Parte 1
Câncer.
Essa doença maldita.
Quando eu descobri que estava com câncer, já era tarde demais. Já estava em um estágio muito avançado.
Eu fiquei com medo, eu confesso. Ninguém está pronto para descobrir que tem câncer. Temos medo de sentir dor, de morrer, temos medo do que nos espera além da vida.
Mas, mais do que o medo de morrer, o medo da dor. Eu tinha medo de deixar ele.
Bible, o meu namorado. Ou melhor, o meu noivo. A gente era tão apaixonado, eu o amava tanto. Ele era minha alma gêmea, e chega à ser engraçado que eu o chamasse assim, porquê, antes de o conhecer, eu não acreditava nessas coisas místicas.
A gente criou uma conexão instantânea. Nos apaixonamos rapidamente, e começamos à namorar e, anos depois, ele me pediu em casamento. Iríamos nos casar! Estava tudo perfeito.
Esteve tudo perfeito.
Quando eu descobri minha doença, tivemos que adiar os preparos para o casamento. Eu não queria ter que me casar doente.
Bible fez tudo que pôde. Ele tinha bastante dinheiro, e o usou em todos os meus tratamentos, quimioterapias e remédios.
Mas nada funcionava. Um ano se passou e o tumor não regrediu nem um pouco. Meu cabelo caiu, na verdade, todos os pelos do meu corpo caíram. E eu sentia tantas dores pelo corpo, tanto cansaço. Mas eu tentava, tentava pelo Bible, porque sabia que ele estava sofrendo mais do que eu.
Por isso eu tinha medo. Quando eu morresse, ele ficaria devastado. Eu sempre fui o motivo de suas risadas e sorrisos. Eu não queria ser o motivo de seu choro.
Por isso, eu havia tomado uma decisão.
- Biu! - Eu fui tirado de meus pensamentos por Bible, que havia acabado de chegar em nossa casa.
Eu o olhei e sorri fracamente. Estava calor, mas eu sentia frio, então deitei no sofá e me cobri com um cobertor.
- Oi, amor. - Eu o cumprimentei.
- Tenho uma novidade para você. - Bible disse, com um grande sorriso. Meu coração bateu mais forte. Aquele sorriso. Eu o amava tanto, tanto.
- Você pode, primeiro, me dar um copo d'água, por favor? - Eu pedi, vendo Bible assentir e sumir em direção à cozinha, voltando alguns minutos depois.
Bible me ajudou à sentar e me ajudou à beber a água. Minha garganta estava seca e meus lábios, rachados.
- Qual a novidade que você tem pra me contar? - Eu perguntei, vendo Bible sorrir ainda mais.
- Eu consegui contato com um médico lá dos Estados Unidos. - Bible começou, olhando para mim com esperança e segurando minha mão. - Ele disse que pode te ajudar, ele vai te curar!
- Bible.. - Eu tentei, mas ele parecia não me ouvir.
- Você se sente bem pra viajar? Podemos ir semana que vem. - Bible continuou. - Ou mês que vem, também. Ele também está disposto à vir até aqui, e..
- Bible. - Eu chamei, mais firme, e dessa vez ele me ouviu.
- Sim, amor? - Ele perguntou.
Eu suspirei, deixei o copo de água na mesinha de centro e segurei suas duas mãos.
- Eu não quero mais.
Só de dizer àquelas palavras, meu peito já apertava.
Bible me olhou confuso.
- Como assim? Eu não entendi, Honey.
- Eu não quero mais. - Eu repeti, vendo uma sombra de entendimento passar pelo seu rosto. - Não quero mais fazer quimioterapia.
- O que.. Mas.. Amor.. - Pude ver os lábios de Bible tremendo e seus olhos encherem de lágrimas.
Suspirei. Eu odiava isso. Odiava vê-lo chorar, ainda mais se eu fosse o motivo.
- Mas Biu..
- Bible, me escuta, por favor. - Eu o interrompi, segurando seu rosto e o fazendo olhar para mim. - Me escuta, ok?
Bible demorou alguns segundos, mas assentiu.
- Eu estou morrendo. - Eu falei, pausadamente, para que minhas palavras penetrassem na mente de Bible. - Eu sei que tô morrendo, e não adianta eu querer me enganar com todos esses remédios e tratamentos. Eu vou morrer, e já aceitei isso. Preciso que você aceite também.
- Não, Build, não! Para de falar isso! - Bible explodiu, se levantando e começando à andar pela sala.
- Eu preciso falar isso, Bible. Me escuta. - Eu pedi, vendo Bible negar com a cabeça. - Por favor, baby.
Apelei para o apelido que eu usava com ele. Bible cedeu e se virou para me olhar.
- Baby.. Eu tô morrendo, nós dois sabemos disso. - Eu comecei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. - Eu vou morrer logo. E eu não quero passar meus últimos dias num quarto de hospital, sentindo dor. A quimioterapia dói, os remédios me dão dor de cabeça, os tratamentos me machucam. Eu não quero mais sentir isso. Nos meus últimos dias, eu só quero ficar com você. Porque, quando eu estou com você, a dor some.
- Biu.. - Bible agora chorava copiosamente. Eu me odiei tanto naquele momento.
- Vem aqui, meu amor. - Eu pedi, erguendo meus braços em sua direção e, segundos depois, Bible estava me apertando em um abraço.
- Você não pode nem tentar? Por mim. - Bible pediu, em meio aos soluços. Ele tremia em meus braços.
- Desculpa, baby. - Eu pedi, deixando as lágrimas caírem.
Bible se separou de mim e levou suas mãos para meu rosto, limpando minhas lágrimas.
- Tudo bem, tudo bem. - Bible respirou fundo, tentando se acalmar e parar de chorar.
- Eu só quero ficar com você. - Eu repeti, sorrindo para ele. - Você me faz sentir tão bem, tão feliz. Eu amo você.
- Eu também amo você, Honey. - Bible respondeu, se aproximando novamente e me beijou.
Eu o correspondi. Bible beijava tão bem, deixava meu corpo todo acesso.
De repente, senti as mãos de Bible na barra de minha camisa, querendo a tirar.
Eu ergui meus braços e Bible tirou minha camisa, me olhando com fome. Senti minhas bochechas queimarem.
- Você é tão lindo. - Bible sussurrou, e eu senti mais vergonha ainda. Lindo?
- Você mente tão mal. - Eu ri. - Como posso estar lindo desse jeito?
- Biu.. - Bible segurou meu queixo e ergueu minha cabeça, me fazendo olhar para ele. - Você é lindo, de todos os jeitos. Você é o homem mais sexy do mundo!
- Para de falar! - Eu briguei, dando um tapa em seu ombro. Bible riu e me deitou com delicadeza no sofá.
Àquele dia nos amamos. Bible sabia onde tocar para me deixar louco.
Aquela semana também foi mágica. Bible e eu ficamos tão grudados, passávamos os dias juntinhos, abraçados, ele me enchia de carinhos e beijos.
Também viajamos para Phuket no fim de semana. Foi a melhor viagem da minha vida.
Mas, quando voltamos, eu piorei. Fui direto para a emergência. Fiquei tão assustado, só pensava em Bible.
Mas eu não fui àquela noite.
Alguns dias depois, quando estava um pouco melhor, Bible veio até meu quarto e pediu para que eu fechasse os olhos, pois tinha uma surpresa para mim.
Eu me sentei na cadeira de rodas e fechei os olhos, sentindo Bible me conduzir pelos corredores do hospital.
- Pode abrir os olhos. - Bible orientou.
Quando os abri, vi que estávamos no pátio do hospital. E todos os nossos amigos estavam ali, olhando para mim, com sorrisos doces.
- Biu.. - Bible me chamou, e eu o olhei. - Desde que descobrimos sua doença, decidimos que iríamos adiar nosso casamento. Mas eu percebi, que não quero adiar mais. Eu quero ser seu marido, na saúde e na doença.
Ele se ajoelhou na minha frente, e mexeu no bolso de sua calça, tirando dali uma pequena caixinha. Bible à abriu e ali tinha duas alianças douradas.
- Você aceita se casar comigo? - Bible perguntou.
Eu estava chorando, tanto que nem conseguia responder com palavras! Apenas fiz um aceno com a cabeça e Bible sorriu e pegou minha mão.
Ele pôs a aliança em meu dedo, e eu pus no dedo dele. Em seguida, beijei sua mão, e ele fez o mesmo.
Bible se aproximou de mim e beijou meus lábios, apenas um selinho, mas que deixou meu coração batendo forte. Me sentia como um adolescente.
- Eu vós declaro marido e mulher! - Apo gritou, abrindo o champanhe e jogando em cima de Bible e de mim. Nos afastamos rindo.
- Se joga arroz nos noivos, Apo. Não champanhe! - Mile explicou, vendo Apo o olhar confuso.
- Ah, é? - Apo riu. - Eu comi o arroz.
Ficamos brincando a tarde toda àquele dia. Jeff trouxe um violão e começou à cantar, e Bible me puxou para dançar.
- Eu vou cair, Bible! - Eu avisei, rindo. Estava fraco, minhas pernas poderiam ceder à qualquer momento.
- Não vai, não. Eu vou vou deixar meu marido cair. - Bible garantiu, me levantando com tanta facilidade. Eu havia perdido muito peso.
Meu coração errou as batidas novamente quando ele me chamou de marido. Era como um sonho. Eu sorri e o beijei, enquanto ele me conduzia em uma dança lenta.
Quando todos se despediram, fomos para meu quarto novamente. Eu pedi para que ele se deitasse comigo, e ele atendeu meu pedido.
Ele me abraçou e me beijou. Dormimos agarrados aquela noite.
E, no dia seguinte, eu não acordei. Fui embora enquanto dormia. Eu não senti dor, apenas senti os braços de Bible, o amor da minha vida, me abraçando.
Mas tinha algo errado. Eu deveria ir embora, seguir em frente. Mas tinha algo que me prendia. Eu precisava resolver algo.
Bible. Ele precisava de mim. Ele não estava bem. Eu não poderia partir sem resolver aquilo.
Então eu voltei. Mas não da forma que eu queria.
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tava triste, então escrevi isso pra deixar vcs tristes tbmkkkkkk
e postei agora de noite pq é uma boa hora pra ir de americanas 😍
créditos da fic: @sonaboo_scripts
ela é a dona do plot, então não me xinguemkkkkkk eu só escrevi, ela que deu a ideia
gente chorei escrevendo essa fic. isso nunca aconteceu antes 😭😭
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