Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 4: Livin' On The Edge

Sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

   Existe coisa melhor do que o cheiro de pão fresquinho recém saído do forno? Pode até ser que exista, mas para Mashiro Kuna, poder sentir aquele aroma era de longe uma de suas maiores alegrias.

   Um dos dias mais felizes de sua vida foi quando conheceu Hachi, logo em seu primeiro ano da graduação, pois ele tinha uma padaria e conforme foram pegando amizade, ele passou a convidá-la para trabalhar com ele meio período durante as férias.

   Mashiro usava um fino vestidinho verde — da mesma cor de seus cabelos — seu lindo avental branco com seu nome bordado, e seu desgastado par de vans. Tinha acabado de tirar uma remessa de pães do forno e, por um instante, apreciou aquele cheirou que tanto adorava com seus olhinhos castanhos fechados. Nada na vida era melhor que aquilo.

   Mas, não há nada que seja bom o bastante que não possa melhorar.

   Entretida e completamente absorta naquela experiência sensorial, abriu os olhos assustada quando sentiu um par de mãos fortes pegando-a pela cintura. Sentia um peitoral rígido e musculoso atrás de si, e arrepiou-se ao receber beijos em seu pescoço. Mesmo sem saber quem era o autor de tão atrevidos gestos, a esverdeada estava adorando aquelas sensações.

   Ao virar-se de frente para o estranho sedutor, quase berrou de susto, mas foi impedida por um beijo completamente apaixonado e cheio de urgência. Entregou-se ao indescritível prazer, beijando com devoção aquele a quem afirmava odiar.

   Sentia-se no céu e no inferno, simultaneamente. O cheiro de pão, o perfume amadeirado de Kensei, somados ao corpo forte dele junto ao dela, e aqueles macios cabelos brancos nos quais ela entrelaçava os dedos, tudo aquilo era maravilhoso, horrível e surreal.

— É claro que não podia ser real. — Pensou. Afinal, ela o odiava com todas as forças.

   Despertou num sobressalto.

— Mas que droga de sonho foi esse? — esfregou os olhos. — Deve ser porque estou no quarto daquele estúpido...

   Mashiro se levantou da cama, e saiu do quarto rumo à cozinha, pois estava morrendo de sede.

   No final do corredor ouviu a inconfundível voz de Shinji. Ficou toda animada, pois estava morta de saudades do amigo, que além de ser mega gentil com ela, também era super divertido.

   "Colchão de ar? Pensei que me ofereceria sua cama, já que sentiu tanto a minha falta. A não ser, que você já tenha a cedido para alguém."

— Sobre o que estão conversando? — Pensou Mashiro, aproximando-se da cozinha.

   "Ah vai à merda, Shinji! Aquela doida chegou aqui ontem à noite, dizendo que tinha cedido a cama para Hiyori, mas que não conseguia dormir no sofá. E você sabe o quanto ela é indecente, não podia deixá-la fazendo exposição da figura aqui na sala."

   AQUELE MALDITO ESTÁ FALANDO MAL DE MIM!

— Kensei malvado! — gritou Mashiro, extremamente irritada ao constatar que aquele cretino platinado estava difamando-a para seu amigo que havia acabado de chegar.

— Malvado? Você invade a nossa casa com a desculpa de que nosso sofá é mais confortável que o de vocês, dorme na minha cama e ainda usa minhas roupas, e eu sou malvado?!

   Mashiro odiava quando Kensei se referia a ela daquelas formas tão pejorativas. Doida, maluca, indecente, ridícula, infantil, pervertida... A lista era longa, mas, Mashiro era uma otimista incorrigível e sempre focava no lado bom das coisas, e o fato era que Shinji estava de volta, e isso era maravilhoso.

— Shinji que saudades de você! — ela gritou com toda a sinceridade do mundo, correndo na direção do amigo, até ser violentamente interceptada pelas mãos brutas de Kensei.

   Aquelas mãos. Sim, aquelas do sonho.

— Vai vestir uma roupa decente, mulher! — ele gritou com ela, visivelmente irritado.

   Quem ele pensava que era para lhe dar ordens?

— Kensei estúpido, ta me machucando — protestou, tentando se desvencilhar dele. — Eu estou muito bem vestida e quero abraçar meu amigo!

— Bem vestida o caralho, você vai ver quem é o estúpido!

   Dito isso, ele a jogou em seu ombro e saiu carregando-a pela casa.

   Como aquele maldito podia ser tão atrevido? Se ela quisesse abraçar Shinji pelada, ainda sim, não seria da conta dele. Eles não namoravam ou ficavam, nem nada! Aquilo era simplesmente ridículo.

— Kensei seu bruto, me solta! — ela protestava em vão, socando as costas largas dele com toda a força.

   Quando chegaram ao quarto, ele a jogou na cama e disse:
— Você só sai daqui quando estiver vestida. — Batendo a porta na cara dela e trancando-a lá dentro.

   Por pouco a porta não acerta seu nariz. Mashiro estava completamente revoltada.

— Kensei idiota, você não manda em mim! — gritava socando e chutando a porta.

   E quando estava prestes a ter uma síncope, ouviu a voz calma de Shinji. "Também estou com saudades, mas você está usando as roupas do Kensei, coloca as suas e vem me ajudar com o almoço? Vamos fazer um churrasco, como nos velhos tempos".

   Mashiro era uma otimista e, como sempre, ela focaria no lado bom. Não iria estragar o dia por causa das atitudes de Kensei.

— Tá bom — respondeu com seu natural tom infantil e manhoso.

   Ela vestiu suas roupas e foi até a cozinha ajudar Shinji. Lá chegando sentiu que algo estava errado. Ele estava apoiado na pia da cozinha e parecia estar passando mal. De alguma forma sabia que aquilo tinha algo a ver com Hiyori. Ela sabia que eles tinham brigado, mas não o motivo e muito mesmo o quão grave tinha sido.

   O que ela sabia com certeza é que melhores amigos não deixam de se importar um com o outro, mesmo que estivessem brigados.

   Na noite anterior, Hiyori estava estranhamente serena, contida e um pouco triste. A pequena tinha feito um esforço enorme para não tocar no nome de Shinji, porém, ao final da noite ela não resistiu e perguntou por ele. Naquele momento Mashiro teve a certeza de que o que quer que fosse que tivesse acontecido com eles, não tinha destruído aquele sentimento bonito que um nutria pelo outro.

   Ela confortou Shinji da forma que julgou ser a mais correta, e sentiu que ele ficou melhor com isso. Eles cozinharam juntos e falaram mais um pouco sobre Hiyori na sala, e poucos minutos depois, a loirinha atarracada chegou acompanhada de Lisa.

   Shinji ligou a churrasqueira elétrica que havia trazido e começou a assar as carnes, enquanto os outros sentavam junto a mesa que os rapazes haviam colocado na varanda, e começaram a tomar cerveja e beliscar alguns acompanhamentos.

— E aí Hiyori, como foi em New York? — perguntou Rose, fazendo um gesto engraçado ao pronunciar o nome da cidade.

— Foi muito louco! Fique passada com a facilidade em arrumar drogas naquela cidade — ela respondeu, enquanto devorava uma espiga de milho com manteiga.

— Foi pros Estados Unidos pra virar nóia é, pivete? — perguntou Kensei.

— Pivete é o caralho — ralhou Hiyori. — Óbvio que não, jamais usei aquelas porcarias, mas era estranho ser algo tão fácil de encontrar na universidade, nas festas, e em um monte de outros lugares. Não é como aqui no Japão, sabe?

— Você foi a muitas festas? A música era boa? — Love perguntou.

— Fui sim, e as músicas eram ótimas. — Deu um gole na cerveja. — Não sei como é em outros lugares, porque só fui a festas em Nova Iorque, mas as que eu fui foram bem legais, exceto pela quantidade ridícula de nóias.

   Mashiro ouvia a conversa dos rapazes com Hiyori, enquanto Lisa conversava com Shinji ao lado da churrasqueira.

— Beijou muitos gatinhos americanos? — perguntou a Vizard de cabelos verdes.

— Você continua pervertida, em, periquita! — brincou Hiyori.

   Mashiro amaldiçoava o dia em que Lisa lhe deu aquele apelido. Ela podia ser muita coisa, mas definitivamente não era uma ave. Preferia ser chamada de arbusto, já que o objetivo era fazer referência aos seus cabelos verdes, mas desistiu de reclamar, pois notou que quanto mais ficava brava, mais o apelido pegava, então simplesmente fingia não se importar.

— O que tem de mais? Ficou um ano fora do país e não aproveitou para pegar nenhum estrangeiro bonitão? — Mashiro jogou verde, e olhou discretamente para Shinji, a fim de verificar as reações do amigo, pois nada lhe tirava da cabeça que a relação dele com Hiyori podia ser bem mais do que apenas uma amizade de longa data.

   Ele olhou na direção delas por um momento, certamente estava atento ao que diziam, mas continuou conversando com Lisa.

