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Capítulo 9: Sweet Dreams

Domingo, 01 de março de 2020.

   Domingo é de longe um dos dias que mais divide opiniões, uma vez que, para algumas pessoas, trata-se de um dia extremamente tedioso, e para outras, pode ser tanto um dia como qualquer outro — produtivo — ou mesmo um momento perfeito para descansar e repor as energias da semana conturbada de trabalho.

   Para Nemu, o domingo era basicamente um dia de possibilidades, pois era o único dia da semana para o qual ela não tinha uma rotina esquematizada.

   Abriu os olhos, despertando naturalmente de um sono tranquilo e restaurador. Havia pouca claridade no quarto, e os raios de sol que invadiam o ambiente através das frestas da cortina permitiam que ela conseguisse enxergar tudo ao seu redor, mas sem irritar-lhe os olhos.

   Encarou seu pequeno relógio lilás que ficava no criado mudo ao lado direito de sua cama, constatando que faltavam doze minutos para as nove. Um movimento espontâneo chamou sua atenção para o homem que dormia ao seu lado — ele havia acabado de mudar sua posição — e ela o encarou por alguns segundos, contemplando a serenidade de sua expressão, ainda em sono profundo.

   Uma das coisas mais engraçadas de se conhecer — e se relacionar — com alguém por muito tempo, é que de uma maneira estranha e reconfortante, nos sentimos tão conectados ao outro, tendo a frequente sensação de que ambos são partes individuais de uma coisa só.

   Nemu entrelaçou seus dedos nas mechas azuis de seu par, fazendo com que ele despertasse, encarando-a com seus olhos amarelos. Não disseram absolutamente nada — palavras nunca foram necessárias entre eles — embora existisse muita comunicação e sinceridade em sua relação, mas que na maioria das vezes, não ocorria verbalmente.

   Ele a puxou para si, beijando-a lentamente, e o fato de estarem nus facilitava muito o que estava por vir. Sexo pela manhã era algo extremamente comum entre os dois — nada exagerado — trinta minutos, um orgasmo para cada, e a quantidade certa de ocitocina para iniciarem o dia de forma satisfatória.

   Relações mais lentas, com direito a preliminares e um número não definido de orgasmos, eram reservadas para a noite — pois quando estivessem satisfeitos e acabados, dormiriam maravilhosamente bem — mas, esse tipo de coisa não era apropriada para o período da manhã, pois corriam o sério risco de dormirem demais e procrastinarem pelo resto do dia.

   Nemu retribuía os beijos com paixão, mas de forma lenta e demorada, no ritmo de quem acabara de acordar. Não demorou muito, ela sentiu o membro ereto do namorado roçando em sua intimidade que, pouco a pouco, tornava-se mais úmida. Ela esticou a mão até alcançar a gaveta do criado mudo, retirando um preservativo de lá, e posicionando-se acima do homem que mal havia despertado e já ansiava por ela.

   Sob o olhar atento dele, ela abriu a camisinha, vestindo-o com maestria e delicadeza — ato que ela sabia, instintivamente, que o deixava ainda mais excitado — encaixando-se nele logo em seguida. Sentiu a vagina contrair, e sem mais delongas, iniciou deliciosos movimentos de vai e vem.

   Com os olhos fechados, completamente absorta e concentrada em ditar o ritmo, sentia o pênis latejar suavemente dentro de si, deixando um gemido escapar de seus lábios. Nemu adorava aquela posição, e sabia que Mayuri também. Ele repousava uma das mãos na cintura dela com leveza — sabia que ela gostava de estabelecer o ritmo sozinha — mas puxava seus longos cabelos com a outra, fazendo com que ela sentisse seu desejo por dominá-la, mesmo quando permitia que ela o dominasse.

   Aos poucos, Nemu acelerava os movimentos, mirando seus belos olhos verdes em seu parceiro, que se deleitava com a visão de seus seios e as expressões em seu rosto.

