Capítulo 03 - Distração?
Quando Carlos e os colegas se aproximaram do ponto de parada nas proximidades da casa onde Dias estava, o corregedor estranhou a quantidade de viaturas paradas no local fazendo um cerco, mesmo assim, estacionou o veículo e saiu com os companheiros para saber o que estava acontecendo.
Mais à frente, um homem de terno conversava com alguns policiais enquanto observava irritado, o local.
Carlos resmungou ao reconhecer o homem, o secretário de segurança, dando-se conta de que havia acontecido algo que não estava em seus planos.
Eduardo Peixoto, assim que avistou o grupo, olhou diretamente para Carlos com sangue nos olhos, então, Carlos e Diógenes passaram à frente para conversarem em particular com ele enquanto Samuel e Torquato foram conversar com os outros colegas em busca de respostas.
— Diga, Eduardo. — Carlos falou, imaginando o tamanho do esporro, além das viaturas, havia a perícia forense e uma ambulância no local, instintivamente, Carlos olhou ao redor, procurando Alan, mas não o encontrou.
— Dias já estava morto quando recebemos a denúncia. O legista me disse informalmente que foi provavelmente uma hora antes de termos certeza de sua localização. — O secretário avisou e passou por baixo da fita amarela.
Carlos e Diógenes fizeram o mesmo e foram em direção à ambulância com ele, se não era ele ali, torcia para que não fosse Alan a pessoa ferida, curiosamente, observando as casas ao redor percebeu que não houve troca de tiros.
Assim que chegaram na parte de trás da ambulância, Carlos engoliu seco ao ver seu pupilo deitado, Eduardo pegou no seu ombro antes que este pudesse subir e entrou primeiro.
— Castro só está inconsciente, mas passa bem, verifiquei seu celular e suas últimas ligações ocorreram há mais de dez minutos, a última demorou entre dois e três minutos pelo que vi no histórico — Comentou com o corregedor, que entrou na ambulância para ver o inspetor enquanto Diógenes ficou conversando com o secretário de segurança.
O corregedor se aproximou da maca onde Alan estava, este usava um protetor de pescoço, a cabeça estava enfaixada e o rosto e a barriga, bastante machucados com vergões vermelhos como se tivesse sido espancado, mas era estranho, eles não tinham o costume de deixar policiais vivos.
— Carlos, é melhor vir aqui — Diógenes chamou o colega e Carlos saiu de perto do policial para conversarem.
O corregedor desceu e, quando Diógenes mostrou o último número, o corregedor reconheceu imediatamente o número descrente, não era possível que eles tivessem conversado sobre o que ocorria.
— Eu tentei ligar, mas só dá fora de área. — Diógenes contou, percebendo que a situação estava se tornando pior.
— Preciso ir aonde o deixamos. — Carlos chamou o colega e foram até o secretário.
— Antes, eu quero que verifiquem a casa para saber se há algo que podemos usar para chegarmos ao delator e descobrir com quem Dias estava.— Eduardo ordenou, antes que Carlos conseguisse falar algo.
— Dante Yamamotto continua preso? — Carlos perguntou ao secretário antes de ir para a casa.
O secretário pegou seu celular e apontou para a entrada para que fosse cumprir sua ordem, nervoso, o secretário afastou-se, foi na direção à equipe da perícia forense que estava indo para os seus carros depois de analisar o local.
Torquato e Samuel entraram no lugar acompanhando os colegas, a casa era simples, porém o cheiro de sangue fresco estava forte e causava náuseas nos quatro, no entanto, continuavam mexendo nos poucos móveis e pegando os papéis que encontravam.
— Como está o Alan? — Torquato perguntou ao corregedor, mas Carlos continuou calado, pensando no que estava acontecendo.
— Foquem no que temos aqui. — Diógenes pediu, mas parecia perda tempo, apesar de revirado, não tinha vestígio do que aconteceu ou pistas de para onde iriam no lugar.
Eduardo Peixoto aguardava nervoso a resposta do diretor da penitenciária de segurança máxima onde Dante Yamamotto deveria estar preso.
Condenado a quase quarenta anos de prisão, o detento estava cumprindo sua pena numa área afastada dos outros, senão, ia conseguir descobrir que haviam vários detentos que o apoiavam e isso não era algo que agradava a nenhum dos responsáveis pela segurança da capital e, principalmente, do estado.
Assim que escutou passos, seu coração acelerou, passou a mão livre na calça de alfaiataria de cor grafite para secá-la e continuou aguardando, havia acontecido algo, Borges não costumava hesitar em falar nada, pelo contrário, era direto.
— Eduardo. — O diretor falou, hesitante, e respirou fundo, vendo os agentes penitenciários na sua frente formarem uma fila única com seis integrantes ao todo.
— Ele fugiu. — Eduardo disse, prevendo o que ele ia falar.
Borges coçou a barba branca e fechou os olhos, em seguida, massageou sua testa sentindo ela começar a doer.
— Não só isso, o escroto também matou alguns dos nossos, talvez três. Há alguém auxiliando Dante, pois para fugirem, o comparsa e ele usaram roupas dos agentes mortos e deixaram o prédio sem chamar atenção. — Disse ao secretário e a ligação foi interrompida.
Eduardo encerrou a chamada abruptamente, colocou o celular no bolso e socou com força o pára-choque da viatura.
Fugiu! Um dos presos mais perigosos e que fez seu prestígio subir ao ponto de conseguir passar mais tempo no cargo que o original, havia fugido. Era seu fim, estava no começo do novo mandato e não podia aceitar que isso acontecesse.
— Você! Apontou para um dos policiais próximos à viatura que socou. — Quero que me leve para a Unidade de Segurança Máxima, agora. — Falou para um dos policiais, que concordou. De ante mão, precisava avisar ao corregedor, então voltou a caminhar em direção à casa.
Antes que pudesse entrar, o pequeno grupo saiu de mãos vazias, irritado, Eduardo chamou o corregedor para conversarem em particular enquanto os outros membros da unidade foram em direção à viatura, como não encontraram nada relevante, iam à unidade de perícia forense para ver o que eles haviam recolhido e ter um laudo pericial parcial da causa mortis de Dias.
Carlos, assim que viu o rosto pálido do secretário, deduziu que suas suspeitas estavam corretas, mas foi até ele para dar seu relatório e também saber como a fuga ocorreu.
— Preciso que me acompanhe, vamos à unidade de onde ele fugiu, houve ajuda de duas pessoas e a morte de três policiais, suspeito de Hélio e mais alguém, pode ser Otávio ou Alex, mas não posso descartar Letícia, Maria, Paula e Vitória como possíveis envolvidas. — Contou ao corregedor.
Carlos concordou, sentindo-se pior e foi em direção à viatura com o secretário e o policial que os esperava, a menção à filha doía, não sabia onde havia errado na educação de Letícia, seus irmãos tinham seguido caminhos bem diferentes dela.
— Me desculpe te colocar nessa situação novamente. Carlos acredite, esse é um assunto que também me constrange, já que acontece justamente na minha administração. — Tentou puxar assunto, mas, o corregedor continuou calado, aquela situação não se tratava de política.
— Se minha filha estiver envolvida, vou garantir que dessa vez não saia impune. — Carlos respondeu, tentando manter a calma, por dentro sentia o ódio e a decepção corroendo suas veias. Célia sofreria muito quando soubesse, ficaria remoendo todo o passado.
— Seu filho já sabe. Foi para ele que Alan ligou? — Eduardo perguntou ao corregedor.
— Provavelmente, Eduardo. — Carlos respondeu.
— Depois de ir à penitenciária, vou no apartamento onde ele tem estado hospedado aguardando que Dias fosse preso após as ameaças que recebeu. — Carlos avisou, precisava averiguar o apartamento, se Lucas foi se encontrar com Dante como estava imaginando, ele deixaria algo que lhe faria chegar até onde estava, torcia para que dessa vez não fosse diferente ou encontrá-lo seria bem difícil.
No outro carro, os colegas da unidade especial iam na direção contrária, Diógenes e Torquato decidiram dividir o grupo e irem até a perícia e o apartamento, enquanto Samuel acompanharia Alan na ambulância para que, quando acordasse, pudesse lhe explicar a razão dele e Lucas terem conversado.
— Eu espero que Alan não tenha falado demais. — Torquato disse para o antigo delegado da unidade de homicídios, mas ambos estavam apenas querendo minimizar o problema.
— Se for como estamos pensando, ir ao apartamento é só para procurarmos alguma pista sobre onde Lucas está com Dante, se não fosse esse o caso, Carlos e Eduardo não teriam saído tão tensos. — Diógenes respondeu, sabiam como ele agia.
Diógenes fez uma curva sinuosa e seguiu mantendo a velocidade acima da permitida com a sirene tocando para que soubessem que estavam em uma operação, assim, o trânsito melhoraria um pouco.
Começavam a se aproximar da Avenida Antônio Bezerra e, nesse ritmo, chegariam em trinta minutos ou menos no apartamento que o estado alugou para Lucas ficar escondido, se continuassem sem nenhum tipo de empecilho.
Assim que os policiais passaram pelo colégio militar, Torquato riu baixo lembrando onde tudo começou, não lembrava de todos os detalhes nitidamente, mas que foi ali que começaram a descobrir os negócios escusos dos Yamamotos: Yuri tentou usar o filho de aviãozinho para entregar chocolates com maconha comestível, mas a "entrega" não deu certo.
— Essa escola mudou muito, Sasha como diretora investiu bastante no aprimoramento da educação, Bianca gosta mais de como está atualmente. — Diógenes comentou ao reparar na fachada branca e azul.
— Há males que vem para o bem. — Torquato concordou, seus filhos estavam estudando lá e tinha a mesma opinião.
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