As despedidas
Assim que deitei na cama, fechei os meus olhos na tentativa de finalmente conseguir dormir, mas a ansiedade parecia que estava tomando conta de mim. Respirei fundo várias e várias vezes para ver se eu conseguia controlar isso de uma vez por todas, pois, vou ter que fazer mil coisas amanhã e principalmente comprar a tão esperada passagem que será um grande avanço para alcançar os meus objetivos, que sempre planejei na minha vida; claro se tudo for conforme estou planejando e caso tenha algum imprevisto, vou tentar dar um jeito.
Quando finalmente consegui controlar a minha ansiedade, já eram 03:00 am e vou ter que acordar às 09:00 am., para ir comprar a passagem. Então resolvi levantar da cama e ir até à cozinha para tomar um copo de leite e ver se consigo dormir pelo menos um pouco. Depois de ter feito isso, voltei para o meu quarto, tranquei a porta e deitei na cama, alguns minutos depois dormi e a ansiedade se foi por algumas horas.
As horas se passaram...
Finalmente amanheceu e meu despertador obviamente tocou no horário certo para eu levantar da cama, tirei o travesseiro da cara, levantei a mão na intenção de tentar desligar o despertador para poder dormir mais um pouquinho e com isso lá se foram mais trinta minutos de sono. Até eu perceber que já estava atrasado para comprar a passagem.
Só sei que dei um pulo na cama e fui me arrumar o mais rápido possível. Eu estava com tanta pressa, que deixei a cama desarrumada e provavelmente minha mãe vai ficar me enchendo o saco quando eu voltar para casa, mas depois resolvo isso. Abri a gaveta e peguei a caixa que era aonde que eu guardava o meu dinheiro.
Com isso, guardei a caixa dentro da gaveta novamente e sai correndo do quarto. Cheguei na cozinha e peguei uma maçã, me despedi da minha mãe com um beijo na testa dela. A porta da cozinha já estava aberta, então saí de lá para poder pegar a minha bicicleta e com isso fui no tal lugar para comprar logo, para ser uma coisa à menos na minha cabeça.
Levei uns dez minutos para chegar neste local, a sorte é que a fila estava pequena e então deixei a bicicleta em um canto, entrei na fila e esperei minha vez. Quando chegou a vez de ser atendido por uma garota que trabalha lá, ela olhou para mim.
— Bom dia! Quer comprar a passagem para ir qual lugar, moço? — Perguntou com um sorriso em seu rosto e que me fez perceber que a mesma parecia ser atenciosa com os clientes ou buscava a ser.
— Eu gostaria de comprar uma para ir à capital mesmo, quantos que está custando? — Perguntei enquanto a olhava diretamente.
Confesso que estava com pressa, espero muito que o dinheiro que juntei dê para comprar a passagem e no final, ela disse exatamente a quantia exata que tenho agora. Depois de ter comprado, peguei a bicicleta e fui embora para a casa todo feliz da vida, já que era só isso que estava me impedindo de conseguir realizar a primeira parte do que, já tinha planejado há tempos.
Assim que cheguei em casa, joguei a bicicleta em um canto e sai correndo para dentro, para contar para a minha mãe que comprei a passagem e que amanhã mesmo eu iria viajar de ônibus para a capital. Ela estava arrumando a sala e me aproximei dela.
— Mãe, consegui comprar e irei viajar amanhã cedo! O que a senhora acha disso? — Dizia eufórico para a mesma.
Ela olhou para mim sem saber o que dizer, só foi em minha direção e me abraçou forte. Acho que ela ficou feliz com isso, até que me toquei de que ela começou a chorar do nada.
— Por que a senhora esta chorando? — Disse todo preocupado com ela.
— Nada não meu filho, só que a minha ficha ainda não caiu até agora de que você não é mais o meu menininho e sim que está se tornando um homem adulto agora. Espero que você consiga conquistar tudo que sempre sonhou, ok? — Disse ainda chorando para mim.
Me segurei para não chorar na frente dela, pois, eu não gostava de mostrar este meu lado sentimental para ninguém principalmente para a minha mãe, para não deixar ela preocupada atoa, olhei para ela por um tempo antes de falar.
— Calma mãe, eu sempre vou ser o seu filho, não importa onde eu estiver, ok? Juro que quando puder, vou te mandar notícias para saber que estou bem e quando eu estiver começando a ganhar dinheiro, vou arrumar um jeito de sempre te mandar um pouco para poder garantir um futuro para a minha irmãzinha, para que nunca falte comida aqui em casa, esta bem? — Disse, sorrindo para ela.
Ela olhou para mim com aquele olhar toda orgulhosa e voltou a me abraçar, chorando mais ainda. Abracei ela de volta me segurando para não chorar com ela.
— Ok meu filho, agora vá para o seu quarto e arrume as suas coisas, pois, você vai ter que levantar mais cedo do que de costume e vou fazer questão de te acompanhar até ao local do ônibus que te levará para a capital. — Dizia enquanto acariciava o meu rosto.
Fui para o meu quarto fazer o que ela pediu, como eu não tinha mala, peguei a minha mochila que não era tão grande, mas dava para colocar algumas roupas e outras coisas que eu queira levar também. Dez minutos depois, já arrumei a minha mochila, peguei o meu violão e deixei perto da minha cama para quando for me levantar amanhã, não esquecer de nada.
Com isso, fui ver se já era a hora de buscar Blair na escola e vi que ainda faltava vinte minutos, então fui para fora de casa para pegar a bicicleta e esperar o tempo passar mais rápido, logo após fui para a escola pegar ela de uma vez.
Assim que deixei ela em casa, resolvi andar mais um pouco de bicicleta para tentar me distrair até chegar a hora do almoço. Isso se eu não perder a noção do tempo, porque isso já é uma velha mania minha e enquanto estava andando de bicicleta, fui em direção a uma pracinha que tinha nesta cidade.
Quando estava quase chegando por lá, alguns garotos estavam me encarando feio, até eu lembrar que são os mesmos garotos que costumavam me provocar na escola há dois anos, um deles olhou para mim, me encarando.
— Olha quem está passando por aqui, pessoal! O cabeça de vento ainda mora por aqui e ainda acha que vai ser alguém importante algum dia? — Dizia com um tom de voz sarcástica e logo após, soltou uma risada.
Resolvi nem dar ouvidos a eles, porque até parece que eu iria perder meu tempo com isso e por conta disso, eles pegaram pedras que estavam no chão e começaram a jogar em minha direção. Até que uma destas pedras atingiu a minha cabeça tão forte que perdi o equilíbrio e acabei caindo da bicicleta.
Imediatamente eles correram em minha direção, começaram a dizerem coisas horríveis para mim e como sempre me chamavam das mesmas coisas que me diziam na época que estávamos estudando juntos.
Ignorei eles, até que resolveram me deixar para lá, já que eu não estava dando importância para suas palavras. Levantei do chão, arrumei a bicicleta e logo em seguida levantei a minha mão até a minha cabeça para ver se eu não tinha me machucado com aquela pedrada que levei.
Tive sorte que não tinha me machucado e nem algo do tipo, então assim que voltei a andar de bicicleta, decidi voltar para a minha casa para poder descansar e principalmente almoçar.
Estava morto de fome, também vai ser a última vez que vou almoçar lá em casa por bom tempo, alguns minutos depois já estava de volta. Deixei a bicicleta jogada perto da porta da cozinha mesmo, sentei na mesa, pois, eu vi que o almoço já estava pronto e a minha mãe insistiu em colocar comida para mim, acho que era isso que ela queria fazer para mim, antes que eu fosse embora amanhã.
E confesso que a minha ansiedade estava tomando conta do meu ser, eu realmente tenho que parar com isso, pensei enquanto estava terminando de comer.
A Blair não parava de ficar me encarando, parecia que ela queria me dizer alguma coisa, então olhei para ela de volta.
— Sei que você quer dizer alguma coisa para mim, maninha! Te conheço, o que você que me dizer, hein? — Disse sorrindo para ela.
Ela simplesmente se levantou da cadeira e sentou no meu colo, logo em seguida me abraçou e com isso começou a chorar. Acho que a minha mãe contou para ela que vou partir amanhã cedo para a capital. Comecei a acariciar o rosto dela, na tentativa de acalmá-la.
— Calma maninha, eu não vou sumir da sua vida, só irei tentar realizar os meus sonhos por lá. Mas juro que sempre vou visitar você e a mamãe, ok? Agora pare de chorar, porque eu não gosto de te ver assim. — Disse dando um beijo em sua testa.
Ela realmente não quis sair do meu colo, já vi que vou ter que passar a tarde toda com ela e vou sentir muita falta dessa tampinha. Assim que terminei de almoçar, fui brincar com ela um pouco e isso era bom, pois, assim as horas passavam mais rápido. Algumas horas depois, já eram quase 05:30 pm., aproveitei para deixar a minha irmã assistindo TV e fui tomar um banho para relaxar o corpo.
Fui para o meu quarto e tranquei a porta para que ninguém me atrapalhasse enquanto estivesse pegando roupas limpas para ir ao banheiro pra tomar o meu tão esperado banho. Enquanto isso, fui pegar uma regata azul-claro e uma calça jeans preta, deixei na cama, peguei uma toalha limpa e fui para o banheiro, tranquei a porta e comecei a tirar a roupa.
Liguei o chuveiro, a água estava quentinha e então comecei a tomar banho, que me fez relaxar por completo. E ao decorrer do tempo que estava debaixo do chuveiro, fiquei pensando se iria ser capaz de conseguir me virar na capital ou não.
Meus pensamentos foram interrompidos, quando a minha mãe bate na porta toda preocupada comigo, pois, eu estava mais de meia hora no banho e confesso que tinha perdido a noção do tempo por conta das coisas que eu estava pensando. Enfim, desliguei o chuveiro e peguei a toalha para me secar, coloquei ela em volta do meu quadril, já que tinha deixado as minhas roupas em cima cama.
Assim que sai do banheiro, fui para o meu quarto me vestir, tranquei a porta novamente depois de ter colocado a roupa.
Fui para a sala assistir TV com Blair, ela estava assistindo desenho como sempre, mas na hora nem liguei, pois, eu queria curtir mais um pouco ao lado dela mesmo. Depois disso, olhei para o relógio e já vi que estava na hora de dormir para acordar pelo menos às 06:00 am., e então deixei a minha irmã na cama dela, dei boa noite para minha mãe e fui por quarto para finalmente dormir.
Assim que amanheceu, meu despertador tocou e levantei da cama imediatamente, peguei a minha mochila e meu violão, abri a porta e sai na mesma. Fui para o quarto da Blair, ela ainda estava dormindo e então me despedi com um beijo em sua testa. A minha mãe já estava acordada, pois, ela queria me acompanhar, abri a minha mochila para certificar que eu não tinha esquecido de colocar a minha passagem.
Por sorte, não tinha me esquecido de colocar e com isso saímos de casa, meia hora depois já estávamos no local do ônibus da viagem. Abracei a minha mãe para me despedir.
— Tchau mãe! Vou sentir muita falta da senhora, mas juro que sempre vou te ligar para saber como estão vocês, ok? — Dizia buscando ser forte para encarar este novo desafio que propôs a mim mesmo.
Ela me abraçou mais ainda e logo em seguida beijou o meu rosto, me segurei para não chorar na frente dela. Subi no ônibus, procurei o lugar para me sentar, deixei as minhas coisas guardadas perto de mim para não perder ou ser roubado.
Mal posso acreditar que finalmente estou tão perto de realizar o meu sonho e, é claro que tenho noção de que nada vai ser fácil daqui para frente, mas irei fazer de tudo para conseguir. Assim que o ônibus deu partida, olhei pela janela para dar um último adeus a ela e depois disso, peguei meu celular e meus fones para escutar as minhas músicas.
Encostei a minha cabeça na janela, agora era só esperar para chegar na capital e quando estiver lá? Farei possível e o impossível, para conseguir o que tanto almejei em toda a minha vida, nem que isso demore muito.
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