20 • Conhecer
Quase três meses sem att, eu sei aaa
Demorou, mas eu finalmente consegui terminar de escrever e corrigir esse capítulo, apesar de eu não ter achado tão bom assim.
Minha vontade de escrever não tá tão alta esses tempos e acabou complicando para mim, espero que entendam.
Agora, sem mais enrolação, boa leitura!
********
Kirishima sentia o coração massacrando seu peito com aquele olhar analítico queimando sobre si. "Por Deus, que genética bizarra" ele pensava enquanto a mulher não dizia uma palavra sequer.
Já estava começando a incomodar; deixá-lo desconfortável, o que faz ele abaixar a cabeça meio abatido pelo olhar que parecia mais julgador do que qualquer outra coisa.
Não é como se ela magicamente soubesse suas intenções com seu filho, mas o fato de estar sendo observado assim traz certa ansiedade ao seu ser, já que sua própria família não demonstrava-se tão receptiva quanto a outras sexualidades.
Ambos eram adultos e a mulher, mesmo se soubesse o que desejava com o loiro, não poderia proibi-los, mas apenas a sensação de não ser aceito o fazia se sentir mal consigo mesmo.
A mulher de cabeleira loira finalmente parece despertar de seus pensamentos acerca daquele "conhecido" de seu filho, dedicando um olhar debochado para Katsuki enquanto questionava:
— Um conhecido, é?
— É, velha... — Bakugou responde sem vontade, ainda com os braços cruzados; seu olhar se desvia para o ruivo no sofá e ele vê que suas feições exibiam certa tristeza, fazendo-o repensar um pouco em suas palavras para notar que mentir não levaria em nada e machucaria ainda mais Eijirou. — Na verdade, somos colegas de trabalho.
Mitsuki estreita os olhos a fim de verificar a veracidade dos fatos, tentando perceber se Katsuki poderia estar mentindo e ao observar o loiro, vê que este não quer encará-la; como se tivesse algo a mais naquilo. No entanto, ela decide deixar isso de lado por hora e olha novamente para as duas crianças que silenciosamente - de uma forma milagrosa - ouviam aquela conversa com uma atenção surreal.
As feições de ambos exibiam certo descontentamento... o que apenas sustentou a ideia de que certamente havia algo a mais naquele "colegas de trabalho", então ela apenas sorri faceira e afaga a cabeleira de ambas crianças, já conversando com as mesmas.
— Sentiram saudades, meus amores? Me contem as novidades! — ela diz com um enorme sorriso no rosto e as crianças sorriem de volta de forma radiante, já começando a contarem o que havia acontecido de interessante nos dias anteriores, interrompendo um ao outro euforicamente.
Mitsuki apenas abriu mais seu sorriso, rindo pela enorme semelhança entre elas e seu filho.
Após isso, Hana e Katsuo não demoram muito para comentar sobre o tão famoso "Tio Eiji" e já começam a puxá-la até o ruivo que os observava em silêncio, não sabendo se deveria se intrometer naquela conversa em família. A loira não hesita nem um pouco, pois também estava curiosa para saber mais sobre o tal colega de trabalho de seu filho. Eijirou ficou meio tenso, mas sorriu para a mulher que sentou ao seu lado no sofá.
— Me chamo Mitsuki Bakugou, sou mãe daquele homem sem educação alguma ali — ela aponta, debochada — Mas creio que já conheça a natureza agressiva do meu filho — ela ri quando o ruivo acena sem jeito — Seu nome?
— Sou Kirishima Eijirou, muito prazer. — um sorriso doce perdura em seus lábios, seus dentes pontudos ficando expostos e deixando aquele sorriso mais belo.
Não demora muito para que a Bakugou mais velha inicie um assunto à base de algumas perguntas triviais, expondo sua curiosidade quanto ao "colega de trabalho" de seu filho tão reservado - característica que perdurou, mesmo depois de adulto -, imaginando que talvez fosse encontrar alguma informação valiosa em meio a conversa.
Kirishima, a medida em que responde as perguntas, começa a relaxar e se sentir mais confortável diante da presença da mulher. Percebeu que ela era extremamente carismática e agradável para se conversar, não era difícil arranjar algum assunto, seja sobre trabalho ou sobre alguma outra trivialidade.
As crianças, vez ou outra, tratam de interferir na conversa para fazerem comentários aleatórios, interagindo com os mais velhos e tornando aquela uma conversa mais descontraída e divertida, principalmente quando contavam alguma história boba cheias de animação.
Katsuki, por outro lado, está na cozinha aproveitando que seus filhos estão aos cuidados de alguém de confiança, ele pretende manter concentração total na panela que estava no fogo para que erros não fossem cometidos e a comida fosse desperdiçada, mas é inevitável não se distrair um pouco com as risadas que vinham da sala; as vozes infantis que tanto alegravam seu dia chegando aos seus ouvidos, denunciando a felicidade contida ali. Era algo que o tranquilizava.
Às vezes, o maldito com cabelos rubros conseguia ocupar seus pensamentos; sua resistência constante quanto a ideia de se apaixonar entrando em conflito com os sentimentos que começavam a serem cultivados em seu peito.
Amor, no sentido romântico, por outra pessoa era algo que não desejava sentir nunca mais, no entanto, ficava complicado quando a pessoa em questão demonstra ser tão boa.
Ainda que não se sinta pronto, planeja se esforçar em seu primeiro passo: parar de tratar o outro tão mal, mesmo que seja uma espécie de "auto defesa".
***
Todos já estavam sentados em seus lugares na mesa, apreciando a comida deliciosa que Katsuki fizera; principalmente Kirishima, que se via maravilhado com as habilidades culinárias do loiro.
— O que acha de me contar como fez esse rapaz tão gentil suportá-lo, Katsuki? — a Bakugou mais velha decide deixar a pergunta no ar, sorrindo faceira ao ver o filho fuzilando-a com o olhar. A risada que ela acaba dando apenas faz o loiro ficar mais impaciente.
Katsuki revira os olhos e Eijirou solta uma risada baixa vendo a interação que surgia ali.
— Deve ter sido naquela festa que o papai foi, porque no dia seguinte o tio Eiji tava na nossa casa e... — Hana começa a responder, mas seu progenitor rapidamente a impede de prosseguir ao notar que ela deu informações específicas demais.
— Hana! — sentia sua face queimar de leve pela exposição, mas tentou ao máximo parecer indiferente quanto a isso.
— Desculpa, papai — a menina diz, quase não conseguindo conter as risadas.
— Parece que vocês são bem próximos então. — Mitsuki comenta após ouvir a fala da loirinha, apenas se divertindo mais com o filho ficando mais envergonhado.
— Nem tanto... — ele murmura, receoso e um pouco inconformado com aquelas reações. Mitsuki provavelmente já havia compreendido que Kirishima não se tratava apenas de um colega de trabalho, mas continuava agindo tranquilamente.
"Talvez ela não queira assustar as crianças" pensou.
Kirishima permanece ouvindo em silêncio, mas quase engasga com a comida com o rumo da conversa e sente um sua face esquentando um pouco ao imaginar os momentos que compartilhou com Katsuki; embora não houvesse sido algo tão intimo - além de ter sido uma grande tortura para o loiro -, ficar ao seu lado e conversar com ele eram memórias que deixavam-no contente e envergonhado na mesma proporção.
— Você é mesmo intrometida demais. — O loiro pontua após receber ver a mãe com as sobrancelhas arqueadas em uma expressão irônica. Tentou soar o mais rude possível sem proferir algum palavrão.
— Não posso saber mais sobre a vida do meu filho? — ela diz na tentativa de provocá-lo e o loiro apenas bufa irritado, contendo-se.
— Tsc.
Mais algumas conversas ocorrem durante a janta e as crianças participam animadamente de cada uma delas, não perdendo a oportunidade de contar mais à sua avó sobre seu professor, tanto que elas comeram o mais rápido possível - mesmo com Katsuki às repreendendo sobre comer rápido demais - apenas para arrastarem Mitsuki até a sala, a fim de contar-lhe sobre seus planos.
Estavam animadas e ansiosas, queriam que Mitsuki soubesse sobre o brilhante plano que pensaram, imaginando que ela talvez até pudesse ajudá-las.
Restaram apenas Katsuki e Eijirou na mesa, ambos permanecendo em um silêncio desconfortável, apenas os sons das talheres ecoando no lugar.
— Sua mãe é bem legal. — Kirishima comenta, sorrindo um pouco com o jeito animado da mais velha.
— É porque não é sua. — o loiro resmungou. — Ela me trata como um moleque de 16 anos até hoje. Eu sou um adulto, caralho.
O ruivo permite-se rir da reclamação alheia, arrancando mais resmungos do mais novo que o encarava irritado pela a zombaria alheia.
— Desculpa, é engraçado ver você reclamando disso. — ele explica, olhando nos olhos do outro. — Não sou tão próximo da minha família quanto gostaria, então ver esse tipo de interação acaba me deixando feliz.
Katsuki arregala os olhos com a nova informação e engole a comida antes de responder.
— Por que não são próximos? — a curiosidade lhe toma por instantes e ele sequer percebe a pergunta que proferiu até repensá-la e tentar se justificar. — Não que eu tenha interesse na sua vida pessoal.
Kirishima ri novamente com as ações do mais novo.
— Acalme-se, Bakugou, não precisa ficar se fazendo de difícil o tempo todo. — Katsuki sente sua face queimar por instantes e ergue as sobrancelhas incrédulo com a ousadia do ruivo. — Não é como se fosse um problema você ter interesse na minha vida pessoal.
— Não seria muito invasivo da minha parte? — ele pergunta ao se recompor, deixando a talher no prato e encarando Eijirou nos olhos.
— De forma alguma. — Kirishima diz enquanto mexe a cabeça em negação. — Eu quero que me conheça melhor, afinal.
Bakugou revira os olhos com aquela afirmação, pensando sobre o interesse que o ruivo tinha em si. Seus olhos acabam por pousar em Mitsuki que parecia ouvir atentamente o que Katsuo lhe dizia no ouvido. Ficou indignado ao ver o sorriso da loira em sua direção.
O que estavam aprontando?
Nem pôde perder muito tempo pensando nisso, se distraindo com a voz de Kirishima chamando por seu nome.
— Bakugou? — preocupou-se com forma distraída que o mais novo olhava para o lado, mas logo o sorriso usual voltou à sua face quando ele o encarou. — Bem, sobre minha família, nós nunca fomos muito próximos por, digamos, minha falta de interesse em certas coisas...
— O que quer dizer?
— Eu era bem mediano quando queria e conseguia tirar boas notas, mas não tinha interesse em nenhuma profissão que eles desejavam que eu escolhesse. — prosseguiu, seu semblante vacilando um pouco com as memórias que eram despertadas acerca daquele assunto. — Quando eu escolhi ser professor de educação física, eles ficaram um pouco decepcionados.
— Imagino. — Katsuki disse distraidamente, pensando mais a fundo no assunto e imaginando o julgamento alheio.
— Eles não quiseram olhar na minha cara por três meses.
O professor de história arregalou os olhos, completamente incrédulo do que havia ouvido.
— Uns filhos da puta. — xingou-os, irritado com ações tão descabidas por conta de algo tão pessoal e simples. Parou para pensar no que acabou de dizer e ponderou um pouco até decidir engolir seu orgulho e desculpar-se. — Foi mal, não quis ofender sua família.
— Tudo bem, eu também fiquei assim na época, acredite.
Bakugou suspira e eles dão prosseguimento à conversa, onde Katsuki busca saber um pouco mais sobre a vida de Kirishima e o ruivo se diverte enquanto conta mais sobre sua vida para a pessoa que gostava. O clima pesado já não existia mais, fazendo os dois relaxarem.
***
— Bem, eu tenho que ir agora. Já está tarde. — o ruivo informa ao ver o horário no celular, se levantando do sofá da sala e ouvindo os as vozes chorosas das duas crianças implorando para que ele não fosse.
— Não vai, Tio Eiji, por favor!! — Katsuo implorou e se agarrou à perna do ruivo com lágrimas em seus olhos, segurando-o firme, não querendo deixá-lo partir. — Amanhã é sábado! Você não dá aula sábado, né? Então fica! — ele nem espera por uma resposta, já tirando suas conclusões, afinal, em sua cabeça não fazia o menor sentido alguém trabalhar no sábado, então não haveria problema algum Eijirou dormir ali.
— Pois é tio Eiji, amanhã não tem aula, então você pode ficar aqui! — Hana decide argumentar também e insistir naquele ponto.
— Ei, parem de ser insistentes. Ele pode não dar aula amanhã, mas pode trabalhar em outro lugar. Não só isso como também pode estar ocupado com outras coisas. — Katsuki vê que seus filhos podem estar incomodando o ruivo e não demora para dar-lhes um sermão. — Sei que vocês adoram eles, meus anjos, mas ele não tem obrigação de ficar porque estão pedindo.
Katsuo, aos poucos, se solta da perna de Kirishima e olha para baixo enquanto limpa as lágrimas, tristonho pelo fato de Kirishima não poder ficar, além de estar envergonhado pelo sermão que recebeu e pelo possível incômodo que causou ao seu professor favorito. Hana está na mesma situação; sempre ouviam quando seu pai lhes dava algum sermão e não queriam chateá-lo ou deixá-lo bravo.
— Bakugou, eles não estão incomodando, não precisava disso... — Eijirou o alerta, olhando-o entristecido por ver as crianças achando que estavam sendo irritantes ou coisas do tipo. Ele não sabia como respondê-las momentos atrás, era um fato, mas ele também não tinha nada tão importante para fazer no dia seguinte. — Ei, Katsuo, Hana, não se preocupem, tudo bem? Eu não estou incomodado e também não estarei ocupado amanhã, mas não seria muito educado da minha parte apenas dormir aqui, não quero incomodá-los e...
— Incomodar quem? — Mitsuki decide se pronunciar após assistir o decorrer da situação em silêncio; alguns pensamentos haviam passado por sua mente e ela acabou não interferindo em nada, querendo apenas ver como seu filho reagia àquele ruivo. Mas agora ela quis se intrometer sim e faria questão de expor algumas verdades — O Katsuki? Me poupe. Esse imbecil não se incomoda com você nem um pouco, meu anjo.
— Velha...
— Cale a boca que você também não é tão novo. Está tarde e ele deve estar cansado, não custa nada deixá-lo dormir aqui. — Ela diz com seus braços cruzados e um semblante sério em direção ao loiro.
E tudo que Katsuki poderia pensar era no quão intrometida sua mãe estava sendo... mas mesmo assim, ele secretamente agradecia por isso, pois não pretendia recusar a estadia de Kirishima ali e o discurso de sua progenitora só facilitou as coisas.
— Tsc, tudo bem, fique.
— Olha, realmente não preci-
— É pra ficar e ponto final. — e o ruivo se calou, engolindo qualquer desculpa que tivesse elaborado para sorrir e agradecer ao loiro pela hospitalidade.
— Isso!! — ambas crianças gritam em uníssono, as lágrimas já não estavam mais em seus rostos e havia apenas sorrisos cheios de alegria.
A Bakugou mais velha colocou as mãos na cintura e sorriu, sabendo muito bem que seu filho desejava exatamente aquele resultado. Estava claro que Eijirou não era um incômodo para Katsuki.
Mas antes de ir embora, ainda pretendia ter uma conversa um pouco mais séria com seu filho.
***
Já era por volta das 10 horas da noite, as crianças já estavam dormindo e Mitsuki permanecia no sofá, esperando pelo filho para falar sobre algo importante que envolvia Eijirou. Havia lhe dito isso e o loiro ficou tenso, mas concordou.
Estava quase caindo de sono enquanto assistia algo aleatório e nada interessante na televisão quando ouviu o som de passos se aproximando.
— Qual é o problema, velha? — Katsuki questiona, mas não há nenhum tom de brincadeira em sua voz. Ele está sério, ansioso e um pouco aflito. Por que o assunto envolvia Kirishima? Apesar de já ter certa noção do que poderia ser...
— Ouvi das crianças que vocês se vêem bastante. — a mulher comenta, pedindo para que o filho sentasse ao seu lado. — Ele não parece apenas um "colega de trabalho", muito menos um "conhecido".
— Isso não é da sua conta. — já estava sentindo-se irritado pelas provocações.
— Talvez não seja, mas eu me preocupo com você, Katsuki.
— É, sei. — respirou fundo, sentindo-se levemente frustrado. Ele lembrava-se muito bem da época em que era adolescente; sua mãe fazia alguns comentários maldosos sobre Midoriya e Todoroki, o que às vezes causava discussões. — Assim como você se "preocupou" naquela vez em que descobriu que o Shoto era trans? Queria que eu me afastasse dele, mas eu não fiz isso e você ficou irritada pra caralho. — sem nem perceber que as mágoas lhe consumiram, ele deixa isso escapar. Sua face estava séria e mantinha sua voz baixa para não perder o controle e acabar gritando. — Ou quando descobriu que o Deku já gostou de mim? Você quase fez um escândalo pra mãe dele falando que ele ia me influenciar...
Era sua mãe, amava ela, obviamente, mas coisas como aquela estavam marcadas em sua memória e era estressante saber sobre suas opiniões e estar passando por algo semelhante aos amigos que ela tanto julgou.
Mitsuki ergueu as sobrancelhas, surpresa com o descontrole do outro loiro, parecendo estar chocada.
— Então você ainda lembra disso...
— Quem ouve não esquece.
— Olha, Katsuki... — ela respira fundo antes de continuar sua fala — Eu sinto muito pelas coisas que disse naquela época.
Agora foi a vez do loiro se surpreender e entrar em choque. Não esperava que sua mãe se desculpasse por algo que ela implicou tanto.
— Eu nunca consegui tocar no assunto, mas faz bastante tempo que mudei meus pensamentos sobre isso. — a loira explica e encara o filho com seriedade. — Se aquele homem te fizer feliz, Katsuki, fique com ele. Tenho certeza que as crianças também ficarão felizes por vocês.
"Vovó, eu quero a mamãe de volta, mas... eu também quero que o papai fique feliz e ele não vai ficar feliz com ela... e eu acho que ele gosta do tio Eiji, então quero que eles fiquem felizes juntos!" foi isso que ouviu vindo de Katsuo, e esta memória veio em sua mente bem na hora.
— Então com o que está preocupada?
— Com o pior acontecer novamente, assim como você também deve estar.
O loiro sente um peso em seu peito com a menção indireta de Akane, mas entende aonde sua mãe quer chegar.
— Eu não tenho certeza do que sinto por ele ainda, mas irei confiar.
***
Kirishima observava o quarto com certo tédio. Havia acabado de sair do banho e vestido, novamente, algumas roupas do loiro. E foi o próprio que disse para ele fazer isso.
Foi disperso de seus pensamentos quando ouviu o barulho da porta abrindo, vendo a figura de fios loiros e rebeldes adentrando o quarto em silêncio, parecendo cansado de certa forma.
Quando Katsuki olhou diretamente para Kirishima, não conseguiu parar de encará-lo. Por mais que já houvesse visto o corpo de Kirishima anteriormente, não o observou por muito tempo por estar exausto e o ruivo estar extremamente bêbado, lhe dando muito trabalho.
No entanto, agora não havia nada que o impedisse de observar aqueles músculos perfeitos que Eijirou possuía. Deixou apenas duas peças de roupa para ele vestir – calça e cueca – pois estava acostumado a dormir dessa forma, mas nem havia pensando direito na visão que teria no futuro.
— Bakugou...? — Kirishima decide chamá-lo após o tempo em que o loiro simplesmente permaneceu parado ali, observando-o sem nem piscar.
— Ah... o quê? — ele é retirado de seu transe, balançando a cabeça e desmanchando a expressão suave em sua face, questionando-o sobre o porquê do chamado como se não estivesse óbvio.
— Bem, é que você me disse para esperar aqui, então... poderia me explicar onde irei dormir?
— Aqui. — o loiro diz sem apresentar nenhuma dificuldade, vendo a expressão de choque se formar na face alheia.
— O que? — ele piscou, incrédulo, imaginando estar ouvindo coisas. — Você tem certeza sobre isso?
— Aham, agora deita e dorme. — dita enquanto caminha em direção ao banheiro a fim de tomar um bom banho antes de deitar-se também. Não quis se aprofundar em suas motivações para deixar o ruivo dormir ali quando o quarto de hóspedes estava livre. Talvez ainda sentisse certa desconfiança do ruivo e mantê-lo sobre seu olhar o fizesse sentir-se mais seguro.
Eijirou permanece em estado de confusão, mas apenas se mantém em silêncio, vagarosamente deitando sua cabeça no travesseiro. Não fazia sentido Katsuki simplesmente aceitar facilmente dormir ao seu lado, ainda mais quando ele ainda demonstrava-se indeciso, mas não pôde recusar e também estava cansado, realmente desejando apenas ficar naquela cama de uma vez ao invés de mover-se para outro lugar.
O colchão era tão confortável que não sabia mais ser capaz de se levantar dali tão cedo; o perfume que Bakugou utilizava estava marcado no móvel também, tornando o local mais agradável e fazendo relaxar um pouco. Trabalhou incessantemente para pensar em coisas mais levianas para não ter que lidar com a ansiedade de aguardar Katsuki; sua curiosidade também estava para lhe matar e dentre todos os outros fatores, essa era a coisa mais complicada de se conter.
Alguns minutos se passaram – que pareciam mais horas – e o loiro finalmente saiu do banheiro; as gotas de água respingando de suas madeixas e o tronco desnudo estando à mostra, como de costume. A toalha jazia em sua cintura. Apenas quando viu Kirishima deitado, de costas para si, em sua cama lembrou-se de que não estava sozinho e já estava indo pegar algo para vestir antes que o ruivo se virasse.
No entanto, não foi necessário ter tanta pressa, pois assim que começou a se deslocar até o guarda-roupa, ouviu os roncos vindo de Eijirou. Suspirou, cansado, tentando segurar o sorriso que se formava em seus lábios pela situação, escolhendo algumas roupas calmamente, vestindo-as e depois indo desligar a luz para finalmente deitar-se na cama.
Havia sido um dia cheio de surpresas e também estava exausto. Incrivelmente, não estava tão incomodado de deitar-se ao lado de Kirishima; pelo contrário, era reconfortante. Os acontecimentos do dia começaram a repassar em sua cabeça, a conversa com sua mãe, as interações que observou entre as crianças e o ruivo idiota... Foi tudo tão bom, de certa forma.
Desejava mais dias como aquele.
. . .
**********
É... foi um capítulo meio complicado de se escrever, mas espero que tenham gostado. Perdão pela demora, aliás.
Eu só pude corrigir uma vez, então qualquer erro, relevem kk.
Obrigado pela paciência e espero poder trazer os próximos capítulos mais rapidamente. ^^
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro