𝔁𝔁𝓿𝓲𝓲. presente
capítulo vinte sete
❛ presente ❜
ponto de vista, IRIS GOLDING
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Jude e eu decidimos que passaríamos o Natal separados. Ele está com a família, em Stourbridge, e eu vou estar aqui em Madrid, com meu pai e Serena. Quando falo "decidimos" foi porque, depois do seu último jogo de 2023 - em Vitoria-Gasteiz no dia 21 - ele retornou para casa e passamos a noite juntos conversando.
Uma memória muito gostosa de se lembrar desse dia foi quando percebi o quanto que Jude gosta de abraços e também de sonecas. Tudo que fizemos foi exatamente essas duas coisas, além da conversa séria pela manhã.
Ele me perguntou se a minha família queria passar na Inglaterra com a família dele, já que ele pretende que se torne uma família só (fofo), mas eu disse que nossos natais em Madrid são irrecusáveis pela memória da minha mãe. Fazemos tudo que ela fazia, e ele compreendeu completamente.
Nosso acordo foi juntar as famílias no ano novo na casa deles em Stourbridge, assim, poderíamos passar juntos a data comemorativa.
Outro fato curioso é que, quando ganhei uma cadelinha de presente, não estava esperando que fosse uma guarda compartilhada. Nesse momento, Blanca esta passando Natal com a família de Jude e já foi mimada de diversas formas. Jobe agora é seu ser humano favorito, e Denis e Mark vestiram ela de Mamãe Noel.
É com luvas de frio e um gorro fofo, tirando fotos com a mamãe mais linda desse mundo - que é Serena - que recebemos um aviso do meu pai.
— Garotas, presentes da Inglaterra pra vocês. — Meu pai bate na porta antes de entrar, mas então coloca a cabeça pra dentro do cômodo sorrindo pra a gente.
— Pra nós? No plural? — Olho para Cece, que me olha e então levanta da cama, animada para saber sobre o que se tratava aquilo.
Eu contei 10 presentes e eu nem sei dizer o que foi para cada um, mas não foi só Jude e sua família que endereçaram para nossa casa presentes para nos três, mas também um outro jogador apaixonado chamado: Trent Alexander-Arnold.
Jude sempre arrasava nos presentes. Ele inclusive comprou camisas extras do Real Madrid em tamanho de neném para Maggie. Eu ganhei uma bolsa que eu vinha indiretamente falando muito bem há muito tempo, flores como sempre, caixas de chocolate de morango, caixas do meu sorvete favorito, um fone de ouvido branco e opaco, e meu perfume favorito. Tudo isso, com uma polarioid nossa escrito: "Meu melhor presente é você."
— Iris. — Minha irmã me chama. — Presente do Trent pra você.
— Esse merdinha consegue prestar, né? — Me levanto de onde estava, meio isolada para ver minhas coisas. Caminho até a embalagem.
— Não fala assim dele! Ele basicamente comprou um arsenal de roupa e sapato pra a Maggie. E um cheirinho tão bom!
— Preciso zoar ele pra ver se aguenta o tranco dessa família. — Abro a embalagem do presente, revelando uma caixa com um conjunto de moletom branco dentro. — Que coisinha lindinha.
Meu pai caminha da cozinha com três canecas de chocolate quente até nós, usando o mesmo moletom que eu estava na mão. Olhei para ele e ele olhou para o presente.
— Presente do meu genro? Agora estamos combinando! — Meu pai estava com um sorriso de orelha a orelha.
— Pai, ele não é seu genro. — Serena o repreende, ajudando meu pai com as canecas. — E eu também ganhei um.
— Que falta de criatividade! Vou ligar pra ele e dizer que odiei. — Tiro o conjunto de dentro da embalagem, correndo em direção ao banheiro.
— Mas você não odiou! — Cece grita enquanto caminho.
Visto o meu novo conjunto de moletom, que era simplesmente tão confortável que eu teria que zoar o Trent ainda mais porque essa era minha linguagem de amor. Volto para a sala e pego minha caneca, bebendo o líquido. Papai imitava muito bem a bebida que nossa mãe fazia.
— O que vocês ganharam do Jude? — Pergunto.
— Eu ganhei um kit de churrasco com meu nome gravado neles e um licor inglês que conversamos sobre. — Meu pai parecia uma criança boba no Natal.
— Eu ganhei um colar e brincos super fofos e a mãe dele me enviou um kit maternidade muito fofo. Tem várias coisas que eu vou precisar depois do parto. Ela é tão fofa!
— Ela é! — Olho pra minha irmã.
— E ela é tão chique, eu queria ser ela.
— Eu sei, ela é tão elegante. Tipo, passa um ar de confiança tão forte. — Comento.
— E ela é tão receptiva. Juro, quando nos vimos em um jogo do Real Madrid, foi a melhor pessoa do mundo comigo. Até me passou umas dicas de maternidade, perguntou sobre mim e não só sobre a Maggie!
— Pra mim é um sonho que ela se torne minha sogra de verdade logo. Imagina?
— Iris Miranda Salinas Golding-Bellingham, aí meu Deus! Imagina depois que vocês casarem. — Estávamos no maior papo de garota, só escutava a risada do meu pai, que não interferia.
Sempre foi assim. Eu e Serena conversando sobre coisas nossas, e dificilmente um homem vai compreender a sensação, e meu pai observando de canto, como um bobo pelas filhas. Eu nem consigo imaginar o quão difícil deve ter sido para ele se adequar ao mundo feminino das filhas sem uma esposa ao seu lado.
Na época que nossa mãe se foi, inúmeras notícias sobre como ele iria lidar com duas meninas e entrevistas invasivas sobre nós o perturbavam.
— Isso não vai acontecer em um bom tempo. A doida casamenteira de família tradicional é você! — Aponto para ela.
— Eu sei, eu sei! Sou louca pra casar, Mimi.
— Imagina se é com o Trent? Serena Rosa Salinas Golding Alexander-Arnold. Ai mami!!! — Soltamos gritinhos de animação. — Que nome grande você vai ter! E os filhos?
— Eu nem comecei a namorar com ele, Iris. Não venha me iludir com essas coisas. — Muda seu humor. Ela resmunga, parando de me olhar nos olhos e bebendo seu chocolate quente.
A verdade é que ela estava com medo de entrar em algo novo depois do capacho. Mas o capacho sempre foi capacho. Trent, por mais que me corroa por dentro elogiar aquele cara que gosta de me irritar, não é um capacho.
— Não se pode evitar o amor, Cece. — Ela me olha de canto.
— Você foi a mestre de evitar o amor, Iris... E por que seu nome tem que ser tão pequeno? Nem parece que estou brigando com você.
— Por isso que você colocou o nome da mamãe, né? Vai usar apelido normalmente aí quando estiver brava vai chamar ela de Margarita. Pobrezinha da minha Maggie.
— Trent diz que é Margot. — Serena está olhando a própria barriga, acariciando a pele, onde através dela, a bebê estava.
— Trent não sabe de nada. Ele é apaixonado por você e pronto. Maggie é muito mais legal.
— Jude também. — Ela me olha, mas não deixa de acariciar.
— Outro bobo. Dois bobos. Bobo um e bobo dois. — Meu pai finalmente interfere na conversa, depois de apenas observar como se fosse um seriado de TV relaxante.
— Pai! — O repreendo, rindo junto com Serena.
— Mas é a verdade. Dois bobos apaixonados. E eu tenho propriedade, mi hija. Não pode me contestar. — Ele está rindo de si próprio, e nos observando com o sorriso.
Ver ele falar da nossa mãe sempre parece uma história para se escutar em silêncio, absorvendo tudo que é possível absorver. Como se daquela forma, conhecêssemos mais ela.
— Que loucuras de amor você já fez, papi? — Serena pergunta, e eu já sei que pelo menos ela vai sair chorando.
— Sua mãe precisou desfilar em Nova York na noite que me contou que estava grávida por telefone. Antes de um jogo meu, ela fala sobre Serena. Disse que odiaria contar depois da partida, por mais que fosse certo. Meu jogo foi aqui em Madrid, contra o Barcelona. Meu treinador odiava ela, dizia que iria atrapalhar meu desempenho no futebol. Ele era como um pai pra mim... Mas ela? Era o amor da minha vida. Então 90 minutos depois daquela ligação, comprei a passagem mais rápida, econômica. 5 horas depois, e uma parada em Toronto, eu estava nos braços não só da pessoa que me fez evoluir no futebol, pelo o que eu queria conquistar para nossa família, como também do primeiro fruto do nosso amor.
Eu e Serena não interrompemos. Permanecemos em silêncio todo o tempo. Na verdade, toda história nova era um sentimento absurdo e avassalador. Escutávamos e então parecia que ela estava ali, sentada do nosso lado. E aí eu comecei a entender verdadeiramente sobre aquele amor absurdo que eu sempre escutava.
Traçado pelo destino, guiado pelas estrelas. Jude me fazia entender melhor.
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