também a mente. Enquanto passavam por um corredor de árvores, um barulho inesperado entre os galhos os assustou, fazendo os cavalos relincharem e recuarem. Eileen ficou surpresa ao ver a figura familiar que saltou em sua direção: a corça. A adrenalina percorreu seu corpo enquanto tentava controlar Ursa, que estava inquieta. A corça, ágil e graciosa, parecia alheia ao impacto de sua presença, saltando entre as árvores com seus grandes olhos refletindo a luz do sol filtrada pelas folhas.
— Eileen, segura firme! — Jace gritou, sua voz carregada de preocupação.
Eileen tentou se concentrar, mas era um desafio. A cada movimento da corça, Ursa reagia, balançando-se de um lado para o outro, ansiosa para persegui-la. A tensão no ar era palpável, e Eileen sabiam que precisavam encontrar uma maneira de manter o controle antes que a situação se intensificasse.
Com um esforço, Eileen puxou as rédeas para trás, tentando trazer Ursa de volta ao controle. No entanto, a égua, parecendo determinada, partiu em direção ao mesmo caminho da corça, seus cascos batendo no chão em um ritmo acelerado. O vento golpeava seu rosto enquanto a velocidade aumentava, e Eileen se agarrou à sela, lutando contra o instinto de deixar Ursa correr livre. O cenário ao redor começou a se desfocar, a vegetação passando rapidamente como um borrão verde. A adrenalina corria em suas veias, misturada a um frio na barriga que a fazia sentir-se viva, mesmo diante da vulnerabilidade. O som dos galopes ecoava na floresta, e, por um breve instante, Eileen se deixou levar pela liberdade do momento, esquecendo o medo e a falta de controle.
Ursa saltou de uma altura inexplicável, e Eileen gritou, sentindo suas cordas vocais doerem. O som de sua voz ecoou pela floresta, mas a adrenalina não a protegeu da queda. Senti seu corpo se desprender da sela, como se o tempo tivesse desacelerado enquanto voava, antes de ser brutalmente lançado ao chão. O impacto foi duro e gelado, uma onda de dor percorreu seu corpo, especialmente na cabeça, onde o solo a recebeu com um abraço implacável. A escuridão começou a cercá-la, como uma névoa densa e ameaçadora, puxando-a para um abismo onde as vozes e os sons da floresta se tornaram distantes.
Ela tentou abrir os olhos, mas a luz do dia parecia ofuscante, e tudo que conseguia ver eram manchas de verde e marrom, misturadas em um emaranhado confuso. A sensação de desorientação era avassaladora, e Eileen lutou para encontrar um ponto de referência, algo que a ancorasse à realidade. Cada respiração parecia uma batalha, e a dor pulsava em sua cabeça, fazendo-a se sentir ainda mais perdida naquele momento nebuloso.
— Princesa! — A voz de alguém rompeu a névoa, soando como um grito distante. Era um chamado carregado de preocupação, e essa preocupação a trouxe um vislumbre de clareza.
Espera. Princesa?
— Princesa, você está bem? — A voz se aproximou, mais urgente agora.
Não era Jace e muito menos Rachel, o rosto se desenhando lentamente em meio à névoa. Sua expressão era uma mistura de preocupação e alívio, como se ele estivesse prestes a soltar um fôlego que estava prendendo. Eileen perdeu o fôlego quando puxou seu corpo para a frente, aquelas pessoas, suas vestimentas...
— Porra. — Xingou vendo a situação de loucura. — Que caralhos é isso?
Engasgou. Sentiu um fervor em seu rosto, as lágrimas descem enquanto a mulher ao seu lado está agoniada.
— Quem é v-você? — Eileen questiona mais uma vez.
— Sou sua dama de companhia, vossa graça. — Seus olhos abrem de tamanho com a voz de esquilo da mulher.
Ela se levantou, sentindo os tecidos da vestimenta apertando seu corpo, como se quisessem moldá-la a uma nova realidade. A confusão se transformou em uma tempestade interior, enquanto a voz da mulher ecoava nervosamente, pronunciando palavras que não faziam sentido. "Dama de companhia"? O termo reverberava em sua mente, um eco distante de uma vida que parecia não ser a sua. Em vez de estar cercada por amigos e a natureza das montanhas, agora se encontrava em um lugar que se assemelhava a um palácio, com paredes decoradas e uma opressiva sensação de formalidade.
— O que aconteceu? — Sua voz saiu entrecortada, a sensação de pânico crescendo.
— Você caiu do cavalo, vossa graça.
O ambiente é diferente, o campo se misturava com neve e grama, e a paisagem que antes era de montanhas verdes agora se apresentava como um quadro surreal, onde a brancura da neve contrastava com o verde vibrante da grama. O céu estava coberto por nuvens cinzentas, mas mesmo assim havia uma beleza inegável naquele lugar, como se a natureza estivesse em perfeita harmonia com a grandiosidade do palácio que agora parecia habitar.
— Você precisa se recompor, vossa graça — A dama de companhia insistiu, sua voz trazendo-a de volta à realidade. O contraste entre a serenidade do campo e o caos dentro de Eileen era imenso. Ela não podia acreditar que estava ali, em um cenário que parecia tirado de um conto de fadas, enquanto a confusão dominava meus pensamentos.
— Que lugar é esse?
— Pelo Coração do Rei, princesa! — Ela se assusta ao ouvir Eileen questionar. — Estamos no Reino de Whitehill. Berço do Ouro e Neve.
As mãos dela tremiam, um sinal claro do nervosismo que a dominava. "Deve ser um sonho", pensou, tentando se convencer. Ela bateu a cabeça, acreditando que logo acordaria e veria o rosto de Rachel, de volta ao rancho. Um chá quentinho e um descanso eram tudo o que precisava. Bastava esperar...
Ela piscou ao encarar as pessoas ao seu redor, a noção de tempo se esvaindo em sua mente confusa. O relinchar de um cavalo a alertou, e ao olhar para a frente, seu coração disparou. Reconheceu sua criação, Yoonha, o Príncipe de Ouro, adorado pelo povo. Sua presença era, ao mesmo tempo, intimidante e hipnotizante, com um olhar intenso e gentil. O palácio ao seu redor parecia desvanecer sob sua sombra, e ela se sentia consumida pelo impacto de sua imagem.
— Princesa. — Ele disse, sua voz profunda e suave, como uma melodia familiar que ela nunca havia ouvido. — Fico aliviado em vê-la desperta. Sua queda do cavalo foi alarmante.
Ela sentiu um calor subir pelo rosto, um embaraço que a deixava ainda mais vulnerável. Estava em um mundo desconhecido, vestida de maneira estranha, diante do príncipe que havia criado em sua mente. A sensação de fragilidade era esmagadora. Quando a mão dele, protegida por uma luva de tecido aveludado, segurou a sua, um choque de energia percorreu seu corpo, ancorando-a na realidade. O calor de sua mão era reconfortante, mas a presença de Yoonha fazia seu coração disparar, misturando medo e excitação. Ela sabia que precisava urgentemente voltar à sua própria realidade.
Não se esqueçam de favoritar e deixar seu comentário, au revoir!!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro