Pain & Cigarretes
“...Estou pegando aviões por diversão Então eu tenho assistindo a fama se tornar punição...”
– Into It, Chase Atlantic
Ibiza, Espanha
— Mais uma rodada por favor — o jovem sorriu e segurou uma morena pela cintura. — Hoje irei pagar bebida para todos os meus amigos. Façam um brinde, peguem seus copos, porra!
Todos no ambiente sorriram e levantaram suas taças, obedecendo ao rapaz levemente alterado. Eles só não sabiam qual era o motivo da comemoração.
— Vamos brindar pelo quê? — um homem barrigudo e de bigode perguntou, chamando a atenção dos outros.
— Ah, caralho. Por essa morena aqui. Aquela loira ali e pela ruiva que acabou de chegar. — Mike sorriu malicioso e segurou pela cintura duas mulheres, uma morena e uma loira, a ruiva que acabara de chegar trazia uma taça de Martini, que despejou de forma sensual na boca do astro, depois de beija-lo.
Uma semana antes...
Depois de pelo menos 50 ligações ignoradas Michael Garrigton percebera que realmente estava tudo acabado. Os melhores meses de sua vida havia evaporado e se tornado apenas uma vaga lembrança. Depois de um leve ataque de raiva que resultou em um celular em estilhaços no chão ele pôde perceber que tudo estava afundando. Inclusive, ele mesmo.
Viagens e compromissos foram adiados, Rick sabia que o rapaz precisava desse tempo para reconectar-se com a sua carreira, sua vida e principalmente assuntos do coração. Ultimamente o astro não se alimentava direito, não estava compondo músicas novas. Tudo que fizera até então era beber seu uísque e tocar notas desafinadas no piano que agora era seu único apoio. Os pais de Mike, ou melhor, os pais falsos — e aproveitadores — haviam ido embora restando apenas Melissa que ficou ao lado de Michael, ela jamais iria deixar o irmão que mesmo não sendo biológico já morava em seu coração.
Entretanto, a forma inesperada na qual Gwen simplesmente dispensou o rapaz ainda fazia o seu coração doer. Ah, e como doía. Tudo estava desmoronando aos poucos e ele não percebia.
— Mike G? Você está péssimo — uma voz masculina ecoou pelo recinto, fazendo Mike quase derrubar o copo de uísque. — Já te vi em dias melhores.
— Foda-se, Kalleb. Por que você não pega esse seu traseiro magrelo e dá o fora do meu apartamento? — Michael respondeu e trincou os dentes.
— Ei, eu não tenho culpa pelos seus problemas. Você não consegue nem lidar com a sua vida, daí resolve ter duas. Assim como também tinha duas mulheres, e agora não tem nenhuma.
— Cala a boca, filho da puta — Mike levantou-se rapidamente e jogou o copo de uísque na parede próxima a Kalleb Cortez, fazendo o moreno arregalar os olhos. — Sai da porra do meu apartamento agora mesmo antes que eu quebre bem mais do que um copo de uísque.
— Michael, o que está acontecendo aqui? — Melissa descia as escadas enquanto segurava no corrimão com força, assustada ao ver o irmão tão agressivo e com o olhar de um animal selvagem. — Kalleb, vai embora. Já disse que não temos nada para conversar.
Mike G voltou à sua posição inicial, sentou-se como se nada tivesse acontecido e pegou um novo copo de uísque. Pôs gelo e apreciou a bebida tocar seus lábios vermelhos enquanto sua irmã conversava com o cara que minutos atrás o astro achou que iria matar ali mesmo em seu carpete.
Os passos de Melissa ecoaram pelo recinto parando somente quando a morena ficou em pé na frente do irmão com os braços cruzados. Mike apenas bebeu o conteúdo e revirou os olhos.
— Você tem que parar com isso, Michael. Chega. Você tem um nome para zelar, carreira, reputação e ainda manter o amor dos seus fãs.
— Estive pensando sobre isso, Mel — o rapaz olhou com os olhos marejados e o rosto ruborizado pelo efeito do álcool. — ... E cheguei a conclusão de que não te pedi para ser minha empresária, nem uma irmã mais velha. Na verdade, nem somos irmãos. — ele sorriu com sarcasmo e bebeu mais.
— Vai tem que parar com essa porcaria, Michael Garrigton. — Melissa pegou a garrafa e jogou-a no chão, fazendo Michael se levantar e ir em sua direção.
— O que você acha que está fazendo? Bancando a porra da minha irmã mais velha? Você não é nada minha. Não é a minha parente. Não temos o mesmo sangue. Nem nos parecemos. Pena que eu nunca percebi isso antes.
Ele se afastou rapidamente e virou de costas, passando a mão freneticamente no cabelo. Por 2 segundos de sensatez lembrou das coisas que disse e pensou em pedir desculpas, virou para Melissa mas viu a morena chorar.
— Ser irmão de alguém é bem mais do que partilhar DNA, Michael. As pessoas não vão te amar pelo seu tipo sanguíneo, pelo seu dinheiro ou fama. Elas te amam pelo o que você é, pelo caráter que tem, pela quantidade de sorrisos que já deram com você. — a morena limpou as lágrimas e fez uma expressão que Mike nunca viu.
— Você falhou em todas elas, é por isso que a partir de hoje a sua única companhia será esse álcool que você tanto idolatra, porque eu vou embora para sempre, Michael. — Melissa foi impedida por Mike que fez o cabelo negro da irmã parecer uma nuvem negra quando puxou-a levemente pelo braço.
— Mel, por favor me perdoa. Eu disse aquilo sem pensar. Só estou com raiva e descontando nas pessoas que amo. Não me abandone, Melissa — o astro implorou enquanto as lágrimas quentes tocavam seu rosto.
— Não posso mais suportar ficar aqui. Não com você assim, preciso de um tempo. Procure ajuda profissional, Michael. — a morena respondeu impetuosa. — Preciso ir agora.
— O amor não é uma doença que se trata com remédios, Melissa. — G respondeu enquanto sua irmã subia as escadas com pressa.
— Uísque também não é cura, Michael. Não irá te levar aos braços da Gwen. — a morena parou rapidamente antes de chegar ao topo da escadaria. — ... Ele será a sua ruína.
Gwen
A loira demorou mais tempo do que imaginava para aceitar a atual relação com Michael Garrigton. Ela ignorou todas as ligações, tanto dele quanto de Melissa. Foram centenas de mensagens. Ligações perdidas. Um relacionamento perdido. Era egoísmo achar que deveria guardar sua criança como seu segredo mais obscuro. Mas ela o faria, até onde e quando desse. A barriga irá crescer, as pessoas irão comentar em sua "perdição de castidade" que já havia acontecido no primeiro ano do colegial com aquele que idealizou ser o seu par romântico para o resto de sua vida. Porém, sentada e tomando chocolate quente ela pensou em como as coisas tinham mudado e quão estranho é estar grávida de um homem que antigamente só via na televisão.
— Uma hora ou outra você sabe que ele vai descobrir, Gwen. — a voz de sua mãe cortou seu pensamento longínquo. — Sabemos disso.
— Eu sei, mamãe. Mas não dá para continuar com ele, Mike quis terminar comigo. Só quero dar um tempo para digerir essa situação. Nunca pensei que seria mãe aos 18 anos. — a gótica limpou uma lágrima de seu rosto e depositou a xícara na mesa de centro. — Não sei o que fazer.
— Nós vamos dar um jeito. Quando ele descobrir, não tem como fugir disso. Essa criança será muito bem vinda. Assim como você foi quando eu engravidei aos 20 anos. — as duas sorriram e trocaram um olhar de cumplicidade. — Eu estou aqui por você, filha. Nós vamos dar um jeito.
Depois de mais chocolate quente, risadas e lembranças de seu pai, Gwen subiu as escadas e foi até seu quarto, deitou em sua cama, agarrando-se ao ursinho favorito que tinha desde os 6 anos. Ao fechar os olhos todas os momentos passaram como um flashback em sua mente. Devagar, devagar. Todos os beijos, o pedido de namoro, os sorrisos, o momento em que Mike quebrou as barreiras que ela havia construído e ao mesmo tempo destruiu toda a sua estrutura.
A nostalgia acabou fazendo a loira sucumbir à tristeza e pegar uma caixa de recordações antigas e ler novamente suas antigas cartas de amigas e seus diários. Ela tinha esse hábito de escrever mas por um tempo havia parado. Porém, hoje sentiu vontade de fazer isso. Como um presente para si mesma.
A vida real não nos isenta dos vilões da ficção. Algumas vezes eles não estão nas páginas dos livros e sim em nossas mentes, aquela voz nos dizendo que nada irá dar certo.
Esse trecho de seu antigo rascunho de frases arrancou um sorriso bobo da gótica. Seu pai sempre fora uma inspiração para a escrita. Ele sempre lia os contos de fadas favoritos dela, dizia que a vida era mais do que ter um castelo e um príncipe. Dizia que ela poderia ter quantos sapatos e vestido quisesse e todos os brinquedos do mundo. Seu pai sempre será uma fonte de inspiração para que ela possa dar continuidade aos seus sonhos, mesmo que o maior apoio paterno nesse momento seja as memórias de seu pai lendo antes que ela dormisse.
Essa saudade eterna doeu em seu peito, fazendo-a chorar e agarra-se ao ursinho. Constituir família seria extremamente difícil, principalmente quando a pessoa na qual deveria te apoiar, pode estar em qualquer lugar agora. Seu maior medo era que Mike e sua condição financeira tirassem dela tudo que a jovem mais amava nesse momento. A pequena semente que um dia irá virar flor.
Quando o período de férias acabasse, logo tudo iria voltar ao normal. A mesma rotina, os alunos monótonos, os jogadores, as líderes de torcida. Gwen não teria mais o Marcel, nem o Mike. Sua única companhia seria ela mesma e agora essa pequena sementinha que crescia dentro dela. Gwen já imaginava o que falariam sobre ela. A garota do interior que deu golpe em um famoso ou a sortuda que engravidou de um cara rico. Ela não queria essas coisas, se pudesse voltaria no tempo e teria recusado aquela oferta de Rick sobre passar um dia com Mike, aliás, ela voltaria ao dia em que se interessou por um pseudo nerd, fofo e ao mesmo tempo atraente que chamou sua atenção. Mas no fundo ela sabia que a vida é como uma estrada cheia de rotas e desvios, nem sempre podemos pegar um retorno e traçar o caminho novamente.
[...]
Melissa realmente havia partido assim como disse que faria. Mike jamais duvidou de sua palavra mas achou que a morena estivesse apenas blefando. Não havia muito o que fazer então o astro apenas pegou outra garrafa de uísque e bebeu mais, bebeu para esquecer, afogar as mágoas que insistiam em derruba-lo, então, ele apenas bebeu.
— O que você está fazendo, Michael Garrigton? — a voz masculina chamou a sua atenção. — Vai se afundar nisso? Quem você é agora?
— Sou Mike G, o astro do rock. Meus amigos me odeiam, minha família, minha namorada, meus pais. — o jovem gargalhou mas não havia alguma. — Perdi tudo o que nunca tive, o que nunca tive.
— Eu ainda estou aqui, Mike. Não é o bastante? — Rick aproximou-se aos poucos, vendo as olheiras, os cabelos desgrenhados e a roupa suja. O garoto estava um fiasco.
— Você só está aqui pelo meu dinheiro, Richard. Eu te pago para ser meu empresário e meu amigo. — Mike levantou-se do sofá e ficou cara a cara com seu empresário. — Não ficaria surpreso se você fosse embora.
— Eu não sou a sua putinha, tampouco você é meu cafetão, Garrigton. Dinheiro nenhum compraria minha lealdade. Minha amizade. — Richard respondeu deixando sua decepção notável. — Estou ao seu lado desde que você tinha 9 anos, Michael.
— Que seja. — o jovem bufou e revirou os olhos. — Isso não muda muita coisa.
— Não? E quando você foi na minha casa chorar naquele dia? Meu acolhimento não foi necessário para mostrar que estou ao seu lado? — Rick indagou enquanto Mike bebia em silêncio.
Num ato notável de raiva, Rick puxou a garrafa dos lábios de Mike e jogou-a no chão, derrubando um pouco do líquido na camiseta branca do astro.
— Não me ignore! Não venha com seu estrelismo. Eu te ajudei a ser quem você é hoje. Perdi noites de sono, planejei, pedi para que escutassem sua música. Ou você esqueceu? Esqueceu do pequeno Mike que não tinha nem o apoio da família? — Rick gritou as palavras enquanto Mike pôs as mãos no bolso.
— Está demitido. Não preciso do seu sermão, suas palavras ou conselhos. Vá embora, Rick. — o jovem passou as mãos no cabelo, puxando-o lentamente. — Vá embora.
— Michael Garrigton, você tem certeza disso? Não sou o tipo de homem que volta atrás. — Rick perguntou severo.
— Nem eu. Vá embora e por favor bata a porta. — Michael sentou-se no sofá confortável e fechou os olhos.
— Certo. Se você quer assim, tudo bem. — Richard tirou rapidamente o relógio caro que ganhou de Mike e pôs na mesa de centro. — Quando você perceber que está afastando de sua vida as pessoas que te amam, será tarde demais.
Michael ficou estático enquanto Rick ia embora, o jovem bateu as mãos e suspirou fundo subindo as escadas com um pouco de dificuldade. Ele pegou a última garrafa de uísque, arrumou uma mala com poucos pertences e saiu de seu quarto sem olhar para trás.
— Joshua, dirija até o aeroporto e não me faça perguntas. — Mike pôs seu óculos estilo aviador e entrou no carro.
Seu motorista pareceu tão surpreso pelo estado atual de seu patrão que apenas não fez nada além de dirigir em silêncio. Na saída alguns fotógrafos já esperavam pelo rapaz, dúzias deles se prontificaram em tirar fotos de vários ângulos diferentes. Mike apenas mostrou o dedo do meio e seguiu seu caminho indo direto ao aeroporto. Antes de sair Mike mandou o piloto se preparar para quando ele chegasse, facilitando o processo.
O astro escolheu Ibiza como centro de sua reabilitação emocional. A diferença de fuso horário não era tão grande, apenas 5 horas de New York até Ibiza, exceto pela busca de um hotel e os outros contratempo.
O lugar era conhecido por suas várias festas, pessoas famosas e turistas comuns que vinham de toda a parte. Lá a festa parecia nunca acabar, tinha para todos os gostos, gêneros e idades.
Mike dessa vez investiu em algo diferente, resolveu se hospedar no
Ushuaïa que é um hotel cinco estrelas em Playa d’en Bossa e realiza algumas das melhores festas em Ibiza segundo os frequentadores da ilha.
Mike foi bem recebido e logo sentiu-se como se estivesse em casa. O hotel era cheio de famosos, pessoas de toda parte, ele poderia finalmente ter um pouco de paz. O astro foi até seu quarto na ala VIP e tomou um banho relaxante, jantou uma cortesia que ganhara do gerente e arrumou-se para as festas. Hoje ele queria apenas beber e esquecer do próprio nome.
O astro desceu as escadas e observou a multidão de jovens dançando numa parte reservada para festas, sentiu uma garota esbarrar nele e pedir desculpas. Ele foi em direção ao bar e deu início ao que havia começado hoje cedo, bebendo cada vez mais e mais.
Finalmente ele foi dançar e encontrou um trio de amigas bonitas dançando e falando sobre ele, até que uma delas resolveu ir até o mesmo e conversar sobre coisas aleatórias. Alguns rapazes se juntaram e eles trouxeram cada vez mais pessoas, fazendo uma roda na qual o astro e os novos amigos bebiam e se divertiam. Uma morena puxou Mike pelo queixo e beijou o astro que retribuiu calmante enquanto algumas pessoas batiam palmas e sorriam. Após o beijo a loira que agora conhecia como Carmen dançou em sua direção e deu beijos no pescoço do rapaz que dançava no ritmo da música. Depois de algumas risadas, beijos e danças eles foram até o bar para beber algo para repor as energias gastas.
— Mais uma rodada por favor — ele sorriu para o barman e segurou uma morena pela cintura. — Hoje irei pagar bebida para todos os meus amigos. Façam um brinde, peguem seus copos, porra!
Todos no ambiente sorriram e levantaram seus copos, obedecendo ao rapaz levemente alterado. Eles só não sabiam qual era o motivo da comemoração.
— Vamos brindar pelo quê? — um homem barrigudo e de bigode perguntou, chamando a atenção dos outros.
— Ah, caralho. Por essa morena aqui. Aquela loira ali e pela ruiva que acabou de chegar. — Mike sorriu malicioso e segurou pela cintura duas mulheres, uma morena e uma loira, a ruiva que acabara de chegar trazia uma taça de Martini, que despejou de forma sensual na boca do astro, depois de beija-lo.
Todos tiraram fotos, beberam, sorriram e se divertiram na balada com o astro do rock. Mike G estava nos mais badalados sites de fofocas nesse momento. Alheio aos acontecimentos do mundo real, Mike apenas brincou de escolher entre 3 garotas qual delas ele iria passar a noite. A escolha resumiu-se na loira e na morena que ele brevemente levou ao seu quarto VIP, mostrando-lhes bem mais que a decoração ou o jogo de cama.
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