17 • Distração
Meu Deus, eu demorei quase um mês. Sinto muito gente, tá meio complicado pra escrever esses dias, mas em compensação o capítulo de hoje terá 7k :3
(É literalmente o capítulo mais longo que eu escrevi de todas minhas long/short fics e onshots)
O foco não vai ser muito na festa em si, pois eu quero me aprofundar um pouco mais na relação do Bakugou e do Kirishima nesse capítulo aa.
Enfim, boa leitura!
*******************
20 de abril de 2020 - Terça-feira
Enfim, o dia tão esperado chegou.
Era de noite, o clima animado na casa de Bakugou era mais que evidente aos olhos de todos, sendo proporcionado pelas crianças que ali estavam; gritando, pulando, correndo e brincando pela casa, felizes e sorridentes. Uma vasta alegria irradiava de Hana, a aniversariante encontrava-se sempre sorrindo, afetada pelas outras crianças que estavam junto a ela, seus poucos amigos eram muito importantes e tê-los ali em um momento tão especial era a melhor coisa que a menina poderia querer naquele dia que fora marcado para ser celebrada sua data de aniversário.
E, apesar da verdadeira esta já ter passado faz um bom tempo, de nada lhe importava, pois, o importante era ela estar sendo celebrada. Já havia recebido seus presentes e os aberto com uma empolgação marcada em sua expressão, gritando em êxtase, extremamente agradecida e contente em ter recebido algo que queria, abraçando com toda sua vontade a pessoa que havia lhe dado o presente desejado, e é claro, nem sempre ela recebia o que gostava - como roupas, por exemplo. -, mas isso não a desanima de forma alguma, ou a chateia, pois seu progenitor lhe ensinou a apreciar o valor que cada presente possuía, sempre agradecendo e mostrando um sorriso doce em resposta.
As brincadeiras prosseguiram e o tempo ia andando, risadas faziam parte das conversas e ajudavam a manter o ambiente daquela forma, mas à medida que o tempo passava, Hana começava a se incomodar um pouco com um fator que até agora procurou ignorar. Não passou muito tempo, mas era inevitável não martelar em sua cabeça o porquê do "Tio Eiji" não ter aparecido por lá até o momento. Não queria demonstrar-se chateada, até porque sabia que o ruivo de dentes afiados era ocupado, - tinha essa pequena consciência por seu progenitor e ele partilharem da mesma profissão - então não queria mostrar seu descontentamento nem ser tão negativa, mas ficava cada vez mais difícil tirar aquela dúvida da cabeça, ainda mais quando o próprio pai havia lhe dito que o ruivo viria à festa. - junto, é claro, à informação de que o havia convidado, o que fez, tanto ela, quanto Katsuo, gritarem imersos em uma imensa alegria por aquele fator.
Mas será que ele não queria mais vir? Poderia jurar que seu professor gostava de festas. Algum imprevisto surgiu?
Ou na pior das hipóteses, ele havia mentido quanto a ir? Não, o "Tio Eiji" não era capaz disso, ele era gentil e carinhoso, não um mentiroso!
Logo seu irmão notou seu pequeno desânimo e se aproximou, conversando consigo e incentivando-a.
- Ei, mana, não fica triste! O Tio Eiji vai vir, eu tenho certeza! - em sua voz, um quê de incerteza perdurava, mas ele buscava esconder isso, tentando demonstrar-se o mais positivo possível. Não queria ver sua irmã triste, - ainda mais em um dia especial como aquele - pois ele também ficava triste assim, então se esforçaria para animá-la. - A Aiko deu a ideia da gente brincar de esconde-esconde, que tal? Eu sei um ótimo lugar para nos escondermos! - deixou um sorriso surgir em seus lábios, tentando convencer a loirinha, vendo-a acenar positivamente e sorrir também para então ambos correrem em direção ao grupo que se reunia para decidir a brincadeira.
Enquanto isso, os adultos conversavam no sofá ao canto da sala. Katsuki havia arrumado aquele cômodo para tornar-se mais aberto, dando mais liberdade para as crianças correrem e brincarem enquanto alternavam entre a casa e o quintal, onde continham algumas mesas que foram alugadas para outros pais que está ali presentes para cuidarem de seus filhos enquanto conversavam. No sofá, estavam apenas pessoas mais próximas do loiro, os dois casais - Shoto e Izuku; Kyoka e Denki - conversando entre si, principalmente o esverdeado e o loiro de aura eletrizante, de certa forma, entusiasmados, pois acharam um assunto em comum no meio de conversas entediantes, e o restante do grupo não poderia estar mais perdido diante de tudo aquilo.
- Uma Chansey com Flamethrower? Que merda é essa, cara? - Denki pareceu exasperado diante da explicação do esverdeado, chocado, sentindo a dor ao imaginar ter que batalhar com alguém que faça esse tipo de monstruosidade. - Sinto muito por você.
- Não, é? Eu não consegui entender, mas pelo menos eu ganhei no final, o time dele era horrível. - Midoriya concorda, parecendo realmente indignado ao trazer lembranças de tal dia traumático.
Katsuki ouvia a conversa com o cenho franzido, buscando algum sentido nas palavras dos dois rapazes à sua frente, mas não obtendo sucesso. Desviou o olhar para o bicolor e a arroxeada que estavam sentados lado a lado, apenas ouvindo tudo com suas expressões entediadas, como se passassem por isso todo dia.
- Mas de que porra eles estão falando? - questionou, a confusão estampada em sua expressão.
Ambos suspiraram e responderam em uníssono:
- Pokémon.
- Puta merda, hein. - era bizarro não conseguir compreender nada, mas agora encontrava-se mais indignado ao saber que o assunto em torno de uns bichinhos era tão vasto.
- Eu que o diga. - Jirou resmungou - Quando ele acha alguém pra falar conversar sobre isso ele não cala a boca, parece uma criança.
- Te entendo. - o meio-ruivo concordou, olhando os dois conversando, olhando para Bakugou, como forma de não ter que aturar seu marido conversando sobre coisas que não compreendia. - Katsuki, não tinha mais alguém pra vir nessa festa, não?
- Hã? - arqueou uma sobrancelha, tentando parecer inconformado com a questão, mas no fundo sabia do que se tratava a fala do bicolor. Só estava disfarçando sua ansiedade e frustração. O outro não pareceu desistir de obter uma resposta, e agora Kyoka também o encarava, demonstrando-se interessada pelo assunto, então questionou-o irritado, antes de tudo. - Como caralhos sabe disso?
- O Izu me contou. - sua expressão era apática, e isso deixava Bakugou levemente irritado, mas já havia se acostumado com aquilo. - Então, ele não vem mais?
- De quem estão falando? - impulsionada pela curiosidade, a arroxeada questionou.
- Do cara que o Bakugou anda gostando.
- Vai se foder, cara de Pavê. - Katsuki rosnou pela resposta tão expositiva, a queimação subia em sua face. - Deku desgraçado... - murmurou, se sentindo traído.
- Ele queria poder te ajudar, não julgue ele. - prontamente, o meio ruivo pôs-se a defender o marido, em seguida, explicando mais detalhadamente o porquê do esverdeado tê-lo exposto, ressaltando que apenas pessoas de confiança do loiro possuíam aquela informação - inclusive Kyoka, que estava boquiaberta ao saber que logo Bakugou estava apaixonado novamente, começando a imaginar quem poderia ser. - Mas, de qualquer forma, qual o nome do cara? Ele não iria vir nessa festa?
- Porra, não vou falar o nome dele, cacete. - explicou de braços cruzados, deixando claro que estava ofendido com aquele tipo de invasão. - E ele vem... eu acho.
- Acha?
Bakugou revirou os olhos, bufando. Havia conversado minimamente com Kirishima nas semanas posteriores ao encontro na praça, mas as coisas não foram tão mal assim. Recebera a confirmação do ruivo de que iria à festa e contou à Hana e Katsuo, feliz ao vê-la tão empolgada pela presença do tão admirado Tio Eiji estar confirmada.
No entanto, agora não tinha certeza das coisas. Sua filha parecia mais triste ao reparar que Eijirou não havia chegado ainda, e seu peito apertava com isso, querendo muito fazer o maldito ruivo aparecer magicamente naquele lugar, enquanto, por outro lado, alimentava certo ódio e ranço com a falta de comprometimento de Kirishima, achando que ele havia simplesmente esquecido de algo que vinha-o sendo lembrado por semanas, ou até mesmo se recusado a vir...
Ou talvez um imprevisto havia surgido e ele estava apenas sendo egoísta? Também tinha esse lado, e sinceramente, Katsuki não conseguia se decidir no que pensar, mas também se vinha indeciso em tomar uma atitude diante daquilo.
Algumas conversas em relação ao assunto se estenderam, e em uma delas, o bicolor sugeriu ao loiro para mandar alguma mensagem. Katsuki ficou relutante quanto a realizar tal ato, mas suspirou e pegou o aparelho, pois não podia negar sua curiosidade e preocupação em torno do porquê Eijirou não apareceu por lá até o momento.
Mas uma interrupção fora feita, uma batida na porta da frente, junto ao som da campainha que fora tocada de maneira apressada e repetitiva.
A princípio, o loiro ficou incomodado com o tamanho desespero de quem quer que fosse do outro lado daquela porta, gritando que já estava indo e se levantando com uma carranca disposta em sua face. Ao chegar perto da porta, pôde ouvir o indivíduo se desculpando pelo incômodo, notando agora de quem se tratava. Era a voz de Eijirou.
- Sabe que está atrasado pra caralho não é? - abriu a porta, resmungando. Viu um sorriso cansado surgir nos lábios alheios e sentiu o calor espalhar-se por sua face. Aquele maldito sorriso...
- Eu sei, sinto muito mesmo. - ele se desculpa mais uma vez, curvando-se levemente para demonstrar seu arrependimento. Sua vestimenta era elegante e realçava sua musculatura, o que chamou atenção de Katsuki de imediato. Viu o embrulho cor de rosa em suas mãos e imaginou tratar-se do presente de Hana, afinal, aquela era sua festa, então tratou de dispersar qualquer pensamento impróprio que estivesse tentando entrar em sua cabeça e deu espaço para que o ruivo entrasse. - Eu meio que acabei... perdendo as chaves novamente. - murmurou, meio envergonhado pela confissão desastrosa. - Mas o importante é que eu achei, então acho que é melhor que nada, né? - sorriu enquanto coçava a nuca, ainda meio nervoso.
E antes que Katsuki pudesse fazer menção de zombar do quão ridículo e descuidado Kirishima conseguia ser, uma interrupção surgiu, mas não uma ruim. Sorriu com certa alegria ao ver sua filha toda feliz novamente.
- Tio Eiji! - ela grita, correndo na direção no homem mais velho, que se agacha à sua altura e lhe direciona um sorriso enquanto é envolvido pelo abraço da loirinha. - Você veio mesmo!
- Mas é claro. - ele devolve o abraço, rindo da animação alheia, logo em seguida oferecendo o presente à garota, que pegou a embalagem com os olhinhos brilhando. - Sinto muito pela demora. - diz, se desculpando, dessa vez, com a loira, que apenas balança a cabeça, indicando não haver problema algum e o abraça mais uma vez.
Logo depois, ela se desvencilhou do abraço e começou a analisar a embalagem, notando tratar-se de algo macio, já levantando teorias mentais do que poderia ser, um sorriso perdurando em sua face devido à sua empolgação. Katsuki incentiva a pequena a abrir a embalagem, direcionando lhe um olhar terno, sentindo-se aquecido ao ver sua filha tão contente. Apreciava aquele poder que Eijirou tinha de trazer felicidade ao ambiente em que se colocava.
E falando no ruivo, este fora recebido por Katsuo que não se conteve em sorrir alegremente e abraçá-lo. Em seguida, ele dedicou sua atenção à Hana, ficando levemente ansioso por não saber realmente se ela gostaria do presente, ainda mais depois de Ashido ter-lhe dito que garotas não costumam gostar daquele tipo de animal... mesmo que para ele, fossem seres incríveis em todos os aspectos. Os gritos continuavam lá fora, com as crianças dando segmento à brincadeira enquanto aguardavam o retorno das outras duas, a expectativa estava expressa no olhar de Hana, e realmente aquilo trazia certo receio em desapontá-la.
Quando a embalagem foi rapidamente aberta, a garota ficou observando a pelúcia, sua expressão agora era indefinida e isso quase fez o adulto de fios rubros suspirar, imaginando que houvesse a desapontado.
- Um tubarão, Kirishima, sério? - Katsuki sussurra ao seu lado para que apenas ele ouvisse, estando um pouco indignado pelo quão imprevisível aquele presente foi. Seu olhar pousou na face alheia e viu que sua expressão estava vacilando um pouco, fazendo-o se arrepender das palavras que saíram de sua boca. Ele se expressou mal e fez parecer que estava verdadeiramente inconformado, então trataria de arrumar isso. - Não que eu esteja dizendo que é ruim...
- Eu adorei! - Hana grita de forma escandalosa e o brilho em seus olhos era tão real que até mesmo Bakugou encontrou-se surpreso, de olhos arregalados observando o entusiasmo alheio. - Eu amei, amei, amei! - ela continua, com um sorriso largo em sua face, abraçando a pelúcia de tubarão com uma coloração avermelhada, - talvez, apenas talvez, Eijirou houvesse tido como inspiração a pelúcia que encontrou na loja e tivesse encomendado um de cor mais viva. Mas só talvez. - O tamanho era médio e o tecido era macio, o que fazia a pequena encantar-se mais ainda - Muito obrigada, tio Eiji!!! - dessa vez, ela corre para abraçar o mais velho novamente, grata pelo presente tão memorável.
O ruivo solta o ar que segurava em seus pulmões, abraçando a menina ternamente, não conseguindo conter o sorriso que surgiu em seus lábios ao ver Hana tão contente com seu presente. Queria presenteá-la com algo que ela fosse gostar, mas que também significasse algo, como se quisesse que a menina lembrasse de si, talvez pudesse enxergá-lo como alguém importante, uma figura paterna...
Mas não é como se Bakugou e ele fossem realmente ficar juntos apenas porque ele quer, então não iria se iludir demais com os pensamentos de querer fazer parte daquela família.
- Ei, eu posso ver? - Katsuo se aproxima da irmã após o abraço ser desfeito, admirado com o animal de pelúcia e até mesmo nutrindo certo ciúmes por não ser ele quem fora presenteado.
- Não, ele é meu! - ela diz, se afastando, abraçando a pelúcia o mais forte que poderia para que não fosse tirada dela. - Você não pode tocar no Kiri... Kiri... papai, como se fala "tubarão" em inglês? - ela questiona com seus olhinhos curiosos em direção ao pai, que havia acabado de despertar de seus devaneios quanto ao que acontecia.
- Tubarão? É "Shark". - ele responde ainda um pouco confuso - Por quê?
- Isso! - uma lâmpada parece acender em sua mente, e ela novamente olha para o irmão. - Você não pode tocar no Kirishark, Katsuo!
- Kirishark? - Eijirou parece visivelmente confuso com o nome dado ao tubarão, logo ligando os pontos e ficando boquiaberto com a "homenagem". - Ah, entendi... - outro sorriso terno surge em seus lábios ao saber que a loirinha parecia ter gostado tanto assim do presente.
- É um nome bem memorável, podemos dizer. - o loiro diz, segurando-se para não rir, mas achando extremamente adorável, principalmente a forma natural e infantil que Hana havia lhe questionado.
Viu uma pequena briga se desenrolar entre as crianças por conta daquele egoísmo da pequena, mas logo eles foram interrompidos, sendo chamados pelas outras crianças. Hana abraça Eijirou mais uma vez, agradecendo-o imensamente e começa a correr com sua nova pelúcia em direção ao grupo. Ambos adultos observaram a cena enquanto sentiam o peito aquecer-se. Katsuki foi o primeiro a perceber o sentimento mútuo, pigarreando e chamando atenção do ruivo para que eles se fossem até o sofá, onde os amigos mais próximos do loiro prosseguiam imersos em conversas diversas, - até mesmo Denki e Izuku haviam parado com aqueles assuntos quais Bakugou considera ridículos - não escondendo os olhares surpresos ao notarem a presença do novo indivíduo no local.
- Kirishima?! Você por aqui, cara? - o loiro com uma mecha preta se demonstra animado com a presença repentina do melhor amigo, se levantando para abraçá-lo, sorridente. - O que faz aqui?
- Ah, eu vim para a festa da Hana... - ele explica, lembrando-se que a única pessoa que sabia sobre a festa era Ashido. Na correria, ele acabou esquecendo de comentar com Denki.
- Não sabia que era tão próximo do Bakugou assim. - Jirou comenta, feliz ao ver o colega de trabalho por ali.
- Não somos... - o loiro murmurou, tão baixo que os demais não escutaram, com exceção de Kirishima, é claro. O ruivo decidiu ignorar aquilo, tendo ciência de que, de fato, eles não eram realmente próximos. - Tanto faz. - disfarçou, tentando parecer indiferente, se sentando no espaço vazio ao lado do meio ruivo, olhando para Kirishima e pedindo silenciosamente que se sentasse ao seu lado.
Fora obedecido rapidamente, vendo que o nervosismo estava presente na face alheia, mas pretendendo ignorar aquilo, por hora. Shoto estreitou os olhos para o ruivo de fios espetados, se dando conta de quem ele era e manifestando seu pensamento.
- É ele o cara, Bakugou? - questiona normalmente, deixando todos ali presentes ouvirem-no. Novamente, não tinha a porra de um pingo de vergonha expressa em sua face. - Aquele que você está...
- Cala a merda da boca agora, porta do caralho! - Bakugou rosna antes que o bicolor fizesse-o queimar de vergonha ali mesmo, revelando algo tão pessoal de maneira tão descuidada. Essa é a consequência de confiar uma informação tão valiosa a alguém de bom coração, que não mentiria para o marido. - Deku, você me paga. - ameaça, fuzilando o esverdeado com o olhar. Midoriya sente o suor frio em seu corpo, pedindo desculpas de imediato e prometendo que algo assim não aconteceria novamente, afirmando que só havia contado para Shoto e mais ninguém, imaginando que ele não seria tão descuidado assim.
Os outros indivíduos presentes não compreenderam a conversa, principalmente Eijirou, que notara ser o assunto principal, mas não entendia o porquê. Decidiu apenas deixar aquilo de lado, não querendo se intrometer nos assuntos privados de Bakugou.
***
As conversas prosseguiram depois disso. O ruivo acabou se dando muito bem com Izuku e Shoto, encontrando vários assuntos de interesses mútuo. Eijirou é bem extrovertido, então não houveram problemas para estender-se em assuntos longos e divertidos.
Isso ocorre até Izuku adentrar em um assunto específico, qual despertou uma confusão instantânea na mente de Eijirou, chamando atenção do loiro que os encarou atentamente.
- Como assim? - Kirishima questiona, desviando seu olhar em direção ao Bakugou e encarando-o meio confuso com a informação que acabara de obter.
- Ué, hoje é aniversário do Kacchan, não sabia? - a expressão do esverdeado também transmitia confusão, começando a buscar respostas lógicas para aquilo; ao menos agora o fato de Eijirou ter mencionado apenas Hana fazia sentido. - Pensei que esse fosse outro motivo para ter vindo...
- Deku, seu maldito... - Katsuki murmurou enfurecido, fuzilando novamente o esmeraldino com seu olhar. Mas, no fim, não podia culpá-lo, era apenas uma informação recorrente, que viria à tona uma hora ou outra. Suspirou, pousando seu olhar no ruivo que parecia surpreso, tenso e desconfortável. - Tá, agora já era, então, sim, é meu aniversário.
- Mas... hoje não era o da Hana? Não estou entendendo.
- Hoje é a festa do aniversário dela, pois eu não pude fazê-la antes. - respondeu, recostando-se no estofado e evitando encarar o ruivo nos olhos. - Mas não muda nada, eu não gosto de celebrar meu aniversário, de qualquer forma.
- Ah, entendo... - Eijirou assente, agora meio pensativo. Não pôde evitar de ficar sem graça com aquela descoberta, lá no fundo, sentindo-se minimamente culpado por não ter trazido nenhum presente para o loiro. Mas eles não possuíam tanta intimidade assim para fatores como aquele serem necessários de se revelar, então apenas decidiu ignorar aquilo.
Ou ao menos tentar.
Izuku observou a interação, meio arrependido de ter tocado naquele assunto, ainda mais porque Eijirou não parecia tão imerso nas conversas quanto antes. O tempo continuou passando de maneira veloz e outros poucos convidados chegaram, até o momento em que enfim comemoraram o aniversário da garotinha com os parabéns. A medida que as pessoas foram indo embora, o ruivo ficava mais disperso, consequentemente chamando a atenção de Katsuki, que bufava toda vez que pensava em se preocupar com o homem mais velho.
Em determinado momento, uma ideia surgiu na mente de Midoriya e este pensou em dar um ajuda quanto a evolução daquele relacionamento. Foi até a cozinha, onde Katsuki havia ido pegar algo para beber, aproximou-se o suficiente de Bakugou e sugeriu baixo.
- Que tal conversarem um pouco no seu quarto? - ouvindo aquilo, o loiro quase engasgou com a água que bebia, encarando o esverdeado como se questionasse que porra de proposta era aquela. - Quero dizer, é um lugar mais reservado, Kacchan. Você não quer ter privacidade com ele e conhecê-lo melhor?
- Porra, Deku. Que merda você acha que ele vai pensar caso eu levá-lo para o meu quarto? - rosnou, irritado com a ingenuidade de Midoriya.
O esverdeado sentiu suas bochechas sardentas queimarem ao raciocinar um pouco. Balançou a cabeça para espantar os pensamentos impróprios e voltou a falar:
- Mas olha, é a única forma de vocês terem um tempo às sós.
- E quem disse que eu quero ficar sozinho com ele?
- Você não quer? - o loiro abriu a boca para retrucar, mas fechou-a na hora, cruzando os braços irritado pela incapacidade em negar aquilo. Midoriya sorriu convencido, prosseguindo com sua ideia que surgiu após ouvir as duas crianças, mais uma vez, conversando sobre como aproximar seu progenitor do tão amado Tio Eiji. - Eu cuido das crianças enquanto isso. Acho que isso pode ajudá-los a se descobrirem melhor, sabe? - comenta, sorrindo docemente, praticamente convencendo Katsuki. - Mas se forem fazer algo, não façam muito barulho... ah, e lembre-se de usar camisi-
- Tá, Deku, entendi. Puta que pariu. - interrompeu-o, sentindo sua face queimar com aquela exposição. - Vou chamá-lo, mas só porque eu quero. - colocou o copo na pia, andando em direção à sala, vendo o esverdeado segui-lo com aquele sorriso convencido.
Viu a figura de fios rubros se assustar ao ter seu nome chamado. Katsuki havia voltado e ido direto para sua frente, percebendo agora o quão aéreo o homem estava.
- Vamos. - só disse essa única palavra, indicando a Kirishima para levantar-se. O ruivo lhe direcionou um olhar confuso, mas fez o que lhe fora pedido sem questionar, seguindo-o pelo corredor enquanto os outros encaravam-nos com o mesmo olhar confuso.
Katsuki não sabia o porquê de estar compactuando com aquela ideia ridícula, mas não poderia deixar de sentir-se no mínimo ansioso quanto a ter a presença de Eijirou em seu quarto. Mas era bom saber que suas crianças estariam sob cuidado de alguém enquanto realizava aquela estupidez... por mais boa que soasse a ideia. Queria explorar aquele sentimento de uma vez, ter certeza absoluta, e mais, descobrir se era, de fato, recíproco - por mais que o ruivo já houvesse deixado implícito que era. Por ser uma coisa nova, ele não sabia realmente como agir, no entanto, esse é Katsuki Bakugou, seria persistente quanto a descoberta deste maldito sentimento fervoroso que se instaura em seu ser.
Por outro lado, o ruivo demonstrava-se mais nervoso à medida que se aproximavam do cômodo. Lembrava aonde o caminho que estavam traçando dava; o quarto de Katsuki. Mas por quê? Não fazia sentido algum Katsuki guiá-lo até lá, mas não possuía coragem suficiente para questionar... e talvez nem quisesse.
Entraram no cômodo e Eijirou explorou-o com o olhar, lembrando-se vagamente de quando esteve ali, de quando acordou na cama de Bakugou. Sem roupas.
Tudo bem, talvez não fosse uma boa hora para aquele sentimento nostálgico.
- É... Bakugou? - decidiu chamá-lo ao vê-lo fazer algo minimamente questionável. - Por que está trancando a porta?
- Pra ninguém nos incomodar.
- O que está insinuando? - estreitou os olhos em sua direção, vendo o loiro passar ao seu lado e sentar na cama. Permaneceu em pé, ainda com um semblante desconfiado.
- Eu... não sei. - admitiu após longos segundos ponderando, martelando aquela questão confusa em sua mente. Indicou para o ruivo que ele deveria sentar-se ao seu lado na cama, evitando encará-lo nos olhos. Percebeu a maldita hesitação de Eijirou e rosnou. - Vem logo, imbecil.
O homem mais velho continuou resistindo até o momento em que o loiro o fuzilou com o olhar, suspirando e se aproximando da cama, sentando ao seu lado com os ombros tensos, sem realmente saber o que dizer ou o que fazer. Sequer sabia o porquê de estar ali, e o fato do outro estar tão confuso quanto si não lhe dava muita confiança.
Segundos tornaram-se minutos. Cinco longos e tortuosos minutos em um silêncio desconfortável e sufocante.
Katsuki surtava mentalmente, tentando organizar seus pensamentos, arranjar algum motivo plausível para que tenha concordado com aquela merda toda, e até mesmo tentava desvendar sozinho o que sentia pelo professor idiota de madeixas rubras apenas o observando vez ou outra.
Eijirou suava, coçando o pescoço em uma forma clara de nervosismo. Os questionamentos eram martelados o tempo inteiro em sua cabeça, mas era incapaz de chegar à uma conclusão. Uma chama de esperança ousa se acender com o mero pensamento de finalmente estar tendo uma chance de avançar, de superar seu passado, de conhecer alguém novo. Bakugou estava permitindo-o se aproximar? Era isso? Não poderia ter certeza, mas assim que tivesse, daria seu melhor para tornar aquele relacionamento possível. Ele prometeu que ao menos tentaria, então não era agora que iria falhar.
- Por que caralhos eu fui escutar o Deku? Porra. - o loiro murmurou para si mesmo, mas Kirishima ouve algumas partes de sua fala, inclinando sua face em direção a Bakugou e dedicando-lhe seu olhar confuso, buscando por uma explicação. - Por que estou fazendo isso? - novamente, Katsuki fala sozinho, dessa vez levando uma mão às têmporas e massageando o local, tentando não perder a paciência por conta de seus arrependimentos.
- Bakugou. - o ruivo chama, vendo-o suspirar antes de hesitantemente encará-lo. - Você tem algo para me dizer?
- Talvez. - ele pondera por um tempo, mas diz vagamente. Sua confusão é intensa demais para ele mesmo definir o que quer, e isso é frustrante, principalmente para alguém que sempre sabe exatamente o que quer e como fazer para conseguir determinada coisa. Bakugou se sentia desarmado. - Essa merda toda é confusa pra caralho.
- O que exatamente? - questionou, buscando compreendê-lo, estava curioso quanto o que o mais novo pensava.
- Isso. - ele diz, mas não aponta para nada, arrancando outro olhar confuso de Eijirou. - Essa situação, esses sentimentos idiotas, esse relacionamento... - tentou explicar, não conseguindo definir de forma concreta o que era. - Nós.
- Isso é um problema pra você?
- Não! - apressou-se demais, demonstrando-se muito desesperado. Ao notar sua reação exagerada, apenas abaixou a cabeça, sentindo a queimação em sua face e ouvindo alguns risos por parte de Eijirou. - Só é confuso.
- Eu entendo. - realmente entendia; faziam anos que não permitia-se interessar por alguém, então aquilo era praticamente algo novo para ele.
Outro silêncio toma o cômodo e Bakugou pensa sobre a resposta do ruivo. Será que ele realmente o entendia? Notou que não sabia praticamente nada de Eijirou, e isso, de certa forma, o perturbou. Respirou fundo e dividiu mentalmente algumas coisas que eram importantes a serem expostas naquela conversa, utilizando um questionamento assertivo para ter ciência dos pensamentos do outro.
- O que caralhos você sente por mim, Kirishima?
Eijirou não pôde ficar mais surpreso com a pergunta tão direta. Piscou seus olhos repetidas vezes antes de encarar Katsuki embasbacado, realmente duvidando que aquela pergunta havia sido executada por ele. Viu os orbes rubros lhe fitando com intensidade, como se o loiro estivesse centrando sua atenção na resposta que aguardava.
- Bem, eu... - respirou fundo, organizando seus pensamentos para que a resposta fosse sincera. - Eu não sei se consigo explicar isso, é algo muito... confuso, sabe? - viu-o acenar, paciente. - Mas vou tentar... eu te acho um homem muito másculo, esforçado e capaz. É exigente e perfeccionista, mas trata seus filhos com o maior carinho do mundo, e isso é algo adorável de se ver. - deixou uma risada escapar, lembrando do quão adorável Katsuki consegue ser em situações que envolvem as crianças, apesar de não conseguir achar palavras para descrever corretamente o quanto admirava aquilo. - Eu quero te conhecer melhor, te ajudar e mostrar que há coisas positivas no mundo. E não, não se trata só do fato de eu ser empático demais... eu sinto que é mais que isso, desde o momento em que comecei e a dar aulas naquela escola, em que ao longo do tempo tive a oportunidade de te ver dando aulas emocionantes e incentivar seus alunos a serem mais esforçados, eu comecei a te admirar. E isso só cresceu, mas eu neguei isso a todo custo... até agora.
Bakugou mantinha-se atento a cada palavra pronunciada por Eijirou, absorvendo-as e buscando entender aquele sentimento ardente que o ruivo sentia. Seu coração estava acelerado, os elogios lhe deixaram meio desconcertado, ao mesmo tempo em que os apreciou. Viu-se um pouco incrédulo com a história de Kirishima, mas não comentou no momento, ele não conseguia botar em palavras o que estava pensando, estava tudo bagunçado demais.
O silêncio, mais uma vez, apossou-se do quarto, os gritos de alegrias das crianças eram abafados pela porta e os a dois adultos não tinham ideia do que dizer. Será que havia sido uma boa ideia ter aquela conversa? De tentar esclarecer as coisas?
Chegou um momento onde Bakugou questionou a si mesmo qual foi o ponto em que começou a sentir aquelas coisas a mais por Kirishima. Era tudo tão incerto, a negação fora tão constante que tudo tornou-se um borrão em sua mente. Não queria pensar em sentimentos, em amar alguém, em Akane. Eram coisas complicadas. Ele evitou a todo custo pensar nisso, mas agora tudo isso estava vindo à tona.
Sentiu uma pontada de dor em sua cabeça, as questões inacabadas surgindo e lhe atormentando.
De repente, Katsuki só desejava distrair-se.
E foi isso que fez.
Impulsivo era uma característica bem presente no loiro, e embora essa impulsividade viesse acompanhada de certo raciocínio, aquele não era o caso. Ele trincou os dentes, não respondendo nada e apenas segurando o braço do homem mais velho, puxando-o para cama.
Eijirou ficou confuso; esperava tudo do loiro, menos isso. No entanto, algo em seu ser fê-lo permitir ser puxado daquela forma, para depois começar a ser empurrado para o centro da cama de uma forma um tanto quanto possessiva. Quando percebeu, sua cabeça estava encostada nos travesseiros, Bakugou por cima de si, o encarando com um semblante indecifrável.
- Bakugou...? - chamou-o, seu coração quase saindo para fora pelo nervosismo. - Eu disse algo errado? Te ofendi de alguma forma?
- Não, não foi isso... - respondeu vagamente, não sabendo o que fazer. - Tudo que você falou foi... tão você. - Kirishima não sabia dizer se aquilo era um elogio ou uma ofensa, mas mesmo assim mostrou um sorriso confuso com aquela caracterização. - Mas porra, eu não consigo pensar nisso agora. Não dá. Tudo continua confuso pra caralho e eu... só me distraía de alguma forma.
O olhar suplicante de Katsuki foi captado pelos orbes rubis de Eijirou. A confusão e angústia estavam expressas naquele semblante, misturadas. O ruivo mal teve tempo de pensar o que exatamente o mais novo implicava com aquilo, pois o mesmo fora movido novamente por sua impulsividade e colou seus lábios aos de Kirishima em um ósculo ávido e apressado.
Eijirou não viu sentido naquilo; não quando Katsuki parecia tão confuso, mas deixou seu corpo agir por conta própria, aprofundando o ósculo e invertendo as posições em um piscar de olhos. O loiro pouco se importou, desesperado o suficiente para se distrair daquela maneira nada convencional, fazendo loucuras para retirar aqueles pensamentos que lhe davam tanta dor de cabeça. Pegou-se pensando se estava tomando uma atitude correta, agindo apenas por impulsividade, desespero e praticamente usando Eijirou.
Aquilo o atormentou.
Mas, assim como os outros pensamentos que lhe atormentavam, ele o ignorou, só querendo fingir que seus sentimentos eram irrelevantes, que estava tudo bem e que não havia nenhuma angústia incessante perdurando em seu peito há meses. Esteve tão estressado, tão magoado e tão confuso que fisgou aquela oportunidade em esquecer tudo, mesmo que apenas por alguns minutos.
Os beijos prosseguiram lascivos e bagunçado, com certa inexperiência por parte de Kirishima, - já que ele se recusava a beijar alguém há praticamente anos - mas muito hábeis por parte de Katsuki. O ruivo deixou-se mover sozinho, seus lábios começaram a passear pela nuca de Katsuki, roçando seus dentes levemente enquanto aspirava a fragrância inebriante do loiro. Bakugou continuava usando aquele mesmo perfume, tão doce e tão viciante, aquele que lhe despertou, e que estava fazendo a mesma coisa agora. Arrastou sua língua lentamente até a clavícula do loiro, sentindo a necessidade de marcar aquela pele com chupões. Sentiu a ereção - que já havia surgido em suas calças - pulsar com o pequeno gemido qual Katsuki fora incapaz de conter.
Tão sensível...
Bakugou com certeza iria ponderar em se jogar da janela imediatamente com aquele pequeno deslize, mas ele não estava com sua mente sã, ele não estava pensando, ele não queria pensar. Sentiu os botões de sua camisa serem abertos com certa pressa, apenas apreciando os dedos grossos em contraste com sua pele, sentindo um calor absurdo tomar cada vez mais seu corpo com cada movimento exercido por Kirishima. Sua veste fora aberta, seu peitoral agora estava exposto, junto ao abdômen até a virilha. Sentia os orbes rubros queimando sob seu corpo, fitando-o com um desejo tremendo... aquele estúpido queria tanto aquilo?
Seus olhares se encontraram e, mesmo inebriado pelo tesão, Eijirou dedicava-lhe um olhar preocupado; como se estivesse questionando se poderia prosseguir. Mas Bakugou não conseguia responder ou corresponder, ele não tinha certeza de nada naquele momento, não queria pensar no que estava fazendo, apenas queria se distrair. E foi aí que Kirishima percebeu o quão literal o loiro estava sendo.
- Bakugou, você realmente quer isso? - decidiu questionar verbalmente, confirmando suas suspeitas ao ver o loiro morder o lábio e hesitar em responder.
Ele não queria pensar em querer, estava apenas tentando se livrar de pensamentos importunos. Se irritou com o questionamento que despertara mais daqueles pensamentos que tanto lhe incomodavam, abrindo a boca para responder algo irracional, algo que definitivamente se arrependeria de dizer.
- E eu tenho que querer?
O arrependimento veio em massa quando pronunciou aquilo. Foi nesse momento que pensou no quão negligente estava sendo com seus próprios sentimentos, ao ponto de estar oferecendo seu corpo, sem sequer querer aquilo, à alguém. E não um alguém qualquer; era o dono de parte de seus devaneios e confusões. Um sentimento amargo começou a mesclar-se ao desespero.
Eijirou arregalou seus olhos instantaneamente, o tesão abandonando seu corpo, sendo substituído pela preocupação. O que diabos foi que Katsuki falou? Sentiu-se nojento com o pensamento de estar fazendo aquilo sem que ele desejasse, retirou as mãos dos músculos que antes massageava com devoção, mantendo o olhar fixo no semblante do loiro que parecia demonstrar uma emoção diferente a cada segundo que passava.
- É claro que tem... - respondeu o óbvio, sua voz soando meio quebradiça com o choque. O mais novo prosseguiu silencioso, remoendo-se em pensamentos desastrosos.
Decidiu sair daquela posição, não vendo mais motivos para estar assim quando o desejo não era mútuo. A breve movimentação fez Bakugou sair de seu transe mental e segurar o pulso do ruivo de maneira apressada, achando que ele se afastaria de imediato, que iria embora, que havia jogado toda a admiração que nutria por si no lixo depois de ter falado algo tão ridículo e de ter agido de modo tão egoísta.
- Merda, espera. - pediu. Bakugou não queria que aquilo soasse como um pedido tão necessitado, mas isso já não importava. Viu que o ruivo parou de se mexer, o fitando, esperando por alguma explicação. - Não vá...
"Não vá embora" gostaria de dizer. Não só para Eijirou, mas outra pessoa que também surgia em sua mente... não queria que aquilo se repetisse, principalmente por sua culpa. Sua dificuldade em se expressar limitou-o de prosseguir a frase, mas o olhar indecifrável de Kirishima transformou-se em um olhar terno e carregado de intensidade. O ruivo se moveu mais um pouco para o lado, fazendo questão de sair de cima dele como pretendia, - viu o desespero estampado na face alheia embora o loiro tentasse esconder - logo depois puxando-o para um abraço.
Era um simples abraço, mas Katsuki nunca imaginou que fosse necessitar tanto dele.
- Eu não vou.
Katsuki sentia a ternura contida naquele abraço, os braços robustos do homem de fios rubros lhe aconchegando contra seu peito, fazendo-o se sentir compreendido, mesmo que por pouco tempo.
Quando aquelas palavras chegaram aos seus ouvidos, não pôde evitar de sentir o peito aquecer. O tempo em que esteve com Akane o fez tornar-se dependente dela, de seu afeto, seu carinho, suas palavras. E agora que não tinha mais nada daquilo, sua carência aumentou em um nível em que não conseguiu negar aquele gesto vindo do ruivo. Mas será que era só por isso? Uma pergunta que não sabia responder, que lhe estressava por ter tanto a ver com aquele maldito sentimento que o danificou; o amor. Não chorou, segurou suas lágrimas contra sua própria vontade, não querendo demonstrar-se tão vulnerável àquele ponto.
Não tinha ideia do que estava fazendo há poucos minutos atrás, só sabia que queria banir aqueles pensamentos de sua mente e acabou sendo inconsequente. Agora estava ali, nos braços de um homem que nutria sentimentos confusos, deixando que ele o acalentasse. Por que estava permitindo-o se aproximar tanto? Tudo era tão nublado, mas ele não queria sair do aperto daquele abraço.
- Eu não sei que merda foi essa. - admitiu, permanecendo imóvel. - Não sei se o que sinto por você é o mesmo que você sente por mim. - esperava muito que Eijirou não se sentisse ferido com aquilo. - Acabei sendo impulsivo e imaturo.
- Tudo bem. - ele diz, buscando aconchegar mais o loiro em seus braços, mesmo sendo algo tão íntimo. Katsuki não estava bem, ele sabia disso. - Você não precisa ter pressa, Bakugou. Eu só disse o que sinto porque você perguntou e acho que é importante que você saiba. - pontuou suavemente, começando a deitar-se na cama junto ao Katsuki, querendo apenas garantir que ele permanecesse à vontade. - Sei que as coisas andam difíceis para você, que sente falta daquela pessoa...
- Por que você fala como se entendesse minha situação? - movido à impulsividade e desconfiança novamente, questionou. Queria entender o porquê daquele ruivo estúpido estar lhe apoiando. Era por interesse? - Está fingindo que se importa para conseguir algo em troca?
Eijirou arregala os olhos com certa indignação. Um sentimento desgostoso tomando seu ser, assim como ocorreu quando Katsuki deixou claro demais suas suspeitas no dia em que viera o ajudar. Acusações e suspeitas doíam, machucavam, ainda mais quando tudo o que fazia era para ajudar o loiro, para demonstrar que se importava de verdade com o que ele sentia e que estava disposto a ajudá-lo sem julgamentos... mas ele sabia que pensamentos precipitados quanto às suas ações eram inevitáveis e normais, ainda mais vindos de alguém que sofrera uma traição. E as suspeitas nutridas por Katsuki também não eram algo estúpido da parte dele; ele era pai, se preocupava com o bem de seus filhos, queria protegê-los, portanto, suspeitar de qualquer um era necessário. Kirishima admirava as precauções tomadas e as compreendia, apenas não gostava da forma óbvia qual Katsuki se expressou.
E agora, aquela pergunta foi como outra facada, a desconfiança que Katsuki tinha sobre si lhe deixava desconfortável, no entanto, era plausível. Portanto, provaria que era confiável e diria a pura verdade, tentaria deixar seus sentimentos mais claros, mesmo que tivesse que mencionar Mayumi.
- Não estou fingindo, Bakugou. Eu realmente me importo com você. Vou deixar claro que eu busco ajudar todo mundo e eu realmente não gosto de ver ninguém para baixo. - explica da melhor forma possível, dizendo a pura verdade; não queria fazer Katsuki se sentir especial através de uma mentira. - Não entendo sua situação por completo, pois não estou no seu lugar, mas já passei por algo parecido e eu não desejo essa dor para ninguém. Vi pessoas te criticando e te ofendendo, supondo coisas sobre você e quando eu te vi chorando... não consegui mais segurar a vontade de te oferecer algum tipo de apoio, sabe? Você é difícil de se aproximar, então eu sempre me mantive afastado, mas eu só não consegui... não foi por interesse, não quero nada em troca.
Novamente, Katsuki absorvia suas palavras. Dessa vez, de verdade. Prestou atenção em cada detalhe, também lembrando do discurso anterior do ruivo qual tentara ignorar, arrependendo-se de ter sido tão apressado e agido de forma tão emocional, supondo coisas sem base alguma, acreditando apenas no que queria. Não tinha certeza do que dizer, apenas deixando as dúvidas mais presentes se manifestarem primeiro.
- Você passou por algo parecido? - ergueu sua face para encarar o ruivo. Eijirou fez um leve menear de cabeça, confirmando. - Também te traíram?
- Não. - e antes que o loiro questionasse, respondeu: - Infelizmente, ela... se foi.
A melancolia expressa nos orbes rubis fizeram o peito de Bakugou apertar. Se arrependia de cada frase acusatória que lançou ao ruivo quanto àquele interesse todo em ajudar.
- Eu... sinto muito por você. - disse após morder os lábios em um gesto nervoso. - Sinto muito por tudo, na verdade. - revelou mais baixo, porém o ruivo fora capaz de escutar.
- Está tudo bem, Bakugou. - um sorriso formou-se em seus lábios, era calmo e aquecedor. Eijirou não parecia tão abalado. - Só não tente apressar nada, tá? Se não quiser pensar demais nisso, podemos conversar. Situações assim são resolvidas com conversa, então eu venho a repetir: Você pode confiar em mim para contar tudo que te aflige, não vou te julgar.
- Eu entendi, idiota, não sou uma criança.
- Eu sei. - riu, envolvendo mais ainda ao redor do loiro. Não conseguia sentir vergonha, não agora, ao menos. Estava tão concentrado em entender Katsuki que qualquer sentimento vergonhoso sequer passara por sua cabeça, tanto que lhe deu coragem para perguntar uma última coisa: - Podemos ficar assim por mais um tempo?
- Tanto faz.
Mas na realidade, sua mente gritava "Sim", e estar sendo abraçado por Eijirou era algo que seu subconsciente almejou por muito tempo, portanto não gostaria que aquilo terminasse tão cedo. Uma conversa era o que pretendia e ela falhou, quase ocasionando algo com um nível de intimidade maior do que deveriam ter em uma situação bem imprópria, já que uma festa cheia de crianças ainda ocorria lá embaixo. No entanto, de uma forma ou de outra, um progresso havia acontecido naquela noite.
. . .
******************
Eu espero mesmo que não tenha ficado confuso ou muito bagunçado, tô meio insegura quanto a isso.
Eu pretendia colocar algo "hot", como um blowjob, mas os sentimentos confusos do Katsuki acabaram tornando isso complicado e eu optei por não ir além. E também seria meio desconfortável escrever algo assim, tipo, na situação que eles estão kk.
Obrigado pela leitura e paciência! ❤️
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro