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Cᥲρɩ́tᥙꙆo O5:

Segredos pessoais e
invasão de privacidade.

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　 Christopher não estava achando tão ruim passar um tempo com o seu vizinho, ambos conversavam tranquilamente sem muitos assuntos profundos já que ambos estavam ocupados. Changbin terminava de passar pano em seus móveis enquanto Christopher estava em cima de uma escada retocando a parte de cima da parede que estava quase pronta, era um serviço bem fácil.

O australiano riu baixo com a história que o coreano o contava, se sentiu um pouco tonto por se mexer rápido, mas se equilibrou na escada. ━ Que fofo, quando criança você queria cantar com as destiny 's child, eu estou chocado. Eu não entendo, por que virou um veterinário?

━ Quando eu tinha quinze anos eu vi um cachorro de rua ser atropelado, o coitadinho chorava bastante, a minha mãe pegou o cachorro e o levou para uma clínica veterinária, eles cuidaram das patinhas machucadas e arrumaram um lar para ele. Aí eu percebi que seria legal um dia eu fazer o mesmo. - Changbin riu baixo observando o australiano que estava bem concentrado em pintar os cantos da parede. ━ Mas e você, teve algum sonho estranho quando criança?

━ Eu queria ser padeiro, até os dezessete anos eu tinha esse sonho. - Christopher riu baixo explicando sentindo uma leve moleza. ━ Eu cheguei até a trabalhar de meio período em um padaria, eu gostava mesmo disso, mas o meu pai falou que era melhor eu fazer uma faculdade antes, por via das dúvidas. - Explicou suspirando baixo, seu pai tinha o proibido de fazer gastronomia, essa era a verdade, a sua segunda opção foi psicologia, que foi aceita por toda a sua família. ━ Mas eu realmente comecei a me interessar por psicologia, aprender sobre a mente humana é incrível e inspirador... Preciso tomar uma água.

Changbin viu que Christopher estava um pouco mole, o australiano não tinha nem um pouco de equilíbrio e ele não se dava bem em lugares altos, mas pensou que não teria problema em subir na pequena escada, já o coreano sentiu o perigo, se aproximou rapidamente do garoto que descia os degraus de ferro o vendo se desequilibrar e cair.

Com sorte Changbin conseguiu o pegar no colo, mas como Christopher era pesado ambos caíram no chão, a tinta branca se espalhou pela camiseta de Christopher e pelo braço de Changbin, para aproveitar o momento, não desfez o abraço, mas olhou preocupado para o australiano que estava morrendo de vergonha, assim que eles se levantaram e se sentaram no sofá que estava coberto por uma lona, Bang bufou arrependido por não ter se alimentado o dia inteiro.

━ Você está bem? Você tem pressão baixa? Se machucou? Seu corpo tá legal? - Changbin perguntava preocupado enquanto vasculhava machucados pelo rosto e braços do australiano que estava se irritando pela agoniante vergonha que estava sentindo.

━ Eu tenho hipoglicemia e como eu não estava com fome, então eu não comi nada, deve ser isso. Me desculpe, você deve ter se machucado, eu sei que eu sou pesado. - Christopher foi fuzilado com olhares de reprovação do seu vizinho, ele se encolheu tendo certeza que iria levar a boa e velha comida de rabo, mas só viu o coreano se levantando bravo e indo até a cozinha, sem demorar muito Changbin voltou com um pote de doces e uma garrafinha de suco de laranja industrial, ele empurrou o suco para o garoto e abriu um pirulito enfiando na boca do mesmo. ━ Obrigado...

━ Aprenda a se cuidar melhor, Senhor Christopher BangChan, você me assustou. Me dê a chave da sua casa, eu vou pegar uma camisa para você, essa está cheia de tinta. - Changbin estendeu a mão gesticulando para o mesmo lhe dar a chave, Christopher apenas o entregou tirando o pirulito da boca e lambendo os lábios para se livrar da sensação de melado, ele nunca foi muito fã de doces e fazia um bom tempo que ele não chupava um pirulito, nem ao menos se lembrava o quanto era melado e enjoativo aquele doce. ━ Pode ir no meu banheiro se limpar, tem toalhas limpas lá, não deixa a tinta secar na sua pele para não dar alergia. - Changbin não tirava os olhos da boca do mesmo, mas se levantou junto do australiano que foi até o banheiro.

Changbin saiu de seu apartamento, deu apenas cinco passos adiante e destrancou a casa de Christopher, assim que entrou fechou a porta indo até o seu quarto e abrindo o seu guarda roupa, era tudo muito simples e arrumado, o garoto arrumava suas roupas por divisão de cor e tamanho, na realidade o seu quarto inteiro era muito bem arrumado, será que o mesmo tinha algum tipo de toque com arrumação?

Changbin não se assustaria se fosse verdade.

Pegou uma camiseta azul escura simples e fechou o armário, saiu do quarto do seu vizinho e ao olhar para a sala percebeu que era a sua primeira vez naquele lugar, caminhou um pouco pela casa apenas para conhecer o lugar melhor e percebeu que uma folha de papel estava amassada no chão, assim que a pegou cogitou em jogá-la no lixo, apenas por educação, mas como viu o seu nome escrito foi derrotado pela curiosidade e abriu a carta logo a lendo, Seo se espantou com o conteúdo da carta.

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Conteúdo da Carta.
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Deus, me perdoe por escrever sobre coisas promíscuas, mas eu preciso desabafar e como me falta coragem para falar com as pessoas sobre esse assunto, eu irei escrever tudo nesta carta.

Faz um longo tempo desde a última vez que eu lhe escrevi, mas eu venho com o mesmo problema. Os meus malditos sonhos, eles estão me assustando, já faz em torno de um mês que eu não durmo bem, já que eu venho tendo pesadelos, ou melhor dizendo, sonhos eróticos com o meu vizinho, eu estou cogitando em me mudar, assim eu poderia facilmente me esquecer dele e me livrar dos orgasmos do sono, é cansativo os ter toda a noite. Como psicólogo, eu sei que os sonhos eróticos não são apenas um sinal de desejo, porém creio que desta vez seja exatamente isso.

Eu gosto de garotos. Infelizmente.
Eu tentei de todas as formas esconder e ignorar esse sentimento, mas na medida que eu envelheço o meu corpo pede por carinho e atenção. Eu me odeio por me sentir assim, por não conseguir ser normal, por não poder constituir uma família e ser feliz como um cara normal, mas eu estou a um ponto de desistir de seguir teus caminhos, mesmo que eu nunca tenha visto vídeos adultos, os meus sonhos me mostram que ter a atenção de um homem para si deve ser bom.

E se transar com um homem for tão bom como os meus sonhos mostram? Pura heresia

Mesmo eu tendo curiosidade, eu sou muito frouxo para descobrir, vou tentar ignorar os meus desejos da carne e vou tentar tratar o meu vizinho normalmente. O que vai ser difícil, eu me sinto culpado, sujo por o envolver em minhas próprias fantasias, contando que eu consigo ver o seu interesse em uma verdadeira amizade, aquele homem, Changbin, não tem culpa, eu sou o único culpado.

Meu desejo é ficar bem longe deste homem, então por favor Deus, me ajude a mantê-lo longe.

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Changbin amassou o papel e o jogou novamente no chão se sentindo intrigado. O que caralhos Christopher Bang estava tentando dizer na carta? Claro, tirando a parte da heresia e da culpa, que sinceramente não estava o interessando, ele havia, em partes entendido. Christopher estava interessado, Seo sentiu sua expressão facial se contorcer de um mix de felicidade e ao mesmo tempo repulsa. Ele não conseguia acreditar que Christopher havia sido tão descarado e ao mesmo tempo tão auto-depreciativo consigo mesmo.

Seo não estava só interessado em Christopher pelo fato do mesmo ser o primeiro amor de Han Jisung o homem que ele odiava com todas as forças, ele o achava bonito e interessante, não escondia de ninguém que um cara de sorriso inocente e corpo bonito fazia o seu tipo, sem contar que a inocência e tranquilidade do outro o chamava a atenção.

Saiu de um apartamento trancando a porta e entrou no outro indo direto para o banheiro onde Christopher lavava o seu rosto na pia enquanto, sem camisa, já que havia a tirado pela tinta, ele, assim que se incomodava, passava as mãos pelas gotículas de água que caíam em seu peitoral. Aquela visão era incrível, o australiano sem camisa, com os cabelos molhados e um pirulito na boca, Changbin achava excitante, encantador, mas sabia que não poderia tentar nada com o mesmo, não naquele momento. ━ Está melhor?

Christopher se assustou, mas assim que se virou cobrindo o seu peitoral com as mãos balançou a cabeça como um "sim", pegou rapidamente a toalha secando o seu cabelo e rosto e falou ainda com o pirulito na boca. ━ Estou sim, me desculpe mesmo por ter te causado problemas, quase nunca aquilo me acontece. - sorriu de lado apontando para a sua camisa azul, porém Changbin desviou o seu olhar cruzando os seus braços meio infantil, ele se fez de desentendido. ━ A camiseta...

Changbin riu baixo. ━ Como se pede?

━ Você tem cinco anos? - Colou suas mãos na cintura bravo. Christopher não gostava muito de brincadeiras e não se achava tão próximo assim de Changbin para o mesmo brincar daquele jeito, já o coreano não pensava da mesma maneira, resolveu brincar um pouco com o perigo, mas logo entregou a camiseta para o garoto que a colocou.

━ Eu só queria ouvir as palavrinhas mágicas, ah. Sua sobrinha me falou que você anda muito solitário, sabe, a gente vai envelhecendo e pedindo por atenção, carinho e eu tô aqui pra tudo que você precisar, eu sou seu vizinho, somos tipo amigos já. - Changbin soltou um sorriso de lado sabendo que Christopher não o entenderia, mas era divertido brincar um pouco com o seu possível passatempo.

━ Vamos terminar de arrumar a sua sala, depois conversamos -Christopher sorriu saindo do banheiro, mas logo foi puxado por Changbin que passou as mãos pelo seu rosto, o australiano ficou em imóvel, por um segundo, mas já estava a ponto de empurrá lo, ele odiava contato físico.

━ Você não lavou o seu rosto direitinho, tem uma mancha de tinta branca bem aqui. - Changbin ainda passava seus dedos pela bochecha de Christopher que se mantinha em choque, o rosto do garoto estava completamente limpo, porém Changbin queria o tocar de qualquer maneira. ━ Prontinho saiu.

O australiano se afastou murmurando quase inaudível. ━ É cada coisa que me acontece, viu. - Bateu os pés voltando até a sala e pegando o potinho de tinta que ele havia derrubado do chão, havia se estressado mais uma vez, mas como havia provocado a bagunça no piso do seu vizinho, apenas ia limpar e ir para a sua casa, Bang estava sem um bom psicológico para se sentir envergonhado ou culpado, ainda mais depois de Changbin ter o tocado, ele realmente não gostava de toques desnecessárias.

━ Não precisa arrumar a sala. - Changbin olhou para o seu parceiro sorridente enquanto tirava a lona de seu sofá, sim, ele queria o testar cada vez mais, Seo estava curioso em até onde ele podia cutucar a onça, mas estava preparado para desviar do assunto com algum outro assunto que ele facilmente inventaria na hora. ━ Eu não tenho culpa, só você tem culpa, por... bom, ter sujado tudo, mas essas coisas acontecem, você vai ficar chocado o quão são normais esses probleminhas bobinhos.

━ Você leu a carta? - Christopher se levantou irritado, ele não se frustrou, mas sim se irritou por ter a sua privacidade violada. Changbin ficou surpreso com a reação de Christopher, pensou por um momento que desculpas ou explicações iam surgir, mas nada além da raiva pura surgiu.

━ Sim. Eu achei interessante. - Changbin não se importou em ser sincero, não era vergonhoso ter sonhos eróticos com alguém, ele era muito atraente, não seria a primeira vez que alguém o desejava e não seria a última.

━ Está bem. - Balançou a cabeça como um sim mordendo os seus lábios. Christopher pensou calmamente e olhando para o seu vizinho que esboçava uma afeição ladina, pegou o pano limpando as suas mãos e deu um sorriso forçado ao pegar as chaves de sua casa. ━ Adeus Changbin, tente não bater mais na minha porta.