4: couldDay
Domingo, 6:50am
Era uma manhã tranquila e monótona, Jimin se levantou pra lavar o rosto e trocar de roupa pra ir pro lugar que menos gostava, a escola.
Sim, havia escola aos domingos, ou melhor, alguns domingos, e pelo menos não estudavam outras matérias como em um dia comum, somente as mais essenciais, tipo um reforço.
O dia passado foi muito normal pra Park, tirando a pequena parte de que quando acordou de manhã Jungkook estava dormindo na sua cama, no seu lado e abraçado ao seu corpo.
Olhou-se no espelho com a famosa cara amassada de quem acaba de acordar e com um sorrisinho ameno no rosto lembrou dos detalhes da noite passada.
Dormiu com ele.
Balançou a cabeça e parou de pensar naquilo, fazendo todos os seus devidos higienes matinais sem ter homens na cabeça, ou especificamente, um.
Colocou o uniforme obrigatório de sempre, afrouxou a gravata até o máximo que podia, abriu dois botões da blusa branca e colocou um casaco grande e quente porque estava um dia frio, ajeitou um pouco o cabelo, o repartiu corretamente e colocou um pouco de corretivo no rosto.
Esse é Park Jimin em todas as manhãs frias e até mesmo as não frias.
Pronto, desceu as escadas para a sala e caminhando em direção a porta, acabou por notar sua mãe sentada tomando chá e fumando.
Observando a cena, negou com a cabeça imaginando como aquilo podia ser uma combinação boa, julgando pela sua cara ela parecia estar com ressaca.
Quando ficasse velho definitivamente não seria daquele jeito.
— Garoto. — Ela chamou e Jimin se virou com a mochila já nas costas que tinha pegado ao lado da porta, deixava ela pendurada ali já que corria o risco de esquecê-la. — Seu pai vai te buscar na escola hoje, o motorista não vai.
— Tá. — Respondeu no mesmo tom e desanimado que ela e saiu, fechando a porta.
De vez em quando seu pai aparecia pra dar um "oi estou vivo" pro filho.
Jimin não o julgava por não aparecer muito porque ele trabalhava demais e tinha um cargo muito importante.
Era ele que mandava a maior parte do dinheiro pro seu sustento então não tinha do que reclamar, vivia uma vida boa.
Ele já teve três mulheres, tem Jimin e uma menina de quatro anos.
A criança era uma meia irmã que quase nunca nem viu porque eles se separaram rápido como um sopro, como a brisa passa em um dia comum de inverno.
Dês de então ele está solteiro livre leve e solto na pista e nas casas de pole dance procurando por outra, ou pelo menos, procurando satisfazer seus hormônios adultos.
Argh, pensar no que seu pai fazia e imaginar tal, era nojento.
Quando saiu da casa, caminhou até o carro que ficava parado ali todas as manhãs e o adentrou. O motorista dizia sempre o mesmo "Bom dia, senhor Park." até fazia o parecer mesmo um senhor e não um adolescente problemático.
Esqueça o problemático, mesmo que todo mundo soubesse que ele realmente e definitivamente era, Jimin não gostava que fosse chamado por "adolescente problemático" pois se sentia ofendido, coisas da vida.
Quando chegou, saiu do carro e sem ânimo algum começou a andar até a estrutura gigante que era a sua escola, as vezes chegava a pensar em como ela era exagerada se ninguém ia pra maioria das salas nela, principalmente a dos andares superiores.
— Jiminzinho! — Apareceu-se o que era doce, estonteante, os cabelos balançavam de tão sedosos.
Taehyung tinha o abandonado na festa e estava se fazendo de esquecido, ele abraçou ombro do loiro e com um sorrisinho começou a andar ao lado de si.
Falso, da sua boca escorria veneno, baba só quando ele estava dormindo.
— Você acha que eu vou esquecer do que você fez? — Jimin se soltou, tentando parecer emburrado e começou a andar na frente, Taehyung dramaticamente colocou a mão no peito e correu até ele agarrando no seu braço.
— Eu posso explicar, foi um mal entendido!
— Essa sua frase parece que saiu da novela das nove. — Riu anasalado, e o moreno ao seu lado também, tinha vezes que simplesmente não conseguia ficar bravo com ele, mesmo que isso significava perdoá-lo por ter sido abandonado na festa que ele o convidou. — Explica aí então.
— Então é que...
Enquanto Taehyung estava falando sobre o porque de ter sumido derrepente no meio do bar, o sinal alto e estridente de que as aulas iriam começar tocou e ofuscou totalmente a sua voz, o que resultou em não ouvir nenhuma palavra que saiu quando ele começou a falar.
Jimin ainda não sabia leitura labial mas isso já estava na sua lista de coisas que queria aprender.
— Que?
— Deixa depois eu falo, a gente tá atrasado. — Puxou o loiro pelo pulso até o corredor principal, mas ele se soltou antes que pudessem chegar, era muito teimoso, mas o único que sabia lidar com sua teimosia até agora era seu melhor amigo.
— E você acha que eu ligo pra isso?
Taehyung negou com o jeito dele de sempre falar a mesma coisa e fez um jóia ignorando-o completamente e voltando a puxá-lo, agora pela manga da blusa, se ele se recusasse a andar, rasgaria.
Uma boa tática.
Sem nenhuma vontade de entrar dentro da sala foi obrigado a sentar na sua mesa para esperar a aula começar, o professor nem sequer estava na sala, então porque deveria estar?
— Olha, tem uma coisa que eu queria saber. — Cutucou o loiro que estava na sua frente fazendo ele se virar pra trás. — Não que você saiba a resposta, mas quero compartilhar a dúvida.
— O que?
— Porque a gente tem aula de artes todos os dias?
— Sei lá, vai ver o diretor adora arte. — Deu um sorrisinho e apontou pra si mesmo. — Ou o professor.
— Aí amigo, se você não fosse tão marrentinho tava tudo okay, você seria quase perfeito. — Falou puxando o material pra fora da mochila, Jimin fez uma cara feia e ficou o observando fazer isso até que ele o olhasse de volta. — O que foi?
— Eu não sou marrentinho, e quase perfeito? Qual é?
— Então tá você não é marrentinho, você é marrento.
— Eu vou te bater. — Jimin formou um soco nas mãos e parou ao lado do rosto do amigo que riu fazendo um soco na mão também e batendo na mãozinha do loiro, como dois bro's.
— Soco bate soco vira, soco bate vira. — Começou a brincar enquanto o outro o olhava com tédio, tinha um amigo crianção.
— Bom dia. — O professor de literatura entrou na sala cheio de pastas na mão, Jimin se virou pra frente e começou a tirar suas coisas pra fingir que estudava alguma coisa sobre a matéria dele. — Se lembram do trabalho que passei né?
O loiro mordeu a tampa da caneta e virou o corpo um pouco pra trás esperando a reação de Tae, mas ele simplesmente mexeu os ombros como se não soubesse do que ele estava falando.
— Ninguém lembra? — Perguntou para a sala se encostando na sua mesa, ninguém respondeu. — Pois bem, alguém pode me dizer o que é literatura? É simples.
— Arte? — Uma garota do fundo respondeu e o professor assentiu, reconhecendo a mesma e tentando lembrar seu nome, uns segundos depois ele pareceu ter se lembrado.
— Porque a literatura é arte, Lalisa? — Ele perguntou para a garota que ficou em silêncio desta vez, o professor procurou por outra pessoa que quisesse se voluntariar para responder.
— Porque é uma forma de expressão, os escritores manifestam seus sentimentos por palavras, assim como os artistas se manifestam através das artes visuais. — Jimin respondeu alto da terceira carteira da fileira da parede, Taehyung o olhou com os olhos arregalados.
— É... Está certo. — Até mesmo o professor se assustou, o loiro sorriu e voltou a desenhar na capa do caderno.
Não era completamente burro em questão a matéria, já estava no último ano e já tinha repetido, se não soubesse e não tivesse guardado de tanto que falaram na sua cabeça, estava ferrado.
