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Capítulo 24: Lady Marmalade

Sexta-feira, 20 de março de 2020

    Há dois tipos de pessoas no mundo: as que se deixam abater pelas desgraças que inevitavelmente acabam ocorrendo e vivem remoendo sua dor e frustração, e as que se abatem por um tempo, levantam, sacodem a poeira, e seguem em frente, acreditando que dias melhores virão. Hachigen Ushōda era, claramente, do segundo tipo.

    Fazia pouco mais de duas semanas desde que Hachi e Kirio começaram a sair, e as coisas iam muito bem. Ela era uma mulher muito positiva, dinâmica e sincera. Não havia espaço para joguinhos ou perda de tempo, eram pessoas maduras — apesar de seus espíritos joviais — e se comportavam como tal.

    Hachi estava alegre, sentia que Kami-Sama havia sido duplamente generoso com ele, colocando tantas pessoas maravilhosas em seu caminho, lhe proporcionando uma nova chance de ser feliz.

    Como quase todo ser humano com mais de meio século de existência, ele já havia passado por muitas situações difíceis, o que lhe fazia valorizar ainda mais as coisas — e pessoas — em sua vida.

    Ao terminar de acomodar duas dúzias de wagashis coloridos em uma bonita caixinha branca forrada com papel de seda, conferiu sua aparência no espelho e, por volta de 21h30, foi esperar Shinji, sentado em uma das cadeiras que havia no salão da padaria. Ouviu o celular tocar, atendendo-o prontamente.

— Oi, querido, como está? — disse Kirio, do outro lado da linha.

— Estou bem, e você?

— Estou ótima! Já está pronto pra hoje à noite?

— Sim, estou esperando o Shinji — respondeu alegre. — Fiz uns doces para as meninas, vou um pouco mais cedo para entregar e desejar boa sorte.

— Que ideia maravilhosa! A apresentação começa à meia-noite, né?

— Isso, quer que eu peça para um dos meninos ir te buscar?

— Não precisa, termino tudo por aqui às 23h, e Rangiku vai nos levar no carro dela.

Naquele momento, Hachi ouviu a buzina do carro de Shinji ressoar lá fora.

— Querida, Shinji chegou, nos vemos mais tarde?

— Sem dúvidas! — ela concordou animada. — Diga às meninas que estou mandando boas energias a elas.

— Pode deixar.

    Dito isso, Hachi se levantou e foi encontrar Shinji. O homem de cabelos cor-de-rosa estava feliz, e há tempos não se sentia tão animado. Era até estranho pensar em sua trajetória e em quantas reviravoltas foram necessárias para que ele chegasse exatamente onde estava.

    Hachi nasceu e cresceu em Nagano, quando jovem, ajudava o pai em sua padaria, e sonhava em ingressar numa universidade. Não tinha bem certeza o curso, mas sabia que seria de exatas. Contudo, em meados de 1984, quando tinha dezessete anos, seu pai faleceu — atropelado por um motorista bêbado — e Hachi se sentiu no dever de adiar seus planos.

    A mãe era diabética, tomava injeções de insulina todos os dias pela manhã, e certamente precisaria de ajuda com a padaria. Hachi não se sentiria confortável ou feliz deixando-a para trás. Colocou de lado a ideia de estudar fora, se contentando com um curso de panificação em sua própria cidade, mas não ficou triste com isso, gostava de ajudar a mãe e sentia-se útil.

    Em 1988, Hachi conheceu sua primeira namorada, Yuki Sato, uma bonita e tímida estudante de corte e costura que detestava cozinhar e era uma cliente fiel de sua padaria. No versão de 1990, Yuki mudou seu sobrenome para Ushōda, casando-se com Hachi em uma belíssima cerimônia Xintoísta.

    O casal vivia feliz, junto da Sra. Ushōda, que tinha um excelente relacionamento com a nora. Com um pouco mais de quatro anos de casamento, Yuki engravidou, e todos ficaram muito felizes com a notícia. Mas, a felicidade é algo tão efêmero quanto a própria vida, e na primavera de 1995, houve complicações na hora do parto, levando mãe e filha a óbito.

    Hachi tinha vinte e oito anos quando perdeu a esposa e a filha na mesma noite. Ficou destruído, por vezes pensou que não aguentaria, mas tinha a mãe para cuidar e precisava seguir em frente.

    Em 2008, a mãe de Hachi faleceu, já bem idosa, e naquele instante, ele percebeu que estava mais sozinho do que nunca. Sofreu, mas continuou acordando de manhã, assando pães e tocando seu negócio. Apesar de ser um otimista por natureza, ele já tinha 41 anos naquela altura, e jamais saíra de Nagano. Mais do que nunca, sentiu uma forte necessidade de mudança, e — contrariando todas as expectativas que existiam para viúvos japoneses daquela idade — tomou uma importante decisão: realizar seu sonho.

    Engenharia de alimentos, um curso que Hachi sequer sabia que existia e que reunia tudo que ele gostava: matérias exatas e comida. Estudou arduamente por um ano inteiro, e em 2010, mudou-se para a pequena ilha em Okinawa onde ficava Seireitei. Uma década havia se passado desde então, e ele não tinha palavras boas o bastante para demonstrar o quanto se sentia grato por tudo que havia conquistado.

— Pronto pro rolê? — perguntou Shinji, quando Hachi abriu a porta do carro.

— Sempre — respondeu, sorrindo discretamente. — Você está ótimo!

— Agora que sou um homem comprometido é melhor caprichar, né? Não quero correr risco de envergonhar a Hiyori, ela me espancaria — riu com gosto, dando partida no carro. — A propósito, você também está lindo, Kirio vai ficar orgulhosa.

    Hachi sorriu, sentindo-se feliz com o elogio do amigo. Ele realmente havia caprichado aquela noite, vestiu uma linda camisa azul petróleo que ganhara de Rose, calça e sapato preto, além de ter passado um tempo considerável em frente ao espelho, arrumando o cabelo e alinhando o bigode.

    Aquele era um dia muito especial, não só para os calouros, mas também para as meninas, e ele queria demonstrar todo seu respeito e carinho se arrumando bem, e sentia que Shinji compartilhava daquele propósito.

— Fiquei muito feliz que vocês se acertaram — disse Hachi, com toda sinceridade.

— Estou tão feliz que sinto que meu peito vai explodir — Shinji respondeu, sem tirar os olhos da estrada. — Mas acho que o pessoal ainda vai zoar por um bom tempo...

— Com toda certeza — concordou divertido. — Te incomoda?

— Nem um pouco, mas achei que Hiyori entraria em combustão naquele dia, de tão vermelha que ficou.

    Hachi riu do comentário, lembrando-se do quanto sua pequena amiga havia ficado envergonhada no momento em que Rose revelou a todos o resultado do "bolão" que haviam feito secretamente.

    Na terça-feira, quando a maioria dos convidados havia ido embora, restando apenas os Vizards no bistrô, todos ficaram sabendo do relacionamento de Shinji e Hiyori, e a bagunça durou horas, terminando só após as duas da manhã — mesmo sendo um dia de semana — e obviamente aquela zoeira toda perduraria por alguns meses.

    Chegaram ao bar às 22h, havia muitas pessoas sentadas em mesas na calçada — um fenômeno que ocorria apenas nas tradicionais festas de recepção — mas, felizmente, eles tinham uma grande mesa reservada no interior do salão.

    Ao se aproximarem da entrada, Hachi e Shinji notaram que os amigos os aguardavam em uma rodinha na calçada. Love estava acompanhado de Kiyone, Rose ao lado de Ikkaku, e Kensei junto deles.

— Estávamos esperando vocês — disse Love, ao vê-los se aproximar. — Vamos entrar, antes que tentem roubar nossa mesa.

— Tem uma placa escrito "Vizards" nela, quem seria louco? — Rose questionou.

— Os calouros não conhecem a gente.

— Se tentarem roubar a mesa, nos apresentamos devidamente — disse Kensei, com sua típica cara amarrada.

— Onde estão as meninas? — Hachi perguntou.

— Se arrumando nos fundos — Ikkaku respondeu. — Yumichika está fazendo a maquiagem delas.

— Será que eu posso ir até lá? Queria entregar esses doces...

— Vou pedir pro Yumichika liberar sua entrada — disse o careca, todo solícito, já ligando pro amigo maquiador.

— Pessoal, vocês se importam de esperar lá dentro? — Kiyone perguntou tímida.

— Ficou em pé naquele quiosque o dia todo, né? Seus pés estão doendo? — Rose perguntou, pousando uma de suas mãos gentilmente no ombro dela. — Vamos Love, sua garota precisa de uma cadeira.

    Kiyone agradeceu a preocupação do amigo e todos foram entrando no bar, exceto Shinji e Kensei que ficaram na calçada conversando, enquanto o primeiro fumava um cigarro.

    Ao entrarem no salão, Yumichika acenou para Hachi, que o seguiu até os fundos. Atravessaram uma passarela que ficava em um bonito jardim, conectando o bar com a casa de Kuukaku Shiba. As garotas estavam em uma sala bastante espaçosa que ficava mais aos fundos da residência.

— Hachi! — Mashiro gritou, correndo em sua direção, já maquiada, beijando-o na bochecha.

— Cuidado, senão vai estragar minha obra de arte! — Yumichika a advertiu.

— Não se preocupe Yumi-Kun, foi só um beijinho — ela respondeu, fazendo um biquinho.

— Vim desejar boa sorte a todas vocês, e trouxe esses doces — Hachi anunciou, colocando a caixinha branca em cima da bancada. — Kirio também está torcendo por vocês e mentalizando boas energias.

— Hummm, wagashis! — Lisa comemorou, devorando um dos docinhos no mesmo momento. — Kirio é uma fofa.

— Vou aproveitar e já comer o meu agora, antes de fazer a maquiagem — disse Kuukaku, após cumprimentar Hachi com um manear de cabeça.

— Obrigada pelos doces — Yoruichi agradeceu, pegando meia dúzia de wagashis para si, sentando-se para comê-los em seguida. — Vou precisar retocar o batom.

— Fico me perguntando para onde vai tudo isso — Yumichika comentou, horrorizado com o apetite de Yoruichi.

— Eu ouvi isso!

    Mashiro, Lisa e Yoruichi já estavam maquiadas, usando roupões brancos, enquanto Kuukaku sentou-se na cadeira para que Yumichika a maquiasse.

— Onde está Hiyori? — Hachi perguntou, notando a ausência da amiga.

— Ela estava aqui agora mesmo — disse Lisa, franzindo o cenho.

— Saiu de fininho enquanto vocês atacavam a caixa de doces como gralhas famintas — Kuukaku respondeu.

    Hachi estranhou o sumiço repentino de Hiyori, e não pôde evitar que uma pontada de preocupação lhe invadisse o peito.

— Vou deixar vocês se arrumando em paz — disse Hachi, piscando para Mashiro, que retribuiu o gesto sorrindo amplamente para ele.

    Hachi amava a Vizard de cabelos verdes, que além de ser — assim como ele — uma otimista incorrigível, tinha exatamente a mesma idade que sua filha teria se estivesse viva, e graças a ela, ganhou não só um, mas sete filhos do coração.

    Quando passou novamente pela passarela do jardim, retornando ao bar, Hachi encontrou Hiyori sentada num banquinho ao lado do lago de carpas. Ela ainda não estava maquiada, usava um roupão branco e chorava com o rosto apoiado acima dos joelhos.

    Hachi aproximou-se silenciosamente, sentando-se ao lado da pequena loira, que só o notou quando já estava bem próximo.

— O que houve? — ele perguntou gentilmente, após sentar-se com Hiyori.

— Eu... — Secou os olhos com a lateral das mãos, tentando conter os soluços. — Eu sou uma péssima filha.

    Hachi estranhou aquela fala, mas esperou que ela continuasse a conversa por si própria, afagando suavemente as costas dela.

— Minha mãe adorava wagashis, era o doce favorito dela. — Fez uma pausa, fixando o olhar no lago de carpas a sua frente. — Eu ainda não busquei o porta-retrato dela, ficou numa porra de contêiner, depositado com uma porção de outras coisas, acredita?

— Aconteceram muitas coisas em pouquíssimo tempo. — Suspirou. — Está se esforçando para seguir em frente, isso é o que importa.

    Hachi não dizia tais coisas da boca para fora, sabia o quão difícil era tocar a vida após perder alguém tão importante, o quanto doía ter que se esforçar para ser feliz, e ao mesmo tempo, sentir-se culpado por estar feliz.

— Tenho certeza que ela está muito orgulhosa de você, porque eu também estou — afirmou com convicção.

— Está? — Hiyori o encarou com os olhos marejados.

— Muito — Sustentou o olhar dela com ternura. — Em menos de um mês você já conquistou tanta coisa, a aprovação no programa de mestrado, um emprego, uma nova casa, tem amigos e um namorado que te amam e torcem pelo seu sucesso.

— Era tudo o que ela queria para mim. — Suspirou, soltando um riso bobo. — Estude, siga em frente, e se acerte com o Shinji...

— Quase tudo — disse Hachi, secando as lágrimas da pequena loira com um lenço branco o qual sempre mantinha no bolso da camisa. — O mais importante é você ser feliz.

— Acho que ela adoraria apresentação de hoje. — Deu um sorriso triste.

— Eu tenho certeza que sim — ele concordou, segurando firme a pequenina mão de Hiyori. — Dê o seu melhor!

    Dito isso, Hiyori concordou com a cabeça e retornou a sala onde as garotas se arrumavam, parecendo motivada — na medida do possível — e um pouco menos triste.

    Hachi, por sua vez, adentrou o salão e foi até a mesa dos amigos, com o coração um tanto dolorido. O luto era um processo difícil, e era triste para ele ver Hiyori passando por isso. Mas, apesar de todos os pesares, tinha fé de que, assim como ele, ela também seguiria em frente.

    Love, Kiyone, Rose e Ikkaku ocupavam a mesa dos Vizards, parecendo estar num encontro duplo. Hachi sorriu com aquele pensamento, pois era algo gratificante ver seus jovens amigos tão felizes.

— Hachi, estamos tentando decidir o que pedir — disse Love, erguendo os olhos do cardápio encarando-o quando chegou próximo a mesa. — Kensei e Shinji ainda estão lá fora.

— Vou buscá-los, assim podemos decidir todos juntos.

    Dito isso, o homem de cabelos cor-de-rosa se dirigiu até a saída. Buscou os dois amigos com os olhos até localizá-los do outro lado da rua, eles estavam numa parte um pouco mais isolada da calçada, distante das inúmeras mesas e cadeiras abarrotadas de calouros. Hachi tentou acenar, mas os dois pareciam muito focados no assunto que discutiam.

    Não era sua intenção bisbilhotar, mas ao aproximar-se dos dois, não pôde evitar ouvir um pedaço da conversa.

— As coisas estão mais do que claras, você devia ser honesto com ela — disse Shinji, após tragar seu cigarro. — Obviamente o interesse não é unilateral.

— Ser sincero e dizer o que exatamente? — rebateu Kensei. — Meu terapeuta disse que talvez eu tenha projetado a imagem da minha mãe em você nos últimos seis anos, mas acho que devemos ficar juntos? — questionou irônico.

    Hachi percebeu de imediato que os rapazes falavam sobre Mashiro e que o clima parecia tenso, mas estranhou a informação de que Kensei fazia terapia. Não queria ser indiscreto, então fingiu não escutar nada.

— Vim buscar vocês — Hachi anunciou sua presença. — Vamos escolher uma porção.

— Bora — Shinji concordou, dando um tapinha no ombro de Kensei. — Tô morrendo de fome.

    Kensei sequer teve tempo de se sentir constrangido, pois voltaram para o bar falando sobre o que pediriam e Hachi fez um excelente trabalho fingindo demência.

    Todos toparam comer peixe frito e batatas naquela noite, até mesmo Rose, que ficava incrivelmente menos fresco na companhia de Ikkaku. Por volta das 23h, quase todas as mesas reservadas já estavam ocupadas, e os meninos da banda 369 cantavam no palco.

    Hachi ficou apreensivo por um momento, ao ver Grimmjow — que estava acompanhado de um homem alto, de cabelos castanhos na altura dos ombros e olhos azuis — sentar-se em uma mesa reservada, não muito longe da deles. Estranhamente, o azulado cumprimentou a todos, inclusive Shinji, que fez questão de se levantar e trocar algumas palavras com ele e o homem desconhecido que o acompanhava.

— Ok, vou ter que perguntar — disse Rose, parecendo confuso. — Você e o Grimmjow não são tipo, inimigos mortais?

— Isso é passado — Shinji respondeu simplesmente, sentando-se novamente.

— Quem é o homem junto com ele? — Hachi perguntou, pois estava curioso.

— É o irmão mais velho do Grimmjow.

— Eles não se parecem — Kiyone comentou, após alguns segundos encarando os mencionados homens. — São muito bonitos, mas me dão um pouco de medo...

— Eu ia reclamar, mas devo concordar — Love brincou, após espiar os dois. — São bonitos mesmo.

— Mas você é mais — devolveu Kiyone, agarrando o braço forte do namorado.

    Todos zoaram o casal, e continuaram conversando sobre trivialidades, até que um velho conhecido veio ter com eles.

— Boa noite senhores e... Senhorita — Kisuke Urahara os cumprimentou. — Por acaso vocês teriam um lugar sobrando? Kuukaku-San disse que deixou uma a cadeira a mais na mesa de vocês e que eu poderia me apossar dela.

— Claro, sente-se conosco — Hachi fez a menção a uma das cadeiras vazias que ainda havia na mesa deles.

    Todos cumprimentaram o loiro e não houve incômodo algum com sua presença. Kisuke Urahara era um mestiço, nipo-americano, professor e pesquisador em Seireitei, conhecido por todos. Ele era um amigo íntimo de Yoruichi e Kuukaku, além de ser líder-orientador da divisão de Hiyori.

— Hirako-San, meus parabéns pelo namoro — disse Urahara. — Espero que Sarugaki-San fique menos violenta a partir de agora.

— Já lhe disse um milhão de vezes para me chamar de Shinji — respondeu o outro loiro, que não gostava de ser tratado formalmente. — Eu não alimentaria falsas esperanças se fosse você, ela me bate desde que tínhamos quatro anos.

    Todos estavam familiarizados com o temperamento agressivo de Hiyori, e depois de Shinji, Urahara era de longe a pessoa que mais sofria com seus rompantes de fúria. A loirinha se irritava muito com o líder, achava-o preguiçoso, e não se segurava quando tinha vontade de bater nele.

    Faltando quinze minutos para o início da apresentação, Kirio e Rangiku chegaram e se sentaram com eles. Hachi ficou fascinado com a beleza de sua namorada, que estava radiante usando um vestido preto com um colete jeans.

— Oi, querido, está lindo! — Kirio cumprimentou, sentando-se de frente para ele.

— Você está maravilhosa — respondeu, com toda sinceridade.

    Alguns minutos depois, Yumichika apareceu, parecendo ansioso.

— Por Kami, acho que nunca vi tantos homens no bar — disse Kiyone, olhando em volta, boquiaberta com a quantidade de pessoas que aguardavam a performance das meninas.

— Não são homens de verdade, a maioria é um bando de moleques — Kensei comentou, parecendo incomodado com o entusiasmo dos calouros ao redor.

— Isso é ciúmes? — brincou Shinji.

— Nem tenta pagar uma de superior, sei que está tão incomodado quanto eu — respondeu o platinado.

    Shinji não disse nada, deu um de seus sorrisos estranhos e acenou para Shunsui Kyōraku, que estava em uma mesa reservada ali perto, junto de Nanao e Akon.

    Passados cinco longos minutos, as luzes do bar se apagaram, e as do palco acenderam. Havia uma passarela que tinha sido montada especialmente para a ocasião, conectando o palco com o balcão de bebidas, o que já dava indícios de que a apresentação despertaria fortes emoções na plateia.

    Lisa apareceu no palco, usando um espartilho azul e branco, e antes que dissesse qualquer coisa, uma enxurrada de aplausos inundou o bar.

— Senhoras e senhores, bem-vindos ao Shiba's Moulin Rouge! — a morena anunciou, levando os calouros ao delírio.

— Lisa-San está tão linda! — Kiyone comentou, e todos na mesa concordaram com a observação.

Where is all my soul sisters?
Let me hear your flow, sisters

    Yoruichi introduziu a música, e as garotas a acompanharam. A principio, apenas as vozes eram ouvidas, e nenhuma delas tinha aparecido no palco.

Hey sister, go sister, soul sister, flow sister
Hey sister, go sister, soul sister, go sister

    A primeira a surgir no palco cantando solo foi Mashiro, usando um lindo corpete preto com detalhes em vermelho, cinta-liga e meia 6/8 — um visual quase idêntico ao de Mya no clipe original — encantando a todos com sua voz aveludada.

He met Marmalade down in old Moulin Rouge
Strutting her stuff on the street
She said, hello, hey Joe
You wanna give it a go, oh

    Hachi estava orgulhoso dela, cantando tão lindamente perante todos, mas não podia negar que havia certo desconforto em ver a forma como a plateia reagia à performance, já que tinha Mashiro como uma filha.

    Kensei, por sua vez, estava boquiaberto, e parecia se segurar para não sair batendo em todos ao redor.

Gitchi gitchi, ya ya da da (hey, hey, hey)
Gitchi gitchi, ya ya hee (hee oh)
Mocca chocolata, ya ya (ooh yeah)
Creole Lady Marmalade (ohh)

Voulez-vous coucher avec moi, ce soir (oh oh)
Voulez-vous coucher avec moi (yeah yeah yeah yeah)

    As outras garotas cantavam o refrão atrás de uma cortina, sendo possível ver apenas as sombras delas. A segunda a aparecer no palco foi Kuukaku Shiba, usando um corpete rosa bebê e meia preta, cantando a parte de sua diva Pink.

He sat in her boudoir while she freshened up
Boy drank all that magnolia wine
On her black satin sheets
Is where he started to freak, yeah

    Lisa, Kuukaku e Mashiro dançavam em cima do balcão, as duas últimas cantando o refrão junto de Yoruichi e Hiyori que continuavam atrás da cortina.

Gitchi gitchi, ya ya da da (da da yeah)
Gitchi gitchi, ya ya hee (ooh yeah yeah)
Mocca chocolata, ya ya
Creole Lady Marmalade, uh

Voulez-vous coucher avec moi, ce soir (ce soir)
Voulez-vous coucher avec moi (ooh)

— A pronúncia do francês está muito boa — Kirio elogiou, parecendo extasiada com a apresentação.

    Yumichika filmava tudo com seu celular enquanto Rangiku tirava várias fotos. A próxima a aparecer no palco foi Yoruichi, usando um corpete branco brilhante, muito parecido com o que Lil'Kim usava no clipe.

Yeah, yeah, aw
We come through with the money and the garter belts
Let 'em know we 'bout that cake, straight out the gate
We independent women, some mistake us for whores
I'm saying, why spend mine when I can spend yours
Disagree, well that's you and I'm sorry
I'ma keep playing these cats out like Atari
Wear high heeled shoes, get love from the Dudes
Four bad ass chicks from the Moulin Rouge

— Essa é a minha garota — Urahara comentou orgulhoso, em meio aos aplausos e sons da plateia alvoroçada, que vibrou com Yoruichi cantando rap.

    Shinji não tirava os olhos da cortina, ainda que todas as pessoas estivessem focadas no balcão, onde as quatro belas mulheres dançavam cantando o refrão, o loiro claramente ansiava pela entrada de Hiyori, que definitivamente não deixou a desejar.

Marmalade (ooh)
Lady Marmalade (ooh yeah)
Marmalade (ohh)

Hey, hey, hey
Touch of her skin feeling silky smooth, oh
Color of cafe au lait, alright
Made the savage beast inside
Roar until he cried

More, more, more

    A voz dela era de longe a mais potente, e mesmo sendo menor e mais magra que as demais, estava simplesmente deslumbrante usando um corpete vermelho vivo, cantando e dançando com uma confiança jamais vista. Hachi achou que ela estava encantadora, até mais que a própria Christina Aguilera.

Gitchi gitchi ya ya da da
Gitchi gitchi ya ya hee (ohh)
Mocca chocolata ya ya (ooh)
Creole Lady Marmalade

    As cinco mulheres dançavam acima do balcão, Lisa era a única que não cantava, mas dançava absurdamente bem, atraindo muitos olhares para si, mesmo de boca fechada.

    Hachi estava orgulhoso delas, mas por algum motivo — intuição talvez — olhou em direção a porta, vendo algo que lhe prendeu a atenção. Um homem de cabelos grisalhos e terno cinza estava de pé na porta do bar, com um semblante fechado. Hachi não tinha certeza da identidade do homem, então cutucou Urahara na costela.

— Aquele é... — perguntou, não conseguindo terminar a frase.

— É — Urahara respondeu sério, parecendo compartilhar de sua preocupação. — Rapazes, fiquem atentos — chamou a atenção dos demais, batendo na mesa.

    Em questão de segundos, todos olhavam para Ryuuken Ishida, sem saber ao certo por que o encaravam. Quando ele se adiantou ao interior do bar, Urahara os encarou seriamente.

— Ele vai estragar tudo, rápido, temos que fazer parecer que está tudo dentro do plano.

    Hachi não compreendeu de imediato, mas no instante seguinte, tudo ficou claro. Quando as garotas terminavam de cantar a música e se preparavam para agradecer, Ryuuken puxou Kuukaku pelo braço, jogando-a em suas costas.

    Urahara parecia ter pressentido o que o homem faria, e sabia o quão importante aquela apresentação era para Kuukaku. Após fazer um gesto para os demais, Shinji e Rose se levantaram, acompanhando-o de imediato.

— Vai lá — Hachi ordenou impaciente, encarando Kensei.

    O platinado parecia estar meio perdido, mas acompanhou os amigos até o balcão. Urahara pegou Yoruichi no colo, Rose pegou Lisa — que ria da situação inusitada — enquanto Shinji pegava Hiyori. Kensei pareceu hesitar por alguns segundos, mas também pegou Mashiro no colo — de forma gentil — e acompanhou os demais para fora do bar.

    Hachi não hesitaria em carregar Mashiro, mas temia que a ação não fosse boa para a reputação dela, já que era um homem muito mais velho, por isso mandou Kensei fazê-lo.

    A plateia aplaudia, achando que tudo aquilo fazia parte da apresentação, mas Hachi estava verdadeiramente preocupado com o rumo de toda aquela merda. Kirio parecia compartilhar de sua preocupação, levantando-se imediatamente e indo com ele para fora.

    Já na rua, viram Ryuuken Ishida brigar com a esposa, enquanto tentava arrastá-la para o carro.

— Solta ela! — Yoruichi gritou, quando chegou a calçada acompanhada de Urahara.

    Foi tudo muito rápido, e antes que pudessem atravessar a rua, Ryuuken conseguiu empurrar Kuukaku para dentro de um sedã prateado, e saiu cantando pneu.

    Kyōraku saiu de dentro do bar, veloz como um raio, a tempo de ver Kuukaku ser jogada para dentro do carro do marido, e sem hesitar um segundo sequer, correu para seu próprio carro, com o objetivo de segui-los.

    Sem dizer uma única palavra, Yoruichi correu atrás de Kyōraku, entrando no carro com ele, partindo no instante seguinte.

    Hachi, Kirio, Shinji, Hiyori, Mashiro, Kensei, Lisa, Rose e Urahara estavam todos no meio da rua, olhando atônitos para os dois carros que se afastavam em alta velocidade.

— Devemos chamar a polícia? — Mashiro questionou com os olhos arregalados.

— Vou ligar pro tio dela — Urahara respondeu, já discando o número do delegado. — Quem está por dentro da programação da festa?

— Eu estou — disse Hiyori, dando um passo a frente.

— Então se certifique de que tudo corra exatamente como Kuukaku planejou — ordenou sério. — Ela sabe se defender sozinha, mas ficaria arrasada se a noite fosse arruinada.

    Hiyori não discutiu, voltou para dentro do bar acompanhada de Shinji, enquanto Urahara conversava com Isshin Shiba ao telefone.

— Droga, ele deve ter sido comunicado sobre o pedido de divórcio — Kirio comentou baixinho. — Espero que não faça nenhuma besteira.

    Hachi sentiu um calafrio percorrer a espinha, não gostava de carros, jamais aprendeu a dirigir devido ao trauma da morte do pai, e temia pelo pior. Mesmo que tentasse afastar os pensamentos negativos, não podia refrear sua intuição.

    Kirio pareceu ler sua mente, pois apertou sua mão naquele mesmo instante, olhando-o nos olhos. O gesto dela o acalmou, fazendo com que se sentisse não só confortado, mas amado. Não era o mesmo sentimento de paixão que sentia quando mais jovem, do tipo que queima e deixa cicatrizes, mas sim do tipo que aquece.

    Passado alguns minutos do susto, todos se mobilizaram para ajudar com o andamento da festa, enquanto aguardavam por notícias. A apresentação havia sido um sucesso absoluto, e a recepção continuou rolando solta, até as cinco da manhã.

    Os Vizards, assim como Ikkaku, Yumichika e Rangiku, permaneceram no bar, até Urahara finalmente receber uma ligação de Yoruichi com notícias.

— Houve um acidente — Urahara anunciou com pesar, após desligar o telefone.

    Um silêncio ensurdecedor tomou conta do ambiente, e todos temiam o que o loiro diria a seguir.

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