1¹ | Back To The Origins
❛❛ 01 | De Volta Às Origens ❜❜
R A D I O A C T I V E
by Imagine Dragons
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O PESO DE CERTAS escolhas era difícil de aguentar, pelo menos era isso que Madison pensava. Viver com a pior escolha que fez, foi seu pesadelo.
Estava presa a quase dois anos e se perguntava como ainda não havia sido flutuada, pois já completou a maior idade. Deveria ter algo a ver com sua mãe, pensava ela.
Tentou mexer as mãos desconfortavelmente, porém elas estavam presas. Sabia exatamente a razão pela qual prenderam todas as partes de seu corpo com movimentos.
Madison também era a única prisioneira que não tinha companheiro de cela, tornando tudo mais solitário e frio. A última vez que teve contato com alguém sem ser os guardas, foi no aniversário de dezoito anos de Raven Reyes, que havia dado um jeito de a visitar para que soprassem as velinhas de um mini bolo que conseguiu. Única e última vez, nem sua mãe fazia questão de a visitar.
A porta da cela se abriu com um baque, fazendo-a pular pelo susto. Guardas entraram, com as típicas carrancas no rosto e armas. Ele destrancou as algemas dela, levantando-a para que fique de pé.
Lá vamos nós de novo.
── Prisioneira 301, de frente para a parede. ── O homem proferiu, enquanto forçava a garota a fazer o que ordenou. Ela franziu as sobrancelhas, com o coração acelerado.
── Vão me flutuar? ── Perguntou, em um sussurro sarcástico. ── Estão atrasados a dois anos... ── Foi interrompida com o som de metal ao seu lado, ficando perplexa.
── Silêncio. ── O guarda proferiu, com a voz ácida, como se ela fosse alguém que desprezava muito. ── Estenda o braço direito. ── Avistou uma espécie de pulseira de metal, provavelmente algo que ela não gostaria muito.
── O que é isso? ── Questionou, porém eles permaneceram em completo silêncio. Quando viram que Madison não estendeu o braço, puxaram com força, obrigando a pulseira entrar no pulso dela, fazendo com que resmungasse pela breve dor. ── Isso é uma nova forma de execução da população? ── Não responderam, apenas se dirigiram para a saída. A raiva borbulhava em suas veias. ── Ei! Eu não posso morrer sem dar adeus a minha mãe. ── Por mais a mulher não fora nenhuma vez a visitar na cadeia, ainda era sua mãe e sabia o quanto ela sofreria se morresse sem a despedida.
Antes que pudesse questionar a si mesma o que estava acontecendo, alguém entrou na sala. Não pôde ver, pois ainda estava virada para a parede.
── Senhor, ela vai nos dar trabalho. ── Ouviu o guarda sussurrar e revirou os olhos. Sua reputação ainda a perseguia.
── Deixem a garota comigo. ── Marcus Kane, o co-chanceler da Arca, ou como se referia a ele antes, o mais próximo de figura paterna que tinha.
Madison mordeu os lábios, com os olhos lacrimejando e um péssimo pressentimento.
── Kane, onde está minha mãe? ── Virou-se para o homem, que franziu a testa e segurou seus ombros, tentando a manter firme.
── Madison, você não vai ser executada. ── Ela fez uma careta, em confusão. ── Você vai ser mandada para a terra. ── Arregalou os olhos, em completo choque.
Por muitos anos, desde que fora uma pequena menina, A Terra era o sonho. Acordava todos os dias com o pensamento de querer habitar esse planeta tão lindo que conseguia ver apenas de fora. Mas sabia que a radiação não a permitia.
── Como assim? A terra não é habitável!
── Maddie... ── Começou, porém, com o estômago embrulhado, ela interrompeu.
── Não me chame assim. ── Diz, com lágrimas nos olhos, sem deixar cair nenhuma.
── Madison. ── Corrigiu-se, coçando a garganta retornando a postura. ── As regras mudaram. ── Disse, firmemente, fazendo-a sentir calafrios em todo o corpo. ── Prometi à sua mãe que isso daria uma nova chance para você sobreviver.
── Eu não quero sobreviver se for longe dela, Marcus. ── Olhou no fundo dos olhos dele, como se tentasse achar alguma humanidade ali. ── Por favor. ── Suplicou, mas ele estava irredutível.
── Me desculpa. ── Encarou o próprio pescoço, que continha uma seringa com algum liquido dentro. ── Prometo que cuidarei dela para você. ── Foi a última coisa que ouviu antes de tudo virar um completo buraco negro.
[•••]
Os olhos de Madison se abriram com o barulho alto que estava ao redor dela, não entendendo exatamente onde estava. Tentou se mexer, mas novamente estava presa, porém não por algemas e sim por um cinto a prendendo em um assento.
