𝒊𝒊𝒊. não vou desistir
capítulo três
❛ não vou desistir ❜
ponto de vista, iris golding
— Como assim? COMO ASSIM? — Grita através do celular.
Já são 7 da manhã e estou em um Uber, em direção ao centro de treinamento do Real Madrid. Enquanto faço minha maquiagem no carro, ligo para minha irmã em ligação de vídeo, contando o que aconteceu ontem.
— Tem certeza?
— Absoluta, Cece. Era ele. Eu encarei, ele me encarou. Eu sei que é ele.
Minha irmã começa a rir, mas sei que é de felicidade quando faz gritinhos felizes.
— Eu não to conseguindo acreditar! Isso é o destino.
— Esse é um pesadelo que eu vou acordar.
— Qual o problema, Iris?
Ela pergunta e várias respostas vem à minha cabeça, mas nenhuma delas devem ser ditas. A mais certa a se dizer é que eu não gostaria de experimentar a vulnerabilidade de ter alguém como ele naquele ambiente, que conheceu algo de mim que ninguém conhecia. Mas não digo.
— É anti ético, Serena. Não é profissional.
— Mas vocês nem fizeram nada... Ainda! Já tá pensando em coisas, é? — Seu tom é provocativo, e por isso reviro os olhos. Felizmente, acabei a minha maquiagem.
— Me deixa, Serena. Não vai ser um bom clima. Tem noção que eu fiz coisas com um jogador de futebol famoso? E agora estou trabalhando pra o time que ele joga?
— Pra mim, parece uma história de cinema.
— Gênero: Terror.
— Não! Gênero: Comédia romântica +18.
— Não mesmo!
— Eu sei que é cética, Mimi, mas tem que olhar a realidade. Só pode ser o destino!
— Preciso desligar, já estou chegando.
— Por favor, viva um pouquinho. Eu te amo!
— Tchau, Serena!
Analiso mentalmente as possibilidades. Ele pode ignorar a minha existência e eu farei o mesmo. Ele pode vir falar comigo e eu ainda sim vou ignora-lo. Ele pode não só vir falar comigo como pode querer algo, e vou negar porque não devo.
Tenho plena noção do meu auto-controle e não será um homem que conheci uma noite apenas que vai mudar isso.
Com meu crachá em mãos, consigo passar pela segurança do local. Caminho em direção ao segundo andar sem mudar minha rota, determina a fazer o que devo. Basicamente seguir pessoas e contribuir positivamente para a equipe.
— Iris! Você chegou na melhor época. Vamos gravar vídeos com os jogadores hoje. — Sydney quase corre até mim, me abraçando. Também a abraço, mas a informação não é a melhor.
— Mesmo?
— Não gostou da notícia? — Me olha. É mais alta que eu, parece uma modelo de passarela. Isso faz com que geralmente pareça ser mais velha, mas não é. Tem minha idade.
— Claro que gostei. Como posso ajudar?
— Vai ser nossa entrevistadora. — É simples e direta.
— Ótimo. — Não sei se é realmente ótimo, mas gosto de parecer gostar. Afinal, sou estagiária, preciso gostar de tudo. — Preciso aparecer?
— Não não, só sua voz. Vamos para o campo.
Para o campo. Não tenho certeza porque temos que ir para o campo. Presumo que o conteúdo que deverá ser gravado será perto do gramado. Promove uma certa aproximação dos torcedores com os jogadores, o que é uma ótima estratégia quando pensamos que há uma renovação de jogadores com grandes expectativas.
Me obriguei a ler e fuçar mais sobre o time na noite passada, saber com o que estava lidando sem ser uma garota mesquinha que vai fazer um trabalho mal feito.
Descemos o elevador enquanto Sydney me contava uma história sobre a quantidade de velhos que ela tem que aturar diariamente, agradecendo pela minha companhia.
Sinto que eu e a loira ao meu lado temos uma dinâmica interessante de se assistir. Se por um lado eu permaneço em silêncio analisando tudo que diz, ela está falando. Sem parar. Não para date que cheguemos no gramado.
Todos os jogadores estão em seus treinos habituais. Agora, seu treinador os colocou para treinar cenários de jogo. Assistimos por alguns instantes até que Sydney acena para o treinador, que pede para os jogadores continuarem o que ele pediu, enquanto vem conversar com a loira.
De longe, vejo o garoto. Ele não me viu. Eu tento não olhar demais porque assim vai parecer que me importo, e não me importo.
— Tudo bem, já estamos no fim mesmo. Ele está liberado. Mas diga para ele voltar para seu alojamento logo depois. — É o que o homem diz para Sydney.
Acredito que tenham conversado sobre remover uns dos jogadores. O treinador volta correndo e apita, gritando um nome específico "Jude Bellingham".
Arrepios. No mesmo momento. Meu corpo entra em combustão. Tenho certeza que estou tremendo por puro nervosismo para encontrá-lo, o que nesse momento era o meu terror. O jogador anda um pouco, mas tenho a impressão de que, quando percebeu que era eu, aumentou sua velocidade para chegar até nós.
— Oi, Jude. Eu sou a Sydney, essa é a Iris. Bem vindo a Madrid. — Ela é receptiva, é aberta. Ela sorri largo, sinto que essa garota esbanja a energia de mil sóis.
Eu apenas sorrio. Não digo nada.
— Obrigada, Sydney. — Ele também sorri, mas sei que a olha por míseros 3 segundos até voltar a me encarar. — Olá, Iris.
Novamente não respondo, sorrio falsamente. O que é tão difícil porque Jude é um charme. Ele exala isso, exala ser atraente. Seu sorriso é tão bonito que me incomoda. Estou ficando chateada a esse ponto.
Mas ele não para. Jude ainda está me analisando, sei disso porque as vezes, enquanto Sydney está ajustando a câmera do celular, o olho para saber se ainda está me olhando. E está me secando.
— Iris, preciso que decore essas duas perguntas. — A loira me entrega um papel pequeno. — Você vai gravar e vai andar para trás, Jude acompanhará os passos só que para frente. Fechou?
— Certo.
— Por mim tudo bem. — Ele completa, com um riso que certamente é de diversão por ver a situação em que eu estava.
Seguro a câmera e posiciono no melhor ângulo, um pouco mais acima da minha visão para que os olhos de Jude possam encarar a câmera. Mas ele não faz. Sydney agarra em ambos meus ombros, para me ajudar a locomover.
— Posso começar? — Sou seca. Acho até que demais.
— Quando quiser. — Ele ainda tem aquele sorrisinho.
Ligo a câmera e então começo a andar pra trás, Jude segue os passos no mesmo ritmo. Seu sorriso ainda está lá, seus olhos ainda estão em mim. A sensação também está aqui, e evita ir embora a todo custo.
— Você tem algum professor de espanhol em particular no vestiário? — Minha voz é limpa, a voz de gravação.
— Lucas Vázquez e Brahim Diaz, provavelmente os maiores que tenho, mas todo mundo tá contribuindo, me ensinando xingamentos, e é, mal posso esperar pra experimentar eles. — Jude completa sua fala com um riso sacana no rosto, olhando diretamente em meus olhos e eu tenho a maior certeza da minha vida: Ele está me testando.
Sei que tenho apenas que fazer mais uma pergunta mais profissional e esse teste do diabo para ver até o de eu chego, finalmente tem um fim. Desligo a câmera e entrego para Sydney, que automaticamente o dispensa.
Faço meu caminho de volta ao prédio completamente sozinha porque eu precisava sair dali urgentemente. Passo na cafeteria apenas para garantir que eu tenha chicletes o suficiente para me desestressar essa tarde.
No caminho para o elevador, encontro Jude. Ele me encara, eu o encaro. Ele deixa que eu entre primeiro, e então me segue. Agora eu sei que é um teste. Tenho quase certeza que estava me esperando por perto.
Há um silêncio breve até que o garoto quebre completamente.
— Vamos ser adultos e não ignorar.
— Não sei do que está falando.
— Ah sabe, sabe exatamente do que estou falando. — Agora o homem está na minha frente. — Você sabe.
— Maturidade para mim, incluindo profissionalismo... — Começo e um sorriso sacana já cresce no seu rosto. — Vai ser ignorar. Foi uma noite há um tempinho atrás-
— Um mês atrás. — Está um passo mais próximo, eu me afasto um passo para trás.
— De qualquer forma, isso não muda nada.
— Não?
Jude tem um segredo. Ele sabe encantar como se fosse uma sereia. Manipulando o ambiente, tá agradando. Deixando tudo mais confortável, te analisando, atraindo. Ele tem tudo para me fazer esquecer que está se aproximando mais de mim mas o barulho do elevador abrindo me alerta. Respiro fundo, esse é o último olhar que troco com ele.
— Aquilo não aconteceu. Agora me deixe fazer meu trabalho. — Eu saio pela porta que se abriu de forma ligeira.
— Eu não vou desistir. — É o que eu escuto no caminho.
Algo em mim revira os olhos com isso, mas há algo escondido que está desejando que ele não desista.
notas da autora !
i. oi pessoas! minha íris é bem confusa mas ela tem motivos para ser uma garota muito decidida (e louca por um homem que corra atrás dela que nem um cachorro). o tanto que o jude vai ter que lutar para ter essa mulher é sacanagem
ii. e é isso fofos 😘 mandem comentários e deixem estrelas! beijocas lindos
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