𝔁𝔁𝓿𝓲. surpresa
( capítulo não revisado - pode conter erros )
capítulo vinte seis
❛ surpresa ❜
ponto de vista, IRIS GOLDING
𖥔 ݁ ˖
Desde que tenho 6 anos de idade, meu pai me diz que eu possuía um gênio único. Naquela época, para mim, aquilo significava que eu era a pessoa mais inteligente do mundo. Só esse meu pensamento, tirando a ignorância sobre a palavra, denunciava o verdadeiro significado: Ego alto e personalidade forte.
Eu quero dizer isso porque quando chega o dia do meu aniversário, meu ego triplica. Me torno a pessoa mais importante do mundo, na minha cabeça, e penso que o mundo gira em torno de mim. Então saber que ninguém tinha nada planejado para o meu dia, e muitos faltariam o evento, me abalou.
No momento, estava almoçando na minha própria casa, uma salada ceasar - dando alguns pedacinhos para Blanca - e assistindo Legalmente Loira na TV. Tudo isso, vestida em um conjunto de moletom branco e um coque desarrumado.
A porta do meu apartamento é destrancada e vejo meu pai atravessar a sala, com um sorriso no rosto.
— Como vai minha filha querida nos seus 21 anos?
— Sentindo que ninguém a ama. — Sou esmagada em um abraço e um beijo no rosto, então resmungo.
— Você vai conseguir reunir todos, não precisa ser hoje.
— Mas é o meu dia! Porque todos estão ocupados?
Se eu parar pra me escutar, estou parecendo aquela criança de 6 anos que citei.
— Porque a vida continua. — Ele se senta ao meu lado, tirando um pote de sorvete de morango de dentro da sacola que tinha em mãos.
— Sem mim? Sem comemorar o meu nascimento? — Meus olhos brilham com a imagem do meu doce favorito.
— Você esta sensível hoje, querida. — Ele abre o pote, me entrega a colher que veio na embalagem, e segura o sorvete.
Eu me aconchego no seu ombro, e deixo meu almoço de lado, comendo o sorvete enquanto olhava a TV. Blanca aproveitou o momento para deitar na perna do meu pai, que acariciou o pelo da cadelinha com sua mão livre.
— Estou na TPM bem no dia do meu aniversário. — Me denuncio.
— Suas emoções são válidas, mi hija. — Ele deixa um beijo em minha cabeça.
— E pra completar, ninguém vai poder me ver hoje. Só você. E minha filha, Blanca. — A cadelinha me olha de relance, antes de voltar a dormir.
— Sydney?
— Reunião com os velhos do Real Madrid e concentração pra o lançamento de alguma coisa. — Falo como se fosse besteira. Pra mim, tudo é.
— Jude?
— Tem jogo a tarde e não pode sair depois porque vai estar cansado...
— A Serena está de repouso e tem ultrassom, não é? — Os indivíduos acabam esgotando.
Só afirmo com a cabeça, porque falar que as pessoas mais importantes pra mim não vão estar no meu dia mais importante me deixa chateada.
Eu recebi todos os parabéns mais lindos. Jude postou uma foto nossa digna de capa de revista, porque somos o casal mais lindo do mundo, diversas marcas me enviaram flores, fãs, novos amigos da indústrias da moda, e eu estava feliz com isso tudo. Principalmente os presentes que me deixaram histérica, mas como uma montanha russa de emoções que estou, as notícias que não teria muita companhia me deixaram triste.
— Eu não sou suficiente hoje? — Meu pai adiciona alguns risinhos na sua fala para que eu entenda que ele não se sente realmente assim.
— Mas você é meu pai! Você é tipo... obrigado pelas minhas leis a estar aqui. Você conhece sua filha. — Me aconchego ainda mais, observando o pote de sorvete diminuir.
— Eu sei que não é perfeito, mas que tal um jantar lá em casa hoje de noite? Só pra você não deixar de comemorar. — Ele surge com a ideia, e eu confesso que deixou meu coração muito mais feliz.
— Podemos? — Sai do aconchego, olhando ele nos olhos.
— O que eu não faria pra ver você sorrir?
— Cancelar o jogo do Real Madrid, o lançamento e a reunião. — Dou um sorrisinho bobo, pidão, mesmo sabendo que aquilo era impossível. Nem mortes param jogos.
— Posso ter passado perto disso no futebol, mas ainda não sou um Deus. — Ele deixa outro beijo na minha testa.
— Um jantar nós dois e Blanca está ótimo. — Permaneço naquela situação humilhante, vendo Elle Woods comer chocolate enquanto assiste filmes.
E por mais que eu odiasse a situação, tento mentalizar que as coisas acontecem por uma razão. Que esse não é o fim do mundo, mesmo que pareça, que eu ainda sou importante para todos e vou conseguir encontrá-los depois.
Eu e meu pai ficamos juntos até o final do jogo de Jude. Ele fez dois gols, comemorou ambos fazendo um I, o que me deixou feliz, mandando um beijo e fazendo sua clássica comemoração. Pai pai não para de elogiar o jogador que Jude é, e eu fico triste por não poder ver sua carinha linda de perto hoje, porque estava espetacular de lindo nesse jogo.
Assim, fico sozinha em casa, esperando o horário do jantar e me arrumando pelo menos 4 horas antes.