   Nemu era conhecida por sua constante cara de paisagem, mas tornava-se incrivelmente expressiva ao transar e, naquele momento, prazer e desejo estampavam-se em sua expressão, denunciando que logo ela chegaria ao ápice.

   O ritmo tornava-se frenético, ela apoiava os braços na cama, movimentando-se cada vez mais rápido, naquela posição privilegiada que lhe permitia estimular o clitóris, ditar a velocidade e receber uma profunda e vigorosa penetração. Em meio aos movimentos rápidos e respirações descompassadas, atingiu seu orgasmo, soltando um gemido alto enquanto todo seu corpo tremia.

   Alguns segundos se passaram, e quando a sensação arrebatadora de gozar começava a deixá-la, Mayuri inverteu as posições em um movimento rápido e habilidoso, posicionando-se entre as pernas de Nemu e invadindo-a com desejo. Ele segurava as mãos dela junto ao colchão, numa posição que a fazia sentir-se dominada e rendida, enquanto ele a penetrava de maneira que beirava a urgência.

   Ela observava o rosto dele contorcendo-se de prazer, o suor escorrendo em seu bem definido abdômen, atenta a cada uma de suas expressões e sons. Nemu adorava a expressão de Mayuri ao gozar, e naquele momento, quando o sentiu tremer acima de si, sorriu levemente. Vê-lo satisfeito lhe gerava uma sensação de prazer — quase tão boa quanto seu próprio orgasmo — e quando seus olhares se cruzavam, podiam contemplar a satisfação mútua gerada por aquele ato.

— Bom dia — disse Nemu, encarando Mayuri enquanto ele retirava-se lentamente de dentro dela.

— Bom dia — respondeu ele, exibindo uma expressão maliciosa.

   Ele foi até o banheiro e ela pôde ouvir o som da banheira enchendo. Nemu ficou alguns minutos a mais na cama, até criar coragem de levantar-se e começar o dia.

   Quando enfim conseguiu se levantar, esticou os lençóis e arrumou a cama — agradecendo mentalmente por sempre usar preservativos — já que ela tinha acabado de trocar os lençóis no dia anterior, e eles continuavam limpos e cheirosos. Nemu seria capaz de escrever uma tese apenas listando todas as vantagens de se usar camisinha, pois tinha plena consciência de que elas — além de evitar filhos e DST's — também possuíam outras inúmeras utilidades.

   Entrou no banheiro, prendeu os cabelos num coque alto, escovou os dentes, e juntou-se a Mayuri na banheira.

— Quais os planos para hoje? — ela perguntou, apoiando os pés no peito dele.

— Pretendo terminar aquele artigo sobre hormônios sintéticos — respondeu com um tom um tanto aborrecido. — Mas não tenho certeza se vou conseguir.

— Por quê?

— Zaraki ficará a tarde toda "treinando" com os lunáticos de sua divisão — disse revirando os olhos. — O que significa que vou ter que ficar de babá.

— Se tudo der errado, você ainda terá a noite toda — respondeu Nemu, enquanto espalhava o sabonete líquido em sua pele alva.

— De fato, mas eu gostaria de trabalhar no repertório da próxima Rave, já que as próximas semanas serão um pouco tumultuadas.

— O que tem em mente?

— Alguma base new wave ou synthpop, a mixagem é o de menos, queria alguma inspiração, mas... — Suspirou profundamente. — Neste exato momento estou sem ideias.

— Vou pensar em algo — ela respondeu calmamente. — Essa festa vai ser grande, bem remunerada, então precisamos dar o nosso melhor.

— Se pelo menos o arrombado do Kyōraku liberasse a verba de que preciso, já estaríamos começando a produzir as novas drogas, e não demoraria tanto para negociar um contrato com alguma empresa farmacêutica — comentou irritado. — Nesse ritmo, não conseguiremos o dinheiro em menos de dois anos.

— Entendo a sua frustração, mas esse é a apenas o pior cenário, e nem é tão ruim — respondeu Nemu. — Consegui uma nova inquilina, e se tudo der certo na próxima festa, podemos tocar em outras maiores e melhores.

— Tinha me esquecido desse detalhe — disse Mayuri. — Você já discutiu os termos com Sarugaki-San?

— Ela virá almoçar comigo hoje, mas por mim já está tudo certo.

— Você parece gostar daquela garota — Mayuri comentou, soltando um de seus risos irônicos. — Será que ela continua tão barulhenta e insuportável quanto antes?

— Eu gosto dela — disse Nemu, sem emoção. — E sei que você também não a menospreza, deve até sentir falta de vê-la batendo em Urahara-San.

   Mayuri riu com gosto, e Nemu dirigiu-lhe um leve sorriso, era sempre gratificante fazê-lo rir, pois ele era a única pessoa no universo que compreendia seu senso de humor.

— Ela é uma criatura tão minúscula, barulhenta e irritante — ele disse após parar de rir. — Mas, confesso que me divertia com ela surtando e batendo naquele homem desagradável.

   Ao contrário de Nemu, Mayuri jamais afirmaria "gostar" de alguém, se ele não detestasse a pessoa, já era uma grande coisa. Mas, o fato é que ambos conviveram com Hiyori Sarugaki por cinco anos, por serem todos membros da 12ª divisão, e embora não fossem íntimos dela, estavam familiarizados com seu temperamento, que de fato, não era dos mais tranquilos.

  O líder-orientador da 12ª divisão era o professor e pesquisador Kisuke Urahara, o vice-orientador era Mayuri Kurotsuchi — que definitivamente detestava Kisuke — e os três assistentes eram Hiyori, Nemu e Akon. Os cinco compunham a liderança da divisão, cujos focos eram Kendo e Taekwondo.

   Embora Hiyori tenha ficado um ano fora do país, Nemu tinha absoluta certeza de que ela retornaria ao seu posto de origem, pois elas tinham praticamente a mesma quantidade de força e habilidades, sempre empatando uma com a outra nas fases internas dos campeonatos.

   A hierarquia do Gotei 13, muitas vezes, não tinha ligação direta com a força e habilidade da pessoa. Hiyori era 1ª assistente e Nemu 2ª, pois ainda que tivessem habilidades equivalentes, a loirinha tinha a função de auxiliar o líder-orientador, e Nemu a função de auxiliar o vice-orientador, enquanto Akon, que era o 3º assistente — e não era tão forte e habilidoso quanto as duas colegas — tinha a função auxiliá-las no que fosse necessário.

   Sem falar que, muitas vezes, a pessoa simplesmente optava por permanecer na própria divisão — por questões de afinidade — ao invés de mudar-se para outra, onde poderia ter uma posição hierárquica de maior prestígio.

   Nemu e Mayuri eram simplesmente inseparáveis desde a primeira série. Ela vinha de uma família rica e tradicional de Osaka, enquanto ele era um órfão que, por ser extremamente inteligente, conseguiu uma bolsa de estudos no mesmo colégio que ela estudava.

   Eram ambos preteridos pelos demais estudantes, ela por receber uma educação rígida e tradicional, falando e se expressando pouco e sendo obrigada a se sair bem em tudo — como uma legítima dama japonesa da alta sociedade — e ele, por ser um pobretão bolsista e órfão, cujos olhos eram de uma cor extremamente diferente.

   Por serem ambos "isolados" sentavam-se juntos para fazer as refeições, jogavam xadrez e sempre faziam dupla um com o outro nos trabalhos escolares. Mayuri sempre teve um grave problema de temperamento, irritando-se facilmente com a imensa maioria das pessoas — quase foi expulso da escola, por brigar com outros garotos — enquanto Nemu era a serenidade em forma humana.

   Ambos gostavam de ciências, embora fossem excelentes em todas as matérias. Mayuri sempre soube o que queria: ser um cientista e pesquisador, na mais prestigiada Universidade do Japão. Quando eram crianças, Nemu adorava ouvi-lo falar sem parar das coisas que pretendia estudar, seus planos para o futuro, e sentia um enorme desejo de poder acompanhá-lo em todas aquelas empreitadas.

   Infelizmente, a mãe de Nemu havia planejado todo um futuro para ela: além da escola cara, tinha aulas de etiqueta, música, idiomas estrangeiros, e quando fosse prestar vestibular, deveria estudar em Tóquio — como todas as mulheres da família — e arrumar um marido rico.

   Seireitei não era uma Universidade qualquer, era um lugar para gênios, e o fato era que mesmo Nemu tendo a obrigação de ser uma mulher inteligente e fina, genialidade era constantemente relacionada à excentricidade na alta sociedade tradicional japonesa, e sua mãe certamente não desejava que ela fosse uma mulher genial, pois isso não a ajudaria a atrair um marido rico.

   Mas, ela não estava conformada com aquele rascunho para o seu futuro, e determinou-se a conseguir mudar seu destino. Quando tinha dez anos de idade, ela confidenciou seus planos para o futuro ao pai, que garantiu apoiá-la quando chegasse a hora. A mãe sempre procurou mantê-la distante do pai, afirmava que sua educação era algo que apenas ela deveria gerenciar e aparentemente o marido estava de acordo com tal postura, mas ainda assim, Nemu sempre sentiu que ele era mais maleável e que se importava com seu bem estar, diferente da mãe, que parecia odiá-la em segredo.

   Quando ela e Mayuri tinham doze anos de idade, algo terrível e maravilhoso aconteceu. O diretor da escola, com a permissão do diretor do orfanato onde Mayuri vivia, decidiu submetê-lo a diversas provas, pois era visível que ele tinha uma inteligência muito acima de sua idade. E então, o inesperado ocorreu: Mayuri foi aceito no curso de química da Seireitei, aos doze anos de idade. Seu sonho havia se transformado em realidade, seis anos antes do planejado.

   Quando recebeu a notícia, Nemu ficou sem chão, chorou de felicidade e desolamento, pois estava feliz por Mayuri, mas não desejava perdê-lo. Ele era seu único amigo, a única pessoa com quem conseguia se comunicar de forma satisfatória, a única pessoa que sempre lhe mostrava formas diferentes de ver o mundo e o único que parecia acreditar em seu potencial.

   Antes de partir, em meados de fevereiro de 2007, Mayuri a presenteou com uma gargantilha de veludo vermelho — algo que a mãe a mataria se a visse usando — e prometeu mandar-lhe um e-mail por dia, todos os dias, até ela juntar-se a ele na Seireitei.

   Nemu amaldiçoava a própria inteligência, podia ser a melhor da turma, mas não o bastante para ser um gênio como Mayuri. Amaldiçoava o futuro que a mãe planejava para ela, e temia que Mayuri simplesmente a esquecesse, pois iria para uma distante ilha em Okinawa, enquanto ela teria mais seis anos escolares pela frente em Osaka.

   Apesar das incertezas e medos em relação ao futuro, ela continuou dando o melhor de si nos estudos, relembrando o pai da promessa que fizera sempre que tinham um momento a sós, e trocando emails com Mayuri, sonhando com o dia em que iria encontrá-lo novamente.

   Os anos passavam, e Mayuri continuava cumprindo sua promessa, falava com ela todos os dias por email ou mensagens de texto, lhe enviava materiais de estudo, e até conseguiu ir visitá-la em 2010, escondido da mãe dela. Aos poucos, a amizade que nutria por ele se transformava em algo diferente, aumentando ainda mais sua motivação para conseguir uma vaga em Seireitei.

   Em 2011, o pai de Nemu faleceu em razão de uma parada cardíaca e, novamente, ela viu seu mundo todo virar de cabeça para baixo. Desesperou-se com a perspectiva de não obter o apoio dele, e ainda mais por se ver sozinha com alguém que ela sentia do fundo de sua alma que a odiava. Por sorte, o pai havia deixado um testamento, que obrigava a mãe arcar com todas as suas despesas em Seireitei — se ela fosse aprovada na instituição — enquanto ela fosse solteira, ou seja, se ela não estivesse casada nem em união estável com ninguém.

   Naquele dia, a mãe lhe deu um tapa tão forte no rosto, chegando a deixá-lo marcado. O pai de Nemu havia sido tão ardiloso, que não deixou nenhuma brecha para a mãe tentar impedi-la, obrigando-a, inclusive, a levar Nemu para prestar o vestibular, pelo menos três vezes. Ela se formou no ensino médio em 2013, e foi aprovada em Seireitei logo na primeira tentativa, iniciando a graduação em química em 2014. A esta altura, Mayuri já estava terminando o mestrado, e daria início ao doutorado.

   A mãe de Nemu comprou um apartamento para ela morar, e lhe mandava uma mesada todos os meses, com a quantia exata para suas necessidades mais básicas, mas ela sabia que assim que terminasse seus estudos, ou desejasse morar com Mayuri ou mesmo casar-se com ele, ela não veria mais nenhum tostão, e a mãe faria de tudo para deserdá-la e se certificar que ela não recebesse absolutamente nada do patrimônio de seu pai. O apartamento estava no nome da mãe, e em razão das regras estabelecidas pelo próprio testamento, estava impedida de morar com Mayuri, enquanto recebesse a ajuda financeira.

   Nemu trabalhava em festas Rave e boates com Mayuri — pois isso rendia mais que qualquer emprego de meio período que arrumasse — e alugava um quarto de seu apartamento para outras garotas, a fim de juntar dinheiro suficiente para comprar uma casa, quando enfim perdesse a ajuda financeira que ela só tinha graças ao pai.

   Ela perderia sua herança milionária, mas desejava aproveitar o tempo que tinha para tentar garantir algum conforto para o futuro, esforçando-se ao máximo em sua carreira acadêmica, pois desejava lecionar um dia em Seireitei.

— Pretende ficar para o almoço? — perguntou Nemu a Mayuri, enquanto penteava os cabelos após sair do banho.

— Não — ele respondeu enquanto vestia suas roupas. — Acho melhor vocês terem privacidade nesse reencontro, para discutirem o que for preciso com calma.

— Você que sabe — ela concordou tranquilamente.

— Sabe que prefiro almoçar aqui, mas Yachiru me infernizou a semana toda dizendo que queria comer guioza no domingo, e o idiota do Zaraki não sabe nem fritar um ovo — comentou Mayuri com seu usual tom aborrecido.

— Se vai fazer guioza, traga alguns para mim à noite — pediu Nemu.

— Trarei.

   Quando Mayuri foi embora, Nemu passou a organizar algumas coisas e a preparar o almoço para receber Hiyori. Era engraçado, e até uma feliz coincidência que elas fossem dividir apartamento agora que a loirinha tinha voltado ao Japão, pois no final de 2018, um evento inesperado as aproximou, e Nemu achava uma pena o fato de não terem tido mais tempo para se tornarem amigas.

   Nemu não tinha facilidade em fazer amigas, havia Mashiro Kuna, que era uma colega da química e faziam mestrado juntas — não eram íntimas, mas tinham uma boa amizade — e havia também Nanao Ise e Rangiku Matsumoto, que eram suas amigas do clube de cerimônia do chá.

   Apesar da constante cara de paisagem, Nemu estava feliz por reencontrar Hiyori, e sua intuição lhe dizia que iriam conviver muito bem.

Terça-feira, 27 de novembro de 2018.

   Era terça-feira, e Nemu havia tido um dia extremamente cansativo, com direito a aulas, treinos, tendo acabado de sair de uma reunião com sua orientadora, em que discutiam os últimos detalhes de seu TCC. O último ano da graduação era muito atribulado, mas ela não reclamaria, pois pretendia iniciar seu mestrado logo em seguida, onde muito provavelmente as coisas não se tornariam mais fáceis.

   Dirigiu-se ao banheiro que ficava próximo ao restaurante universitário, não tinha tido tempo de alimentar-se corretamente, então como faltava pouco para as 19h, planejava jantar por lá mesmo.

   Entrou em uma das cabines e foi fazer xixi, e então ouviu algumas vozes femininas adentrando no banheiro.

E ele não disse por que não quer mais sair com você? — perguntou uma voz suave e levemente afetada.

Não — respondeu uma voz irritada. — Mandei inúmeras mensagens para aquele idiota, e ele simplesmente me ignorou.

Eu te avisei que aquele tal de Shinji era um galinha inescrupuloso — disse uma terceira voz feminina, mais grave que as outras duas. — Não devia abrir as pernas para qualquer um...

Eu nem cheguei a dar pra ele, Mila Rose! — respondeu a mesma voz irritada. — Nós saímos duas vezes no mês passado, demos uns pegas, ele disse que ia me ligar e sumiu.

Sinal que você é bem ruinzinha de serviço — comentou a primeira voz, soando ainda mais afetada. — Ouvi dizer que ele comeu metade das garotas do campus.

Vai se foder, Sung-Sun! — bradou. — Esses boatos são puro exagero, se não fosse aquela pirralha remelenta, nós estaríamos namorando.

Fala daquela amiga de infância dele? — perguntou Mila Rose.

Amiga de infância o caralho! Hiyori isso, Hiyori aquilo — respondeu raivosa. — Que vontade de quebrar a cara daquela loira sonsa.

   Nemu reconheceu as vozes e nomes das garotas que conversavam, enquanto ela trocava seu absorvente, e prestava atenção na conversa, já que era praticamente impossível ignorar. Se perguntou se deveria enrolar um pouco mais na cabine, pois aquelas três eram Arrancars extremamente desagradáveis, e ela odiaria ter que lidar com elas, caso implicassem consigo.

   De repente, Nemu ouviu o som de uma das portas sendo aberta violentamente.

Yo, Apacci-San — disse uma voz que Nemu reconhecia como sendo de sua colega de divisão, Hiyori. — Vem aqui quebrar minha cara então, sua filha da puta!

   Nemu abriu a porta instintivamente, pois sua intuição jamais errava, e ela sabia que aquilo viraria uma grande merda. Ao sair da cabine, deparou-se com Hiyori defendo-se sem nenhum esforço dos ataques de Apacci, e acertando-lhe um belo soco na cara.

Segurem ela! — Gritou Apacci com uma das mãos no rosto, tentando aliviar a dor do soco que levara.

   Mila Rose e Sung-Sun agarram Hiyori, que era muito menor e mais leve que elas, e seguraram-na para que Apacci lhe batesse. Embora não fossem tão habilidosas quanto Hiyori, elas eram Arrancars, e sabiam lutar.

   Nemu se moveu rápido, e quando Apacci preparava-se para socar Hiyori, ela a agarrou pelo braço, imobilizando-a e batendo o rosto dela na pia de mármore.

   O que houve depois disso, simplesmente não há palavras para descrever. Hiyori e Nemu apanharam um pouco, mas os pequenos hematomas e arranhões não eram absolutamente nada comparados ao fato de que haviam quebrado o braço de Apacci, estourado o Nariz de Mila Rose, e arrancado os brincos de Sung-Sun, levando um pedaço de suas orelhas junto.

   Nemu encarou as três Arrancars caídas no chão do banheiro por um momento, então resolveu adverti-las.

Se contarem a alguém o que houve aqui, será a palavra de duas pessoas do Gotei, contra a de três Arrancars — afirmou sem nenhuma emoção. — Se abrirem a boca, farei com que sejam expulsas da Universidade.

   Dito isso, pegou sua bolsa do chão e retirou-se do banheiro, junto com Hiyori.

Nemu-San — disse Hiyori em um tom levemente constrangido. — Obrigada.

Não foi nada — respondeu Nemu.

Você pode arrumar problemas por ter me ajudado — Hiyori comentou, olhando-a nos olhos.

Elas não dirão nada, Sarugaki-San — respondeu Nemu com sua usual cara de paisagem. — As três foram expulsas do Gotei, e não vão arriscar serem expulsas da Universidade.

   Hiyori encolheu os ombros, e pareceu ponderar por um momento.

Posso pagar o seu jantar pelo menos? — perguntou a loirinha olhando para o chão. — Para retribuir, e não ouse dizer que "não foi nada"!

   Hiyori não pôde ver porque estava encarando o chão, aparentemente constrangida com a situação, mas Nemu sorriu com sua proposta.

Claro — respondeu Nemu. — Estou com fome.

   Dito isso, elas foram com o carro de Hiyori até um restaurante de lámen, pois a pequena loira não gostava da comida do restaurante universitário. Comeram bastante e conversaram, e depois Hiyori lhe deu uma carona até em casa.

   A partir daquele dia, elas passaram a conversar um pouco quando se encontravam, porém o ano letivo estava bem no final, e logo Hiyori foi para os Estados Unidos.

   Nemu decidiu ouvir música enquanto cozinhava, encontrou uma playlist na internet com músicas dos anos 80 e 90 que lhe parecia bastante apropriada, e talvez lhe desse alguma ideia para o repertório da próxima Rave.

   Algumas faixas depois, uma batida familiar e altamente promissora começou a sair das caixas de som de seu computador.

Sweet dreams are made of this
Who am I to disagree?
I've traveled the world and the seven seas
Everybody's looking for something

   Nemu lembrou-se do clipe daquela música imediatamente, pois nele havia uma linda vaca e isso lhe ajudou na hora de decidir o que cozinhar no almoço.

Some of them want to use you
Some of them want to get used by you
Some of them want to abuse you
Some of them want to be abused

   Aquela música era tão boa e, coincidentemente, possuía a base que Mayuri tinha em mente, então decidiu enviar o link para ele, pois quem sabe — com um pouco de sorte — ela o inspirasse também.

   Preparou generosos bifes de carne bovina, arroz, missoshiru e alguns acompanhamentos. Ao meio dia em ponto, o almoço estava pronto, e ela ouviu alguém tocar a campainha. Retirou seu avental e foi atender a porta.

— Yo — Hiyori a cumprimentou. — Há quanto tempo, em?

— Seja bem vinda — respondeu Nemu, sorrindo discretamente, e dando passagem a sua nova colega de casa.

— Que cheiro delicioso — comentou a loira, enquanto tirava os sapatos no hall.

— Chegou em boa hora — disse Nemu. — O almoço está pronto.

   Nemu ficou feliz em constatar que Hiyori era — assim como ela — uma tremenda carnívora, e que não ligava muito para vegetais. Almoçaram animadamente, conversaram sobre o tempo que Hiyori esteve fora, bem como o apartamento, as regras do condomínio e outros detalhes.

   O tempo passou depressa e de forma agradável, então Nemu decidiu convidar Hiyori para dar uma volta, lhe mostrar os estabelecimentos úteis das redondezas, e ir até a belíssima praia que ficava próxima ao prédio, que era de longe a mais deserta de todas que havia na ilha, por ser extremamente funda logo no início e ter ondas mais fortes que as demais, mas que também era um excelente lugar para se fazer uma caminhada.

   Hiyori concordou com a ideia, então elas saíram caminhando tranquilamente pelas ruas, visivelmente satisfeitas com a perspectiva de morarem juntas. Naquele momento, Nemu teve certeza de que ela e Hiyori seriam grandes amigas — e como sua intuição jamais falhava — por trás daquela inabalável cara de paisagem, sentia-se muito feliz.

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