— Se eu peguei ou não simplesmente não é da sua conta, sua atrevida — Hiyori respondeu, claramente querendo mudar de assunto.

   Quando a loirinha não estava por perto, Mashiro e Lisa conversavam sobre o comportamento da amiga e suas possíveis inclinações, já que era quase impossível falar sobre esses assuntos com a mesma. Lisa acreditava que Hiyori não gostava de garotos, já Mashiro, achava que Hiyori era hétero, mas muito provavelmente virgem e sem experiência com essas coisas.

   Hiyori não dava confiança alguma a elas quando puxavam papos desse tipo, e escorregava igual quiabo quando coisas assim entravam em pauta.

   Já Shinji era um baita dum galanteador e estava sempre cercado de mulheres, elogiando-as e chamando-as para sair, podendo ser facilmente confundido com um perfeito "galinha".

   Se ele ia para as vias de fato ou não, era um completo mistério, mas seu comportamento durante toda a graduação havia sido daquele jeito.

   A única mulher por quem ele jamais demonstrou interesse, nem elogiava ou dava de cima era Hiyori, pois estavam sempre brigando, se batendo, jogando vídeo game, bebendo, debatendo assuntos polêmicos e fazendo milhares de outras coisas juntos. Mashiro desconfiava daquele comportamento mais do que tudo, e estava curiosa para ver como as coisas seriam a partir de agora.

   A primeira remessa de carne havia sido servida e todos passaram a comer alegremente.

— Hummm Shinji, seu churrasquinho é sempre uma delícia — disse Mashiro, enquanto comia seu espetinho de carne bovina com pimentão e cebola.

   Shinji entregou um espeto para Hiyori, contendo apenas pedaços de carne, pois sabia que ela não comia cebolas ou pimentões, já que era uma fresca de paladar infantil. Ela pegou o espetinho das mãos dele e passou a devorá-lo imediatamente com uma expressão feliz.

— Senti tanta falta disso — Hiyori comentou.

— Do churrasco ou do Shinji? — perguntou Mashiro.

— Que pergunta mais besta! É óbvio que é do churrasco.

   Mashiro riu da amiga, mas estranhou o silêncio de Shinji que estava comendo uma espiga de milho com uma mão, enquanto virava as carnes da churrasqueira usando a outra.

   Se as coisas estivessem normais, ele certamente responderia dizendo que Hiyori não sabia viver sem ele e continuariam brigando até começar a trocar tapas. No entanto, ele não havia dito absolutamente nada, e isso deixava claro que as coisas eram mais complicadas do que Mashiro poderia supor.

   Foi desviada de seus pensamentos com a chegada de Hachi, que carregava uma linda torta de morango e vinha na direção deles.

— Desculpem o atraso, estava terminando a sobremesa! — disse o homem, com seu sorriso gentil.

— Hachi! — gritou Hiyori, que correu na direção dele e o abraçou carinhosamente. — Senti tanto sua falta!

   Ele segurou a torta com uma mão e usou a outra para retribuir o gesto carinhoso da pequenina. Hachi era a única pessoa a quem Hiyori tratava bem daquele jeito.

— Também senti sua falta, fiz a sua favorita — respondeu, entregando a torta de morango nas mãos de Hiyori.

— Que delícia! Eu tava morta de vontade de comer essa torta. — Os olhos dela brilhavam como os de uma criança.

— Tenho certeza de que não é tão boa quanto as que você deve ter comido naquelas padarias finas de Nova Iorque...

— Tá maluco? Não existe nenhuma padaria no mundo todo que seja melhor que a sua! — afirmou com convicção.

— Parem com isso agora mesmo, estou com ciúmes — disse Mashiro, indo em direção a Hachi, dando-lhe um beijo na bochecha e pegando a torta das mãos de Hiyori.

— Vou por na geladeira, vem comer Hachi, Shinji vai fazer um pratinho para você.

   Hachi assentiu, juntando-se aos outros, e passou a conversar com Shinji, enquanto Mashiro ia até a cozinha guardar a torta na geladeira.

   Mashiro adorava Hachi, ela havia sido a primeira a fazer amizade com ele e o via como um pai. Ela realmente sentia ciúmes quando ele mostrava afeto por Hiyori ou Lisa, e não tinha vergonha alguma de demonstrar isso.

   Hachi tinha cinquenta e três anos de idade, havia entrado em Seireitei aos quarenta e três, cursou engenharia de alimentos, fez mestrado, e naquele ano faria três anos desde que se tornara um docente. A amizade improvável com os Vizards se deu através de Mashiro, e ela se orgulhava muito disso.

