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I - PRINCÍPIO

Dar meia volta a cada quinze segundos após um final de uma história é cansativo. Eileen Rae, uma jovem autora anônima de sucesso entre plataformas, mas seu cansaço significativo lhe causava mudanças e uma enorme vontade de mudar drasticamente tudo o que passou longos meses escrevendo. Talvez criar uma estória sobre dois irmãos cercados pela coroa e ambição possa parecer fácil. Mas criar vilões e dar um fim trágico a pessoas boas é o seu passatempo. Dar vidas a personagens e depois tirá-las pode ser algo que muitos leitores gostam e outros odeiam pelo simples fato de se apegarem a eles.

E tudo bem, o apego é significativo.

Mas não é todo dia que um autor eliminará um personagem qualquer. E Eileen sabia disso. Encarou mais uma vez a tela em branco que falta palavras suas, suspirou pesadamente sentindo-se derrotada. Já passava das cinco da tarde quando ela encarou o telefone, a notificação de Rachel piscando na tela a trouxe de volta à realidade. Arregalou os olhos ao lembrar do compromisso com a amiga.

Era estranho pensar que estava sentada na frente do notebook desde às nove da manhã, imersa em palavras e páginas vazias, como se o tempo tivesse passado em um piscar de olhos. Com um suspiro, Eileen fechou todas as abas abertas e, em seguida, o notebook. Ao se levantar, já sentia a dor inevitável na coluna que acompanhava tantas horas de trabalho sem pausa. Aquele peso familiar pressionava suas costas, mas ela não podia se dar ao luxo de descansar. No espelho, o reflexo mostrava traços de exaustão que não seriam fáceis de disfarçar, mas ela fez o possível. Quando terminou de se preparar, deu mais uma olhada no relógio.

O tempo havia voado mais uma vez; já estava prestes a ser sete da noite, e a sensação de estar sempre correndo contra o tempo lhe perseguia mais uma vez.

— Céus, por um tempo pensei até que nunca te veria! — Ela exclama com um sorriso de orelha a orelha. — Seu cabelo está mais curto, Eileen.

— Foi um corte químico, nem me lembre disso! — Eileen deu uma risada nervosa, tentando disfarçar o leve desconforto. Ambas se sentaram nas cadeiras, aguardando que o cardápio surgisse na mesa onde estavam. O ambiente ao redor estava movimentado, mas o foco dela era sua amiga. Observou Rachel por um momento, os cabelos castanhos-claro recém-pintados captando a luz suave do restaurante. — Além disso, que castanho incrível, Rachel. Você combinou tanto com esta cor de cabelo que deveria ficar para sempre.

— Uma nova identidade! — Os cachinhos descem em seus ombros. A pele negra impecável brilha pela iluminação. — E então?

— O quê? — Sua mente é arrastada ao ouvi-la.

— Estou ansiosa pelo final, Eileen! — Mais uma vez o sorriso surge. Mas uma careta surge, o suficiente para ela interpretar algo.

— Digamos que o final é decepcionante. — A lamentação deixa um ar esquisito. — Eu juro que ia te contar.

— Matou alguém de novo? — Rachel questiona.

Ela assentiu, mesmo contrariada, mas preferiu não demonstrar. Aqueles minutos esquisitos de silêncio foram o suficiente para que ambas pedissem algo para comer. Fazia praticamente quatro meses desde que haviam combinado de vir àquele restaurante de comida tailandesa, e finalmente o momento havia chegado. Quando a comida chegou à mesa, o aroma exótico e temperado preencheu o ar, tornando o ambiente mais acolhedor. Ela fez uma breve pausa antes de pegar os talheres, seus olhos fixos no prato à sua frente, como se estivesse refletindo sobre algo.

— Eu não sei o que faço. — Soltou um suspiro. — Sinto que foi a decisão errada. Todos gostavam dele.

— E, porque o matou? — Rachel questiona com uns três camarões dentro da boca. Ao mastigá-los, ela continua. — O que foi?

— Eu não sei o que aconteceu. — Sua voz saiu nem um pouco mansa. — Talvez fui idiota demais em remover um personagem bom. O que você acha?

— Penso que há outro motivo e você ainda não sabe.

A respiração de Eileen pesou, encarou o jantar sentindo o aroma se fixar em suas narinas, como folhas voando sob uma forte ventania, do lado de fora do restaurante, o horário noturno é bastante movimentado. E fechou os olhos por um momento, imaginou sua obra no mundo real, haveria perspectiva entre mundos tão distintos?

De repente, ela ergueu os olhos e virou-se, voltou a comer até sentir que não precisava mais.

— Espero que esteja animada para irmos ao Monte Safir.

Monte Safir. O simples pensamento de estar em um lugar afastado, cercada pela natureza, longe de todas as distrações da vida moderna, parecia... ideal. Eileen ponderou sobre aquelas palavras. Um tempo longe de tudo poderia ser o que ela precisava para sua mente, para escapar das pressões diárias. Ou, quem sabe, apenas para encontrar um pouco de paz em meio àquele caos.

— E como não me animar, Rachel? — Sorriu genuinamente ao questionar. — E como vai o seu irmão?

— Ah, meu irmão está organizando uma espécie de retiro de observação de estrelas no rancho. Terá um observatório, telescópios de última geração, e... bem, todo o clima perfeito para novas ideias. — Ela sorriu, engolindo finalmente o último pedaço de camarão.

— Por isso quer me levar até o Monte Safir? — Engraçou-se rápido.

Ambas deram risadas. A leveza do momento envolveu ambas, enquanto o plano de viagem tomava forma. A ideia de se afastar, de ter um tempo em um lugar tão tranquilo e distante, começava a parecer a solução perfeita para clarear a mente. Talvez, só talvez, olhar para o infinito do universo ajudasse a reorganizar as partes confusas da mente.

— Prometo, será algo memorável. — Completou ela, com um tom de animação que era difícil de ignorar. — Bem, terá coisas nerds do meu irmão, mas, um pouco de paz, uma boa conversa, e, quem sabe, respostas para o que está te incomodando.

Eileen recostou-se na cadeira, observando Rachel com um olhar intrigado. A ideia de escapar para um lugar tão distante e silencioso como o Monte Safir parecia irresistível, mesmo que parte dela ainda relutasse em sair de sua zona de conforto.

— Você sempre tem um jeito de me convencer, não é? — Disse Eileen, cruzando os braços com um sorriso de canto. — Você acha que... realmente vai funcionar? Digo, essa coisa de viajar para longe, me isolar um pouco... será que isso vai ajudar a clarear minha cabeça?

Rachel ficou pensativa por um momento, mordiscando um novo camarão, mas dessa vez sem a habitual descontração.

— Acho que, às vezes, a gente precisa se afastar do barulho e das expectativas que nos cercam, sabe? — Ela disse suavemente. — Quando você está no meio de tudo, fica difícil ouvir o que você mesma está tentando dizer. No Monte Safir... só tem você e o universo. E, de alguma forma, isso coloca as coisas em perspectiva.

Eileen desviou o olhar por um momento, refletindo sobre o que Rachel havia dito. O tom suave e sério de sua amiga a pegara de surpresa. Rachel, sempre cheia de brincadeiras e comentários descontraídos, falava raramente com essa profundidade. Mas ela tinha razão. Eileen estava tão imersa no caos da rotina, nas expectativas e cobranças, que não conseguia mais ouvir seus próprios pensamentos. A ideia de ir para um lugar tranquilo, isolado, começava a fazer mais sentido.

— É, acho que um pouco de perspectiva é exatamente o que eu preciso. — Murmurou, mais para si mesma do que para Rachel.

Rachel assentiu, sorrindo compreensivamente. O silêncio entre as duas era confortável, como se ambas entendessem a profundidade do momento. Mas, em um piscar de olhos, Rachel voltou a ser a mesma de sempre, com uma pergunta que fez Eileen rir.

— Mas me diga, nenhuma princesa em perigo na sua obra? — Rachel questionou, divertindo-se com a ideia.

Eileen soltou uma risada leve, balançando a cabeça enquanto terminava de beber um gole d'água.

— Nenhuma princesa em perigo. — Respondeu, ainda rindo, sentindo o peso nos ombros começar a diminuir um pouco com a leveza da conversa. — Na verdade, acho que a única pessoa em perigo agora sou eu, com esse final, os leitores vão me massacrar nos comentários.

Rachel soltou uma risada curta, balançando a cabeça como se achasse a resposta de Eileen totalmente previsível.

— Deve ser castigo... — Ela comentou, apoiando o cotovelo na mesa e o queixo na mão, observando-a com aquele olhar de quem estava pronta para uma solução prática. — Mas sério, Eileen, talvez seja isso que falta, algo inesperado. Algo que te tire da zona de conforto.

— Algo inesperado? — A curiosidade surge juntamente a sobrancelha arqueada. — E o que você sugere? Não sou exatamente o tipo de pessoa que vai meter braquiossauro ou um pirata de última hora nas histórias.

Ela deu de ombros, divertida.

— Não precisa ser um... branquiossauro? Certo, mas por que não reescreve? Coloque uma protagonista em perigo. — Ela sugeriu, com uma piscadela. — Deixa ela enfrentar seus próprios demônios, suas fraquezas. Não uma princesa indefesa, mas alguém que, por mais forte que seja, ainda tem seus momentos de dúvida e medo. Assim como você.

— Ah, claro, porque todo mundo ama ler sobre autores com crises existenciais. — Eileen brincou, revirando os olhos.

— Não estou dizendo para fazer uma biografia. — Rachel riu. — Mas às vezes, quando você põe mais de si mesma em uma personagem, as coisas começam a fluir. É como... exorcizar seus próprios bloqueios.

Os pensamentos de Eileen voaram por um instante, considerando as palavras da amiga. Talvez ela estivesse certa. Escrever sempre foi uma forma de escapar, mas também de entender o que se passa dentro de qualquer autor. E talvez fosse isso que Eileen precisava fazer: confrontar os próprios medos e dúvidas, mesmo que através de alguém fictício.

— Bom, pensarei nisso. — Disse, tentando não soar muito convencida. — Quem sabe eu não faça uma mudança na trama?

Rachel deu um sorrisinho vitorioso.

— Isso aí! Pode ser exatamente o que sua história precisa... e o que você precisa também.

(...)

Viajar até o Monte Safir certamente tinha seus pontos positivos, como a vista espetacular das montanhas, as árvores imponentes e os riachos cristalinos que cortavam o vale. No entanto, a pior parte da viagem era o constante balanço do carro enquanto serpenteava pela estrada cheia de curvas, o que fazia Eileen sentir cada vez mais o enjoo se apoderar dela. As montanhas verdejantes se estendiam até onde a vista alcançava, e os riachos brilhavam com a luz suave do sol da tarde, criando um cenário digno de longas descrições em um romance. Mas, naquele momento, o único pensamento de Eileen era manter o café da manhã no lugar.

— Ah, o preço da liberdade criativa. — Murmurou para si mesma, enquanto outra sacudida a fez se agarrar ao banco.

Rachel, que dirigia com tranquilidade, lançou um olhar pelo retrovisor. Seus lábios se curvaram em um sorriso levemente culpado, mas havia diversão clara em seus olhos.

— Sei que as curvas não são exatamente um passeio no parque... — Disse ela, com uma voz reconfortante, mas mal disfarçando o riso.

— Não, sério? — Eileen respondeu com sarcasmo, tentando manter a compostura enquanto o carro balançava. — Acho que estou aprendendo a apreciar o sofrimento como parte do processo criativo.

Rachel soltou uma gargalhada, enquanto Eileen revirava os olhos, tentando se concentrar em algo além da náusea que a rondava. A viagem ao Monte Safir, ao que parecia, seria uma provação. Talvez, uma vez lá, o isolamento e a paz trouxessem a clareza de que tanto precisava, mas chegar até lá estava provando ser um desafio à parte.

— Estamos quase lá, prometo. — Rachel proferiu, sua voz mais suave agora. — E quando chegarmos, você vai esquecer desse sacolejo todo. O ar fresco, a vista das estrelas... valerá a pena.

Eileen suspirou, tentando acreditar nas palavras de Rachel. Ela sabia que a amiga estava certa, que aquela viagem até o Monte Safir era exatamente o que precisava. Mas, com cada nova curva da estrada, parecia que o destino ficava mais distante, e não mais próximo. O enjoo não ajudava, e ela começava a questionar se a paz que tanto buscava valeria o tormento daquela viagem. No entanto, havia algo reconfortante na ideia de escapar por um tempo. De deixar para trás as pressões e distrações da vida cotidiana, as obrigações inescapáveis que a cercavam. Era como se, no alto daquelas montanhas, longe do caos urbano, pudesse encontrar não só a inspiração que lhe faltava, mas também um pedaço de si mesma que havia perdido no caminho.

— Espero que sim. — murmurou Eileen, recostando-se no banco e fechando os olhos por um momento, tentando acalmar a mente e o corpo. — Porque, se não, você vai ter que me carregar de volta.

Rachel riu, mas dessa vez não fez piada. O caminho era difícil, mas as duas sabiam que valeria a pena no final.

Rachel apenas riu mais alto, e, apesar do enjoo que crescia a cada curva, Eileen não pôde deixar de sorrir também. No entanto, conforme o carro continuava a subir pelas curvas estreitas e sinuosas da estrada, a sensação de mal-estar se intensificava. A cada solavanco, parecia que seu estômago era jogado para um lado diferente, como se estivesse numa montanha-russa interminável. A paisagem deslumbrante, que normalmente a deixaria extasiada, agora só piorava a situação. As árvores passavam rápido demais, como manchas borradas de verde, e as montanhas pareciam se inclinar de maneira ameaçadora. Até os riachos, cintilando sob o sol, faziam seus olhos arderem de tanto tentar focar. O ar fresco que entrava pelas janelas abertas não era suficiente para dissipar a náusea que tomava conta de seu corpo.

Rachel, sempre atenta ao desconforto da amiga, diminuía a velocidade a cada curva mais acentuada, mas, por mais que tentasse, isso não ajudava muito. A estrada sinuosa parecia interminável, e a beleza indomável da natureza ao redor não conseguia competir com o desconforto físico de estar presa naquele carro que balançava a cada irregularidade do terreno. Eileen tentava se concentrar na respiração, inspirando profundamente e soltando o ar devagar, na esperança de estabilizar o estômago. Fechou os olhos por um momento, tentando fazer o mundo parar de girar, mas o alívio que esperava não veio. De repente, o carro freou bruscamente, jogando-a para frente no assento.

Os olhos de Eileen se abriram de imediato, o coração disparado pela surpresa. O que quer que tivesse causado aquela parada repentina, algo parecia errado.

O impacto da freada abrupta empurrou Eileen contra o cinto de segurança, e seus olhos se abriram instintivamente. O som dos pneus rangendo na estrada ecoou pelo silêncio das montanhas, e por um momento, tudo ao redor pareceu suspenso, como se o mundo tivesse parado. Seu coração disparou, e a respiração ficou presa na garganta. Ela olhou para Rachel, que segurava o volante com força, os olhos fixos na estrada à frente. A expressão de leveza havia desaparecido, substituída por um alerta súbito. Seus ombros estavam tensos, e as mãos apertavam o volante com força.

Lá fora, entre a curva recém-contornada e o próximo trecho da estrada, algo inesperado bloqueia o caminho. Eileen se inclinou ligeiramente para olhar pela janela, e seus olhos se depararam com uma visão quase surreal: uma corça. Ela estava parada no meio da estrada, imponente e delicada ao mesmo tempo, seus olhos grandes e escuros fixos no carro. A luz suave da tarde fazia sua pelagem brilhar com um tom dourado, e, apesar de sua posição imóvel, os músculos da criatura pareciam prontos para um movimento rápido, caso necessário.

Havia algo na corça que não combinava com o momento de tensão vivido no carro. Ela transmite uma calma quase sobrenatural, como se fosse parte da própria paisagem. O contraste entre a quietude do animal e o susto repentino da freada parecia intensificar o mistério daquela criatura. Rachel e Eileen não ousaram se mover, observando-a em silêncio, como se estivessem aguardando algum tipo de sinal.

A corça, porém, continuava parada, como se avaliasse as duas mulheres e decidisse se elas eram uma ameaça ou apenas mais um detalhe insignificante na vastidão daquele cenário montanhoso. O tempo parecia desacelerar ao redor delas, e Eileen, apesar da tensão, sentiu uma estranha serenidade se instalando em seu peito.

Rachel, ainda com as mãos firmemente no volante, permaneceu imóvel, visivelmente hesitante em fazer qualquer movimento brusco. O carro estava completamente parado, e o silêncio que preenchia o espaço entre elas e a corça era quase reverente. A respiração de Eileen, antes presa pela tensão do momento, começou a se acalmar lentamente enquanto seus olhos se fixavam no animal à sua frente. Havia algo na tranquilidade da corça que parecia transcender a situação — era como se, por alguns breves segundos, o tempo houvesse parado, permitindo que aquele encontro inusitado trouxesse uma paz inesperada.

Todo o enjoo, o cansaço e o desconforto da viagem se dissolveram diante da visão majestosa da criatura. A corça deu um pequeno passo para trás, movendo-se com uma graça quase sobrenatural, como se ponderasse seu próximo movimento. Seus olhos, ainda fixos nas duas mulheres, mantinham a mesma calma imperturbável de quem pertencia àquele ambiente. Ali, naquele cenário de montanhas e riachos, era claro que elas, e não o animal, eram as intrusas.

A corça permaneceu por mais um instante, seus grandes olhos escuros encontrando os de Eileen, como se buscassem alguma conexão ou compreensão. E então, de maneira fluida e sem pressa, ela girou o corpo e desapareceu entre as árvores, fundindo-se com a natureza ao seu redor. Seu movimento foi tão suave e silencioso quanto sua aparição, deixando para trás apenas a lembrança de um momento de paz e o som distante do riacho correndo entre as pedras.

Por um breve segundo, o mundo parecia voltar ao normal. Rachel soltou uma respiração profunda que nem sabia estar prendendo, enquanto Eileen ainda olhava para o ponto onde a corça desaparecera, sentindo-se estranha.

Rachel soltou um longo suspiro de alívio, relaxando no banco.

Eileen ainda olhava para o lugar onde a corça havia estado, os olhos vagos, como se tentasse captar o significado por trás daquele encontro inesperado.

— Uau... — Murmurou, quase sem perceber, sua voz carregada de uma surpresa tranquila.

Rachel, que também mantinha o olhar preso à estrada agora vazia, apenas assentiu em silêncio. As duas ficaram assim por alguns momentos, como se tentassem entender o que aquela breve interação com a corça havia despertado nelas. Rachel, ainda absorta, assentiu lentamente. Apesar de já conhecer a tranquilidade do Monte Safir, ela sabia que encontros assim não eram comuns. De alguma forma, aquela corça havia trazido algo à tona, algo que transcendia o simples fato de uma viagem para as montanhas.

Quando o carro voltou a se mover, deslizando suavemente pela estrada de terra até a entrada do rancho, Eileen começou a sentir a atmosfera mudar ao seu redor. O cheiro da terra fresca enchia o ar, misturado ao som distante das folhas sussurrando com a brisa suave. Era como se o mundo tivesse desacelerado ali, oferecendo a elas um refúgio de serenidade. À medida que o rancho se estendia diante delas, Eileen não pôde deixar de admirar sua simplicidade. O lugar era vasto e aberto, com colinas que pareciam se fundir com o horizonte. A paisagem, embora despretensiosa, possuía uma beleza rústica que falava diretamente à sua alma. Aquele cenário, de alguma forma, fazia Eileen lembrar que, mesmo nas complexidades da vida, havia momentos e lugares onde tudo podia ser mais simples, mais puro.

Enquanto Rachel estacionava o carro, Eileen respirou fundo, absorvendo a paz que emanava de cada detalhe ao redor. A sensação de estar desconectada da natureza e de si mesma começava a se dissipar, como se, finalmente, ela pudesse encontrar o silêncio necessário para ouvir seus próprios pensamentos novamente.

Na porteira, o irmão de Rachel as aguardava montado em seu cavalo, com uma postura descontraída, mas firme. Sob o chapéu de cowboy, seu rosto exibia um sorriso largo, quase contagiante, que brilhava com a luz suave do fim de tarde. Ele parecia completamente à vontade no cenário rústico e bucólico, como se fizesse parte da própria paisagem.

Rachel abriu a porta do carro, animada, e seu entusiasmo parecia ter voltado com força total. O homem desceu do cavalo com a agilidade de quem estava acostumado à vida no rancho, e caminhou até elas com passos largos e firmes, segurando as rédeas do animal com uma mão. Sempre houve algo fascinante nele, uma dualidade entre o amante da astronomia, que passava horas absorto em livros e telescópios, e o homem do campo, conectado com a terra e com os ciclos da natureza. Era como se as estrelas e o chão que ele pisava coexistissem em perfeita harmonia dentro dele.

— Finalmente chegaram! — Ele exclamou, a voz carregada de energia e hospitalidade. — Sejam bem-vindas ao Monte Safir.

Rachel sorriu de volta, enquanto Eileen, ainda um pouco cansada da viagem, não pôde deixar de sentir um alívio ao ver o cenário tranquilo que se estendia à frente. O rancho, com suas colinas suaves e vastos campos, parecia o lugar perfeito para deixar o mundo para trás.

— E aí, Jace! — Chamou, correndo até ele.

Jace desmontou do cavalo, com um movimento fluido que mostrava a familiaridade que tinha com o animal. Ele abraçou a irmã com força, um gesto de carinho que transmitia a cumplicidade entre os irmãos. A conexão entre eles era evidente, e Eileen não pôde deixar de sorrir ao vê-los assim, tão à vontade em seu mundo. O rancho era cercado por uma cerca de madeira desgastada, e o céu começava a se encher de nuances de azul e laranja, sinalizando o pôr do sol. As montanhas ao fundo estavam agora banhadas em uma luz suave, e eu sentia que estava prestes a vivenciar algo especial.

Jace se virou para ela, com os olhos brilhando de curiosidade.

— Eileen, certo? — Perguntou, com um tom amigável. — Rachel me falou muito sobre você. Mesmo que tenhamos nos visto apenas uma vez durante a infância.

A gentileza em sua voz a deixou mais à vontade.

— É um prazer te conhecer, Jace. — Respondeu, tentando ignorar o nervosismo que surgiu ao ser reconhecida assim.

Ele sorriu e fez um gesto em direção ao rancho.

— Venham, vou mostrar a vocês o observatório. A noite será perfeita para observar as estrelas.

A menção ao observatório despertou a curiosidade de Eileen imediatamente. A ideia de estar sob um céu estrelado, sem as interferências da cidade, trouxe uma sensação de paz que ela não sentia há tempos. A ansiedade que a acompanhava durante a viagem começava a se dissolver, dando lugar a uma expectativa tranquila. Rachel e Jace já caminhavam em direção ao edifício cuidadosamente construído, e Eileen os seguiu, sentindo-se, a cada passo, mas conectada ao ambiente. A natureza ao redor parecia sussurrar uma promessa silenciosa de que ali, finalmente, encontraria a clareza que tanto desejava.

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