Capítulo 3: Roadhouse Blues
Sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020
Pegar a estrada logo cedo pode facilmente gerar sentimentos conflitantes em uma pessoa, pois ao mesmo tempo em que o clima é ameno, há o inconveniente do sol recém nascido irritando-lhe as vistas, dependendo de onde você vem e para onde vai.
Isso sem mencionar o fato de que inúmeras pessoas estão a caminho de seus trabalhos nesta hora, o que torna certas vias bastante tumultuadas. Mas, é claro que a maneira de reagir a tais circunstâncias depende quase que exclusivamente da personalidade do motorista.
Shinji adorava dirigir, e não estava nem um pouco incomodado com o sol e tampouco com o fluxo de carros e os transeuntes ao seu redor. Afinal de contas, ele estava usando óculos escuros Ray-ban e havia se certificado de sair de casa com bastante antecedência.
Ao estacionar seu Custom Lincoln Continental 1964 na balsa, Shinji abaixou seu banco a fim de ficar numa posição mais confortável, e quem sabe — com um pouco de sorte — tirar um cochilo, pois desde que havia chegado ao Japão suas noites de sono não estavam sendo grande coisa.
Para sua infelicidade, o barulho dos carros entrando na balsa, as vozes dos passageiros e o canto das gaivotas tornavam seu plano inviável. Resignado, ligou o som do carro a fim de se distrair um pouco.
Conforme o som de Rouadhouse Blues ecoava pelo carro, Shinji acompanhava a batida com os dedos, como se estivesse tocando a parte do piano no volante.
Ah, keep your eyes on the road, your hand upon the Wheel
Keep your eyes on the road, your hand upon the Wheel
Yeah, we're going to the roadhouse, gonna have a real, a good-time
Shinji sorria ao constatar o quão apropriada à ocasião era aquela música. Mas, o sorriso se foi conforme pensamentos mais obscuros lhe invadiam aos poucos. Ele havia se lembrado das inúmeras vezes em que Hiyori criticou seu gosto musical de "roqueirinho sad boy", sua boina, suas gravatas, suspensórios, seu carro dos anos 60, sua forma de agir, falar, respirar e existir.
Não era exagero algum dizer que ele e sua melhor amiga eram o extremo oposto um do outro. Ele preferia tudo que era vintage, ela só usava coisas modernas; ele gostava de cozinhar e não tinha frescura na hora de comer, ela preferia pedir comida fora e tinha o paladar infantil; ele adorava The Doors, Smiths e David Bowie, enquanto Hiyori curtia Eminem, Lady Gaga e Sia. Cães e gatos tinham mais coisas em comum do que eles.
Era como se Hiyori tivesse vindo ao mundo única e exclusivamente para lhe atazanar. Eles brincavam e brigavam juntos desde que tinham quatro anos de idade e o destino lhes colocou na mesma turma ainda na pré-escola. Eles moravam no mesmo bairro, estudaram juntos a vida toda, e quando chegou a hora de fazer faculdade, ambos se inscreveram na Seireitei em cursos de ciências humanas — uma das pouquíssimas coisas que tinham em comum.
Quando chegou ao Japão e soube pelos demais Vizards que a mãe de Hiyori havia falecido, ficou arrasado. Ele tentou contatá-la inúmeras vezes, mas ela não lhe atendia e isso o deixava preocupado e puto da vida. Sabia que tinham brigado e também sabia que era sua culpa, mas não podia deixar de se sentir injustiçado com o afastamento dela num momento como aquele.
Hiyori e sua mãe foram as pessoas mais importantes para ele durante toda sua infância e adolescência, e por mais que estivessem distantes um do outro naquele ano em que ambos estavam no exterior, não podia deixar de se preocupar com elas e estava sofrendo muito com tudo aquilo.
A senhora Sarugaki era como uma mãe para Shinji, uma vez que seus pais haviam se divorciado quando ainda era muito pequeno e vivia apenas com o pai, que era um japonês muito reservado e até um pouco frio.
Ele e Hiyori costumavam traçar paralelos entre suas vidas e se divertir com isso. Era engraçado como ele tinha um pai, mas não se lembrava de sua mãe, da mesma forma que Hiyori tinha uma mãe, mas não se lembrava do pai — que a abandonou quando pequena — além de que Hiyori sempre quis ser loira e pra isso tinha que descolorir o cabelo, ao passo que Shinji odiava ser um nipo-britânico cuja aparência era completamente ocidental e cabelos loiros naturais.
Estar longe de Hiyori a mais de um ano era algo extremamente incômodo, muitas vezes a dor que lhe invadia era física, como se a ausência da amiga quebrasse todos os ossos de seu corpo. Ele odiava o fato de terem brigado e sentia-se culpado todos os dias.
Shinji tinha escolhido ir para a Inglaterra para fazer seu curso de extensão com o objetivo de adquirir conhecimentos, melhorar seu inglês e reencontrar a mãe, mas mesmo com todos aqueles objetivos em mente, não foram poucas as vezes em que desejou largar tudo, comprar uma passagem para Nova Iorque e tentar se acertar com Hiyori.
Porém, nada disso importava agora. Lisa havia lhe enviado uma mensagem no dia anterior, confirmando a chegada de Hiyori, então agora era apenas uma questão de tempo. Apesar das preocupações e sentimentos conflitantes, estava feliz por voltar a Seireitei, reencontrar os velhos amigos e iniciar seu mestrado.
Seu amigo Love havia enviado a localização da casa onde vivia com Rose e Kensei. Shinji iria se hospedar lá até encontrar um lugar para si. Para retribuir a generosidade dos amigos, no porta malas levava uma pequena churrasqueira elétrica, um isopor com carnes de excelente qualidade e também uma caixa térmica lotada de cervejas inglesas. Era sexta-feira e nada seria melhor do que um churrasco para celebrar o reencontro dos Vizards.
Quando a balsa chegou à praia eram 9h00, seguiu as orientações do GPS até encontrar a casa dos rapazes.
Na época da graduação eles chegaram a dividir uma casa maior com todos os Vizards — exceto Hachi, que morava no andar de cima de sua padaria — mas com a ida de Shinji e Hiyori para o exterior as coisas mudaram, então as garotas alugaram um AP para elas, e os três rapazes uma casa antiga mais ao sul da ilha, de três quartos com banheiros individuais — coisa rara no Japão — sala e cozinha. Não era tão bem localizada e tinha algumas goteiras, mas era o que podiam pagar.
Shinji estacionou seu carro em frente à casa que era antiga e de estilo ocidental, toda avarandada, com a pintura das paredes numa cor cinza desgastada, coberta por telhas francesas bastante escurecidas pelo tempo.
Não havia muro e nem cerca, então entrou direto pela varanda e bateu na antiga porta branca de madeira. Não houve resposta. Girou a maçaneta e viu que estava destrancada, entrando em seguida.
— Tem alguém em casa? — perguntou ao adentrar a sala, que era super espaçosa e estava muitíssimo limpa.
Olhou o ambiente num todo, admirado com a limpeza. Certamente Rose havia colocado os demais para trabalhar e deviam ter feito faxina na quinta-feira, já que o chão verde escuro de ardósia brilhava como recém polido e a casa tinha um suave cheiro de eucalipto com algumas notas de alecrim.
Na sala havia três grandes sofás verde musgo, e uma grande mesa baixa no centro com almofadas ao redor, além de uma estante de canto com centenas de livros. Não havia TV e nenhum outro aparelho eletrônico ali. A cozinha também estava muito limpa e sem sinal de vida, o único som que ecoava pela casa era do motor da antiga geladeira cinza que funcionava a todo vapor.
Shinji estranhou a ausência de seus amigos, então partiu em direção ao corredor a fim de verificar se ainda estavam dormindo.
Abriu a primeira porta e deparou-se com um espaço completamente caótico, abarrotado de cadernos, livros de filosofia, mangás e CDs. Apesar do excesso de coisas amontoadas, era possível notar que o quarto estava limpo e o futon de seu dono estava estendido na janela para pegar ar e um pouquinho de sol. Shinji sabia que aquele era o quarto de Love, afinal de contas, o amigo estava fazendo doutorado em filosofia e adorava música e mangás shounen.
Abriu a segunda porta e assim como no primeiro quarto, não havia ninguém ali. Mas ao contrário do outro cômodo, tudo estava em perfeita ordem e harmonia. A decoração era em estilo ocidental, a cama estava perfeitamente arrumada, havia discos de vinis raros emoldurados nas paredes, além de um lindíssimo piano de armário rente a parede em frente à cama. Aquele, sem dúvida alguma, era o quarto de seu amigo Rose.
Quando abriu a terceira e última porta levou um baita susto. Avistou Mashiro dormindo na cama de Kensei, segurando o seio direito e murmurando coisas que não dava para entender.
Não era a primeira vez que ele via a amiga de cabelos verdes dormindo daquela forma, ela tinha o estranho hábito de dormir segurando um dos seios e todos sabiam disso, o verdadeiro mistério era o que ela fazia na cama de Kensei.
Fechou a porta delicadamente para não acordá-la, e decidiu ir descarregar o carro e esperar até que o os rapazes chegassem.
Quando terminava de guardar as carnes e a cerveja na geladeira ouviu a porta se abrir.
— Cara, você ainda dirige aquela banheira? Depois de um ano no exterior achei que fosse dar um upgrade! — disse Love, aproximando-se da cozinha seguido por Rose e Kensei.
— Não ligue para ele, Shinji. Love não entende absolutamente nada sobre elegância ou senso de estilo — comentou Rose. — Mas pra quem mal chegou, estou surpreso com tamanho atrevimento, o que faz com a cara enfiada na nossa geladeira?
— Trouxe carne e cerveja, e como as senhoritas não estavam aqui para me receber, tive que guardar tudo sozinho — respondeu Shinji, cinicamente.
Kensei foi até a geladeira, abriu uma das cervejas importadas com o dente e passou a tomá-la imediatamente.
— Senti sua falta, Shinji — disse dando um tapa nas costas do amigo. — E das coisas boas que você compra também! Se for depender desses dois nós viveríamos de lámen, cerveja e saquê de péssima qualidade.
— Como sabíamos que nosso chef de cozinha chegaria hoje fomos à feira — disse Rose colocando três grandes sacolas no balcão. — Compramos tudo o que vai precisar para cozinhar nossos banquetes enquanto estiver aqui.
— Então vocês planejam se valer da minha atual condição de sem teto para explorar minha força de trabalho? — perguntou Shinji com sua risada estranha. — Talvez seja melhor eu morar no carro afinal de contas...
— Olha cara, dirigir uma banheira já é estranho o bastante, morar nela seria demais, até para você! — brincou Love. — E eu não aguento mais a comida do Kensei.
— Vamos colocar um colchão de ar para você ali na sala — disse Kensei, após mostrar o dedo do meio para Love.
— Colchão de ar? Pensei que me ofereceria sua cama, já que sentiu tanto a minha falta, a não ser... — Fez uma pausa. — Que você já a tenha cedido para alguém.
Shinji encarava Kensei com os olhos semicerrados. Kensei engasgou com a cerveja.
— Ah vai à merda, Shinji! Aquela doida chegou aqui ontem à noite dizendo que tinha cedido a cama para Hiyori, mas que não conseguia dormir no sofá — respondeu irritado. — E você sabe o quanto ela é indecente, não podia deixá-la fazendo exposição da figura aqui na sala.
— Kensei malvado! — gritou Mashiro, entrando na cozinha de repente, vestindo apenas uma camiseta de Kensei, que lhe servia como um vestido, mas devido a sua cor branca, era possível ver que ela usava apenas uma calcinha de coelhinhos e nenhum sutiã.
— Malvado? Você invade a nossa casa com a desculpa de que nosso sofá é mais confortável que o de vocês, dorme na minha cama e ainda usa as minhas roupas, e eu sou malvado?!
— Certas coisas nunca mudam —Pensou Shinji.
Mashiro e Kensei brigavam tanto quanto Shinji e Hiyori, mas de uma forma diferente. Kensei estava sempre irritado com ela, mas não fazia absolutamente nada para afastá-la, ao passo que Mashiro estava sempre o provocando e fazia questão de estar por perto.
— Shinji que saudades de você! — Mashiro correu em sua direção para abraçá-lo, mas foi interceptada antes por Kensei, que a agarrou pelo braço com certa brutalidade.
— Vai vestir uma roupa decente, mulher!
— Kensei estúpido, ta me machucando — Mashiro protestou. — Eu estou muito bem vestida e quero abraçar meu amigo!
— Bem vestida o caralho, você vai ver quem é o estúpido!
Dito isso, Kensei jogou Mashiro em seu ombro, enquanto esta socava suas costas, e saiu carregando-a pelo corredor.
— Kensei seu bruto, me solta!
Quando chegaram ao quarto dele, jogou-a na cama dizendo: — Você só sai daqui quando estiver vestida. — Batendo a porta na cara dela e trancando-a lá dentro.
— Kensei idiota, você não manda em mim! — ela gritava socando e chutando a porta.
Shinji se aproximou da porta do quarto, dando um tapinha no ombro de Kensei, pegando a chave das mãos dele, e falou baixinho com a amiga:
— Também estou com saudades, mas você está usando as roupas do Kensei, coloca as suas e vem me ajudar com o almoço? Vamos fazer um churrasco, como nos velhos tempos.
— Ta bom. — Respondeu manhosa.
Dito isso, destrancou a porta e foi para a cozinha. Shinji não entendia as atitudes de Kensei, ele gritava e brigava com Mashiro o tempo todo, não queria permitir que ela lhe abraçasse naquelas condições — que de fato eram inapropriadas — porém não tinha pudores em sair carregando-a seminua pela casa, como se aquilo não fosse ainda mais impróprio.
Mas é claro que o loiro não diria nada a respeito, pois não queria que lhe lançassem ao rosto seu comportamento para com Hiyori, então se mantinha neutro e procurava agir com o máximo de diplomacia naquelas situações.
— Então vai rolar churrasco de almoço? — perguntou Love, entusiasmado.
— É isso aí, vou começar a preparar os acompanhamentos — afirmou Shinji.
— Já avisei o Hachi, ele disse que vai fechar a padaria mais cedo e vem pra cá lá pelas 14h — disse Rose.
— Vou chamar a Lisa então, nós ainda não tivemos chance de encontrar a Hiyori, vai ser o churrasco de reunião dos Vizards — Love anunciou, já pegando o celular para ligar pra Lisa.
Ao ouvir o nome de Hiyori, o coração de Shinji dispara. Ele sabia que ela havia chegado à ilha na noite de ontem, e que certamente se juntaria a eles no churrasco, mas agora que as coisas estavam acontecendo ali, diante de seus olhos, não pôde conter a agitação que invadia seu peito.
Das vezes em que se falaram pelo telefone ao longo de 2019, as conversas eram curtas e reticentes, como se servissem apenas para verificar se estavam vivos e bem. Não havia piadas, conversas inúteis ou suas usuais discussões bobas e acaloradas, estava tudo diferente. Ansiava por aqueles telefonemas, no entanto, quando finalmente aconteciam, uma enorme sensação de desolamento lhe invadia.
E agora eles estavam prestes a se reencontrar e ele temia que nada mais voltaria a ser como antes, temia olhar para ela, temia dirigir-lhe as palavras que estavam presas em sua garganta e em seu coração, e acima de tudo, temia sua reação ao vê-la diante de si.
Apoiou-se na pia da cozinha, sentindo um suor gelado escorrendo em sua espinha. A respiração tornou-se mais difícil, e quando estava prestes a ter um ataque de pânico, sentiu um toque delicado em seu braço, era Mashiro.
— Gostei do novo corte de cabelo — ela disse, com um sorriso doce, puxando-o para um abraço. — Sei que ela vai ficar feliz em te ver, não fique nervoso.
Era incrível o quanto Mashiro conseguia ser empática, mesmo não tendo à menor ideia do que de fato havia ocorrido entre seus amigos.
Ela podia ser boba, imprudente, um pouco sem noção, mas era uma amiga maravilhosa e sempre fornecia suporte emocional aos amigos sem exigir explicações e absolutamente nada em troca.
Shinji sentiu o coração se acalmar e a respiração ir voltando ao ritmo normal aos poucos. Quando finalmente se recompôs, Mashiro o soltou devagar.
— No que posso ajudar? — ela perguntou sorrindo.
— Prefere cortar legumes ou montar os espetos?
— Eu corto os legumes, menos as cebolas! Elas me fazem chorar...
Nas duas horas que se seguiram os Vizards se organizaram para o churrasco e conversaram animadamente. Shinji montou os espetos com a ajuda de Mashiro e também prepararam os acompanhamentos, enquanto Rose e Kensei arrumavam as coisas na varanda e Love preparava uma playlist de músicas, pois muito provavelmente a reunião se estenderia até tarde da noite, então um som de qualidade era essencial.
Quando tudo estava devidamente organizado, os rapazes foram cada um para seus respectivos quartos com o objetivo de se banhar e vestir algo mais leve.
Shinji lavou o rosto e se certificou de que ainda estava cheiroso e apresentável, uma vez que havia tomado banho cedo, antes de sair de casa, e agora já era hora do almoço.
Foi até a sala e sentou junto de Mashiro, enquanto esperavam os rapazes se arrumarem e as garotas chegaram.
— Como ela está? — ele perguntou, olhando nos olhos da amiga de cabelos verdes.
— Bem. — Ela sabia exatamente a quem ele se referia. — Mas, estranhamente pacífica.
— Como assim?
— Quando ela chegou ontem a noite fomos com o carro dela até o apartamento, ela conversou com a gente numa boa, não reclamou de nada, e no AP não foi diferente. Pedimos pizza de quatro queijos e ela nem fez questão do último pedaço...
— Ela sempre brigava pela última fatia de pizza. —Ele riu. — Principalmente quando era de quatro queijos!
— Exatamente! Fiquei completamente perdida com o fato dela dizer que estava tudo bom e de seu agrado, por isso fiz questão de ceder minha cama a ela.
— E ela aceitou?
— Óbvio que não, mas eu inventei uma desculpa de que ia dormir na casa do meu novo namorado.
— Você tá namorando? — Shinji questionou, arqueando uma sobrancelha.
— Não bobinho, só disse isso pra ela ficar com a cama! Eu vim dormir aqui, mas o Kensei não me deixou ficar nesse sofazinho gostoso. — Passou as mãos no sofá em que estavam sentados. — Ele me arrastou pro quarto e me trancou lá, não tive nem tempo de pegar meu pijama na minha bolsa, que ficou aqui fora, aí eu coloquei uma das camisetas feias dele, e ele fez todo aquele escândalo que você viu hoje cedo.
— Vocês não mudam nunca né? — comentou rindo.
— Nós nos odiamos, simples assim, diferente de você e da Hiyori que vivem brigando, mas morrem por causa um do outro!
— Para de falar besteira, ficamos mais de um ano longe e não morremos — Shinji respondeu, fingindo pouco caso.
— Quero ver a sua cara quando conhecer o namorado dela — disse Mashiro, fazendo biquinho.
— QUE NAMORADO?! — perguntou de sobressalto, com os olhos arregalados.
— Viu só? Por pouco não desfalece aqui na minha frente. —Ela riu. — Não tem namorado nenhum, mas você deveria fazer algo a respeito se não quiser que isso mude.
— Não teve graça. — Ele revirou os olhos.
Ela riu e aos poucos Shinji retomou a compostura. Era um cara tranquilo, e dificilmente perdia a paciência.
— Falando no diabo — disse Mashiro, olhando em direção a porta.
— Quem é que você ta chamando de diabo aí, periquita? — perguntou Hiyori, que entrava na sala junto com Lisa.
— Shinji,vquanto tempo! — disse Lisa, aproximando-se do loiro. — Cortou o cabelo?
— Pois é, não me adaptei àqueles cosméticos estrangeiros, achei mais prático desse jeito — brincou ele, abraçando Lisa.
Ele acompanhou Hiyori com os olhos enquanto ela ia até a cozinha. Será que não iria lhe cumprimentar? Seria ignorado por ela na frente de todos?
Ela abriu a geladeira, pegou uma cerveja, abrindo-a na beirada do balcão.
— Você que trouxe essas importadas, cabeção? — ela perguntou, olhando-o de rabo de olho.
— Foi — respondeu, ainda hipnotizado por vê-la ali tão perto de si depois de todo aquele tempo. Ela o chamou de cabeção, devia ser um bom sinal.
— Até que não é ruim — comentou, após um gole. — Estou morrendo de fome, quando vamos começas a assar a carne?
— Comilona. — Fez uma pausa, olhando-a por um momento. — Vou ligar a churrasqueira.
Shinji sorriu, ela estava agindo normalmente, ou pelo menos se esforçava para isso.
Ele ainda não tinha certeza de como ela reagiria se ficassem sozinhos, e por maiores que fossem suas preocupações, não hesitaria e tentar descobrir, afinal de contas, aquele seria um longo dia, e oportunidades não iriam lhe faltar.
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