9 • Fragrância
Sim, capítulo veio bem rápido hoje.
Mas foi porque eu me animei, não prometo que acontecerá novamente...
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21 de março de 2020 - Domingo
A porta do apartamento foi aberta pelo homem esbelto de madeixas ruivas, que o adentrou encharcado de suor. Havia saído para se exercitar um pouco em razão dos pensamentos que incessantemente teimavam em surgir na sua mente. Pensamentos estes que eram direcionados ao professor de história mal-humorado.
Desde o dia anterior, onde Bakugou demonstrou-se interessado em sua vida amorosa, não pôde controlar sua mente de relembrar as palavras pronunciadas pela voz rouca e grave do mais novo. Tudo bem que naquele momento, lembranças amargas tomaram-no por conta daquela questão, de ter que se lembrar de Mayumi, todavia, quando se tocou do interesse apresentado por alguém que horas atrás sequer desejava sua presença, sentiu uma enorme alegria tomar seu ser. Não tinha ideia do porquê, mas ficou realmente contente.
Pisou no chão do banheiro no meio do corredor, arrancando as roupas cheias de suor de seu corpo e as deixando no chão por hora, pois recolheria tudo depois. Enfim, locomoveu-se com certo cansaço até o box e ligou o chuveiro, deixando a água gélida entrar em choque com sua pele e sentir os arrepios pelo corpo, por mais que já estivesse acostumado com aquele frio.
Deixou que seus pensamentos fossem dispersados para apenas aproveitar o contraste de sua musculatura contra a água, sentindo-se relaxado com a sensações que eram provocadas.
Longos minutos de banho depois, Kirishima enrolou a toalha em volta da cintura, não sem antes enxugar os fios rubros desgrenhados, que prosseguiam com algumas gotas de água, e logo dirigiu-se ao seu quarto, deixando a toalha em cima da cama e indo até o guarda-roupa pegar algo mais casual e cômodo, no entanto, se deparou com as roupas que utilizou no dia anterior dobradas e guardadas em uma das prateleiras. As roupas de Bakugou. Inconscientemente levou as digitais até a camiseta, apreciando de sua maciez e a pegou. Planejava lava-las e devolvê-las na quarta-feira, pois seria um dia onde trabalhava na mesma escola do dono das roupas; entregaria aos filhos do loiro para agilizar tudo.
Todavia, agora estava mergulhado nos pensamentos relacionados ao homem que considerava exageradamente másculo, pensando se teria ocorrido algo a mais na noite da boate, pois o loiro aparentava ocultar algo. Mas isso nem importava tanto assim por hora. Começou a aproximar a camiseta de suas narinas, inspirando o aroma caramelizado, que mesclava a fragrância de ambos. Por Deus, era um cheiro excelente. Tão excelente, que em segundos, Eijirou já não sabia mais o que iria fazer naquele guarda-roupa, fechando a porta e se aproximando da cama, ainda nu. Sentou-se no móvel, inspirando mais daquela fragrância alucinante.
Como Bakugou poderia cheirar tão bem?
Não tardou a sentir algo levantar lá embaixo, instigando-o a levar sua mão vazia até o pau que se mostrava cada vez mais desperto. Droga, tinha tanto tesão acumulado justamente por evitar submeter-se àquele tipo de situação, que o membro já latejava pedindo para, depois de tanto tempo, ter algum tipo de alívio. Respirou fundo, sendo ainda mais intoxicado pelo aroma adocicado, soltando o ar de maneira sôfrega e entrecortada, enquanto envolvia sua mão no pau e lentamente exercia movimentos de baixo para cima. Por que diabos estava fazendo isso? Não tinha respostas, tudo que passava por sua mente era a visão do loiro o observando com aqueles orbes escarlates vibrantes. Era uma visão terrivelmente sexy e tentadora, embora não quisesse admitir. A movimentação lá embaixo começou a tornar-se mais veloz, e Eijirou tratou de apoiar suas costas na parede qual a cama estava encostada, arfando pesadamente e rolando os olhos de tanto tesão.
"Merda... por que estou fazendo isso?"
Indagou-se, contudo, as respostas não vieram. E também não viriam.
Tentou ao máximo visualizar outra pessoa em sua fantasia. Visualizar a pessoa que mais amou em sua vida, mas para sua infelicidade, ela não era o motivo de sua excitação e aquilo tornava as coisas complicadas. Tinha absoluta certeza de que era hétero, sempre teve, mas suas certezas iam por água abaixo quando a figura loira, inóspita, bela e máscula invadia seus pensamentos, ainda mais quando o cheiro desta pessoa estava impregnado e mesclado ao seu na camiseta cor vinho que mantinha pressionada contra as narinas. Mais alguns segundos se passaram até que, pela falta de costume, não pôde segurar o orgasmo que lhe atingiu com força, trazendo uma sensação maravilhosa a cada pedacinho de seu ser, junto ao relaxamento de seus músculos e o gemido longo, recheado de prazer que não pôde conter em seus lábios.
Se sentiu aliviado.
Bom, não por muito tempo. Assim que a racionalidade retornou ao seu ser, arregalou os olhos ao fitar a porra esparramada por seu abdômen, além dos lençóis cinzentos que deixavam o líquido branco bem evidente. Retirou a camiseta de perto de seu nariz, largando-a ao seu lado com certo pavor. Olhou para a foto na estante que estava a alguns centímetros mais para frente, avistando a mulher sorridente e se condenando arduamente pelo que havia acabado de fazer.
- Droga... - praguejou, suspirando cansado. - Sinto muito, Mayu... - sussurrou entristecido e fez questão de segurar as lágrimas repentinas que brotaram em seus olhos. Porra, queria chorar logo depois de bater uma punheta, era isso? Nada másculo. Seria ridículo.
Levantou-se, ainda com a confusão de sensações fortemente presentes em seu peito, respirando fundo mais uma vez e pegando a toalha que jazia em cima da cama para limpar o membro e o abdômen que estavam melados com seu gozo. Direcionou-se ao banheiro logo depois, lavando as mãos que também se encontravam sujas, voltando ao guarda-roupa e tratando de pegar algo para vestir, agora, ignorando a calça moletom pertencente ao loiro, que também precisava lavar.
Depois de finalmente vestir alguma coisa, desviou sua atenção para a camiseta que permanecia sob a cama.
- Bakugou iria me matar se visse isso. - comentou consigo mesmo, rindo nervosamente daquela situação totalmente inusitada, vergonhosa e confusa. Pegou a roupa, se controlando para não voltar a inspirar aquele aroma viciante e agradável, pegando a calça no guarda-roupa e indo lavar as vestes de uma vez para entregá-las limpas ao seu dono.
Evitou pensar sobre o que havia acabado de ocorrer, embora lá no fundo um misto de sensações estivesse dominando seu ser.
24 de março de 2020 - Quarta-feira
Como de costume, a sala de aula estava barulhenta e agitada, logo quando era o primeiro horário. Eijirou entrou nela, educadamente pedindo silêncio e demorando alguns poucos segundos para conquistá-lo. Poderia não ser rígido como Bakugou, mas as crianças de todas as séries tinham um enorme respeito pela figura ruiva e sorridente, que no começo do ano letivo já havia dado sua alerta sobre o ambiente barulhento.
"Se conversarem, vamos ficar na sala a aula toda"
Bastou esta pequena frase para que todos os dias crianças e adolescentes se calassem imediatamente em sua presença. Quem iria querer passar uma aula de educação física em sala, afinal?
- Bom dia, alunos! - falou com sua empolgação matinal, deixando aquele sorriso característico formado pelos seus raros dentes pontiagudos à mostra.
Com o silêncio já adquirido, não tardaram a descer para as quadras, onde Kirishima dividiu seus alunos em times a fim de manter o equilíbrio. Assim que as divisões terminaram e as demais crianças da quarta série já se encontravam nas quadras, competindo em partidas de basquete, Eijirou foi capaz de perceber dois pares de olhinhos curiosos em sua direção novamente. Sentiu-se em uma espécie de dejà-vu, mas deu de ombros e procurou por quem tanto o observava, percebendo um movimento suspeito nos bancos de pedra em que se encontravam os times reservas, - tanto masculinos, quanto femininos - avistando duas crianças que conhecia um pouco melhor que as outras, por serem filhos do cara que vinha invadindo sua mente nos últimos dias... ou meses.
Eram os filhos de Katsuki Bakugou.
Ainda não compreendia o porquê das encaradas, nem das perguntas que haviam feitos dias antes, mas sempre buscava pensar pelo lado mais inocente da coisa, pois eram crianças, afinal. Tinham uma mente inocente e imaginação fértil, levando-as, muitas vezes, a serem tomadas pela curiosidade, o que poderia desencadear essa série de ações. Riu, imaginando o que havia de tão interessante em si para estas crianças o vigiarem, mas deu de ombros novamente e voltou seu olhar para a quadra a fim de certificar-se de que seus alunos estavam jogando da maneira correta.
***
A turma já havia retornado à sala e, mais uma vez, Kirishima terminava de marcar a lista de presença escolar depois da aula. Após terminar, já ia pegando sua mochila para rumar a outra sala, porém, lembrou-se de algo que deveria devolver a um certo alguém e aproveitou que os filhos desse alguém estavam presentes na sala, então tratou de chamá-los até a porta enquanto o barulho de vozes de gritos retornavam à sala de aula.
- O que foi tio Eiji? - fora Hana quem perguntou, suando nervoso por ter sido chamada, pensando que Kirishima havia se incomodado com os olhares dela e de seu irmão durante a aula. - Fizemos alguma coisa?
- Hã? Claro que não querida - se ajoelhou, levando as digitais aos fios loiros e escorridos, afagando a cabeleira da garota e sorrindo ternamente - Tenho algo que preciso que entreguem ao pai de vocês. - estendeu a sacola com as roupas limpas que havia pegado emprestado.
- Ei, essas não são as roupas do papai? - Katsuo perguntou, lembrando brevemente de ver seu progenitor utilizando aquela camisa cor vinho, que inclusive, era uma de suas favoritas. - Onde pegou elas?
- Ah, seu pai foi gentil comigo e me emprestou essas roupas...
- Quando?! - a loira interrompeu, ansiosa por saber quando as pessoas que tentava juntar haviam se encontrado.
- É que algumas coisas aconteceram e ele me emprestou as roupas. - ocultou a história, não sabendo como revelar às crianças que havia literalmente passado a noite em sua casa, ainda por cima dormindo na cama de Katsuki. - Só devolvam para ele, por favor?
Katsuo iria concordar depois de ouvir um "por favor" vindo de seu professor, mas Hana foi mais rápida e negou.
- Não!
- Hã? - Eijirou encarou-o confuso pela recusa. Não tinha nada de mal em fazer aquilo, então por que recusarem assim?
- Entrega você pra ele! - teimou, deixando o homem de madeixas rubras desconcertado pelo tom autoritário. - Por favor, tio Eiji! - amenizou sua fala ao perceber que havia sido bruta demais, direcionando um olhar de cachorro abandonado ao ruivo - Ele vai ficar mais feliz se você entregar.
Kirishima arqueou as sobrancelhas, confuso com aquela informação. No fundo, uma pequena porção de felicidade fora sentida em seu peito, mas apenas balançou a cabeça para despista-la e aceitou a sacola que continha as roupas de volta. Não faria mal entregar as roupas pessoalmente também.
- Não entendi como isso pode fazê-lo feliz, mas se insiste, eu irei. - sorriu para as duas crianças e se levantou, acenando em despedida e rumando para outra sala.
Katsuo olhou para a irmãzinha admirado pelo seu poder de persuasão, insistência e genialidade em bolar uma desculpa para os adultos se encontrarem. Sorriram, satisfeitos com o sucesso em convencer Kirishima e voltaram aos seus lugares, esperando o próximo professor chegar.
***
- Tinha até esquecido disso - o homem de madeixas louras falou ao ruivo que lhe estendia a sacola com suas roupas. Foi a coisa mais neutra que pôde dizer, pois na realidade as memórias que incluíam o ruivo sempre acabavam invadindo seus pensamentos. - Obrigado. - tentou ser seco, aceitando as roupas de volta sem fitar os orbes rubis.
Kirishima havia feito como as Hana pediu, pois temeu de que as crianças tramassem algo caso deixasse as roupas com elas, indo contra seus pedidos. Depois de todos os horários terem passado, e consequentemente, o horário de almoço ter chegado, Eijirou passou pela sala de Bakugou, que sabia estar na quarta-feira, na sala da quarta série no último horário antes do almoço. Não que prestasse atenção nesse tipo de coisa, eram apenas observações corriqueiras...
- Eu que agradeço por me emprestar suas roupas. - sorriu, apreciando aquela palavra tão gentil saindo da boca do cara mais irritado daquele lugar. Não quis fitar as írises escarletes por sempre lhe trazerem memórias do que fizera há dias atrás. - E por todo resto, é claro.
Katsuki fez um pequeno menear com a cabeça e desviou o olhar que quase parou no ruivo, esperando que ele enfim fosse embora. Mas Eijirou permaneceu ali, em pé, de frente para sua mesa.
- Não vai embora?
- Bom, sabe... - coçou levemente a nuca, nervoso com modo executar aquela pergunta. - Eu ainda não me sinto bem em não retribuir adequadamente tudo o que fez por mim... quero poder fazer mais, entende?
- Onde quer chegar? - estreitou os olhos, prestando atenção nas palavras proferidas pelo mais velho.
- A minha oferta sobre desabafar não era um blefe, sabe? Caso se sinta mais confortável escrevendo, você poderia passar seu número...? Eu sei que não é muito e provavelmente soa como algo fútil para você, mas-
- Toma essa merda logo.
Fora interrompido, e quando adquiriu coragem suficiente para levar seu olhar ao loiro, viu-o com a mão entendida em sua direção. Nela, havia um pedaço de papel com um número de celular.
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Tenho nem o que comentar kk
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