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Certo, eu consegui escrever um capítulo em menos de um mês. Já é algo, não?
Não é muito longo, perdoem por isso, mas creio que está interessante.
Boa leitura!
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23 de abril de 2020 — Sexta-feira
Katsuki chega em casa, de tarde, após uma manhã cheia de trabalho, deixando que seus filhos se entretessem na televisão enquanto ele se desloca até o quarto, trocando suas roupas rapidamente, utilizando umas mais casuais e confortáveis, para então deitar-se na cama, com certa hesitação, mas menos que antes.
Depois que ele e Eijirou passaram alguns minutos abraçados ali, ele não conseguia tirar isso da cabeça; o acalmava muito, era como se o fizesse esquecer de que compartilhou aquela cama com outra pessoa – aquela maldita pessoa. Ainda não se sentia totalmente confortável e seus sentimentos certamente estavam bagunçados, ainda mais quando certas crianças começaram a curiosamente perguntar onde ele e o "Tio Eiji" estiveram quando sumiram da festa.
Eram espertos, notaram sua falta e isso não passou batido, principalmente quando eles tinham um estranho interesse em saber de como ele e o ruivo interagiam.
O loiro se sentia bem estando ali, como se revivesse aquele momento de compreensão silenciosa; um que almejou, inconscientemente, por muito tempo. Sentimentos como ódio e repulsa para com a mulher que antigamente dormia ali, ao seu lado, não se sobrepunham a qualquer sensação de calma que pôde sentir naquele dia.
Ele ficou deitado ali por poucos minutos, pois a voz de Katsuo se fez presente no quarto, fazendo-o se levantar para atender ao seu chamado.
— Papai, faz pipoca pra gente? — ele diz olhando-o de forma pidona, já imaginando que seu pedido não seria atendido.
— Vocês acabaram de almoçar, Katsuo. — Katsuki justifica, se levantando e indo até a porta do quarto, que era onde o filho estava,
Viu-o exibir um semblante tristonho, apenas para tentar realizar seu pedido novamente.
— Mas papai, a gente quer assistir filme, e não tem graça ver filme sem pipoca! — insiste, vendo o pai se aproximar.
— Então que tal verem filme mais tarde e fazerem suas tarefas agora?
A sugestão faz Katsuo ficar espantado, o garotinho começa a balançar a cabeça em negação, não querendo fazer aquelas atividades chatas tão cedo. Ele havia acabado de chegar em casa, queria descansar e se divertir! Qualquer coisa relacionada a escola o deixava hesitante, principalmente em uma bela sexta-feira. Logo após negar, o moreninho pede desculpas e diz que não há problema algum em não ter pipoca para verem o filme, saindo correndo do quarto antes que seu progenitor investisse naquela ideia de tarefas.
Katsuki sorri faceiro ao notar que sua jogada funcionou, rindo do medo da pobre crianças em ter seu tempo de lazer tomado assim do nada.
O loiro volta seu olhar para a cama, pensando uma vez mais naquele dia, aliviado em conseguir dormir ali algumas noites, não se incomodando tanto com as lembranças anteriores que a cama o trazia. Estava parando de ser negligente aos poucos, já começando a deixar aquela frescura de lado.
Uma ideia vem à sua mente; talvez devesse tentar recompensar Eijirou...
Não, não seria tão apressado assim, muito menos aparentar ser desesperado. O medo de depender de alguém com algumas simples ações inundava sua cabeça e ele queria se desfazer dele.
Portanto, para não pensar muito na pequena ideia que teve ou o medo acerca dela, Katsuki começa a andar até seu escritório a fim de corrigir alguns trabalhos e terminar outros relatórios.
***
Uma pequena pausa foi feita.
O loiro se levantou e se espreguiçou, ouvindo o estalar de sua coluna com a ação. Havia passado horas naquela cadeira, apenas olhando para uma tela de computador e inúmeras palavras acerca do assunto que ensinava em uma de suas turmas do sétimo ano; alguns tinham diversos erros de português e custou muito para Bakugou ler e compreender o que estava sendo respondido, outros pareciam formais demais para um aluno daquela idade escrever, o que levou-o a descobrir que quase todas as frases foram copiadas de sites. Isso deixava Katsuki enfurecido, mas ao mesmo tempo ele sentia-se bem em saber que zeraria aquele trabalho com gosto.
Ninguém mandou ter a audácia de copiar resposta da Internet.
Enquanto se frustrava com alguns trabalhos, ficava ainda mais irritado em saber que aquela maldita ideia persistia em sua mente. Agora até seus pensamentos estava o traindo? Por Deus, era incrível como Kirishima conseguia invadir sua cabeça sem fazer absolutamente nada.
Na verdade, ele fazia sim. Era um idiota com cabelo de merda – que na verdade, via certo charme –, compreensivo, carinhoso e otimista.
Tudo o que ele poderia, inconscientemente, desejar de alguém, mas que se negava a ter, pois seu medo de tentar sempre fazia questão de tomá-lo.
Mas bem, agora que deu uma pausa, aquela mera ideia começou a se destacar ainda mais, fazendo Katsuki perguntar-se se realmente era má ideia...
Poderia arranjar uma desculpa, talvez? Uma que justificasse algo tão repentino? E se...
Não.
Bakugou respirou bem fundo, cansado e frustrado o suficiente para não querer mais pensar demais naquela ideia insistente que ele mesmo teve e pegou seu telefone, indo direto para a lista de contatos e não pensando duas vezes em ligar para Kirishima. Que se fodesse, não estava com paciência para criar uma desculpa esfarrapada, seria direto e tentaria compensar um pouco o ruivo, afinal, ele merecia um bom tratamento.
Ele tentaria, assim como disse a Izuku.
Talvez tomar uma atitude para descobrir o que exatamente eram aqueles sentimentos não fosse uma má ideia, certo?
— Alô, Bakugou? Tudo bem? — ele ouve a voz do ruivo sair do aparelho, levando-o de imediato até a orelha.
A voz do outro soa meio preocupada, como se aquilo fosse algo incomum.
E, bem, na realidade, era.
— Oi. — o loiro diz de forma um tanto quanto seca, as palavras travando em sua garganta ao pensar melhor sobre o que estava prestes a fazer. Balançou a cabeça e prosseguiu: — Vocês está... ocupado?
— Não, não estou. Por quê? — talvez Bakugou não tenha percebido, mas a voz de Eijirou tornou-se levemente animada após aquele questionamento. — Precisa de algo?
— Eu... — as malditas palavras não querem sair novamente e Bakugou se vê frustrado. Porra, era tão difícil assim pedir algo? Se condenava mentalmente por estar agindo de forma tão imatura. — Você quer..
— Quero...? — Eijirou incentiva, tentando não pensar na possibilidade de Katsuki estar tentando convidá-lo, não queria se iludir.
— Porra, que seja. — ele resmunga, massageando as têmporas. — Quero você aqui na minha casa, agora.
Um silêncio toma a chamada e Katsuki, aos poucos, sente sua face começando a aquecer; a vergonha por ter sido tão direito e autoritário se fazendo presente. Será que suas ações estavam óbvias demais? Cacete, ele queria Eijirou lá, as crianças ficariam felizes e ele poderia tentar de livrar daquelas correntes que o aprisionavam àquela pessoa. Ele gostaria de dar uma chance, principalmente quando era para alguém tão bom como o ruivo.
Estava começando a ficar nervoso. E se tivesse sido apressado demais? Porra, ele não sabia como fazer isso mais, não era fácil, nem um pouco fácil e não saber se estava fazendo aquilo corretamente ou se estivesse transparecendo estar desesperado uma outra vez o corroía.
— Sério? — é a única palavra que ele ouve na chamada.
— Sim.
— Sério mesmo?!
— Tsc, eu retiro o que disse, esque-
— Não! Desculpa, Bakugou! — o ruivo se apressa em responder — Eu tô indo, juro que não vou demorar!
— Bom mesmo.
Mas Katsuki não se importava com os atrasos de Kirishima, pois não importava quanto tempo demorasse em uma visita, o ruivo sempre chegava e conseguia deixar seu dia melhor.
***
Eijirou ficou boa parte de seu tempo pensando naquela noite durante o passar dos dias, se sentindo angustiado ao lembrar do loiro tentando se forçar a fazer algo tão sério contra sua própria vontade, mas aliviado ao pensar nos momentos mais pacíficos que lhe foram dispostos com Katsuki e as crianças. O agradecimento também não ficava fora de seus pensamentos, ele fazia seu coração vibrar de felicidade; eram poucas as vezes que Bakugou agradecia alguém, então quando o fazia, era porque estava extremamente grato. Ter percebido isso tornava as palavras do loiro mais especiais à si.
Tinha receio, certamente, portanto quis deixar as coisas progredirem devagar e não forçou nenhuma proposta para cima do loiro, desejando que ele tomasse o tempo que fosse necessário para catalogar aqueles sentimentos confusos.
Queria muito que Bakugou o correspondesse, é claro, mas se esse não fosse o caso, estava tudo bem. A felicidade de Bakugou era o que lhe importava.
Quando recebeu aquela ligação repentina, após chegar da academia, o homem de fios ruivos ficou embasbacado, não crendo que Katsuki houvesse lhe ligado, mas apressou-se em atender; a conversa foi curta, mas conseguiu deixá-lo ainda mais incrédulo, no entanto, muito contente. Um sorriso enorme tomou sua face e ele já começava a se deslocar até o banheiro para tomar um banho rápido e dirigir até a casa do professor de história.
E ali estava ele, sentado naquele sofá confortável novamente, ouvindo os comentários das crianças acerca do filme que viam; "Rei Leão". Aquele ambiente era agradável, ouvir suas vozes em vários tons diferentes era divertido e Eijirou certamente gostaria de poder passar mais tempo com os pequenos. Katsuki conversou com ele por um tempo quando ele chegou, mas o loiro percebeu que o tempo de intervalo que programou já acabou e ele tinha que trabalhar – dava para ver a frustração estampada em sua face – e Kirishima tentou tranquilizá-lo, informando que poderia esperar para conversarem mais depois.
Portanto, no momento, o loiro residia na mesa de jantar da sala, fazendo alguns relatórios, vez ou outra alternando seu olhar indo para o ruivo no sofá, junto aos seus filhos.
Não percebeu, mas o medo que antes tinha quanto a proximidade do mais velho com as crianças, aos poucos, estava sumindo, apesar de ainda existir, claro.
Via Eijirou rir em meio a algumas cenas de musicais e comentários das crianças, era até divertido observá-los.
Mas tinha que focar em outra coisa agora, não em Eijirou... que poderia ocupar sua mente uma outra hora.
Um tempo se passa e em determinada cena Kirishima percebe que a garotinha de fios loiros ao seu lado possuía lágrimas nos olhos, já se sentindo abalado ao vê-la chorar e se apressando em socorrê-la.
— Hana? Está tudo bem, pequena? Por que está chorando? — sua voz é de preocupação, e a situação acaba chegando aos ouvidos de Katsuki, que os encarou preocupado. — Diz pro tio Eiji.
— É que... — ela soluça, limpando as lágrimas — Eu fico lembrando que o papai dele morreu e fico com medo de que aconteça o mesmo com o... — ela não termina de dizer a frase, mas os adultos já compreendem a situação.
Katsuki já se levanta em desespero, completamente preocupada com os pensamentos da filha.
— A mamãe foi embora, não quero ficar sem o papai também. — ela admite baixinho para o ruivo e se agarra à pelúcia de tubarão que faz questão de levar a todo lugar.
Kirishima se vê em pânico ao não saber exatamente o que fazer, ou melhor, se tinha permissão de Katsuki para fazer algo, ainda tinha receio de que qualquer coisa que falasse aos filhos do loiro pudesse deixá-lo desconfortável, mas em um ato impulsivo, ele começa a afagar os fios loiros calmamente, querendo confortá-la.
— Você não vai, seu papai vai ficar bem, tá Hana? — ele diz com seriedade, vendo a menininha fungando.
Katsuo a observava tristonho ao lado do ruivo, os pensamentos dela fizeram-no pensar o mesmo e ele continha a vontade de chorar com a ideia. Ver aquele filme novamente os fez ter uma visão mais empática acerca daquela situação.
— Ei, não fica triste também não, Katsuo. — Eijirou se atenta ao moreninho e ergue sua outra mão aos fios negros, querendo acalmá-lo.
— Como você sabe que ele não vai embora, tio Eiji?
— Porque o pai de vocês é um homem muito forte e se importa muito com vocês. Ele jamais os abandonaria. — respondeu com convicção. Era a verdade, afinal. Katsuki era forte e o mesmo batalhava diariamente para garantir uma vida boa aos seus filhos.
Ambas crianças absorveram aquelas palavras e tinham consciência de que era verdade. Não se contiveram em abraçar o ruivo, que se assustou com o gesto repentino, mas as abraçou de volta, meio hesitante e, ao mesmo tempo, não querendo mostrar resistência ao dispor de carinho para com aqueles dois anjos.
Bakugou via a cena com um misto de sentimentos. Ele parou ao ver Kirishima lidando com a situação, acalentando seus pequenos e dizendo aquelas palavras com tanta confiança. Realmente, sentia muito confiança no que o ruivo dizia, e isso deixava seu coração mais leve; saber que alguém reconhecia seus esforços, que acreditava nele, era tão... bom.
Ele percebe que Eijirou está meio hesitante quanto a qualquer proximidade e se arrepende amargamente de suas ações, por mais cautelosas e bem-intencionadas que tivessem sido. Logo, o loiro dá a volta até em frente ao sofá e se senta ao lado de Kirishima, que estava sendo abraçado pelas duas crianças; o filme continuava de fundo, mas nenhum deles se importava muito, ainda mais por já terem o visto centenas de vezes em anos passados.
Também acolheu os filhos em seus braços quando estes perceberam sua presença, querendo os garantir que não tivessem aquele tipo de pensamento.
Mas algo que poderia destacar disso tudo foi que ter Eijirou ali deixou as coisas mais leves.
***
— Gosta de algo além de carne?
A pergunta vem no meio de uma conversa – quase silenciosa – entre os dois adultos. Kirishima pondera um pouco e afirma que sim, perguntando o porquê logo depois.
— Diz o que você gosta, só isso.
— Mas por quê?
— Tsc, eu quero te conhecer melhor, idiota. Não dificulte as coisas... — Bakugou bufa irritado, cruzando os braços e sustentando uma expressão emburrada na face.
Kirishima sabia que tinha algo por trás disso, ele podia sentir pelo tom da pergunta, mas respondeu mesmo assim.
— Bem, tem um prato que eu gosto muito, mas que nunca consegui fazer, não importa o quanto eu tente. — ele comenta, rindo e parecendo nostálgico. — Só a Mayu conseguia, ficava perfeito.
O nome faz Katsuki erguer uma sobrancelha em dúvida, instigando Eijirou a lhe explicar:
— Ah, Mayumi era o nome da minha esposa. — ele sorri e esse sorriso torna-se um pouco desanimado.
Já havia superado, mas não quer dizer que não doía ao mencioná-la.
Katsuki arregala os olhos, lembrando-se daquela informação; a esposa de Eijirou... faleceu. Isso havia ficado esquecido diante de tantos sentimentos misturados, mas agora ele remoia essa informação em sua cabeça, pensando no quanto Kirishima deve ter sofrido.
É mais doloroso perder alguém que nos ama do que alguém que já deixou de nos amar.
O semblante tristonho que pôs no ruivo com aquela pergunta o deixou desconfortável, fazendo-o se arrepender.
— B-bem, continuando, é torta de morango.
— Você realmente tem cara de quem gosta de doces. — Katsuki comenta.
— Eu adoro! — um sorriso permeia sua face. — E você, Bakugou, do que gosta?
Katsuki se encontra pensativo com a pergunta espontânea, um pouco mais de ânimo em continuar o assunto. As crianças desenhavam na mesa de jantar, rindo e fazendo comentários sobre o desenho um do outro enquanto ambos estavam no sofá, lado a lado. Ele não demora muito tempo para deixar que as palavras saiam naturalmente.
— Curry apimentado.
— Nossa, por essa eu não esperava! — Kirishima comenta com divertimento, pensando que aquele tipo de comida realmente combinava com a personalidade de Katsuki.
Bakugou apenas deixa um sorriso perdurar no canto dos lábios ao ver aquele sorriso tão doce, já se sentindo melhor.
Iria prosseguir o assunto da forma de conseguia, mesmo que suas perguntas fossem meio agressivas, mas ele é impedido ao ouvir o som da campainha ressoando pela sala. Katsuki ergue uma sobrancelha em confusão por ter alguém chegando em um horário assim, já imaginando de quem poderia ser tratar, se levantando do sofá e andando até a porta com certo desânimo pela interrupção logo quando a conversa estava fluindo.
Ele questiona quem é e ao ouvir a voz feminina do lado de fora ele abre a porta resmungando, deixando uma carranca evidente em sua cara pela visita inesperada logo daquela pessoa.
— Oi, velha. — ele é seco e cruza os braços ao olhar para a mulher sorridente na porta.
Certamente não contava com a visita de sua mãe, Mitsuki Bakugou.
— Olá meu filho, você não parece muito feliz em me ver. — ela diz, sorrindo com certo deboche para o mais novo.
— Vovó Mitsuki! — as duas crianças gritaram ao vê-la e ouvi-la na porta, se levantando das cadeiras e começando a correr em sua direção para abraçá-la; estavam saudosos da mais velha.
— Olha se não são meus adoráveis netinhos! — ela se abaixa para abraçá-los, beijando as bochechas de cada um com carinho, Katsuki revirando os olhos com a mulher estar pouco se fodendo sobre estar atrapalhando ou não.
Eijirou observa a cena com certa curiosidade no olhar, ele ouviu bem o que a mulher era e um certo nervosismo começou a surgir; era a mãe de Katsuki, certo? Quer dizer, eles eram idênticos, então é óbvio que sim. Esperava poder passar uma boa impressão à mais velha, pois já havia sido complicado com Katsuki...
Ele congela quando o olhar de Mitsuki pousa em si, há certa desconfiança nele e isso faz Eijirou ficar mais acuado, se sentindo intimidado pelas íris rubis quais pareciam julgá-lo incessantemente.
— Katsuki, quem é ele?
Ele ouve esse questionamento e Bakugou também parece se atentar àquele fator no momento, ponderando por alguns segundos antes de responder.
— Um... conhecido.
. . .
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Bem... o próximo capítulo provavelmente será mais interessante por conta da presença da nossa amada Mitsuki. (as coisas serão explicadas de forma melhor ao longo do próximo capítulo)
Perdoem pelo capítulo um tanto quanto curto, ainda mais com esses intervalos gigantes e muito obrigado a todos que leram! ❤️
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