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Imperfeito

O resto da semana passou voando, estava usando duas, três "doses" em gramas controladas ao dia, me sentia muito bem e no controle. Talvez Colleman estivesse certo, talvez eu não devesse lutar contra algo que já parecia fazer parte de mim, talvez tudo que eu pudesse fazer era encontrar um meio termo. Mas certamente minha mãe e principalmente a Carolina, não veriam da mesma forma. 
No sábado, fui a reunião do grupo de apoio a dependentes químicos e sinceramente, aquelas duas horas eram mais torturantes do que ficar limpo.

—... E então um dia eu bati na minha mãe pra tirar um cordão que ela tinha de ouro, pra poder vender. Na hora eu não me importei, mas quando eu voltei pra casa e vi o que eu tinha feito, eu decidi que eu precisava parar e eu estou há um ano, três meses e dezessete dias sem usar drogas — um homem loiro que acho que se chamava Jaime disse, todos aplaudiram e eu tentei segurar a risada o que não deu muito certo.

— Quer dividir algo com o grupo, Noah? — O psiquiatra me encarou e eu balancei negativamente a cabeça — Pois eu acho que quer — ele afirmou — faz quase três meses que frequenta o NA e ainda não dividiu nada com o grupo, não acha que está na hora de se abrir?

— Eu não curto esse lance de me abrir não — falei em tom debochado me recostando a caldeira e ele continuou a me encarar seriamente — É que eu não tenho muito o que dividir, eu nunca roubei, ou me prostitui ou agredi pessoas pra me drogar. Já me meti em encrenca por causa de drogas sim, mas não por estar usando.

— Então não admite que tem uma dependência?

—Eu admito ou não estaria sendo obrigado a vir aqui toda a semana, mas é algo bem mais suave do que o desse pessoal aí — corri o olhar pela sala.

— Nem todos aqui tem uma estrutura como a sua Noah, boa parte dos viciados tem de arrumar maneiras de sanar o vício. Felizmente, até onde eu sei, você sempre esteve bem amparado financeiramente, faz terapia desde jovem e tinha internações a disposição quando as coisas fugiam do controle e é claro sua família. Mas diferentes das nossas experiências, todos aqui buscamos a mesma coisa; nos manter limpos o que é uma luta árdua e diária, então porquê não divid com os colegas as suas experiências meu jovem — ele me encarou e eu soltou um sorriso amarelo.

" O que eu devia dizer? Olá eu sou Noah Johnson e estou limpo há três horas e meia?"— pensei. De qualquer forma não podia ficar calado ou logo o psiquiatra entraria em contato com a minha mãe pra falar que eu não estava cooperando com a terapia e aí sim as coisas ficariam feias.

— O meu nome é Noah... Eu tenho vinte anos e eu não sou perfeito... Bom, eu tinha uns oito anos quando tomei meu primeiro porre. Com uns dez ou onze eu experimentei maconha pela primeira vez e conforme eu fui crescendo, experimentei outras coisas. Mas nada me deixou tão feliz quanto a heroína, foi tipo amor a primeira agulhada — brinquei e senti um aperto no peito — Eu não saberia descrever a sensação que é, não tem palavras, é absoluto, é como o melhor orgasmo que você teve na vida só que ele dura muito mais. É uma viagem pra um universo paralelo onde não existe dor, medo, raiva, não existe nada e nada pode te machucar— falei com toda a sinceridade — o ruim é quando o efeito passa e tudo vira uma merda de novo e o seu corpo parece que não é mais seu, a sua cabeça fica latejando e ... Ah eu nem sei porque eu tô explicando, acho que a maioria aqui sabe como é.

— Não Noah, cada um tem uma experiência diferente com as drogas, fico feliz que tenha se aberto com a gente hoje — o psiquiatra sorriu para mim — pode nos dizer a quanto tempo está limpo?

— Eu não estou — falei e encarei os olhares inquisitivos na minha direção.   — Eu queria dizer que eu estou indo bem, que não uso mas drogas há meses, mas eu estaria mentindo. E eu não preciso mentir pra vocês, pouco importa o que pensam de mim, e tem aquele termo médico e paciente ...  Mas eu vou tentar de novo... E eu vou conseguir, eu só preciso de mais tempo, preciso que as coisas estejam melhores... No momento eu estou fazendo nove matérias de engenharia, estou longe da minha namorada há meses, descobri que tenho um irmão gêmeo, mas ele mora em outro país e talvez nunca a gente se conheça e o meu pai, ele me odeia... — desabafei com sinceridade sentindoeus olhos arderem — e eu, eu finjo que odeio ele também e que não me importo, mas toda vez que a minha mãe nos obriga a conviver e ele me olha daquele jeito... Tudo que eu vejo nos olhos dele é decepção, nojo, desprezo e por mais que ele seja um idiota, tudo que eu queria era ser o pequeno rebatedor dele de novo... — tentei controlar as lágrimas quentes que rolaram pelo meu rosto — Eu devo ser um tremendo imbecil.

— Não é, obrigada por compartilhar conosco Noah — O psiquiatra disse assentindo com a cabeça.

— Não vão me chingar por eu não estar limpo?— olhei para os lados confuso.

— Não, aqui é um espaço para que todos possam se abrir, sem julgamentos. A pior coisa de ter um vício é enfrentar a forma como todos nos vêem, é uma luta constante, todos os dias, aqui é nosso lugar seguro. Estou feliz que tenha falado a verdade, admitir é o primeiro passo.— ele falou com um sorriso simpático.

Okay, talvez eu estivesse errado sobre a terapia, eu estava um pouco mais aliviado quando sai de lá, tanto que nem voltei a usar nada naquele dia. Porém no outro já acordei com uma fissura irresistível que me levou ao pó, antes mesmo do café da manhã.

— É sério isso, Noah? — Dustin me olhou de cima abaixo ao abrir a porta do banheiro e me pegar no flagra — Olha só maconha, um baseado que outro okay, ninguém vai preso ou ser expulso da universidade por isso, mas seja lá o que é isso que está usando é bom achar outro lugar pra guardar. Escolher se matar aos poucos é decisão sua, mas eu é que não vou perder a minha bolsa que batalhei tanto pra ter porque o meu colega de quarto quer ficar chapado.

— Eu não estou chapado, tá bom? — falei lavando o rosto da pia — Isso é só paliativo, é justamente pra evitar que eu faça merda e exagere, encare como parte do tratamento.

— Ah okay, até porque eu emagreci quarenta quilos comendo um bolinho por dia e não cinco. — ele revirou os olhos — Qual é Noah? Você tá se drogando não se tratando, quer enganar a quem?

— Quer parar de comparar tudo com o seu projeto fitness, senhor perfeição? — Eu estou sob controle, eu tô usando duas, três no máximo e estou muito bem obrigado, então, não enche...— Respondi empurrando a porta do banheiro que foi segurada por ele.

— Duas, três, que em breve serão quatro ou cinco e depois seis ou sete... Você sabe muito bem como isso funciona. De qualquer forma, faz o que quiser, só mantenha a suas porcarias fora desse quarto porque se eu pegar isso por aqui ou você usando aqui dentro de novo, eu vou te denunciar — ele falou seriamente e voltou a se afastar.

Vi ele pegar a mochila, os livros e sair batendo a porta. O que Dustin sabia sobre isso? E que porra era aquela dele querer comparar heroína com comida? Por acaso ele teve calafrios, febre, devaneios e ânsia de vômito por horas seguidas por ficar sem comer chocolate? Certamente que não, ele não tinha a menor ideia da intensidade de uma crise de abstinência, da força descomunal que eu tive que fazer toda a vez que sentia vontade de usar, vontade essa que não diminuía com o tempo, ela continuava lá, o tempo todo, como aquela maldita maçã vermelha no paraíso, me tentando, me chamando, esperando a menor brecha pra se apoderar de mim novamente. E o último final de semana, foi a prova de que eu não conseguia resistir, eu precisava dela, mas eu iria me controlar, ia fazer como Colleman e tantos outros por aí, que usam as drogas para estimular suas vidas, carreiras, amenizar as dores, mas sem deixar que tomassem conta. Um meio termo... Afinal, eu sempre gostei de tudo meio cinza....

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