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Capítulo 10 - Nos encontraremos novamente


Novembro começou com todos os holofotes apontados para a unidade especial criada pelo secretário de segurança, principalmente destacando a determinação dos três policiais da velha guarda na busca pela localização do sequestrado cujo o nome não foi divulgado, aquela ideia, que acharam absurda, de pegar um Uber para chegar no local, rendeu-lhes bons comentários.

Carlos, Torquato, Diógenes, Samuel e Alan estavam curtindo uma semana merecida de folga, enquanto o corregedor pagava sua promessa, o boteco tinha sido reservado para o grupo e mais alguns colegas, além de Eduardo, que se convidou, alegando ser o idealizador daquele grupo.

A torre do chopp foi retirada e outra ia ser colocada na mesa para a equipe, a carne era levada e devorada pelo corregedor e por Alan como se não houvesse amanhã, enquanto Samuel e Diógenes preferiam comer com mais tranquilidade, acompanhados de Bianca, esposa do antigo delegado, e Ricardo. Já Torquato e o secretário começaram a encher seus copos.

Lucas e seu pai já tinham viajado para Cambrigde no dia anterior, onde Leandro estava vivendo atualmente, a despedida dele havia sido alegre, passaria os próximos cinco anos tranquilo, e Carlos também, pois, lá, seu filho não ia ter a sombra do passado atormentando-o e só voltaria para o julgamento se o juiz não aceitasse que sua oitiva fosse feita através de videoconferência.

Victor era o mais introspectivo no grupo, bebia e comia calado, a notícia de que Letícia tinha participado e novamente tentando matar seu irmão o magoou, todos percebiam que ainda havia um sentimento dele por ela e preferiam não tocar no assunto, assim, sabiam que galego ia conseguir passar por mais essa decepção.

Sandro chegou com o pai e foram em direção à mesa, acompanhado dos gêmeos Elias e Daniel, os sobrinhos, cada vez mais se pareciam com o pai, insuportáveis, sempre querendo serem o centro das atenções, mas, como fazia com Alex, o pai dos gêmeos, ele ignorava as crianças nesse momento para que caíssem na real.

— Tenho boas notícias. — Sandro falou para o grupo e abraçou o padrinho.

— Vai finalmente tirar férias? — Carlos brincou e Sandro riu negando, há três anos comemorava as festas da janela da sua sala no hospital.

— Padrinho, eu nem tenho previsão para isso, mas, seus netos nasceram. Flora e Carlos Albuquerque Sobrinho estão bem e daqui a três dias voltam para casa. — Sandro disse para o padrinho e sentou do lado dele.

Carlos o abraçou, fazendo Sandro ficar sufocado, e puxou um novo brinde, fazendo a espuma cair sobre a mesa.

— Madrinha está lá com Adriano e Helena, eles são enormes, Douglas está bem cansado, mas observando as enfermeiras para aprender a cuidar deles. – Sandro explicou, quando foi solto.

— Cícero e eu desempatamos finalmente, sou bisavô. — Carlos disse alto e Alan riu, seu padrinho estava melado ou não ia falar isso, era uma disputa pessoal deles.

— Ei bisavô, só não esquece que o Douglas precisa de ajuda quando for começar a universidade em agosto, aproveite para aprender a trocar fraldas. — Diógenes lembrou seu amigo e Carlos resmungou, lembrando desse detalhe.

— Detalhes, meros detalhes, continuo sendo um bisavô, estou comemorando. — Carlos respondeu, mas, no fundo, sabia que ia ser complicado.

— Você deveria começar algum curso e depois dar aulas na academia de polícia os três vão se aposentar mesmo. — Eduardo se meteu lembrando. — Aliás, vocês vão para os Estados Unidos, passarão seis meses estudando, graças a mim. — Contou animado.

— Eu não posso, tenho meus filhos. — Samuel disse para o secretário.

— Você vai trabalhar na central de inteligência, é muito mole. — Eduardo falou para Samuel e o agente engoliu seco.

— Ele ainda está verde, acabou de sair do curso de formação, daqui alguns anos vai estar melhor. — Torquato defendeu seu colega. — Aproveite a inteligência, vai ser bom ter contatos para ajudar a equipe. — Incentivou o caçula do grupo.

— Torquato tem razão. — Diógenes concordou e Carlos também.

— Eu vou junto, vou pedir minha licença. — Bianca falou para o marido e ele concordou.

— Azeda, se essa notícia chegar na Célia eu te esgano, não quero deixar nossa casa nas mãos do Conrado. — Carlos falou para a assistente social.

— Tarde demais, sarnento. Ela está adorando a ideia de ir. Faremos tantas compras e visitar todas as cidades americanas usando o seu cartão. — Bianca respondeu animada e mostrou ao corregedor a mensagem que tinha enviado para sua prima.

Os amigos riram da cara de decepção de Carlos, se deixasse o filho mais velho só, ele ia inventar reformas e mais reformas e, quando chegassem, não iam reconhecer mais a própria casa.

— Deixe os outros aqui também. — Diógenes sugeriu.

— Alugue a casa, eu estou interessado. — Samuel se meteu, deixando os quatro surpresos por ter falado depois do toco.

— Podemos ver isso, seria uma forma de ganhar mais, já que, se eu for morar fora por alguns meses, não ganharei o valor integral do salário. — Carlos soltou a indireta para o chefe e Eduardo fingiu não ouvir e continuou bebendo.

Sandro puxou uma cadeira para ficar do lado do seu irmão, Alan continuou calado, bebendo, tinham discutido sobre algumas coisas depois de deixar seu amigo no hospital.

— Desculpa, minha intenção era abrir seus olhos. — Sandro falou baixo. — Alex não vai voltar. — Lembrou ao irmão.

— Eu só quero que ele fale com os garotos, não me importo se nunca mais vou vê-lo. Eu quero que meus sobrinhos e a irmã deles e falem com os pais. — Alan respondeu, estava incomodado com o assunto. — Se eu conseguir a localização dele, vou trazê-lo para cá e não quero mais falar nisso. — Alan avisou irritado e se levantou.

— Galera, tenho um encontro, nos vemos outra hora. — Avisou e saiu da mesa, deixando Sandro envergonhado por ter sido o motivo da saída dele.

Alan se despediu dos adultos e depois dos gêmeos, seguiu para a saída e decidiu tentar algo, apesar de estranho, não seria errado, tinha certeza de que, se encontrasse a Madame, encontraria seu irmão, Maria e Otávio.

— Vitória, tudo bem? – Perguntou, escutando barulho de buzina.

A garota entrou no ônibus e colocou o fone de ouvido para continuar conversando, não tinha reconhecido o número, não o cadastrou na lista de contatos.

— Devia estar satisfeito já. — Vitória respondeu incomodada. — O que quer? — Questionou.

— Oferecer ajuda, em troca, você me diz onde meu irmão está. — Alan respondeu e subiu na sua moto.

Vitória ficou calada, procurando um lugar, foi até o final do ônibus e sentou, colocou sua mochila nas pernas e continuou pensativa.

— Não preciso da sua ajuda, boina. — Vitória disse para o inspetor.

— Sei. Você está só, Dante está e Hélio sumiu, você não tem mais ninguém. — Alan insistiu.

Vitória viu uma pessoa entrando sorridente ao lhe ver, sorriu e acenou para ele.

— Não tenho mais eles perto, realmente, só que não estou só e muito menos despreparada. – Respondeu e a pessoa sentou do seu lado, Vitória colocou a cabeça no ombro dele e o rapaz enrolou os dedos nos seus cachos.

— Seu irmão está no sul, Alan, provavelmente escondido na ilha da magia aproveitando tudo que roubou da minha família e tudo o que o dinheiro pode lhe dar, foi a última notícia que tive, ele se esconde bem. — Contou.

Alan sorriu aliviado. Escondido, Alex não sofreria com as investidas da Madame contra ele.

— Obrigado, cuide-se. — Agradeceu.

— Até, Alan, nos encontraremos novamente. Esteja preparado para ser cobrado. — Vitória disse e desligou o celular.

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