O Professor foi até o quadro e começou a passar mais coisas sobre o assunto que estavam discutindo, o sinal pra trocar de aula não demorou pra bater, foram tantas palavras escritas na lousa que o tempo passou mais rápido do que devia ao contrário das outras vezes.
Não foi uma surpresa depois de literatura virem duas aulas de artes.
As duas eram meio que o complemento uma da outra, A escola julgava uma coisa essencial estudar bastante literatura e arte no terceiro ano sabe se lá porque, todo o ano era mais focado nas duas matérias do que no resto, mas é claro que estudavam muito matemática também e Jimin odiava, era difícil achar alguma coisa que não odiasse na verdade.
Jungkook entrou em silêncio, estava com os óculos arredondados no rosto e os cabelos um pouco bagunçados, nada demais.
Sereno, ele deixou suas coisas na mesa e começou a mexer o pescoço para os lados aliviando sua tensão, talvez dormir curvado e abraçado demais consigo tivesse afetado os músculos da sua jugular.
O loiro parou o seu desenho e ficou o olhando por algum tempo batendo a parte da borracha do lápis no caderno.
Quando ia voltar ao que fazia a criatura de trás o cutucou com o indicador e vendo que não estava tendo sua atenção, pressionou o dedo ali, no meio das costas, bem em um lugar sensível que nem sabia que existia, fazendo o loiro dar um pulo instantâneo na cadeira.
Aquilo atraiu os olhos de alguns alunos e do Professor que o olhou como se não fosse novidade ter sido ele o motivo do barulho alto da cadeira.
Ponto para Kim Taehyung.
— O que? — Jimin murmurou olhando pra trás disfarçadamente, sem que virasse muito o corpo.
— O que deu em você aquela hora? Virou Alberto Ainsten?
— É Albert Einstein, Taehyung, pelo amor de Deus. — O corrigiu, recebendo apenas um "tanto faz, mesma coisa" do amigo.
Jungkook se levantou e se sentou na parte da mesa em que não haviam suas coisas. Ele tinha a mesma mania que todos os professores tinham, se alunos não podiam sentar na mesa porque eles podiam? Enfim a hipocrísia.
— Na semana passada estávamos estudando a Arte da Grécia antiga, então iremos continuar de onde paramos, qual foi a primeira manifestação da pintura grega? Alguém se lembra?
— Os vasos de cerâmica. — Respondeu um garoto dos fundos.
— Sim foram os vasos, e quem mais se lembra dos nomes dos maiores pintores do classicismo grego? — Perguntou se levantando e começando a andar pela sala, alguns foram procurar no livro, outros no caderno. Jimin suspirou e apagou uma parte do seu desenho enquanto os outros estavam procurando.
— Zêuxis. — A primeira garota da fileira Irene, respondeu sorrindo, O professor retribuiu o sorriso e assentiu, tranquilizando-a no mesmo instante.
— Sim, está certo, qual o outro? — Perguntou, a garota voltou a procurar.
O loiro deixou o lápis em cima do caderno e observou a sala inteira tentando achar o nome pra ganhar ponto, era hilário.
Todas as garotas na sala eram louquinhas pelo professor por ele ser novo, bonito e atraente, então elas faziam de tudo pra serem boas alunas.
— O outro é o Apeles, professor. — Jimin respondeu com as duas mãos debaixo do queixo e um sorrisinho nos lábios, Jungkook virou-se pra ele um pouco surpreso, não imaginou que ele iria responder já que isso nunca acontecia. — Os romanos gostavam muito das obras dele, entre as mais famosas estavam Afrodite e Calúnia, essa resposta foi suficiente pra você?
Taehyung deu um tapinha no ombro do mais novo o repreendendo pelo seu tom sempre muito provocador e desafiador quando falava ou o respondia, era sempre assim que as advertências começavam a dar oi na semana.
Mas Jeongguk era paciente -as vezes- e não era atoa que advertências aconteciam.
— Sim é suficiente. — Respondeu com o semblante sério, pegando o lápis que caiu em seguida da mesa de Jimin assim que este fechou o caderno. — De nada.
As duas aulas seguiram, o loiro continuou desenhando sem prestar atenção no que ele falava e explicava, enquanto isso as outras garotas prestativas a aula respondiam suas perguntas e sorriam simpáticas.
Mas só que o professor não dava muita atenção a elas do jeito que queriam, ele estava ocupado demais olhando para o garoto que não estava prestando atenção em nada desenhando no caderno com os lábios um pouco entreabertos e os cabelos loiros bagunçados caindo na sua testa.
Mesmo que não quisesse perceber os detalhes dele, percebia, mas na verdade, estava incomodado e agoniado de ouvir os rabiscos precisos dele no papel.
— Você não está me ouvindo falar, está? — Ele perguntou para o desenhista, ajeitando os óculos que deslizavam lentamente cada vez mais para o final de seu nariz.
Todos da sala viraram para olhar com quem ele estava falando, curiosos, eram o bando de "cuidadores da vida dos outros"
— O que?
Jungkook suspirou.
Esperava pelo menos que ele estivesse ouvindo alguma coisa que estava falando na aula, mas pelo jeito não ele não estava.
— Sei que é aula de artes, Mas porque está desenhando Park Jimin?
— Ah... — O garoto murmurou alguma coisa com si mesmo e fechou o caderno. Jeon chutou que ele provavelmente o chamou de chato. — Não estou mais, professor.
— Não me faça falar de novo. — Repreendeu sério, autoritário.
Jimin assentiu em silêncio e pegou o livro de artes, não soube porque mas sentiu um arrepio rápido passar pela espinha, estranhando bateu no próprio braço provavelmente cheio de bolinhas pra sensação ir embora e procurou por alguma janela aberta para poder culpar a brisa fria do dia, mas não achou.
Com o passar das aulas e mais aulas entendiantes e chatas, finalmente tudo aquilo acabou e tinha que esperar pacientemente seu pai chegar.
Taehyung tinha lhe dado um beijinho bem viado e Jimin admitia que levemente fofo, no rosto. Ele tinha ido embora antes porque disse haver de resolver alguns assuntos no centro, mas ele jurou que se não tivesse iria esperar junto.
Alguns minutos depois e nada, ele já deveria estar ali quando saiu das aulas. Além de ter que esperar em pé estava frio, frio como todos os dias mas aquele parecia muito mais pro seu azar.
Não estava na época para nevar, mas o clima parecia ser bem rebelde, então iria vir bem mais cedo aquele ano, ou pelo menos era isso que o clima queria insinuar.
O loiro suspirou e colocou a mão no bolso da blusa, nenhum sinal de outro Park além do que estava ali esperando, chegar.
Com frio e indisposição Jimin desistiu e começou a andar, sua casa era muito longe mas podia dar um jeito, pegar carona ou sei lá.
Enquanto caminhava devagar olhando os próprios pés, pizou sem querer em cima de um sapato preto social, o dono dele fez uma careta mas balançou as mãos, ditando silenciosamente que estava tudo bem.
— Ehh, o que está fazendo aqui ainda?
— Ah, eu... estava esperando o meu pai. — Mordeu os lábios meio sem jeito de falar. Não sabia nem ao menos porque sua mãe tinha mentido que ele viria buscá-lo. — Acho que ele não vem.
— Mas você não tem como ir pra casa?
— Acho que não posso ir pra casa. — Suspirou um pouco decepcionado, não tinha entendido ainda o porque da mentira vinda da sua mãe mas provavelmente ela não o queria em casa.
Mais fácil ter falado do que ter feito isso.
— O que quer dizer?
— Minha mãe faz isso as vezes, ela mente assim quando quer ficar sozinha em casa, provavelmente é por causa de você, já que vocês brigaram no início da manhã.
Ele ficou brevemente em silêncio e rodou a chave do carro entre os dedos, dando de ombros e seguindo até a parte do motorista, destravando manualmente.
— Vem comigo, entra.
🤔 oi rs
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