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7 • Bêbado

Estavam sentados na calçada em frente à boate, lado a lado. E, por mais estranho que seja dizer isso, Kirishima chorava horrores, chegando até a soluçar, enquanto não parava de se desculpar com o loiro.

- Senhor B-bakugou, eu s-sinto muito... - lágrimas saiam por seus olhos, que ardiam pelo tempo demasiado em que chorava. Katsuki o encarava sem expressão alguma, ainda tentando entender o que acontecia ao seu lado, pois depois que o loiro arrastou Eijirou para fora da boate, este começou a chorar muito.

- Por que diabos está chorando e me pedindo desculpas? - enfim perguntou, seu olhar indicava sua indignação.

- Por te defender... você gritou comigo, então está com raiva do que eu fiz... então, eu sinto muito mesmo por te irritar, senhor Bakugou... - declarou, levando as mãos à face já vermelha. Seus olhos encontravam-se inchados pelo choro e não parecia que pararia tão cedo.

Katsuki prosseguiu o encarando indignado. Estava chorando por uma estupidez como aquela? O quão sensível era o ruivo quando estava bêbado? Suspirou, levando suas digitais à face alheia, fazendo com que o mais velho prestasse atenção em suas palavras.

- Escuta aqui, Kirishima, você é um homem adulto e inclusive é mais velho que eu! - esbravejou, o ruivo possuía algumas lágrimas não derramadas nos olhos enquanto fitava os orbes escarletes - Não chore por idiotices, seu imbecil! - foi esta sua tentativa de encoraja-lo. Queria ter dito algo mais incentivador, porém, era terrível com palavras.

Eijirou arregalou os olhos com tal frase. Sentiu seu coração aquecer, por mais que fossem palavras agressivas, o fato delas serem pronunciadas por Bakugou faziam-no sentir algo a mais. Aquela expressão que ele fazia enquanto ditava tais palavras, ela era tão máscula... os lábios do loiro se movendo, eles pareciam tão macios que a vontade de os morder surgiu repentinamente. Vidrado na figura loira, começou a aproximar seu rosto e surpreendentemente, o professor de história não se afastou, perdido nas írises carmesins vibrantes que ficavam perigosamente mais próximas.

Logo, seus lábios se tocaram e suas línguas se entrelaçaram por curtos segundos. Foi quando a racionalidade voltou à mente de Kirishima por um instante e ele afastou seus lábios dos do loiro, assustado com o que acabara de fazer. Havia beijado seu colega de trabalho. O pai de seus alunos. O cara que foi traído há poucos meses atrás.

Encarou assustado o loiro, que passava a língua nos lábios, experimentando o gosto do álcool que realmente desgostava, porém, naquele momento pareceu tão... bom?

Eijirou se sentiu sujo. Sentiu uma vontade estranha de chorar voltando ao seu ser, e logo os pedidos de desculpas também retornaram.

Bakugou ainda estava paralisado, mas o que mais o deixava confuso era o fato de ter gostado do contato com o ruivo. Não foi nenhum pouco grotesco ou nojento como sempre pensou, e ainda por cima, ele nem fez menção de se afastar quando percebeu a aproximação. Ao mesmo tempo, também se sentiu mal. Não queria voltar a beijar alguém tão cedo, nem mesmo se apaixonar novamente. Tinha medo de se envolver e sair ferido novamente.

- Ah, vocês vieram para cá. - ouviu a voz daquela amiga rosada de Eijirou. Sua face quase entrou em combustão e seu coração ameaçava sair de seu peito. E com Eijirou, as coisas não estavam tão diferentes assim.

***

Agora estavam ambos no carro de Bakugou. Após a chegada da rosada, ela anunciou que estavam indo embora por causa da confusão que ocorreu por lá. Ashido estava totalmente bêbada e disse ao loiro para levar o ruivo para casa dele.

"Mas que caralho? Tá curtindo com minha cara, porra?" foi o que disse ao ouvir tal pedido descarado, que foi seguido de uma piscadinha e um sorriso malicioso da moça de cabelos róseos.

No fim, lembrou que Kirishima veio a pé e quando tentou levá-lo até os endereços que ele dava, sempre levavam a lugares que com certeza não eram a moradia do ruivo. Maldita fosse aquela garota com cabelo rosa.
Sem contar Jirou, que alegou ter que cuidar de Denki, qual também estava quase desmaiando de tanto ter bebido.

E agora estava dirigindo a contragosto até sua casa com um ruivo lhe encarando de uma forma esquisita no banco do passageiro. Seus olhos estavam inchados pelo choro, sua face corada e um silêncio absurdo tomava conta do lugar. Ele era bipolar? Primeiro foi todo corajoso em lhe defender, depois chorou que nem um bebê apenas pelo fato de ter elevado um pouco a voz e agora estava tão quieto e pensativo que chegava a lembrar algum stalker psicopata.

Katsuki suspirou, queria apenas se livrar daquele bêbado ridículo com cabelo espetado e fingir que não o conhecia, mas algo em seu peito lhe dizia que não deveria o fazer. Empatia, talvez? Isso e algo a mais...
Enfim, não teve outra escolha a não ser levá-lo até sua casa. Ele era um cara, afinal, só um colega de trabalho passando a noite em sua casa por conta de certas circunstâncias.

Com a exceção de que este colega lhe beijou.

E pediu desculpas depois.

E agora, fingiam que nada havia acontecido. Aquilo fora só um mal-entendido que ficaria marcado como uma má lembrança, ao menos por parte de Bakugou, que não tinha ideia se Eijirou lembraria do que aconteceu dado seu nível de embriaguez.

Estacionou o automóvel na frente da casa, pegando as chaves e abrindo a porta do carro. Esperou alguns segundos até notar que Kirishima estava viajando e estalou a língua, indo impaciente até o outro lado do veículo, abrindo a porta e puxando o ruivo que pareceu acordar do transe.

- Você é muito sonso, cacete - rosnou furioso, segurando o pulso de Eijirou, o arrastando para dentro da casa.

- S-sou? - ouviu sua voz falhar, soando profundamente magoada pelo xingamento.

- Calma, é brincadeira - tentou amenizar a situação imaginando que o ruivo fosse voltar a chorar apenas por causa do xingamento - Vem. - abriu a porta da casa, acendendo as luzes da sala e o levando para seu quarto.

O ruivo prestava atenção em cada passo que o loiro dava, ainda desnorteado e perdido, não entendendo o porquê de estar ali e sequer saber onde estava, mas por algum motivo bizarro, seu ser tinha uma confiança absurda com Katsuki. Talvez apenas por observá-lo, apreciá-lo e achá-lo um cara muito másculo ele tenha desenvolvido um laço unilateral de confiança com o professor de história, portanto, apenas deixou que ele o guiasse para onde quer que estivessem indo.

Arqueou a sobrancelha ao adentrar a suíte espaçosa e bem arrumada. Era muito limpa mesmo, parecendo não ser usada a dias - se bem que de fato, não era - De repente, sentiu seu estômago embrulhar e ânsia de vômito bater com tudo, fazendo com que levasse as mãos à boca em desespero. Katsuki percebeu o que acontecia e o puxou para o banheiro do cômodo imediatamente, abrindo a tampa do vaso e ajudando o ruivo a se ajoelhar para ele enfim botar tudo para fora.

- Porra... - Bakugou tratou de não encarar por muito tempo o ruivo vomitando, praguejando com o estado deplorável que este se encontrava. Inconscientemente, levou sua mão às costas largas cobertas por uma camisa ridícula. Memórias passaram por sua mente, de quando Akane vomitava durante a gravidez, sempre ficou ao seu lado, passando a mão em suas costas como forma de consolo...

Foi desperto de seus devaneios quando percebeu o ruivo lhe encarando com um semblante levemente tristonho, ao mesmo tempo em que parecia alheio a situação, como se também estivesse perdido em seu próprio mundo.

- Você tá fedendo. - afirmou, vendo sua boca toda suja com o líquido nojento. - Vai tomar um banho, estúpido. - disse, retirando sua fala logo em seguida quando as lágrimas brotaram nos olhos do homem de 34 anos - Tá, você não é estúpido, agora vai tomar banho.

Deu as costas e saiu do banheiro, tentando parecer indiferente, mas retornou para certificar de que estava tudo certo assim que viu o chuveiro sendo ligado, encontrando o ruivo debaixo dele.

Com roupa e tudo.

- Puta merda, você é burro? - rosnou, correndo para impedir que aquela situação piorasse.

. . .

******
Eu ia escrever mais, mas achei melhor parar por aí. Espero não ter ficado ruim k.

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