Tenho uma mania boba de sempre me vestir bem para qualquer lugar, como se eu fosse ser pega por um paparazzi até mesmo dentro da casa do meu pai. Mas não é pela mídia, é para me sentir bem. Só de pensar que estou mal vestida me sinto mal comigo mesma, e a moda faz com que eu me expresse da forma como eu quero. Me deixa feliz.
Entao quando meu pai diz "Nem preciso pedir que se vista bem, porque já sei que vai estar" isso eleva ainda mais meu ego.
O homem sabe o que faz.
Jude me mandou mensagens se desculpando mais uma vez, falando que estava morto depois do jogo, mas fez questão de me reafirmar que os gols foram para mim, e em dobro por ser meu aniversário. Também disse que não eram meus únicos presentes, porque precisava ser apropriado, que logo ganharia.
A esse ponto, eu nem estava me importando com os presentes - o que já é surpreendente - mas de verdade com o fato de que estaríamos longe nesse dia.
O motorista do meu pai estava me esperando na porta do meu prédio. Saímos do local com Blanca sentada ao meu lado do carro, sonolenta como sempre. Tirando fotos como todas as vezes que me arrumo, aviso ao meu pai que estava a caminho.
Desfilo para fora do carro basicamente, porque estava me sentindo a pessoa mais lindo do mundo naquele vestido. Acho que me arrumar para os lugares e me sentir bonita é muito melhor do que realmente estar no lugar.
Mas minha opinião muda quando, depois de tocar na campainha e ser recebida por meu pai em uma casa escura, as luzes se acendem e vejo todas as minhas pessoas favoritas (e alguns que só gosto) naquele espaço. Camavinga carregando um balde de champanhe com foguinhos, Sydney segurando uma placa escrito "21 da Iris", minha irmã com um buquê em mãos e vários jogadores do Real Madrid cantando parabéns para mim em espanhol, especialmente com Jude me trazendo um bolo de aniversário, que também faiscava.
Eu estava tão feliz naquele momento, e eufórica, que toda decepção do dia inteiro passou e meu ego voltou a estar lá em cima - curado e nada ferido. Quem diria?
No final do parabéns, assoprei a vela e deixei um selar demorado no meu namorado, mais feliz do que nunca. Saber que tinha fotógrafos cobrindo o evento também me deixava feliz, porque eu não quero que esse momento fique apenas na minha memória.
— O que você pediu? — Estávamos sentados em uma mesa, só nós dois, comendo o bolo do aniversário e observando a noite.
— Segredo. Não posso contar, se não, não realiza. — Limpo o canto do seu lábio, sujo de glacê.
— Sabe, o meu pedido de aniversário se realizou. — Jude diz, olhando pra mim e deixando seu prato de canto.
— Se já realizou, pode me contar.
— Tem certeza?
— O universo tá com a gente, meu garoto de ouro. Pode me contar.
— Ser feliz. — Ele dispara, depois de pensar enquanto me observava.
— Você está feliz? — Meu coração esquenta, só de saber que existe felicidade naquele ser.
— Você foi a realização do pedido, Iris. — Declarou.
Assim como ele, tirei meu tempo pra olha-lo e entender o quão grata sou por tê-lo na minha vida. O que me remete a insanidade que deve ser achar que somos por pura mídia, como a internet diz. Sentir o que sinto por Jude poderia acontecer nas melhores situações, mas ainda sim nas piores, me faz extremamente feliz.
— Eu te amo. — Deixo um beijo em seus lábios, melando ele de cobertura branca.
— Eu te amo. — Ele diz, rindo da situação.
— Então resolveu não manter nossa relação atrás das cortinas e mostrou pra o mundo hoje.
— Hoje foi o dia que há 21 anos atrás uma das pessoas mais importantes da minha vida nasceu. Como eu poderia não mostrar pra o mundo o que deve ser celebrado?
E novamente, ele permanece o mais romântico da relação.
— Você é adorável quando diz essas coisas.
— Eu vou te celebrar todos os dias. Só por existir. — Acaricia meu rosto, notando cada detalhe dele como sempre. — E eu sou sempre adorável.
— Você é convencido, mas eu até que gosto de você.
— Você disse que me ama não faz nem um minuto, e você sabe, mentir não é a sua cara. — Ele ri, então eu rio, e ficamos assim por bastante tempo.
Completamos a noite dançando na pista de dança, que era a sala principal da casa do meu pai. Músicas dos anos 2000, com um DJ famoso que eu me recordava de já ter visto em algum lugar.
Minutos depois, fico sabendo por minha irmã que aquele era o DJ que estava tocando em Mykonos no dia que conheci Jude. Que ele buscou até o fim do mundo quem era aquele cara porque eu comentei que havia gostado das músicas dele.
E que Jude não só me dedicou gols, como deixou bem claro em uma entrevista pós jogo para quem era. Com nome e sobrenome: Iris Golding.
Camavinga e Tchouameni vieram me contar que seria estúpido esperar que meu namorado não comparecesse ao meu aniversário, nem se estivesse do outro lado do universo. Faria gols, me dedicaria, e faria uma máquina de teletransporte, se precisasse. Mas estaria aqui.
Sydney fez questão de me contar o quão nervoso ele estava para que o evento desse certo.
Passado os dias de quando aceitei namorar com ele, vejo que atrasar essa decisão não mudou nada do que eu sentia. Era assim desde o início, tentando contrariar o óbvio. Mas o que o universo desenhou diversas vezes para dar certo, simplesmente acontece.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro