— Oi! — Bang Chan acenava para a tela do celular — Tudo bem?

— Tá tudo bem aqui, e aí, Channie? — Felix posicionou o celular na sua bancada.

— A mesma coisa de sempre.

— Bom, mas você gostou do seu novo condomínio?

— Não vou mentir, gostei sim, muito — ele sorriu — mas queria que você estivesse aqui! Me sinto um pouco solitário às vezes.

— Ligações de vídeo não são suficientes para você?

— Tem coisas que não se pode conversar por ligação!

— Mas por que solitário? Você não disse que fez alguns amigos aí?

— Fiz uns amigos aqui, mas queria apresentar você a eles, acho que vocês gostariam de conversar.

Felix pegava alguns ingredientes no armário e colocava na bancada, Bang Chan observava curioso.

— Fazendo brownie?

— Exato!

— Nossa, que saudades do seu brownie.

— Eu te mando por correio.

— Aham, confia.

Os dois continuaram conversando qualquer coisa que vinha na cabeça, às vezes Bang Chan contava algumas coisas que aconteceram entre seus vizinhos.

O condomínio novo dele parecia ser bem "animado", porque sempre aparecia algo novo em cada ligação que faziam, mesmo que o Bang tenha se mudado oficialmente para lá há somente quatro dias. Até durante a ligação era possível ouvir barulhos altos e gritos, provavelmente de vizinhos.

— Você se mudou para um lugar bem barulhento, não é?

— Sim, mas só posso aguentar e tentar me acostumar com isso.

De repente, algo pareceu ter sido arremessado na porta dele, pois fez um barulho muito alto, Bang Chan se assustou por um momento, o que foi bem perceptível.

Ele se levantou e abriu a porta, olhou de uma lado para o outro e fechou de novo.

— O que aconteceu?

— Sei lá, alguém jogou uma caixa com força na minha porta, acho que foi engano, tem um monte de coisas lá dentro.

— Deixa eu ver a caixa!

Bang Chan pegou o celular e o levou lá fora, onde tinha uma caixa de papelão com algumas coisas escritas.

Pegue de volta!

— Alguém se separou aí?

— Sim, meu vizinho da direita e o da esquerda namoravam, mas aconteceu uma briga recentemente e se separaram.

— Então deve ser isso, só deve ter jogado a caixa na porta errada!

Enquanto conversavam, Felix viu alguém chegar perto de Bang Chan, pedindo desculpas e levando a caixa consigo.

— Foi engano, ele falou que errou a mira e bateu na minha porta.

Felix ficou rindo até perder todo o seu fôlego. Bang Chan voltou para dentro do seu apartamento um pouco acanhado.

— Agora deu para perceber como é um pouco caótico aqui, não é?

— Sim, vamos fazer ligação só para eu conseguir presenciar mais dessas cenas.

— Engraçadinho...

— Mas você não queria falar algo comigo? O que era?

— Ah sim, verdade, já havia esquecido, mas acho que não vai aceitar...

— Fala logo!

— Bom... Eu tava aqui pensando, e você logo vai estar de férias, estaria interessado em passar suas férias aqui, na Coréia?

— Está brincando, não é?

— Nunca falei tão sério na minha vida! Vamos! Vai ser divertido, prometo. E se não for, pode me pendurar na janela.

— Você ainda lembra disso?

Felix sentiu seu rosto queimar de vergonha ao se lembrar de algo que havia acontecido lá no início, antes de virar o melhor amigo de Bang Chan.

E sim, ele havia pendurado Bang Chan na janela.

Foi um grande acidente, causado pela falta de atenção de ambos.

Felix havia pedido para o mais velho o ajudar a pegar seu gato pendurado na árvore, os galhos eram um pouco perto da janela do seu quarto, então eles amarraram uma corda de cobertores na cintura de Bang Chan, para que ele não caísse. Mas antes mesmo que ele conseguisse pegar o gato, Felix se assustou com a chegada repentina do seu pai e bateu na cadeira que segurava a corda, o que fez Bang Chan perder o equilíbrio e cair.

Não durou muito tempo, porque os cobertores não aguentaram, se romperam e Bang Chan caiu do segundo andar, felizmente não se machucou gravemente.

— Claro que lembro, você quase me matou.

— Deixa de ser dramático, não ia morrer com aquilo... Não era muito alto...

— Okay, okay, mas me diga logo, vai vir ou não?

— Posso pensar um pouquinho?

— Tudo bem, vá no seu tempo, só não pense até acabar suas férias, porque aí já não vai valer!

— Agora preciso sair, quando voltar, darei a sua resposta!

— Aguardarei por isso, tchau!