16 • Indecisão
aaa esse capítulo não foi um dos que eu mais gostei de escrever, mas vou postar logo para não atrasar demais.
De qualquer forma, boa leitura!
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14 de abril de 2020 - Quarta-feira
Uma semana havia se passado depois da resolução do problema envolvendo Katsuo. Bakugou, no dia seguinte, mesmo sendo exageradamente orgulhoso, agradeceu Kirishima mais uma vez por ter lhe informado sobre algo tão importante, ainda mais porque a própria escola não iria tomar medidas quanto ao assunto e Katsuki não iria ficar sabendo se não fosse pelo ruivo.
Obviamente, ambos também ficaram imensamente desconfortáveis ao se encontrarem por conta das lembranças do dia no parque. Katsuki se perguntou continuamente o porquê de ter sido tão suscetível aos flertes de Kirishima, e pior, por não conseguir negar que o mais velho possuía certo charme.
No fim, fez o máximo possível para ignorar os sentimentos que começavam a florescer em seu peito, tentando focar apenas no fato de Eijirou ser uma boa pessoa, mas nada além disso. Sua mente era um lugar extremamente confuso, mas em meio a tanta bagunça ele tentava manter um único pensamento sobre aquele homem de madeixas ruivas com um sorriso estranho, mas lindo, sem contar o corpo bem definido e... certo, ele definitivamente não deveria pensar demais em Eijirou.
Chegou em casa junto às crianças depois de uma manhã cansativa, mas um pouco agradável. Foi, digamos, irônico ver vários professores trabalhando sobre o tema de bullying nas salas de aula como se aquela escola não houvesse quase ignorado um caso com tal tema a pouco. Enfim, a hipocrisia.
No entanto, de qualquer forma, ao menos fizeram isso, por mais que só fosse para manter e propagar uma boa imagem. Seu filho pareceu bem mais alegre no decorrer da semana, e Katsuki certificou-se de que ele realmente não estava sofrendo mais com aquelas crianças, sempre questionando o moreninho se estava tudo bem e deixando claro que podia confiar nele. Também pediu Kyoka e Hana para ficarem de olho em Katsuo, já que eram as pessoas mais próximas dele. Pediria a Kirishima tal favor também, porém, achou que ele já havia feito o suficiente e não queria abusar da disposição do ruivo, ainda mais por saber que ele não recusaria em ajudá-lo.
Sentou-se no sofá da sala, sendo acompanhado pelas crianças que já pegaram o controle para colocarem em seus desenhos infantis, respirando fundo e buscando relaxar um pouquinho antes de ir até seu quarto para trocar de roupa e ir ao seu escritório. Deixou que alguns pensamentos tomassem conta da sua mente, consequentemente fazendo-o pensar mais sobre Eijirou; as coisas em relação a ele são complicadas, não sabia exatamente como organizar seus pensamentos sobre ele, sem contar que aquele sorriso estúpido despertou algo nele. Sentimentos de conforto, segurança e plenitude.
Nunca em sua vida teve tanto interesse em um homem como havia agora, ainda mais em um momento tão... complicado. Desde que conheceu Akane, não gostou de mais ninguém e aquilo o fez perceber que esteve tempo demais preso em uma única perspectiva, aproveitando de um único relacionamento. Não que fosse ruim, mas agora que este relacionamento se despedaçou no ar, que seus sentimentos foram simplesmente pisoteados sem aviso prévio, ele notou que não estava preparado para lidar com tudo que ocorreu, não estava preparado para imaginar-se com outra pessoa.
Eis as consequências de passar tempo demais nutrindo sentimentos e alimentando expectativas por apenas uma pessoa.
Com essa dúvida latente quanto a se apaixonar por um homem passando por sua mente, uma ideia surgiu; uma forma de talvez desvendar aqueles sentimentos confusos de uma vez por todas.
No entanto, ele não queria pedir ajuda... principalmente para o maldito Midoriya. Mesmo que o esverdeado fosse seu melhor amigo, Bakugou odeia profundamente demonstrar suas fraquezas e ter que pedir ajuda para alguém, odeia não ter controle diante das situações em que se mete.
Mas talvez, apenas talvez... pudesse perguntar indiretamente, arrancar alguma informação de Izuku sem que ele percebesse.
Pegou seu celular, procurando pelo nome do esverdeado na lista de contatos e respirando fundo, pensando em que merda estava fazendo antes de ligar. Foram meros segundos de chamada até que Midoriya atendesse.
- Kacchan? - seria mentira caso Katsuki dissesse que não previu aquela voz cheia de surpresa. Ele quase nunca ligava para Midoriya, e geralmente estava trabalhando neste horário, então o outro obviamente encontrou-se surpreso. - Não era para você estar ocupado agora?
- Você diz que eu ando ocupado pra caramba o tempo todo, agora vai vir com essa? - vociferou com a "acusação" não-intencional do esverdeado, ouvindo-o proferir dezenas de pedidos de desculpas antes de continuar. - Que seja, eu preciso te perguntar umas coisas.
- Ah, pode perguntar! - Bakugou imaginava aqueles olhos esmeraldinos brilhando com sua admissão, Izuku sempre almejava poder ajudar àqueles que estão ao seu redor e, por mais que o loiro seja irritadiço o suficiente, sempre mantendo-o longe, nunca parou de perturbá-lo quando a isso.
Katsuki abriu a boca, fechando-a em seguida, sem saber como executar as malditas perguntas alimentadas pela curiosidade que surgiram na sua cabeça. As coisas ficaram piores quando notou dois pares de olhos lhe fitando com atenção, como se também quisessem estar por dentro daquele assunto. Certo, agora que estava sendo observado, perguntar coisas assim ao Midoriya seria impossível.
- São coisas meio... íntimas, eu poderia dizer. Quer responder mesmo assim ou não? - disse, falando um pouco mais baixo, tentando ignorar as crianças o observando para contornar a situação. Se levantou do sofá e rumou ao quarto para dar-se um pouco mais de privacidade sem ter que ser rude com seus filhos.
- Depende do que é... - pareceu confuso diante daquela pergunta estranha exercida pelo professor de história, mas agradecido por ele ao menos avisar que era uma pergunta mais evasiva antes de executá-la. Katsuki quase nunca lhe perguntava algo, então dependo do que era, poderia responder tranquilamente.
- É sobre... - já estava no corredor e os olhares das crianças não o abandonaram. Suspirou, olhando para elas e tentando implorar com o olhar para que lhe dessem alguma privacidade. Katsuo e Hana pareceram compreender, e sem pestanejar, retornaram para a sala, apesar de parecerem hesitantes quanto àquilo. Sinceramente, por que eles o observavam tanto? Enfim, tentou novamente proferir algum questionamento, sempre sendo interrompido pelo seu próprio ser. Não conseguia perguntar aquele tipo de coisa, ao menos não através de uma chamada. - Porra, pode vir aqui em casa? - sussurrou, e Izuku se surpreendeu com o pedido.
Quais as chances de Katsuki Bakugou convidar alguém para ir a sua casa? Tinha algo muito estranho com o loiro, certamente.
- Não sei se posso, o Shoto está trabalhando e não tenho com quem deixar a Aiko.
- Traz ela também, Hana e Katsuo irão adorar. - disse com simplicidade e Midoriya só achou mais estranho.
Mas não iria questionar, Bakugou parecia de bom-humor e aparentemente estava precisando de sua ajuda, então iria ajudá-lo.
***
- Você o quê? - a cara de Midoriya era impagável depois de receber aquela informação. Sua boca estava aberta e os olhos arregalados, nunca imaginou que Bakugou diria algo assim, muito menos que o ouviria tão cedo o dizer.
- É isso mesmo que ouviu, Deku. - revirou os olhos diante daquela reação exagerada, cruzando os braços e recostando a coluna no estofado. - Eu acho que tô gostando de um cara.
- Tudo bem, isso foi realmente inesperado vindo de você, mas que bom, Kacchan, fico feliz por você! - sorriu docemente, parabenizando o amigo depois de aceitar que aquela informação era real.
- Você não entendeu! Eu não sei se gosto, Deku, eu não sei mais o que é gostar de alguém dessa forma, cacete... - murmurou o palavrão para que as crianças que estavam brincando com algum jogo na mesa da sala não ouvissem-no. - Sempre foi ela, antes disso eu nunca tinha tido interesse em ninguém assim... - buscava filtrar cada palavra que saía de sua boca, temeroso de se expor demais para alguém. Cerrou os punhos e encarou Izuku, que bebia a água do copo que lhe foi oferecido, pensativo, parecendo absorver cada uma de suas palavras. - Me diz como foi com você e o cara de pavê, é isso que eu quero saber.
E ali estava a questão principal. Katsuki tinha consciência de que Izuku era bissexual, pois cresceram juntos, e ao longo do tempo Midoriya sempre teve suas paixonites por garotos e garotas, até chegar em Shoto que foi para quem o esverdeado fez sua primeira confissão. Queria saber de sua experiência e compará-la à sua para ter certeza de que estava fazendo aquilo corretamente, de que o que sentia pelo ruivo não era algo temporário.
- O que exatamente quer saber sobre nós dois? - questionou curioso, não compreendendo o porquê dele nutrir interesse em seu relacionamento.
- Como souberam que se gostavam... cacete, não me obriga a dizer essas coisas, Deku - rosnou, vendo o esverdeado rir e parecer compreender sua pergunta, mas ainda nutrir dúvidas quanto a ela.
- Mas você também não sabe como é? Você também já se apaixonou...
- Eu não sei mais como é. - sua cabeça estava baixa, seu semblante estava sério. O ódio se sobrepôs à qualquer sentimento positivo que nutria por Akane. Foi cegado pela fúria constante de ter sido traído, não conseguia mais saber o que diabos era se apaixonar, não queria permitir-se sentir assim, não quando sua melhor e única experiência acabou em um desastre. Manteve-se em silêncio, segurando qualquer palavra de desabafo que queria proferir, não querendo que seu amigo o visse em um momento fragilizado, seria extremamente humilhante.
Midoriya conhecia Bakugou e percebeu no mesmo momento que não arrancaria mais nada dele a não ser aquelas palavras secas e um pouco melancólicas. Suspirou, vendo o quanto Katsuki era negligente com seus próprios sentimentos e pegou-se pensando quem era o tal cara que foi capaz de abalar as estruturas do professor de história irritadiço àquele ponto. Talvez ele fosse a chave para o coração de Katsuki, alguém capaz de quebrar as barreiras que o loiro ergueu como forma de se proteger.
Talvez fosse a luz que traria, mais uma vez, felicidade ao loiro.
Ou talvez não, talvez Bakugou não devesse entrar em um relacionamento tão cedo e se preocupar com outras coisas, talvez ele não estivesse mentalmente preparado para lidar com outro relacionamento tendo filhos saudosos da mãe que desapareceu sem dizer adeus, que tinha de sustentar e educar.
As possibilidades são incertas, tudo é arriscado demais, ao mesmo tempo em que pode ser benéfico, no entanto, não cabe a Izuku chegar à uma conclusão para Katsuki, então fez o melhor que pôde, respondendo a reposta anterior do loiro e lhe aconselhando com uma daquelas dicas vagas, mas que contém algum significado valioso:
- Então tente descobrir novamente.
***
17 de abril de 2020 - Sábado
Desde o dia em que informou Katsuki sobre o que Katsuo vinha sofrendo na escola, que acabou trazendo outras conversas um pouco mais vergonhosas onde o ruivo sem querer flertou com o loiro, Kirishima esteve mais envergonhado ao encarar Bakugou. Por Deus, era difícil olhar aquelas irises escarletes selvagens e não se intimidar, sem contar quando seu olhar descia para os lábios rosados, fazendo-o imaginar como foi ter o vislumbre de tomá-los. Ao mesmo tempo, se sentia sujo por provavelmente ter beijado Katsuki de surpresa, não julgava algo muito másculo a se fazer.
Sempre tratava de tirar aqueles pensamentos impuros da cabeça, pois sabia que só pioraria a situação caso ficasse alimentando um sentimento que nem sabia que seria retribuído - apesar de ter indícios de que seria.
Deixando isso um pouco de lado, com os dias se passando, Kirishima ficou contente em perceber que Katsuo aparentava estar bem, vez ou outra abordando-o para questionar se estava tudo bem mesmo. Até mesmo se surpreendeu quando o moreninho viera agradecê-lo aos montes pelo que fizera, não contendo os sorrisos e ficando extremamente contente em vê-lo tão alegre novamente.
Por outro lado, também estava um pouco apreensivo com uma data em especial que se aproximava; o aniversário de Hana. Apreciou muito ter sido convidado, mesmo não sendo parte daquela família, e se esforçou ao máximo para conseguir tempo naquele dia, felizmente obtendo êxito. O problema era que, mesmo que sempre tenha sonhado em ter filhos, saber lidar com crianças muito bem, ele não tinha ideia alguma do que comprar.
Tudo bem, a loira era uma criança. Ela provavelmente aceitaria qualquer presente, mas queria vê-la sorrir verdadeiramente quando recebesse tal presente, então fez o que pareceu mais certo: Chamou Ashido para ajudá-lo a escolher o presente que daria. Mina era ótima quando se tratava de escolher algo, e a probabilidade dela acertar o que exatamente a garotinha poderia gostar de receber era maior.
- Kiri, aqui! - a cacheada gritou enquanto se aproximava do ruivo, que estava imerso em sua própria mente, tendo se esquecido por um momento de que estava esperando por Ashido. - É estranho você me chamar para ir no shopping, porque eu sempre tenho que insistir horas para você vir comigo, mas tudo bem. - ela comenta enquanto se aproxima do ruivo que está sentado em uma das mesas dispostas ali.
- É que eu preciso comprar um presente, mas não sei o que comprar. - explicou quando a mulher senta a sua frente, arrumando os cachos e parecendo se interessar pelo assunto na hora.
- Presente? Para quem? Não me diga que é para o...
- Não, não é para o Bakugou, Mina. - apressou-se em negar, sentindo um formigamento perdurar pela face ao lembrar dos últimos momentos que conversou com Katsuki, sem contar os pensamentos um tanto quanto impróprios que andava tendo. Abaixou um pouco a cabeça, apoiando os braços na mesa, supirando e revelando quem era o destinatário de uma vez. - É para a filha dele.
Kirishima tentou ignorar os gritos frutos dos surtos que a mulher de cachos rosados estava tendo. Dramática demais. Decidiu encará-la seriamente e viu-a desculpar-se enquanto se continha.
- Vai comprar presente pra enteada, é Kiri?
- Ela não é minha enteada.
- Ainda. - sorriu.
- Mina...
- O quê? Você me mesmo me disse que ele andou flertando com você, não venha se fazer de desentendido, senhor Kirishima. - ela ri vitoriosa quando o ruivo tenta argumentar, mas não consegue, desistindo. - Mas por que exatamente quer comprar um presente para ela?
- Bem... - ele respira fundo antes de dar início à explicação. - Bakugou me convidou para o aniversário da filha dele. - preferiu não enrolar, já prevendo outro surto de Ashido.
- Eu tô dizendo, Eiji! Ele te quer por perto, tá tão na cara. - comentou animada, vendo Kirishima evitar contato visual para não deixar óbvio que concordava com ela. Riu daquela reação tão envergonhado do amigo e tratou de voltar ao assunto principal, qual também havia deixado-a empolgada. - Mas vamos deixar essa conversa para mais tarde, vou te ajudar com esse presente e talvez você até ache algo interessante para dar pro senhor gosto-
- Tá, tá Ashido, vamos. - a interrompeu, já sentindo a face queimar com aquele apelido besta que a amiga deu para Katsuki e se levantou, incentivando a mulher a fazer o mesmo enquanto resmungava, fingindo estar ofendida pela interrupção.
Ambos então começaram a andar pelo shopping, com Eijirou já cogitando o que a loirinha poderia gostar e compartilhando suas ideias com Ashido, pedindo por sua opinião. Ele sempre tem esse problema quanto a escolher presentes, e mesmo que fosse um presente para uma criança, ainda existiam complicações. Queria ver um sorriso na face de Hana quando o recebesse. Não era tão íntimo daquela família, mas... lá no fundo havia se apegado um pouco a todos os integrantes dela, portanto, fazê-los felizes era um objetivo inconsciente que se estabeleceu em sua cabeça.
No meio do caminho, Ashido acabou sendo atraída por produtos de algumas lojas, e quando ela se via encantada por algum vestido ou maquiagem, Eijirou não tinha escolha a não ser acompanhá-la e esperá-la se decidir, - e isso costumava demorar horas - sendo forçado a ter toda a paciência do mundo. Quando finalmente aconteceu, Kirishima tratou de arrastá-la para uma loja de brinquedos famosa, que era onde buscaria por algo.
O problema era que não tinha ideia do que a garotinha gostava e... ele não queria incomodar Katsuki com suas manias de se preocupar demais com aquele tipo de coisa, então estava bem dependente de Mina ali.
Eles vagam pela loja por alguns minutos, vendo todos tipos de brinquedos diferentes. Mina indicava alguns, mas Kirishima não parecia compactuar com a maioria das ideias, tentando olhar tudo primeiro antes de decidir.
- O que crianças costumam gostar? - ele enfim pergunta, olhando os brinquedos nas prateleiras com atenção, quase desistindo daquilo. - Quer dizer, eu sei mais ou menos o que pode ser, mas e se ela não gostar?
- Não sabe nada específico que ela goste? Quantos anos ela tem? - Mina questiona, se aproximando com as várias sacolas de roupas que comprou.
- Oito ou nove, e não, não sei.
- Que tal perguntar pro Bakugou?
- Não quero incomodá-lo. - admitiu, coçando a nuca. Provavelmente Katsuki acharia aquilo idiota demais.
- Hm, entendi... - Ashido diz, sorrindo sarcástica para o ruivo, que mais uma vez tenta esconder o rubor. - Ah, já sei! - seu olhar é desviado até onde estavam localizadas as pelúcias. - Na dúvida, é melhor levar algo assim, crianças adoram pelúcias.
- Acho que não são só crianças... - ele comenta risonho ao ver os orbes amarelados brilharem com os brinquedos.
- Sem julgamentos, tá?
- Certo, certo. - diz, rindo de sua amiga e começando a passear o olhar pelo ambiente, a procura de algo que imaginava ser do agrado da garota loira. A ideia de Ashido não foi ruim, talvez realmente aquela fosse a melhor solução, então buscava por algo fofo que uma criança daquela idade provavelmente gostaria, até que seu olhar pousou sobre algo que julgou perfeito. - Acho que já sei o que comprar.
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É isto... o próximo é a festa e se tudo sair como planejado, teremos umas coisinhas rsrs
Não disse que é hot, mas talvez seja algo próximo, não sei.
Enfim, obrigado por lerem e perdoem pela demora.
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