   Ao fechar a geladeira, deu de cara com Lisa, que estava encostada no balcão da cozinha encarando-a.

— Que susto, Lisa! — Colocou a mão no peito.

— Precisamos aproveitar o bom humor da Hiyori e convencê-la a participar da apresentação.

— Eu não sei se é o momento certo — Mashiro ponderou.

— Como assim não sabe? Ela está calma, menos implicante, e ficou toda feliz com a torta, vamos aproveitar o momento de calmaria enquanto ele dura! — insistiu Lisa.

— Mas não fazemos à menor ideia do que oferecer para ela.

— Vamos falar com Shinji, ele é o mais próximo dela, deve nos dar alguma ideia de como convencê-la.

— Não acho que falar com o Shinji sobre isso vá ajudar...

— Falar comigo sobre o quê? — disse Shinji, ao entrar na cozinha, pois tinha ido até lá buscar mais cervejas.

— É o seguinte... — começou Lisa.

— Lisa, não! — advertiu Mashiro.

— Mas ele pode nos ajudar! — retrucou a morena.

— Falem logo — disse Shinji, em tom calmo, mas olhando sério para ambas.

— Precisamos que a Hiyori se apresente conosco na festa de recepção dos calouros — Lisa despejou.

— Que tipo de apresentação?

— Vamos cantar e dançar em estilo... — Fez uma pausa, buscando as palavras certas. — Burlesco.

— Não vai rolar — ele disse sério.

— Sabemos que vai ser difícil convencê-la, por isso estamos te contando sobre isso, o que podemos oferecer a ela pra que aceite nossa proposta? — perguntou Lisa.

— Nada, ela jamais faria isso, tirem o cavalo da chuva.

— Droga Shinji, deve ter alguma coisa que ela queira!

   Mashiro ouvia e discussão em silêncio, pois sabia que envolver Shinji naquilo não era uma boa ideia.

— Não tem chance alguma da Hiyori concordar com isso, ela não tem a mente aberta como vocês duas e jamais toparia — afirmou categórico.

— Então quer dizer que eu sou uma ignorante de mente fechada? — disse Hiyori, que havia entrado na cozinha, pegando todos de surpresa.

— Sabia que ia dar merda. — Pensou Mashiro.

— Você por acaso sabe o que elas iam te propor? — Shinji a questionou, em tom defensivo.

— Não, mas deve ser alguma coisa que você acha que sou incompetente demais ou careta demais pra fazer!

— Elas querem que você cante e dance vestida de puta num bar lotado de calouros punheteiros — disse ele, já irritado.

— E como você pode simplesmente querer responder por mim? Acha que eu não sou capaz de cantar ou dançar na frente de um público masculino? — Hiyori gritava, e acabou chamando a atenção de todos lá fora, que entraram para ver o barraco.

— Eu não quis responder por você, apenas disse a elas o óbvio, porque te conheço a vinte fucking anos! — Agora ele também gritava de volta.

— E você acha que sabe tudo sobre mim? Acha que eu não tenho capacidade de fazer coisas diferentes e que eu sou mesma de um, dois, dez ou vinte anos atrás?!

— Droga, Hiyori! Para de colocar palavras na minha boca, eu só disse que você não faria essas coisas indecentes, mas que inferno! — Shinji havia perdido completamente a calma, e todos estavam assustados com a cena, que não se parecia em nada com a forma que eles costumavam brigar antigamente.

— Pra sua informação, se vestir de puta é meu novo hobby, e se você acha isso indecente o problema é seu, eu não dou a mínima pro que você pensa!

— Você se prostituiu nos Estados Unidos? — perguntou Love, que acompanhava a treta e tentava, em vão, entender o que estava acontecendo.

— Óbvio que não! — gritou a loirinha atarracada. — Eu fiz amizade com algumas Drag Queens no meu prédio, e elas me convidaram para ir se apresentar com elas num bar bem famoso de Nova Iorque.

— E você foi? — Shinji questionou, incrédulo.

— Fui e me diverti muito, e vou fazer essa porra de apresentação com minhas amigas, pois ao contrário do que você pensa, eu posso fazer o que quiser.

   Dito isso se virou para voltar à varanda, mas parou no caminho.

— Isso não significa que vai ser de graça — dirigindo-se às amigas. — Depois conversamos sobre os meus termos.

   Após cinco longos minutos de silêncio, os rapazes fingiram demência e foram para a varanda voltar a comer carne, tomar cerveja e conversar sobre coisas aleatórias junto com Hiyori.

   Enquanto isso Mashiro e Lisa permaneceram com Shinji na cozinha.

— Desculpa Shinji, eu não a vi entrar — disse Mashiro, que estava triste com o que acabara de acontecer, pois via que Shinji estava abalado.

— Bom, pelo menos ela topou! — comentou Lisa, triunfante.

— Mas a que preço? — perguntou Mashiro, com uma cara séria, que não combinava nada com sua personalidade infantil.

— Ainda não sabemos...

— Não foi o que eu quis dizer — disse Mashiro, cortando-a, e apontando para Shinji, que estava quieto com um semblante sombrio.

— Droga. — Lisa finalmente havia se dado conta da merda que tinha causado. — Eu sinto muito, Shinji.

— Tá tudo bem — disse ele, calmamente. — Achei que já tivessem se acostumado com as nossas brigas.

   Mashiro sabia que aquela briga não havia sido como as outras, e sentia que havia algo muito diferente, doloroso e amargo presente nas palavras de seus amigos. Achava, inclusive, que sabia exatamente o que era: rancor.

   Felizmente, Hachi conseguiu acalmar as coisas convidando a todos para jogar banco imobiliário, e as horas se passaram de forma agradável, apesar do infeliz incidente na cozinha.

   Quando terminaram a partida já era noite, comeram a deliciosa torta de morango feita por Hachi e Mashiro já conseguia se sentir plenamente feliz outra vez, como uma boa otimista incorrigível.

   A playlist que Love havia feito rolava solta, e ainda havia centenas de músicas para tocar. Quando Mashiro ouviu a introdução de Livin' On The Edge, quase caiu da cadeira de tanto entusiasmo.

"There's something wrong with the world today
I don't know what it is
Something's wrong with our eyes

We're seeing things in a different way
And God knows it ain't His
It sure ain't no surprise"

— Eu amo essa música! — gritou, enquanto se balançava no ritmo.

   Mashiro era eclética, mas adorava Aerosmith com todas as suas forças. Mesmo que Shinji a recriminasse dizendo que era uma banda de "rock farofa" e Kensei dissesse que Steven Tyler era tão ridículo quanto ela própria, jamais esconderia sua paixão ou se deixaria intimidar por isso. Mashiro Kuna era uma mulher autêntica e seria assim para o resto de sua vida.

If chicken little tells you that the sky is fallin'
And even if it wasn't would you still come crawlin'
Back again?
I think you would my friend
Again and again and again and again

   Ela já tinha bebido além da conta e dançava descontraída na varanda, degustando sua 10ª cerveja, enquanto os demais conversavam dentro de casa, sobre coisas que ela não estava nem um pouco interessada, até que de repente, sentiu alguém tomar a garrafa de suas mãos.

— Já bebeu demais — disse Kensei, tomando toda a cerveja dela de uma vez só.

— Kensei ladrão! — Mashiro protestou, com a voz arrastada. — Devolve!

— Como? Quer que eu vomite em você? — ele perguntou, com a cara amarrada.

   Era incrível como um rapaz tão bonito podia ser tão chato, mandão e mal humorado.

— Me devolve agora! — ordenou, puxando-o pela camisa e o beijando em seguida.

We're livin on the edge (you can't help yourself from fallin')
Livin' on the edge (you can't help yourself at all)
Livin' on the edge (you can't stop yourself from fallin')
Livin' on the edge
Livin' on the edge
Livin' on the edge
Livin' on the edge

   Estava bêbada, mas tinha plena consciência do que fazia. Beijou-o com maestria, e apesar do choque, ele não tentou impedi-la, e conforme ela explorava a boca dele com a língua, podia senti-lo correspondendo com o mesmo entusiasmo.

   Quando faltou ar, ela se desvencilhou dele e, sem olhar para traz, foi até a sala, onde todos os outros estavam sentados ao redor da mesa, deitou-se no sofá e fechou os olhos.

— Até que aquele idiota beija bem. — Pensou.

   Ela sempre teve vontade de beijá-lo, mas nunca o fez, pelo menos até aquela noite. Ele a irritava e a atraia, da mesma forma que uma mariposa se atrai pela luz. O plano era fingir estar dormindo até pegar no sono de verdade.

   Kensei precisava pagar o preço por ser um babaca que não a deixava em paz nem mesmo em seus sonhos, e quando ele viesse tirar satisfações consigo, fingiria não se lembrar de absolutamente nada.

   Embora não soubesse exatamente o motivo, Mashiro simplesmente adorava abalar o "frágil mundinho" de Kensei, e mal podia esperar para ver como ele reagiria na manhã seguinte.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro