Highway to: Heaven or Hell?
"Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. Pouca gente tem coragem."
– Um sopro de vida
O primeiro período acabara e trouxe aquele barulho ensurdecedor e ao mesmo tempo libertador que indicava a hora favorita dos jovens:
Snack Time! :)
Mike deixara o material na sala e seguiu junto com a manada de alunos que pareciam estar num safari na África. Todos brigando para ver quem saía primeiro da estreita porta.
Ele observou discretamente os colegas de classe, vários garotos com suas jaquetas de futebol americano com o símbolo da escola.
Os nerds no fundo da sala, os roqueiros na lateral, as líderes de torcida nas primeiras carteiras, eram tediosos.
Cabelos loiros e suspensos por um rabo de cavalo, seios fartos que travavam uma batalha interna com o ego delas para saber quem irá chamar mais atenção.
Talvez pelas roupas de Mike, ele seria um dos nerds, pela real identidade talvez sentaria com os populares. Ou pela personalidade, com as pessoas comuns, nos dias de tristeza, vestiria preto e sentaria com os góticos. Escutaria Green Day depois de pôr um piercing na sobrancelha.
Pensando bem, ele se encaixa em todos os grupos mas as pessoas insistem em ser rotuladas, como produtos no grande supermercado da vida. Tudo seria mais divertido se por um dia todo mundo pudesse escolher quem vai ser, sem necessariamente não se preocupar com as aparências.
O rapaz deixou de lado os pensamentos profundos e observou as pessoas quando começaram a sair da sala, mantendo a calma e a paciência para não ser engolido pelos alunos.
O refeitório, parecia ser maior do que imaginava, Mike sentiu alguém passar correndo e esbarrar sem querer, ajustou o óculos mas a pessoa acabou se juntando à manada de alunos que agora se organizavam na fila para o lanche enquanto alguns desajustados pegavam as bandejas, Mike pegou uma e continuou andando sentindo-se um daqueles operários dos filmes de Charles Chaplin, robótico e no piloto automático.
A minha vez estava próxima, acabei distraindo-me com pessoas e mesas enormes que pareciam a divisão de um sistema de castas num estilo colegial.
Uma das líderes de torcida na mesa dos jogadores parecia contar as calorias de cada batatinha frita que estava no prato de um deles, os roqueiros tocando suas guitarras imaginárias e jogavam de um lado para outro os seus cabelos cheios de gel enquanto batiam freneticamente na mesa como se fosse uma bateria.
Eles eram divertidos, diferente dos outros, fiquei imaginando onde eu me encaixaria nisso tudo, voltei aos meus pensamentos quando um dos jogadores tomou a minha vez e me olhou como se eu fosse um cocô de cachorro.
Dei de ombros e finalmente chegou a minha vez sem interrupções, peguei um suco fresco e natural de laranja juntamente com uma salada de legumes cozidos e umas frutas tropicais para não ficar uma refeição tão pesada, pelo menos, era tudo natural ao invés de comida industrializada.
Andei com cuidado já que equilibrava a bandeja nas minhas mãos e com uma vista panorâmica procurava um lugar decente para aproveitar cada segundinho do meu anonimato.
Todas as mesas pareciam estar ocupadas, eu não iria perder a dignidade e comer no banheiro como a maioria das pessoas solitárias faziam.
Continuei procurando e fui até uma das últimas mesas, juntamente com um grupo de nerds aproveitei que eles estavam num papo super interessante e sentei-me na ponta da mesa enquanto discretamente começo a organizar a minha refeição, checo mentalmente se lavei ou não as mãos e comecei a degustar a minha salada de legumes cozidos que por sinal estava esplêndida. Direcionei o meu olhar rapidamente para os populares quando uma das líderes de torcida notava meu olhar, desviei meio envergonhado, ela parecia me olhar de uma forma debochada e maliciosa.
Revirei os olhos discretamente enquanto tirava proveito de minha salada improvisada de frutas fui surpreendido por uma presença inesperada.
— Não perca seu tempo, garotos como você a Candice usa e joga fora como se fosse um absorvente usado. — disse uma voz meio familiar. — Oi nerd, posso sentar aqui?
Antes que eu pudesse responder algo, ela sentou-se e jogou os coturnos pretos e sujos no lado oposto da mesa. Era a menina que estava dormindo na sala quando eu entrei.
— Ah, pode... E não sei do que você está falando. — disse enquanto ajustava timidamente o meu óculos, eu nem precisava mas algo no comentário dela me deixou sem graça. — Eu não estava olhando para ela.
— Não tem problema, é normal. Garotos como você idealizam garotas como ela. — a gótica sorriu e voltou sua atenção para a bomba calórica que estava em sua bandeja.
Observei a garota mal educada que estava dilacerando com as unhas pretas um hambúrguer de carne. Torci o nariz discretamente, sem entender do que exatamente ela estava falando. Franzi o cenho enquanto a observava com atenção, as palavras e modo como agia, julgando-me apenas pelas vestimentas.
— Eu não estou atraído por ninguém, só estava observando o comportamento estranho deles. — retruquei e comecei a tomar meu suco. — O que você quer aqui?
Ela fingiu que eu nem existia e comeu as batatas fritas com as unhas cheias de sal.
— Quero te dilacerar com minhas unhas, arrancar suas vísceras e tomar seus fluidos. — a garota irritante respondeu encarando-me.
Ela disse de uma forma tão séria que por um segundo duvidei de sua sanidade. Fiquei meio boquiaberto, a loira sorria sem parar, notou o meu incômodo e parou de rir.
— Nada. Por que eu iria querer algo? Esse é o único lugar distante daquelas idiotas siliconadas e namorados acéfalos. Se quiser eu posso te deixar sozinho com seu veganismo.
Levantei o indicador em protesto para explicar a diferença entre ser vegetariano e vegano mas ela deixou-me sozinho e saiu fazendo as bijuterias em volta do pescoço chacoalhar com sua saída triunfal.
Suspirei fundo e revirei os olhos, escutava novamente aquele barulho que já se tornou irritante ou eu estava irritado?!
Levei a minha bandeja educadamente ao invés de deixa-lá jogada e sem destino na mesa, levantei e caminhei triunfante indo deixar para a senhora na cantina que olhava de uma forma estranha, pedi para que ela colocasse as frutas em algum outro recipiente.
Ela tinha desconfiança no olhar, entregou-me as frutas, dei para ela uma nota de cinquenta dólares, a funcionária achou que se tratava de alguma pegadinha.
****
Caminhei até a minha sala com as frutas embaladas e fui tecnicamente o último a entrar. A aula ainda não tinha começado, o professor de álgebra estava separando algumas maquetes para nos mostrar alguma parte do conteúdo, o que fez ele nem notar a minha presença, sentei atrás da garota mal educada e rebelde que conheci hoje cedo e guardei na bolsa as frutas.
— Olha, desculpa... Eu não quis te expulsar nem nada... — suspirei baixinho e depois repeti a frase perto de seu ouvido.
Falei baixinho e inclinei-me na minha carteira e pude sentir o cheiro de baunilha dos cabelos da garota que por sinal, me ignorou por completo.
Dei de ombros e fechei os olhos contando até dez, ajustei-me irritadiço na carteira e ouvi algumas risadinhas.
O professor começou a aula e a letra de uma música surgiu repentinamente, apressado, anotei tudo no meu caderno enquanto o professor achava que eu estava anotando o que ele falava.
A aula terminou e metade de uma possível música já estava pronta.
O sinal tocou e todos saíram às pressas para o tão sonhado lar.
Havia esquecido do meu celular que tinha exatamente trinta e duas ligações perdidas do Rick.
Agachei-me para pegar a minha bolsa e quando percebi a loira gótica estava em cima da carteira com o esboço da minha canção em mãos. Ela já estava começando a esgotar minha paciência.
— Falei com você uma vez e já está fazendo um poema para mim? Que fofinho. — ela sorriu e pegou o papel, balançando na minha frente
Acabei entrando na brincadeira sarcástica dela e dei de ombros enquanto fingia não ligar para o papel.
— Você? Que nada... Foi para uma das líderes de torcida que vi no intervalo. Acho que você tem razão, somos como yin e yang. — passei a língua nos lábios e sorri irônico.
Pude ver o sorriso dela se desfazer e largar o papel no ar saindo furiosa pela porta da classe deixando-me sozinho.
****
Fiz a coisa mais insensata que um famoso poderia fazer: voltar sozinho e andando ao invés de chamar um táxi. Acabei encontrando um morador de rua e chamei-o para dar as frutas embaladas que eu havia guardado na bolsa para comer depois, certamente, ele iria precisar mais do que eu.
Ele sorriu agradecido e olhou sem entender a razão da minha boa ação.
Será que as pessoas desconhecem a gentileza gratuita?!
Andei algumas quadras quando senti o cheiro de grama recém cortada invadir as minhas narinas juntamente com uma possível torta de maçã feita por alguma mão abençoada para dar vida àquele aroma magnífico.
Caminhei mais um pouco sem sentir cansaço, acho que a escola ficava próxima do hotel, Rick com certeza iria brigar comigo por causa do meu ato de rebeldia.
Olá pessoal, reduzi o primeiro capítulo e separei o "2 em 1" para que a leitura inicial não ficasse tão extensa e cansativa.
Essa é a minha primeira fanfic, espero que gostem e voltem sempre.
Xoxo ❣
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