Que merda é essa?
De repente, as luzes começaram a piscar e Madison tinha certeza que morreriam ali. E, sinceramente, morrer desse jeito é horrível.
── O que foi isso? ── Ao escutar a voz familiar, virou-se para reconhecer Clarke Griffin, a filha de Abby.
── Isso foi a atmosfera. ── Outra voz que sabia de quem era. Wells Jaha, o mais privilegiado da Arca, tudo por ser filho do chanceler.
E foi aí que Madison percebeu onde estava. Era uma nave e eles estavam indo para a terra. Morreria no processo, graças a Kane. Se não fosse por ele, teria a chance de mais alguns anos antes do julgamento e teria a chance de se despedir da sua mãe.
── Prisioneiros da Arca, ouçam. ── Uma tela se acendeu, lá estava Jaha. Martin tinha certeza ser uma gravação, pois ele nunca usaria aquelas roupas no dia a dia. ── Vocês receberam uma segunda chance. E, como seu chanceler, espero que vejam nisso não só uma chance para vocês, mas para todos nós. Na verdade, para a própria humanidade. ── Engoliu em seco, tentando entender a situação. ── Não fazemos ideia do que espera-os lá. Se as chances de sobrevivência fossem melhores, outros teriam ido. Francamente, os crimes que cometeram tornaram vocês descartáveis. ── Revirou os olhos, achando aquilo um absurdo. ── No entanto, se sobreviverem...
── Seu pai é um canalha, Wells! ── Um criminoso gritou, fazendo vários rir, incluindo Madison, que achava melhor rir do que chorar no seus últimos minutos viva.
── Seus crimes serão perdoados. ── O vídeo continuou e essa frase arrepiou o corpo da cacheada. Mas, não tinha certeza se iriam mesmo a perdoar, seu crime foi o pior de todos, tanto que passaria a vida toda presa, que por algum motivo não a flutuaram.
O chanceler falava ainda, porém ela não prestou atenção, cansada de toda essa baboseira. Entretanto, algo alertou seus instintos, um garoto tirou o cinto e começou a flutuar.
Gravidade zero.
── Vejam só! ── Sabia exatamente quem era, então soltou um sorriso enquanto ele se aproximava dos acentos deles. ── Seu pai me vez voar, afinal. ── Disse para o Jaha, fazendo Madison rir.
── Prenda-se, antes que os para-quedas sejam acionados. ── Wells exclamou, com a preocupação evidente na voz. Com o que o garoto fez, outros começaram a copiar o ato, mais dois.
── Vocês dois! ── Clarke gritou com eles, mas não deram ouvidos. ── Fiquem parados se quiserem viver. ── Eles ignoraram e começaram a flutuar. Se Madison não estivesse com tanto medo, poderia fazer isso e sentir-se livre, porém precisava ter certeza que morreria hoje e não pela descida da nave.
── Você é a traidora que está na solitária há um ano ── Diz, se referindo a Clarke e depois se virou para a Martin. ── E você a maluca que ficou presa por dois anos. ── Ela sorriu. Odiava que outros falassem isso, menos as duas pessoas mais importantes para ela. Finn e Raven. ── Bom te ver, Mads. ── Ele sorriu, fazendo-a repetir o ato.
── E você é o idiota que gastou um mês de oxigênio em um passeio ilegal. ── Rebateu sarcasticamente, havia descoberto pelo que Kane a contou meses atrás, pelo menos ele a visitava. Melhor do que sua mãe, que fingia não ter filha desde do que aconteceu. ── Bom te ver também, Finn.
── Fiquem em seus lugares! ── A loira proferiu mais uma vez, fazendo Martin revirar os olhos. Iriam morrer de qualquer jeito, melhor que fosse se divertindo do que sofrendo.
A nave havia começado a balançar muito, e só tinha uma opção: o para-quedas foi ativado e todos iriam morrer.
Não conseguiu pensar em mais nada após os adolescentes que estavam flutuando serem jogados contra a parede. Ela arregalou os olhos em preocupação.
── Finn, você está bem? ── A Griffin tirou a pergunta de sua mente. Ele assentiu e Madison observou Clarke ficar desesperada. ── Certo, os retrofoguetes já deveriam ter sido ativados. Tudo nessa nave tem cem anos, concorda? Calma, preciso pensar...
── Preciso te dizer uma coisa. ── Wells disse para a loira e Martin não queria estar ouvindo a discussão deles, porém estava perto demais. ── Desculpa por ter feito seu pai ser preso. ── Madison abaixou a cabeça, sentindo um aperto no peito.
── Não fale do meu pai! ── Clarke grita e a cacheada soube neste momento o quanto ela é parecida com Abby.
── Por favor! ── Ele implorou para que a garota o ouvisse. ── Não posso morrer sabendo que me odeia.
── Meu pai não foi preso, Wells! ── Diz, exasperada e eufórica. ── Ele foi flutuado. ── Madison engoliu em seco, não querendo ouvir mais. ── E, sim, eu odeio você!
Martin segurou firme o seu cinto, com as turbulências que a nave estava levando. Estava indo rápido demais e com os gritos de algumas pessoas, não conseguiu segurar e gritou de medo também. Mas nada aconteceu, assim que parou, o cabelo ondulado da garota foi jogado todo a frente, fazendo ela sem querer comer um de seus fios.
── Ouçam! Nenhum zumbido de máquina. ── Uma voz desconhecida disse, e em seguida todos começaram a tirar a tranca do acento. Madison tirou rapidamente e foi até Finn, que se encontrava encolhido no canto em que foi arremessado.
── Finn, ele está respirando? ── Clarke apareceu, perguntando sobre os dois que estavam jogados no chão ao lado dele. Finn balançou a cabeça em negação fazendo Madison suspirar.
── Ei! Olha para mim, Finn. ── A cacheada o chamou, colocando as mãos na bochecha dele, fazendo com que ele a olhe. ── Está tudo bem.
── As portas estão no nível inferior. Vamos. ── Um adolescente diz, e ela segurou a mão de Finn, que pegou e se levantou.
── Não! ── Clarke gritou, correndo para o nível inferior. Madison se questionava qual era o problema dessa garota. ── Não podemos simplesmente abrir as portas.
Finn e Madison caminharam para a porta de saída, onde haviam todos os cem se aglomerando para sair. A Martin se desvencilhou do aperto do mais novo e foi empurrando as pessoas para saber o que estava acontecendo, só para quando chegar ver Clarke gritando com uma pessoa.
── Parem! O ar pode ser tóxico. ── Sabiam disso, sabiam que haviam os enviados para testar a radiação, já que, segundo palavras do chanceler, eles são descartáveis por cometerem crimes.
── Se for, estamos mortos de qualquer forma. ── Ele diz, firmemente, enquanto se posicionava para abrir a porta.
── Bellamy? ── Alguém mais atrás chamou, e Madison se virou para ver quem era. Uma garota de mais ou menos dezesseis anos, baixa e muito bonita. Nunca havia a visto antes, a maioria deles para falar a verdade. Ser presa por dois anos tem suas desvantagens.
── Meu Deus, como você cresceu! ── Ele parecia ser muito mais velho do que os outros, pelo menos passar dos dezoito. A questão era: se ele fosse um prisioneiro, por que não foi flutuado? Madison não poderia nem inventar um monte de ideias, sua vida foi poupada por dois anos.
── O que diabos está usando? ── A menina pergunta, com emoção. ── Uniforme de guarda? ── Martin levantou as sobrancelhas. Guarda? O chanceler nunca sacrificaria um deles para morrer com os cem.
── Peguei emprestado, para entrar na nave. ── Ela franziu a testa. ── Alguém tem que ficar de olho em você. ── Eles se abraçaram e Madison estava achando fofa a interação, se não fosse por Clarke, que interrompeu.
── Onde está sua pulseira? ── A loira pergunta, então Madison percebe que o garoto não usava uma pulseira eletromagnética que nem os outros.
── Se importa? Não vejo meu irmão há um ano. ── Martin arregalou os olhos, em completo choque.
Irmão?
── Ninguém tem irmãos! ── Um adolescente gritou e começaram os cochichos. Madison sentiu Finn ao seu lado e sorriu ladino.
── É Octavia Blake, a garota que acharam escondida debaixo do piso. ── Outra pessoa exclamou e a cacheada poderia sentir a raiva da menina de onde estava.
Octavia tenta ir para cima, porém seu irmão a segura, impedindo-a de comprar briga com criminosos.
── Octavia, não! ── Ele repreendeu. ── Vamos dar a eles outra coisa para que lembrem de você. ── Os dois se encaram sorrindo, e Madison sente inveja por eles terem uma relação boa.
── Tipo o que? ── Pergunta, interessada.
── A primeira pessoa a pisar na terra em cem anos. ── Madison sorriu junto, mesmo sabendo que poderiam todos morrer, ela se sentia livre depois de muito tempo.
Bellamy abre a porta da nave, fazendo assim a luz do sol entrar e eles sentirem os olhos queimarem de um jeito bom. Quando se acostumou com a luminosidade, abriu os olhos e não pôde conter o enorme sorriso que esbanjou ao ver árvores e plantas, que infelizmente só via em livros lá na Arca.
Octavia pulou a chão firme, respirando o ar puro e por um momento achou que morreria, mas isso foi descartado pela garota, que gritou:
── ESTAMOS DE VOLTA, VADIAS!
2175 words
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