❛❛ 05 | Injusto ❜❜

B R E A T H E
by Taylor Swift

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  ━━━━━ WELLS FOI assassinado ontem a noite ── A fala de Finn fez-a arregalar os olhos, em supresa e choque. Sempre adorava fazer piadas com o Jaha jr, mas saber que ele morreu sem se despedir de ninguém a fazia sentir culpa e remorso.

── Como? ── Collins abaixou a cabeça e ela já sabia a resposta. ── Terrestres. ── Ele assentiu, com o ar triste e necessitando falar com algo. Ou alguém. ── Vá falar com Clarke, talvez ela precisa de um amigo. ── Fez menção de enfatizar a última palavra e Finn balançou a cabeça, beijando a testa dela antes de sair.

Madison não era uma grande fã da loira, e não chegava nem perto de considera-lá amiga, muito pelo contrário, por agora Clarke é apenas alguém dos cem, assim como ela.

Avistou Charlotte de longe e correu para alcançá-la e ajudar a garotinha, que sorriu quando notou a presença de Mads. Ajudou a loira com o que a mesma estava fazendo, porém Charlotte evitava o máximo o olhar dela

── Ei! ── Ouviu John gritando com um adolescente, que havia parado por um segundo. ── Acha que os terrestres vão ficar sentados esperando que terminamos a muralha? Talvez devêssemos deixar a menina fazer por você. ── Madison arqueou as sobrancelhas, cruzando os braços.

── Eu só preciso de água, depois ficarei bem.

── Pelo amor de Deus, Murphy, de um tempo a ele. ── Mads chamou atenção dele, que riu pelo nariz, sem graça alguma.

── Não recebo ordens de você, Maddie. ── Ao ouvir ele falar como se fossem amigos, seus olhos brilharam em raiva. Maddie, havia uma pessoa viva que a chamava assim e era apenas Charlotte.

── Como me chamou? ── A voz dela soou mais rouca do que o normal, fazendo o sorriso dele falhar.

── Madd...

── Murphy! ── Bellamy interrompeu, parando ao lado dele. Provavelmente, o Blake havia percebido o jeito que Madison franzia a testa e cerrava os punhos, como se fosse socar alguém. ── Dê água para ele. ── Ordenou, fazendo-o revirar os olhos e levantar as mãos em rendição.

── Maddie, está tudo bem? ── Charlotte, com um ar angelical que sempre tinha, perguntou à ela.

── Está ── Viu Bellamy encarando com as sobrancelhas arqueadas. Mentira, gritava no fundo de sua mente. ── Vou ver se Monty precisa de ajuda. Fique aqui, Charlotte. ── Ela assentiu, voltando a trabalhar.

Madison respirou fundo, antes de caminhar para dentro da nave, com a pressa que só Mads tinha. Monty estava lá dentro mexendo em uma pulseira, que impressionantemente estava funcionando.

── De quem é? ── O Green se assustou com a aparição repentina da garota. Este, infelizmente, era o único lugar calmo do acampamento.

── Clarke. ── Madison arregalou os olhos, surpresa. E todo aquele discurso que a Arca está morrendo? Ela é uma farsa, a raiva novamente pulsou em suas veias. Mads sabia que Raven e a mãe poderiam estar mortas com a falta de oxigênio, mas ainda tinha esperança.

Monty não questionou quando a ouviu bufar irritada, apenas continuou trabalhando.

── Madison? ── Octavia apareceu na nave, procurando-a. Martin a olhou, confusa. Não haviam se falado desde quando Atom morreu, ainda tinha uma certa culpa no peito. ── Precisamos de você. Agora. ── Ela parecia um pouco desesperada, então a cacheada concordou em acompanha-lá.

Octavia a levou para uma tenda, e quando entraram viu Clarke, Bellamy e Jasper. Soltando um suspiro com a primeira, não querendo olhar ela por muito tempo.

── Jasper! Você está bem. ── Deu-lhe um abraço rapidamente, fazendo-o sorrir com isso, depois se virou para eles, assustando-se com o que viu. Na mesa estava dois dedos e uma faca. ── O que é isso? ── Tampou a boca, enojada.

── Jasper achou os dedos do Wells com essa faca. ── Octavia disse, o que causou olhos arregalados dela. Ela sabia exatamente o que isso poderia significar.

── Essa faca foi feita com metal da nave. ── Clarke analisou o material, com a testa franzida e a respiração desregulada.

── O que isso quer dizer? ── O Jordan perguntou, querendo saber exatamente.

── Quem mais sabe sobre isso? ── Bellamy cortou, tendo outras preocupações. Mads revirou os olhos.

── Ninguém, trouxemos direito para cá ── Octavia responde, com a voz baixa e apoiando-se sobre a mesa não muito limpa.

── Clarke? ── Jasper continuou, fazendo-a soltar um suspiro. Isso só irritou Madison cada vez mais, Clarke deveria parar de agir como se mandassem em tudo ali, era o que pensava.

── Significa que os terrestres não mataram Wells ── Clarke diz, olhando a faca profundamente.

── Foi um de nós. ── Martin completou, cruzando os braços. Era óbvio, os terrestres tem lanças, não facas do tamanho de uma mão, eles não são burros.

── Então, há um assassino no acampamento? ── Jasper soltou e ela riu, sem graça alguma.

── Há mais do que um assassino aqui ── Mads murmurou, amargurada, sentindo os flashs de memória atingirem seu cérebro. Atom e...

── Vamos guardar segredo sobre isso. ── O Blake interrompeu os pensamentos intrusivos da garota, fazendo-a respirar profundamente. Clarke pareceu não concordar, pois pegou a faca e tentou sair da frente, porém ele não deixou.

── Saia da minha frente, Bellamy. ── A Griffin quase cuspiu ao pronunciar as palavras, com desgosto.

── Seja esperta sobre isso. ── Madison achou engraçado Bellamy quase implorando para que a loira não fizesse nada. ── Goste ou não, pensar que os terrestres mataram Wells é bom para a gente. ── Mads arqueou as sobrancelhas, com um ar de indignação.

── Bom para você, quer dizer. ── Madison se intrometeu, irritada com toda a situação. Ele a olhou, como se pedisse silenciosamente que não dissesse nada. ── O quê? Manter eles com medo para trabalharem para você? ── Bellamy travou a mandíbula e ela continuou. ── É isso?

── É exatamente isso. ── Diz, sarcasticamente, mas sabia que ela não mentira. ── Mas é bom para todos nós. Medo dos terrestres está construindo aquela muralha. ── Madison se aproximou dele, soltando um ar que nem sabia que havia prendido.

── Quis dizer a muralha que você não mexeu um dedo para ajudar? ── Ele revirou os olhos, não respondendo nada, sabendo que era a verdade. Nem mesmo Octavia se moveu para defender o irmão. ── É, muito bom para nós, Bellamy.

── Cala boca, Madison ── Proferiu, se virando para a loira, como se Mads não fosse invisível. ── Além do mais, o que vai fazer, Clarke? Sair daqui pedir para o assassino se apresente? ── Falou, irônico e Clarke revirou os olhos. ── Nem ao menos sabe de quem é essa faca.

── É mesmo? ── Perguntou, retoricamente e Madison tinha o sentimento de que ela sabia de quem era. Ela mostrou a faca para Bellamy, que engoliu em seco. ── J.M, John Murphy. ── Arregalou os olhos, com a resposta. Sabia que Murphy era um babaca, mas isso? Ele matou Wells, e todos aquelas brigas que os dois tiveram fizera sentido. ── Eles tem direito de saber. ── Ela correu para fora da tenda e Madison a seguiu.

Ao avistarem John, Clarke o empurrou, não obtendo resultado pois ele era muito mais forte que ela.

── Qual seu problema? ── Ele gritou, indignado.

── Reconhece isso? ── Clarke mostrou a faca, fazendo John franzir as sobrancelhas. Madison sentia-se enjoada com o que aconteceria a seguir.

── É minha faca. ── Tentou pegar de volta, mas ela foi mais rápida. ── Onde encontrou? ── O jeito como ele falava não parecia de alguém que acabou de matar uma pessoa. Parecia genuinamente surpreso por Clarke estar segurando a faca.

── Onde a deixou cair, depois que matou Wells! ── A loira soltou de uma vez, enquanto Mads prendia a respiração ao ver ele arregalar os olhos.

── Onde eu... o quê? ── Diz, confuso e frustado. Não o culpava, estava sendo acusado de algo sério e, por algum motivo, Madison achava que não fora Murphy que fez. ── Os terrestres mataram Wells, não eu.

── Sei o que fez, e vai pagar por isso. ── Era óbvio que Clarke estava irada com a situação, Wells era seu melhor amigo. Ou era.

── Bellamy, acredita mesmo nessa besteira? ── John perguntou e ele não respondeu, deixando claro a resposta.

── Você ameaçou matar ele. Todos ouvimos! ── Gritou ela, e agora sabia que todo o acampamento estava ouvindo. ── Você odiava Wells. ── Você também, uma voz na cabeça dela grita de volta, sabendo exatamente que quando ele morreu eles não eram tão amigos assim como pregavam há alguns anos.

── Muitos aqui odiavam ele. O pai dele é o chanceler que nos mandou para a cadeia. ── Era um argumento viável, por mais que não obtinha esse ódio.

── É, mas só você lutou a faca com ele! ── Clarke falava, nervosa. As mãos da loira tremiam e ela suava frio, como se pudesse o socar a qualquer momento.

── Clarke, se acalma. ── Madison pegou o braço dela. Poderia não gostar de Murphy na maioria do tempo, mas não queria ver um banho de sangue hoje. ── Talvez devêssemos pensar melhor sobre isso, Murphy não seria burro de deixar a faca na cena do crime. ── Sentiu o olhar agradecido dele e o furioso dela.

── Finalmente alguém falou! ── Bellamy, com certeza, não parecia feliz com isso. Nem Octavia, parecia que defender ele deixou todos com raiva. ── Obrigada, Madison.

── Cala boca, Murphy. ── Diz, sarcasticamente. Não o odiava, mas não gostava dele e isso era um fato.

── Pare de defender ele! ── Clarke gritou para ela, soltando bruscamente o toque dela. ── Você o acha um idiota tanto quanto nós. ── Mads arqueou as sobrancelhas.

── Todos achamos, e por isso tenho uma teoria. ── Quase cuspiu as palavras, cansada de ouvir o que ela quer que façam. ── Já pensou que alguém estaria incriminando ele? ── A loira ficou em completo silêncio, assim como todos. ── Não pensou, não é, princesa? Você só se importa com o que acredita. ── Ela pareceu hesitar, pois abriu e fechou a boca.

── Não é verdade. ── Disse, por fim, voltando a sua feição séria. ── Só está com raiva porque tirei a pulseira e não vai poder ver sua mãe. ── Agora tinha certeza que a Griffin havia percebido o jeito que olhava a ela, mas não importava no momento, pois seu coração bateu mais rápido com o sangue borbulhando nele.

── Não fala da minha mãe, Clarke. ── Sabia que não poderia culpar ela, a garota havia perdido o melhor amigo, nem sabia como isso era. Deveria ser doloroso, como quando pensa que um dia perderá Raven.

── Então, não fale o que não sabe. ── Se voltou para os cem, ignorando-a completamente. ── Murphy matou Wells e temos provas. Isso não é suficiente?

── Eu não matei ele. ── John diz, cansado de repetir a mesma coisa. ── Isso é ridículo, eu não tenho que responder à ninguém!

── Como é? ── Bellamy se pronunciou, claramente proporcionando medo nos olhos de Murphy. Mads revirou os olhos, como se aquilo realmente importasse.

── Bellamy, ouça... Madison está certa, não fui eu, alguém tentou...

── Acharam os dedos dele com a sua faca. ── O Blake o cortou, provavelmente não querendo ouvir as razões dele ser inocente. Agora Madison tinha certeza que Murphy era inocente e iria provar, não sabe como, mas vai.

── É esse tipo de sociedade que queremos? ── Madison se segurou para não socar Clarke, quando ela falou. ── Vocês dizem que não devemos ter regras. Isso significa que podemos nos matar, sem uma punição?

── Eu já disse! ── Murphy gritou novamente, porém ninguém ouvia. Eles já estavam acreditando no discurso da Clarke. ── Eu. Não. Matei. Wells. ── Falou pausadamente, com a voz desesperada.

── Sugiro flutuar ele! ── Um criminoso exclamou, fazendo gritos e concordâncias soarem pelos cem, o que fez Madison ficar ansiosa.

── Não é isso que estou dizendo. ── Clarke começou e Madison arqueou as sobrancelhas. Ela fez tudo isso, o que esperava?

── Por que não? Ele merece ser flutuado, é justiça. ── Proferiu quase que automaticamente, fazendo novamente ouvirem gritos concordando.

── Aqui não é a Arca, seu idiota! ── Madison gritou, chamando atenção. Ela encarou todos aqueles rostos sedentos por sangue e cuspiu ao pronunciar as próximas palavras. ── Vocês odeiam tanto o chanceler que estão agindo igual. ── Eles silenciaram, engolindo as duras palavras dela.

── Vingança não é justiça. ── Clarke disse, e isso pareceu atiçar eles.

── É justiça! Flutuem ele! ── Encarou Bellamy, sabendo muito bem que o Blake poderia parar isso. Mas ele desviou o olhar, apenas ouvindo o que falavam.

Mads ficou desesperada quando viu chutarem Murphy, e todos os cem se aproximarem e chutar o garoto, que não era culpado. Ele não era, não podia ser.

── Não! Saiam de cima dele! ── Saiu do transe, apenas assim que Clarke gritou, tentando chegar perto dele, porém sendo impedida.

A partir desse momento, o acampamento virou um caos. Gritos por toda a parte, Murphy implorando para o soltarem, Bellamy apenas parado assistindo e Madison cada vez mais ansiosa, com a respiração na garganta.

Não conseguiu fazer nada, nem quando viu amarrarem as mãos, a boca e prenderem John em uma árvore, com a corda no pescoço.

A ideia de John Murphy morrer lhe passou a cabeça diversas vezes, porém ao ver isso ser concretizado, parecia errado. Errado até para ele, que era um idiota com todos.

── Solta ele! ── Madison tentou o alcançar, com a voz fraca e as mãos trêmulas. Murphy já estava sufocando, e ainda nem enforcaram-o. ── Bellamy, você pode impedir isso! ── Martin o empurrou, ouvindo os gritos de Clarke para eles. Observou ele hesitar, dando alguns passos para trás. Viu um brilho nos olhos dele e sabia que Bellamy Blake não pararia aquilo, assim como não parou a luta de Murphy com Wells.

── Bellamy, você deve fazer! ── O garoto que começou tudo isso, disse. ── Be-lla-my! ── Começaram a exclamar por ele, como se o Blake fosse um maldito deus.

── Bellamy, se fizer isso, eu juro que te mato! ── Tentou empurra-lo, com toda força que tinha, mas seu braço foi puxado por Octavia. Era mentira, não conseguiria matar Bellamy nem se quisesse. ── Bellamy, não! ── Implorou, mas ele estava com o machado nas mãos e, mesmo debatendo-se nos braços da Blake, viu quando ele cortou a corda, fazendo Murphy se enforcar, sem ar. ── Não!

── Isso é culpa sua, princesa. Deveria ter ficado calada! ── Bellamy gritou para Clarke, que chorava compulsivamente.

── O que diabos estão fazendo? ── Finn chegou, completamente apavorado. ── Soltem ele! Charlotte, saia daqui agora! ── Só então, percebeu a presença da criança. Parou de se debater nos braços de Octavia, abraçando os ombros dela, que foi retribuindo. ── Soltem-no! ── Mais uma vez o caos se instalou, pois eles não permitiam que salvassem Murphy.

── Parem! Murphy não matou Wells! ── Charlotte exclamou, eufórica e Madison franziu as sobrancelhas, em confusão. ── Fui eu. ── O ar escapou dos seu peito, sentindo que iria explodir.

Charlotte matou um homem inocente. Charlotte era uma assassina. Charlotte é uma criança. Charlotte era exatamente igual a Madison.

Clarke soltou Murphy, desesperada, mesmo que possa ter sido culpa dela. Ele estava vivo, pelo menos. Mads estava em choque, travada no mesmo lugar, olhando apavorada para a garotinha loira.

Finn pegou na mão de Madison a levando para a tenda, depois de alguns segundos, Clarke, Bellamy e Charlotte estão lá também.

── Traga a garota, Bellamy! ── Murphy esbravejou, fora da tenda. Madison encarou todos ali começarem a ficar desesperados, principalmente o Blake.

── Por quê, Charlotte? ── Ele perguntou por um fio de voz. Pela primeira vez, a Martin entendia a dor de Bellamy, confiaram na garota e ela os decepcionou.

── Só estava tentando matar meus demônios, como mandou. ── O peito de Mads se afundou. Ela se tornou uma assassina por causa dos dois, Charlotte matou Wells porque entendeu errado a metáfora de Bellamy.

── Do que diabos ela está falando? ── Clarke perguntou, irritada. Madison apenas se escorou em um canto, observando de longe o caos que se instalava.

── Ela me entendeu mal. ── Respondeu, exasperado. Clarke provavelmente começaria a acusa-lo também. O Blake se virou para a garotinha, que continha a respiração ofegante e olhos brilhando em lágrimas. ── Charlotte, não foi isso que eu quis dizer.

── Tragam a garota, agora! ── John gritou mais uma vez, com a voz impaciente. Não o culpava de jeito nenhum, se eles tivessem a enforcado pelo crime que não cometeu, teria a mesma reação.

── Por favor, não deixe que me machuquem! ── Charlotte suplicou, lançando olhares à Martin, porém ela sempre desviava, não suportando olhar a loira por mais alguns segundos.

── Se vocês tiverem alguma ideia brilhante, podem falar. ── Bellamy diz e os dois ficaram calados. ── Agora vocês ficam quietos?

── Aqueles são os seus seguidores! ── Finn comentou, com o suor descendo pela testa e o olhar preocupado com o que aconteceria a seguir.

── Isso não é minha culpa! ── O Blake preferiu, indignado pelas palavras escutadas. Apontou para Clarke e continuou a falar. ── Se ela tivesse me ouvido, aqueles idiotas ainda estariam construindo a muralha. ── Madison abaixou a cabeça, não conseguindo discordar do garoto, por mais que suas opiniões fossem totalmente opostas.

── Quer construir uma sociedade, princesa? Vamos construir uma sociedade. Traga a garota! ── Murphy disse, de fora da tenda, com os pulmões provavelmente pedindo socorro pelo episódio anterior.

── Não! ── Charlotte diz, desesperada. ── Por favor, Bellamy ── Choramingou, com medo. E não era só ela, Madison ainda estava em choque, mas o medo corria nas veias. ── Maddie, por favor...

── Não me chame assim, Charlotte. ── Interrompeu-a, sabendo que mesmo ela sendo uma criança, tem consequências ao matar um homem inocente

── Me desculpa, Madison. ── Os olhos dela brilharam em tristeza. ── Não deixem que me leve...

── Charlotte, vai dar tudo certo. ── Bellamy tentou passar confiança à garota, se virando para os três. ── Fique com eles, não saia de perto da Madison, tudo bem? ── Estava óbvio que, mesmo não confiando em Mads, ela era a única que protegeria Charlotte com a vida.

Bellamy deu um aceno a Madison, como uma promessa de que cuidaria da garota, antes de sair da tenda, indo encontrar Murphy.

[•••]

Haviam começado a correr há alguns minutos, para longe do acampamento, assim que John percebeu a falta deles e gritou por Charlotte. Ele estava sedento por vingança.

── Será noite logo, onde está nos levando, Finn? ── Clarke perguntou a Finn, que andava mais a frente como se soubesse exatamente para onde estava indo. ── Ao menos, diga que tem um plano, que não estamos vagando sem objetivo na floresta.

── Eu tenho um plano. ── Collins respondeu, fazendo-a suspirar em alívio. Charlotte, com medo comum, tenta buscar pela mão mais próxima, a de Clarke, porém a loira mais velha recuou, com indignação.

── Que diabos pensa que está fazendo? ── A voz dela chama atenção de Madison e Finn, que pararam só para ver o que estava acontecendo. ── Só porque a salvamos não significa que está perdoada. Entendeu?

── Clarke, ela é uma criança. ── Finn diz, assustado com a reação dela, assim como Mads.

── Ela é uma assassina! ── Gritou, como se os pulmões delam pedissem trégua. Madison arqueou as sobrancelhas, chegando perto dela.

── E você não? ── A pergunta saiu de uma forma sarcástica e viu ela engolir em seco. ── Para de ser hipócrita, princesa. ── Quase cuspiu na cara dela, sendo segurada por Finn. ── Estava disposta a deixar Murphy ser enforcado por um crime que ele não cometeu. ── As palavras pareceram desaparecer da loira.

── Eu tentei impedir, eu...

── Como impedir algo que foi você quem começou? ── Clarke ficou em silêncio, apenas absorvendo a dureza e a insensibilidade das palavras. Madison havia cansado de pegar leve com Clarke apenas porque ela perdeu o melhor amigo. ── Vem, Charlotte. Pode pegar minha mão. ── Ofereceu à garota, que aceitou, apertando a mão dela.

── Charlotte! ── Pularam de susto com a voz de Murphy na floresta. Ele estava chegando perto deles. ── Clarke, Finn e Madison não podem salvar você.

── Temos que correr. ── Griffin alertou-os, com preocupação evidente no tom.

── É uma alternativa. ── Finn diz, parando de andar. ── Gosto mais do meu plano. ── De repente, Collins abre uma escotilha no chão, fazendo Madison se surpreender. ── Entrem.

Assim que puseram os pés para dentro, a escuridão dominou o lugar, isso até Clarke acender uma lanterna. Madison admirou o local, não sabia exatamente o que era, mas conforto seria a palavra que definiria.

── Finn, que lugar é esse? ── Clarke perguntou, com os olhos brilhando.

── Por enquanto, é nosso lar.

Havia anoitecido rápido demais, o tempo passou voando e tinha certeza que Murphy ainda percorria a floresta procurando por Charlotte. Deitou a garotinha e pegou um dos cobertores que tinha ali, a cobrindo, deixando um leve selar na testa dela.

Charlotte parecia tão calma, a respiração tranquila, não como se tivesse acabado de matar alguém e ver uma pessoa ser incriminada pelo crime dela.

── Não acredito que guardou segredo desse lugar. ── A Griffin murmurou para Finn, que suspirou pesadamente.

── Qual é, Clarke. De que adiantaria contar para alguém? ── Ele deu de ombros, sentando-se em um sofá à frente da cama em que Charlotte e Madison estavam.

── Alguma dessas coisas poderiam ser úteis. ── Clarke diz, com a voz firme como sempre. Mads começou a se questionar se ela não havia outras expressões além dessa.

── Tipo o quê? Não há armas. A data de validade da comida expirou há noventa anos. ── Finn continuou, certo com o argumento.

── Mas usaríamos para outra coisa. Partilhar com o grupo. ── Estava cansada dessa mini discussão deles, então levantou, suspirando.

── Pode partilhar isso com o grupo, se quiser. ── Finn deve ter mostrado algo para ela, mas apenas escutou a risada baixa dele.

── Finn, vou tomar um ar ── Avisou o garoto, sem nem olhar Clarke, não poderia mesmo se quisesse.

── Não vá muito longe, Madison ── Ela revirou os olhos, porém assentiu.

[•••]

Aquele abrigo estava sufocando Martin, parecia que havia apertado seu pulmão, sentia o pressentimento ruim habitar todo o seu ser. Passou a mão nos cachos do cabelo, se escorando em uma árvore não muito longe.

Iria fechar os olhos e deixar-se levar pela escuridão, quando ouviu barulhos. Arqueou a sobrancelha, vendo uma cabeleira loira.

── Charlotte? ── A garota virou a cabeça, se assustando. O próximo movimento fora correr, Madison a perdeu de vista rapidamente. Então, Mads correu para tentar alcançá-la.

O que diabos ela estava fazendo?

Quando conseguiu ficar perto o bastante dela, uma pessoa puxou a garotinha para se esconder atrás de uma árvore. Madison se assustou, com medo de ser Murphy mas ao ver que era apenas Bellamy, relaxou.

── Quase me matou de susto! ── Martin diz ao falso guarda, colocando a mão no peito, se aproximando deles. Não deu tempo de haver uma resposta coerente, pois Charlotte começou a se debater para tentar fugir.

── Me solta! ── A loira gritou, fazendo Madison a olhou apavorada. O que mudou para ela decidir não fugir mais?

── Estou tentando ajudar você ── Bellamy disse, a segurando com força para que não escapasse.

── Charlotte, para! ── Mads tentou não gritar, saindo mais como um sussurro alto.

── Eu não sou a irmã de vocês, então parem de me ajudar! ── A fala da garota doeu mais do que uma faca, com certeza. Ela correu em seguida, sendo alcançada por Bellamy. ── Eu to aqui! ── Exclamou para os delinquentes na floresta.

── Charlotte! ── Madison pegou no braço dela, ficando cara a cara com a mesma, podendo observar os olhos lacrimejantes dela. ── Quer que matem a todos nós?

── Vão embora, está bem? ── Ela tinha uma expressão desesperada e as mãos trêmulas. ── Sou eu que eles querem.

── Você é quem eles querem, mas o que acha que vai acontecer com nós dois, Clarke e Finn por ajudarmos você? ── A loira ficou quieta, apenas deixando as lágrimas cairem sobre a pele macia de sua bochecha. ── Olha para mim, Charlotte. ── Pediu, gentilmente, acariciando o rosto dela com a própria mão. Depois encarou o Blake, sabendo que pensavam igual. ── Eu e Bellamy podemos discordar em muitas coisas, mas nós não vamos deixar você. ── Disse, firmemente.

── Por favor, Mads... ── Então, o falso guarda pega Charlotte e coloca-a sobre seus ombros, fazendo-a dar um grito de surpresa. ── Não! Murphy, estou aqui!

Correram o máximo que conseguiram, com Charlotte ainda gritando para que todos pudessem ouvir, até os pés de Madison travar no fim da floresta. Era um penhasco, não havia saída.

── Bellamy! ── Murphy apareceu, com outros criminosos e iluminando o caminho por tochas. ── Não pode lutar com todos nós. Entregue a garota. ── Podia ver nos olhos do garoto, como estava sedento por isso, como ele precisava.

── Talvez não, mas garanto que levarei alguns comigo. ── Bellamy diz, fazendo Madison ficar na frente da loira para a proteger.

── Bellamy, Madison! Parem! ── Ouviram Clarke e Finn chegarem no minuto seguinte. A griffin se posicionou ao lado do Blake. ── Isso foi longe demais. Acalme-se, vamos falar sobre isso. ── Murphy riu, não achando realmente graça.

── Eu quero a garota. ── Disse e virou-se para Madison, que o olhava como se não o reconhecesse. ── Entregue ela, Mads.

── Murphy, eu te defendi, mas se quiser Charlotte vai ter que me matar. ── Martin falou, entredentes e com sangue nos olhos.

── Pedido aceito ── Ele riu, antes de puxar ela para que estivesse com uma faca em seu pescoço, e o corpo dela preso no dele.

── Solta ela! ── Madison ouviu Finn gritar, mas não muito alto, pois estava tentando concentrar na própria respiração.

── Para trás! Ou eu corto a garganta dela. ── Murphy ameaçou e eles ouviram, pois ele era o único que estava com uma faca em mãos.

── Não, por favor! ── Charlotte gritou, chorando compulsivamente. ── Por favor, não a machuque. ── A voz desesperada dela fez seu coração se apertar.

── Não a machucar? ── Ele riu, sarcasticamente. ── Está bem, vamos fazer um acordo. Você vem comigo agora mesmo e eu solto ela. ── Madison arregalou os olhos, tentando sair do aperto de Murphy.

── Não aceita, Charlotte! ── Ela esbravejou com o coração na mão, vendo-a choramingar e tentar ir até Martin. ── Não ouse aceitar! Bellamy, pare ela! ── O Blake pareceu ter ouvido, pois a segurou fortemente.

── Estou farto de ouvir você falar, Mads ── A faca na mão dele pressionou a pele do pescoço dela, fazendo um corte não fundo e sentiu o próprio sangue deslizando. A medida que ele pressionava, a necessidade de ar vinha à tona.

── Murphy, isso não vai acontecer. ── Bellamy pareceu apreensivo pela situação em que Madison se encontrava, até Charlotte os encarar chorando.

── Não posso mais deixar nenhum de vocês se machucar. ── A loira começou a falar, com os olhos brilhando em lágrimas. ── Não por causa de mim, não depois do que eu fiz. ── Ela se aproximou do penhasco e Madison apenas teve tempo de arregalar os olhos. ── Maddie, eu te amo.

── Charlotte, não! ── Gritou, mas já era tarde demais. A garotinha havia pulado do penhasco.

── Não! ── Ouviu Bellamy exasperar junto dela e de repente sentiu como se seu mundo tivesse caído.

Mads se desvencilhou de Murphy, correndo para a ponta do penhasco, só para ver o corpo de Charlotte ainda caindo.

── Não... ── Todas as emoções que vinha guardando a tempo pareceram voltar, tudo de uma vez. Os olhos dela se encheram de água e, pela primeira vez, depois de dois anos, uma única lágrima caiu no canto do seu olho esquerdo.

Raiva, tristeza, culpa... Luto.

── Bellamy ── Parou de encarar o fundo daquele precipício e prestou atenção no Blake se levantando para ir na direção de John. Foi questão de segundos até Bellamy começar a disferir socos no rosto do criminoso.

Enquanto isso acontecia, Madison levantou-se e apenas encarou essa cena, sentindo prazer em vê-lo machucado. Algo que nunca havia acontecido antes. John Murphy matou Charlotte, ele merece morrer por isso.

── Bellamy, pare! ── Clarke exclamou, tentando intervir. ── Vai matá-lo! ── Tentou novamente, mas o Blake não ouvia de jeito nenhum. A Griffin virou desesperada para a Martin, ela também estava chorando. ── Madison, faz alguma coisa.

── Bellamy ── Apenas com um chamado dela, ele parou de transferir socos no garoto, virando se para ela. ── Não pode matar ele.

── Por que não? ── Quase gritou, com sangue nas mãos e a feição de puro ódio. ── Murphy matou Charlotte, Madison! Ele merece morrer! ── Martin não discordou visualmente, apenas observando com o choque batendo em suas costas. Bellamy ia avançar de novo, porém a loira interveio.

── Não! ── Clarke exclamou, com a voz trêmula. ── Não decidimos quem vive ou morre. Aqui, não. ── Um flash de memória do tempo da Arca bateu em seus olhos.

── Se você disser que o povo tem o direito de decidir...

── Não. ── Cortou-o, engolindo em seco. ── Eu estava errada, entende? Você e Madison estavam certos. ── Mads arqueou as sobrancelhas, surpresa pelas palavras. ── Às vezes, é perigoso contar para as pessoas a verdade. Mas, se quisermos sobreviver aqui, não podemos viver do jeito que bem entendermos, precisamos de regras.

── E quem faz as regras? Você? ── Madison diz de uma maneira sarcástica, odiando a ideia de que a vida de todos estaria na responsabilidade de Clarke.

── Por enquanto, nós três fazemos as regras. ── Mas Martin também não queria deixar a responsabilidade nas mãos dela. ── Está bem?

── E agora? Voltamos e fingimos que nada aconteceu? ── Bellamy fala, e de repente uma ideia passou pela mente conturbada de Madison.

── Não. ── Mads chamou-os a atenção, deixando a voz - que antes estava mole feito uma gelatina - firme. ── Nós o banimos. ── Bellamy grunhiu, nada satisfeito, mas essa era a única opção que tinham.

── Levante-se! ── O Blake pegou Murphy - que neste momento, não conseguia nem andar direito - pelo colarinho, e se aproximou do penhasco, ameaçando a jogar ele.

── Bellamy, para! ── Clarke gritou, mas Madison sabia exatamente o que Bellamy faria a seguir. É tão previsível.

── Se eu o pegar perto do acampamento, voltaremos aqui. Entendeu? ── A cabeça de Murphy balançou lentamente, com dificuldade. Bellamy joga o corpo de John no chão com agressividade, depois se virou para os adolescentes que ajudaram Murphy. ── E quanto a vocês quatro, podem voltar e me seguir. Ou vão com ele e morram. A escolha é sua.

[•••]

Madison estava de joelhos em um lugar afastado da nave, onde Wells havia enterrado os dois garotos que morreram no pouso. Sua mente ousava a repetir as últimas palavras de Charlotte antes de morrer. A história tinha se repetido.

── Madison, Octavia está te procurando ── A voz de Bellamy se fez presente atrás de si. Limpou os olhos molhados e forçou-se a lamentar, rindo levemente.

── Achei que você não aprovasse nossa amizade ── Comentou sarcasticamente, vendo-o revirar os olhos, ainda parado no mesmo lugar.

── E não aprovo, mas você faz bem à ela. ── Ela balançou a cabeça, engolindo em seco, depois tentou ignorar a presença dele, esperando que fosse embora. ── Eu também sinto falta dela. ── A fala dele foi como uma faca sendo lançada no seu coração.

── Quem diria ── Riu, tentando esconder o quanto ainda estava triste. ── Bellamy Blake realmente se dá bem com crianças. ── Ouviu a risada dele, como se entendesse que Madison estava fazendo piadas para escapar da realidade.

── Ela me lembrava Octavia. ── Disse, de repente e isso fez a vontade de chorar ficar maior. O silêncio reinou entre eles, não eram amigos e provavelmente não se gostavam, mas agora tinham um luto em comum. Charlotte. ── Você está bem? ── A pergunta repentina dele a surpreendeu.

Ela estava bem?

Tentou não gaguejar com a resposta curta que iria dar, apenas para que conseguisse ficar sozinha.

── Eu estou bem... eu estou bem ── Repetiu, como se tentasse convencer a si mesma disso. Bellamy não falou mais nada, achou que tinha ido embora, porém sentiu ele sentar ao seu lado, suspirando fundo.

── Eu sei que não está. ── E, então, Bellamy Blake fez algo que nunca achou que faria, a abraçou pelos ombros com apenas um braço. Com esse gesto, Madison não conseguiu segurar o choro intenso que veio a seguir, escondendo os cabelos no ombro dele.

── Ai! ── Parou de chorar ao sentir uma dor no pulso, olhando para a pulseira logo em seguida. ── O que fez? ── Olhou Bellamy, que olhava estranhamente para o objeto.

── Eu não fiz nada ── Diz, na defensiva. Mads percebeu a pulseira se apagando automaticamente e seu chão caiu mais uma vez essa noite.

── Não... ── Segurou um soluço pelo choro, e passou as mãos pelo cabelo cacheado, com a expressão desesperada. ── O que eles fizeram?