𝔁𝓲𝓿. ficar à toa
capítulo catorze
❛ ficar à toa ❜
ponto de vista, iris golding
𖥔 ݁ ˖
Coisas engraçadas tem acontecido essa semana.
Jude passou a noite na minha casa naquele mesmo dia do jantar na casa da Sydney, e não foi estranho. Na verdade acho interessante essa dinâmica. Nos tratamos como pessoas próximas na maior parte do tempo, mas isso não impede que hajam beijos e coisas mais.
O problema é que nenhum de nós avisou para nossos amigos que chegamos nas nossas "respectivas casas" naquela noite, então Serena veio até aqui e nos pegou desprevinidos. Todos nós rimos depois do grito da minha irmã.
Ele fez questão de inventar uma mentira boba para os amigos que funcionou muito bem. Acho que todo o esforço mental dos jogadores realmente vai para jogar futebol e pegar mulher.
Nessa mesma semana, meu pai chorou no ultrassom porque Maggie (apelido que já dei a bebê) estava com uma carinha fofa. Faltam apenas 2 meses e não poderíamos estar mais ansiosos. Me incomoda que o pai da criança seja tão irresponsável, mas me conforta que Serena e Margarita tenham uma rede de apoio tão grande.
Recebemos um convite para comparecer ao Ballon D'or (Adam Golding e familia) e estou inquieta sobre que roupa usar, porque são lugares como esses que eu nasci para presenciar.
Além disso, apenas muitas aulas incansáveis, e sinceramente entediantes, e horários no Real Madrid, com um pouquinho de diversão ao gravar com os meninos, ou ficar à toa no dormitório de Jude, escondidos.
Exatamente como agora.
— Eu estava pensando em usar esse aqui. — Mostro para Jude a opção que pensei em usar no Ballon D'or.
Na verdade tenho quase certeza que não usarei ele porque há outros melhores. Estava me contando sobre sua indicação ao prêmio "Kopa Trophy" - prêmio do melhor jogador abaixo de 21 anos - e em seguida, conto que fui convidada para o evento.
Estou deitada de bruços na cama, coberta pelo lençol, e Jude está deitado no chão, usando suas boxers pretas. Sei que posso estar gastando meu tempo aqui porque, ele já acabou e eu na verdade deveria estar na faculdade nesse momento. Mas não me importo.
O vestido em questão era branco e possuía uma grande fenda lateral na barriga, além de uma alça única que cruzava meu pescoço. Eu gostava dele mas não pensava nele quando me imaginava em uma premiação como essa.
— Você ficaria incrível nele. Eu gosto. — Ele pegou o tablet da minha mão, e tenho a percepção que está me imaginando nele porque demora de me devolver.
Olho para ele de relance, ele sorri olhando para cima. Para mim.
— Posso ter meu tablet de volta? — Também estou te olhando com um sorriso.
— Agora pode. — Devolve, com a mesma feição no rosto. — Mas prefiro você sem nada.
— É, vou chegar nua no Ballon D'or. — Estou rindo, procurando o outro vestido na galeria.
— Você não é louca.
Jude está rindo de mim, fechando os olhos por um tempo. Um braço seu está embaixo da sua cabeça e o outro descansado sobre o seu peito. Ele parece tão sereno, tão calmo.
— Quer me desafiar? — Pergunto.
— Não ousaria fazer isso. Mas ainda sim, você não é louca.
Estou apoiada o suficiente para que pudesse ficar um pouco mais próxima da ponta. Era mais confortável e mais fácil para mostrar o que eu queria, mas Jude aproveitou para pegar uma de minhas mãos e brincar com ela.
Não estava desconfortável e estranho, por mais que meu braço estivesse pendurado da cama, mas analisava o que ele fazia. Era um carinho gostoso, um beijo delicado nas costas da mão. Eu estava gostando da sensação.
Distraí meus pensamentos com o vestido que finalmente encontrei, mostrando para o garoto com a outra mão. Jude não disse nada de primeira, só sorriu.
— Quero te ver vestida nele.
— Não não, não até o evento. Deveria estar orgulhoso de si mesmo porque conseguiu me convencer a ver o que provavelmente irei usar. Mas a surpresa mesmo só no dia.
— Que mulher difícil! — Fala um pouco mais alto, rindo. Não consigo não rir também. Desligo meu tablet em seguida.
— Você sempre soube que sou assim.
— Mas eu gosto assim.
Há um silêncio depois disso. Estou com meus olhos fechados deitada, minha mão ainda está com Jude, agora a sua segura ela. Não quero e nem vou dormir, mas está confortável aqui. Imagino que um pouco menos para ele.
— Está gostando do chão? — Minha voz sai abafada. É uma pergunta honesta.
50 Cent está tocando em sua caixinha. Jude às vezes canta as músicas, as vezes até eu canto baixinho.
— Acho que estou. Muito confortável. — Sinto seu tom sarcástico, então só dou risada.
— Entendi... — Eu meio que queria deitar no chão agora. Penso mais não digo que quero.
Como se lesse minha mente, Jude me puxa de vez da cama e segura o meu corpo para que o impacto não seja grande. Estou dando risada porque parecia uma daquelas coisas que você vivia na sua infância mas deixou de viver porque tudo se tornou sério demais.
Mas ele não era nada sério.
— Jude Bellingham! — Estou surpresa, meu corpo completamente em cima do seu e ainda em choque.
Ele está rindo da minha pessoa. Apenas rindo. Como sempre faz. É bom me sentir divertida as vezes, penso que essa parte de mim está sempre escondida. Jude vê esse lado.
— Iris Miranda Golding! — Diz meu nome completo e reviro os olhos.
Não relutei mais e decidi aceitar meu destino. Deitada ao lado dele com minha cabeça sobre o seu peitoral assim como meu braço, o seu sobre o meu corpo, ajudando o lençol a cobrir ele. Estávamos deitados no chão e isso parecia tão bobo. Ainda era engraçado.
— Isso é injusto. Você pode usar meu nome todo mas eu não. — Apoio meus braços em seu peitoral, olhando diretamente para o seu rosto. Seu braço agora estava nas minhas costas, em um carinho confortável.
— Jude Victor William Bellingham. — Ele diz rapidamente, e anoto na minha mente. — Longo, né?
— Esqueci que os ingleses gostam de nomes grandes. Seu nome poderia ser de um príncipe, ou sei lá. Rei Jude Victor William Bellingham.
— Eu sou um, não tá sabendo? — Me faz rir.
— Acho que seus pais te odeiam, deve ter demorado anos para aprender a escrever ele completo.
— Eu era péssimo na escola, demorei anos para muitas coisas. Só pensava em futebol. — Jude encarava o teto, meu olhar seguia meu dedo sobre a pele dele, traçando um caminho invisível de uma flor.
— E mudou alguma coisa? — Sua reação para minha pergunta foi dar uma risada novamente.
— Não. — Estamos rindo. — Mas e você?
— O suficiente para ser invejada. — Começo, não querendo dizer que na verdade sempre fui meio CDF. — Eu era ótima na escola. Eleita a mais promissora pela turma, sabia?
— Aposto que tinha muitos caindo nos seus pés.
— Sim... Mas você me conhece, eu era boa demais para todos eles.
— Fato. Sabe... Iris Miranda Golding também é nome de princesa. Princesa não, rainha.
— A Espanha também é uma monarquia, então, justo. Sou a rainha desse povo.
Estava focada demais em não olha-lo, então encarava sua pele. É a primeira vez que noto que Jude estava me observando. Parte de mim queria desviar porque sentia minhas bochechas ficando vermelhas, mas também nunca perderia um jogo de encarar.
— Está vermelha. — Ele está feliz por isso.
— É o blush novo, não se gaba demais.
Ele está rindo da minha resposta e então me beija. Não é nada abafado mas Jude sempre consegue tirar o meu ar com seus beijos. É profundo e envolvente, como poderia respirar bem com algo que tirava toda a minha atenção? Por isso, paro para buscar a ar com um murmurinho. Jude ri, me olha de novo.
— Tudo bem?
Só respondo positivamente com um sorriso, voltando a beija-lo e dessa vez com uma mão sobre o seu rosto. Diferente de todas as outras vezes, esse beijo não parecia sexual. Era um momento de intimidade tão grande que não era necessário.
Infelizmente tudo acabou por conta de uma maldita batida na porta. Vinicius Júnior.
— Jude! Abre a porta aí, preciso falar com você. — Sua voz está abafada porque ele está atrás da porta.
Me levanto rapidamente, pegando minhas roupas e correndo para o banheiro, me trancando ali. Estou me observando no espelho, arrumando o cabelo desgrenhado.
Sei que Jude demora um pouco para abrir a porta porque só depois de um tempo consigo escutar a voz de Vini.
— O que houve? — Jude pergunta.
— Eu tenho um ticket para levar alguém ao Ballon D'Or. Acha que a Sydney vai aceitar?
Cubro minha boca pelo choque. Não fiz barulho obviamente porque não sou burra, mas ainda sim era chocante. Vini queria convidar Sydney, e eu sempre soube que ainda rolava um clima ali.
— Eu acho que sim... Vocês não continuam amigos?
— Continuamos.
— Então não tem problema nenhum.
Tenho a sensação de que Jude está tentando fazer ele falar o mínimo possível porque estou aqui. Vini não sabe disso, mas poderia revelar qualquer coisa sem querer. Sou amiga de Sydney, uma coisa leva a outra.
— Mas e se ela me der um fora?
— Ela não vai. — Ou talvez Jude só queria agilizar essa conversa logo, o que era ainda mais engraçado.
— Você tem certeza?
— Absoluta, Vinicius!
— Vinicius. — O jogador brasileiro imita o sotaque do inglês, dando risada dele. — Tá bom, tá bom. Mas se ela me der um fora, é culpa sua. E bota uma camisa!
A voz dele esta mais baixa, acredito que esteja saindo.
— Cala boca, cara. — Jude ri e fecha a porta. Alguns segundos se passam. — Pode vir.
Saio do banheiro ainda em choque. Na verdade, de um jeito em que poderia rir. Não acreditava que Vini Jr estava verdadeiramente encantado pela minha amiga. Não que seria impossível, mas jogadores sempre parecem tão maleáveis, como se outra mulher pudesse substituir a passada.
Aparentemente não.
— Você não vai comentar com a Sydney o que escutou aqui. — Está com ambas mãos na cintura.
— Sou um túmulo. — Tudo que faço é trancar minha boca com uma chave imaginária, sorrindo em seguida.
— Tem certeza que não vai à faculdade?
— Absoluta. Não tenho o mínimo interesse de pisar lá. — Estou guardando minhas coisas na minha bolsa. Provavelmente iria para casa agora.
— Ótimo. Porque se mais alguma coisa me atrapalhar de te beijar agora, sou capaz de cometer atrocidades com o culpado. — Jude tira a bolsa da minha mão e volta a me beijar, o que me faz rir, cedendo a ele.
Ficamos assim enquanto pudemos. Quando vou embora, invento qualquer mentira para dizer que voltei atrás de algo que esqueci, com Sydney me encobrindo e Jude fingindo que não fazia ideia de nada.
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