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46 | Minha garota

"Eu quero sentir você. Querida,
eu tenho que te trazer para a
porra do meu inferno"

— Desire

[Parte 1]

—— A A R O N ——

O dia estava agradável, apesar do frio e poucos raios solares aquecia aquela manhã gélida. Puxo um fôlego grande ao encarar Maggie fazer seus últimos aquecimentos sentada sobre a grama verde da arena antes de começar com  o treino  de sua coreografia  junto das outras cheerleaders. Ela estava tensa.

Não precisava nem a olhar muito para saber que o sorriso que forçava em seu rosto era tristonho. Sua postura rígida, os ombros elevados e a angústia ficou carregadas em  suas orbes amareladas e profundas refletindo uma indignação que mal pude evitar não me preocupar

Eu normalmente não sei me expressar muito, principalmente quando é sobre um assunto delicado. Mas minha irmã é temperamental e difícil de controlar suas emoções que no momento estão mais do que instáveis, depois que nós recebemos uma mensagem:

"Irei pedir o divórcio então não estranhem não me verem por
algumas semanas em casa"

Mamãe

Sozinhos com o meu pai, agora é oficial. Por um lado fico aliviado, ela se livrou daquele imprestável e dessa vez torço para que seja pra valer. O Miller nunca mereceu o amor da minha mãe, já que seu único propósito desde o início era tomar posse da empresa do meu avô. E ele conseguiu atingir o seu objetivo.

Droga...

Era tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que quase não conseguia notar ao meu redor. Estávamos todos caídos sobre o gramado, exaustos e com sono. O treinador nos fez sair cedo da cama só para, segundo ele "Aproveitar a bela manhã depressiva e torturante." O que de fato não mentiu, é uma tortura.

Um céu nublado, coberto pelas nuvens cinzas, carregadas de massacrante e frias melancolia prontas para desabar sobre nossas cabeças. Chicago sempre com seus momentos memoráveis que nos garante um maldito e deplorável penitência amarga. Céus.

Fala sério... — Sussurro dando uma última conferida no celular.

Desde ontem à noite não vejo Amélia, ela não respondeu minhas mensagens e de acordo com Maggie, a garota saiu cedo para correr no quarteirão. Soltei uma lufada de ar guardando o celular no bolso e ergo meu olhar para frente vendo Kevin se aproximar.   

— Eaí, cara. — Jogou a bola em minha direção.  Por puro reflexo eu o peguei, abrindo um sorriso ágil.

— Cansou de bancar o pontual?

— Qual é — rola os olhos — Só porque me atrasei cinco minutos não significa que pode me atormentar. 

— É uma pena. Achei mesmo que iria ver você dar trinta voltas na arena.

— Falando nisso, obrigado por não me acordar. Vejo que posso confiar na sua grande e admirável lealdade.

— De nada. — Provoco arremessando a bola de volta no garoto — Em minha defesa...  — Mantenho um tom de voz mordaz — Você bem que merecia pelo constrangimento no ônibus.

— Aaron, eu te fiz um grande favor. Ou você achou mesmo que ela conseguiria conter os gemidos?

— Talvez.

— Iria ser pior se todos naquele ônibus ouvissem, então. De nada.

— Não tinha nenhum método melhor para me interromper? — Questiono e ele riu — Era mesmo necessário fazer aquela cena toda?

— Sim, mas eu preferi atrapalhar o seu momento assim como você atrapalhou o meu clima na cozinha.

— Oh, então foi uma vingança? — Um insulto neutro reverbera entre os meus dentes, uma vez que meu maxilar fora travado e ele riu. Nervoso.

— Você está fazendo de novo.

— Fazendo o que?

— Agindo como se fosse me acertar um soco. Então por favor, pega leve com o meu belo e delicado rosto.

— Relaxa. — Solto um riso nasal — Eu não vou te bater — Passo a olhá-lo, de forma que o fez engolir em seco — Só pra você saber, naquele dia, antes que eu entrasse pela porta de sua cozinha me anunciei para dar tempo de vocês se esconderem. — Apoio os cotovelos na grama erguendo meu corpo. — Ou pensou mesmo que eu gostaria de ver a cena de você fodendo minha irmã?

— Droga, não quero nem imaginar.

— Eu muito menos... — Rimos juntos e Kevin girou a bola no dedo, pensativo.

— Desde quando você sabia?

— A bastante tempo. Na verdade, bem antes de vocês assumir para si mesmo o que sentiam. — Revelo, entediado.

— Como assim?

— Qual é, eu não sou idiota. — Rolo os olhos suspirando fundo. — Vai mesmo fingir surpresa? — Pergunto, sem dar a mínima. Elevando meu olhar para o time começando a se aquecer. — Mas só tive a certeza no dia que pedi para você cuidar dela.

— Bom, talvez o medo de você acabar comigo me impediu de abrir os olhos.

— Sério? Que covarde.

— Como se o que você fez com o Bryce e o Kol não fosse alerta suficiente para manter homens longe de Maggie. — O seu tom de voz soa sarcástica.

— Por sorte, você não é um idiota igual eles. Então o seu velório foi adiado. De nada. Kevin Long. — Diverti-me, dando ênfase em seu nome vendo-o suspirar.

— Agradeço por me poupar. — Zomba e de onde estava, lançou a bola para o gol fazendo uma vantajosa finalização no final do campo.

— Nada mal. Tenta ser bom assim no boliche da próxima vez que for jogar.

— Claro, você pretende me ensinar o jeito certo ficando atrás de mim?

— Só se quiser ser morto pela a minha adorável e compreensível irmãzinha.

— Pensando bem... Eu ainda pretendo viver bastante. — Brincou me fazendo rir sentindo um pequeno raio aquecer o meu rosto. Depois de muito tempo, o sol finalmente resolveu aparecer.

Kevin tentou conter o riso, mas foi em vão. O garoto ergueu a cabeça, apenas o suficiente para que seus olhos claros fitassem Maggie dançando. Uma suave claridade banhava o corpo da garota enquanto seus cabelos soltos balançam de acordo com o movimento corporal.  O moreno ficou parado um tempo sem ao menos piscar observando-a com um sorriso bobo nos lábios.

— Tenta pelo menos disfarçar o quanto está rendido pela garota.

— Aaron, nem você consegue disfarça diante da Amélia. Então o que esperar de nós, meros mortais?

— Idiota — rimos.

— Falando na loira, onde ela está?

— Eu também gostaria de saber.

— Aconteceu alguma coisa que eu não esteja sabendo entre vocês?

— Não, mas parece estar me ignorando e pra ser sincero, eu não faço a mínima ideia do motivo.

— Mulheres... — rola os olhos. — Elas são complicadas. — Brinca voltando a me olhar. — E como você está?

— Melhor impossível.

— Tem certeza? A sua mãe...

— Olha, — Ele parecia preocupado e eu apenas esbocei um sorriso cansado. — Eu estou bem. — Fui sincero.

— Que droga.

— Pela primeira vez isso não me afetou como imaginei, então não se preocupe.

— E Maggie? —  Pergunta se sentando do meu lado, na grama macia e gélida abaixo de nós — Como ela lidou com a notícia um tanto inusitada?

— Não sei.

— Ela te afastou de novo, né?

— Sim, eu tentei conversar, mas Magg pareceu não estar muito disposta.

— Vou tentar falar com ela.

— Obrigado.

— É o minimo. — Apertou meu ombro de forma amigável. — Sinto muito por isso estar acontecendo justo quando o seu futuro está por um triz.

— É só uma maldita faculdade.

— Sim, que seu pai quer tirar de você.

— A verdade é que ele já tirou tudo de mim. — Desvio o meu olhar do chão e direciono para as arquibancadas. — E agora ele quer me ver rastejar.

— Desgraçado.

— É! eu estou fodidamente ferrado.

— Vamos dar um jeito. Você é a porra do Aaron Miller.  Nunca se deixa por vencido assim tão fácil. 

— Talvez essa minha versão antiga já esteja se aposentando.

— Quer saber, você só está precisando encher a cara, então está combinado...

— O que?

— Hoje nós vamos sair com o time e eu não aceito um não como resposta.

— Isso foi um convite ou ameaça?

— Os dois — rimos — O treinador não vai gostar, mas dar trinta voltas nessa arena não parece ser tão ruim assim.

— Idiota — Seguro o riso vendo-o ficar empolgado. O Kevin sempre conseguia me levantar, não importa o quão mal e ferrado eu esteja.

— Mas olha, o seu pai ainda não tirou tudo de você — Atraiu de volta minha atenção vendo-o abrir os braços como se quisesse se vangloriar. — Eu ainda estou aqui... O velho que lute para me afastar de você, irmão.

— Ele entraria em uma luta perdida.

— Mas é claro. — Eleva os ombros me fazendo gargalhar.

— De verdade. Muito obrigado.

— Anime-se, porque hoje, meu amigo. Vai ser tudo por minha conta.

— Estamos no fim do mundo e eu não estou sabendo? — Descontrai fazendo ambos rirem. — Agora tenho um bom motivo para falir você.

— Ok, talvez eu tenha me precipitado.

— Agora não tem mais volta.

— Tudo bem, hoje a noite. No lugar de sempre. Então se prepara.

— Espera, o bar do Mitchell ainda está funcionando? — Pergunto surpreso.

— Não me diga que achou mesmo que eu, Kevin Long viria para Chicago sem antes me informar dos lugares onde o pessoal possa beber?

— Confesso que te subestimei.

— Fala sério, Aaron — Se vitimizou em indignação — Por sorte, Mitchell ainda libera a entrada de adolescentes.

— Me surpreende o cara ainda não ter sido preso por isso... — Pego a garrafa d'água ao lado e dou um gole.

— Tivemos sorte.

Apenas concordei, talvez o melhor seja aceitar o convite e encher a cara. Com tudo que está acontecendo, eu preciso esfriar a minha cabeça e pensar no que vou fazer. As coisas realmente estavam indo de mal à pior muito rápido. Sinto o meu celular vibra no bolso, e eu faço de tudo para alcançá-lo. Só veio Amélia em meus pensamentos.

— Podemos conversar?

À meia luz desenhou-se uma silhueta feminina a minha frente. Levanto os meus olhos para olhar para seu rosto me deparando com Scarlett. A garota
tinha uma expressão indecifrável ao mesmo tempo que suave. Kevin nada falou, apenas forçou uma tosse. É, eu sabia o que significava. O moreno se levantou e saiu de perto.

— Aconteceu alguma coisa?

— Só quero avisar que já resolvi o seu problema do exame de sangue — Fala baixo, mas o suficiente para que só eu pudesse ouvir — O treinador começou a mandar vocês irem para enfermaria e só queria dizer para ficar tranquilo.

— Obrigado.... sei o quanto é arriscado pra você se envolver nisso.

— Bom, — Abriu um leve sorriso e me levantei, ficando diante dela. — Não é isso que amigos devem fazer?

— Ajudar para depois se ferrar?

— Faz parte.

— É claro que faz. — Repuxo os lábios em um sorriso de canto — O que você queria me contar ontem?

— Não era nada.

— Martinez, você me ligou duas vezes. Duas... e quer que eu acredite que não era nada demais?

— Você não desiste mesmo, né?

— O que acha?

— Droga — Resmunga — Promete não caçar confusão depois?

— Depende.

— Tudo bem, então esquece.

— Scarlett.

— Eu te conheço, se eu contar é capaz de você revidar sem ao menos pensar, e é isso que eles querem que faça.

— Eles quem?

— Podemos esquecer essa conversa?

— Alguém fez algo com você?

— Não. — Respondeu de imediato, um pouco constrangida e surpresa.

— Então me fala o que aconteceu.

— Tudo bem, você ganhou.. — Suspira fundo rendendo-se. — O Nolan tentou me coagir para conseguir informações de táticas do seu time.

— Aquele babaca do Tigers?

— Sim, mas relaxa. Eu não contei nada que possa prejudicar os Fearless.

— Que filho da...

— Por favor, me fala que a única coisa que pretende fazer é acabar com eles em campo e não em uma rua qualquer

— Eu não vou fazer nada... — Mordo o canto inferior da boca, desviando meu olhar do seu rosto.

— Está mentindo.

— Não, eu não estou.

— Acabou de mentir de novo e aposto que vai fazer justamente o contrário.

— Nolan não é um problema. — Elevo meus olhos de volta para o seu rosto e ela estava confusa — E você tem razão, o desgraçado só quer me provocar.

— Promete não tirar satisfação?

— Tudo bem.

— Você promete? — Repetiu, séria.

— Sim, eu prometo.

— Ótimo... — Suspirou aliviada — Não
me faça me arrepender por contar.

— Fala sério. — Questiono em um tom de indignação. — Um cara planeja me ferrar e você optou em me esconder?

— Se isso fosse te deixar longe de uma confusão, então sim.

— Jogo baixo — Resmungo e ela sorriu olhando em volta. — O Nolan sabia de algumas coisas que não deveria.

— Acha que tem algum informante no nosso time passando informações?

— Não sei, mas acho que se tivesse ele não teria me procurado ontem. — Deu uma breve pausa, pensativa — Mesmo assim temos que ficar em alerta.

— Sim, droga.

— Vou conversar com as outra garotas e ver se ele não tentou falar com elas.

— Qualquer coisa me avise.

— Está bem.

— Agora é sério, não me esconda nada.

— Depende do que for. — Revidou me fazendo suspirar fundo. — Olha, vê se toma cuidado, o pessoal do Tigers são conhecidos por não aceitar derrota.

— Bom, é uma pena pra eles se acham que pode ferrar com o meu time.

— Você me prometeu não caçar briga.

— Sim, mas eu não garanti nada sobre ficar parado se eles vierem me caçar.

— Aaron.

— Não se preocupe — Sussurro vendo como ela se segurou para não rolar os olhos. — Obrigado pela ajuda.

— Da próxima vez que usar drogas eu mesma acabo com você.

— Sempre delicada.

— Tudo bem, já chega. Vai logo para a enfermaria antes que o treinador faça você correr por toda arena.

Esbocei um leve sorriso observando-a elevar os ombros e envolvi seu corpo com meus braços. No início ela ficou surpresa com minha atitude, mas logo depois relaxou e não houve protestos, dessa vez a ruiva aceitou aquele calmo e sincero abraço. Fazia tempos.

Respirei fundo erguendo meus olhos pra frente vendo Amélia entrando no campo olhando atentamente em volta como se estivesse procurando alguém em específico. A loira estava diferente com seu cabelo finalizado em ondas e duas mechas rosas.

— Puta merda.

As palavras saem da minha boca sem ao menos notar. Scarlett rapidamente saiu do abraço e se virou olhando para a minha mesma direção. Não demorou muito para que aquele encantador par de olhos azuis me encontrasse e diante dos milésimos de segundos eu congelei

Se eu pudesse me ver diria que estava babando. O sorriso encantador dela se alargou, sua animação era tanta que a garota nem se importou com a pessoa que estava do meu lado. Amélia então balançou levemente a cabeça fazendo seus fios movimentar-se. Foi quando o meu coração declarou falência. Céus.

— Ela está linda... — Scarlett fala com um meio sorriso entre os lábios.

— Absurdamente perfeita.

Sussurro esforçando-me para recobrar a realidade e dou alguns passos em sua direção com certas lentidão e surpresa. Amélia permaneceu imóvel e com um sorriso nervoso nos lábios, claramente receosa com uma possível reprovação vindo de mim.  O que era impossível de acontecer. Sou a porra de um sortudo.

Amor...

— O que achou? — Deu uma volta me fazendo sorrir. — Gostou?

A luz dourada dos raios solares refletiu em seu rosto e a suave brisa fazia com que seu cabelo dançasse livremente ao redor. Aqueles penetrantes olhos azuis parecem cintilar como uma espécie de oscilação enquanto presta atenção no lento movimento de minha mão direita alcançando seu queixo, erguendo-o.

Antes de dizer qualquer palavra eu me aproximo do seu rosto lhe beijando nos lábios úmidos e macios. Um beijo suave e calmo, mas cheio de desejo. Me afasto apenas o suficiente para nos olhar e ela sorriu, um sorriso que me fazia perder totalmente o fôlego.

— Ficou perfeito.

— Obrigada, eu sei. — Ela diz jogando o cabelo como uma típica convencida me fazendo rir.

— Onde resolveu mudar o seu visual?

— Estava dando uma volta e encontrei um studio aberto e bom, o final já sabe. Mechas rosas. — Foi sardônica.

— Você saiu sozinha?

— Sim... e antes que venha me encher de sermão. Eu não fui muito longe.

— E a regra de não sair sem ninguém?

— Relaxa, não foi nada demais.

— Amor...

— Vai fazer o que? Me dedurar para o responsável? — Pergunta com sua voz fofa, tentando me manipular usando o drama e desvio o olhar rindo de leve.

— Sabe que eu nunca faria isso.

— Interessante... — Sussurrou dócil e se  manteve próxima entrelaçando os braços em volta do meu pescoço. — O que mais não faria comigo?

— E por que gostaria de saber?

— Digamos que pretendo remediar.

— Ganhar vantagens de mim — Falo e ela sorriu. — Pode esquecer.

— Qual é — Resmunga fazendo careta e rodeio meus braços em seu corpo. O brilho de suas orbes me hipnotizam de um jeito surreal. — Eu vi o que estava fazendo. Devo me preocupar?

— É sério?

— Só estou brincando, bobo — Deu-me um beijo e murmurei em protesto por ter sido rápido. — Bom, — Afastou seu cabelo — Espero que esteja tudo bem.

— Não se preocupe, Scarlett só queria me avisar do teste que preciso fazer.

— Entendi, por isso agradeceu ficando coladinho na garota? Que gentil — Diz mudando o tom escondendo um pouco o desconforto que sei que sentiu.

— Ficou com ciúmes de um abraço?

— Não.. — Respondeu e umedeço meus lábios em um sorriso discreto — O que ela cochichou pra você? — Volta para o início sem demonstrar ciúmes.

— Que estava linda.

— Scarlett me elogiando? — Franziu o cenho surpresa — É o fim dos tempos.

— Só um tolo não elogiaria você.

Ergo minha mão para acariciar a pele delicada de seu rosto. A sua expressão suavizou me lançando um olhar doce reabrindo o seu brilho intenso. Amélia sorriu satisfeita com o que ouviu, mas ainda manteve uma postura defensiva me vendo analisar cada traço do seu rosto, cada linha perfeita que monta a sua boca e volto para seus olhos.

Aqueles belos e fascinantes olhos azuis que fazem-me sentir vulnerável.

Baby... u are sexy. — Minha voz saiu rouca fazendo-a prender o ar e fechar os olhos por breves segundos.

— Eu já falei como amo o seu sotaque Britânico? — Murmurar abrindo suas pálpebras olhando diretamente para  minha boca. — Me deixa louca.

— Outra qualidade indo pra lista.

— Não elogio mais nada em você.

Fez uma careta emburrada e não me contive soltando uma gargalhada.

— Mesmo morando anos nesse país eu não consigo me livrar do sotaque.

— Agradeça por isso. É um charme.

— Espera, — arqueio uma sobrancelha intrigado. — Quer me dizer então que o que te conquistou foi o meu jeito de falar?

— Também. — Segura o riso.

— Fala sério, garota.

— Mais sério que isso impossível.

— Ha, ha, muito engraçado.

— Não fique mal com isso, amor.

— Relaxa, mechas rosas. — Descontrai mordendo o canto inferior dos lábios e ela elevou os ombros — Preciso ir para enfermaria agora.

— Tudo bem, então te vejo depois.

— Não vai ficar para o treino?

— Esqueceu que não faço parte do time de verdade? — Sussurra sardônica — E também o hotel é agradável

— Você na piscina de hidromassagem e eu sofrendo no campo.

— Deus tem seus preferidos.

— Pelo menos ele fez uma boa escolha

— Para, não fala assim.

Resmungou fazendo-me soltar um riso nasalado e a puxei para um abraço. Eu aperto de forma que não a machucasse e fecho os olhos apreciando por breves instantes, seu cheiro doce e suave ser inalado por minhas narinas como uma droga na qual eu me tornei totalmente dependente. Céus, eu estou ferrado.

— Já pode me soltar agora, eu não vou a lugar algum — Brinca fingindo estar sendo sufocada.

— Só mais um pouquinho.

— Aaron — Segurou o riso e mordo seu pescoço fazendo-a recuar. — Ei, isso foi maldade. — choramingou.

— Ninguém mandou ser tão gostosa.

— Idiota. — Riu e a trago de volta para perto beijando-a — É impressão minha ou Kevin está te chamando?

Pergunta segurando a risada e inclino um pouco minha cabeça olhando para a entrada atrás da garota vendo Long fazer sinais com os dedos em seu pulso como se quisesse me lembrar da hora e de acordo com minhas contagens eu estava atrasado. Droga.

— Me desculpe querida, preciso ir.

— Você me chamou de querida?

— Isso foi o mais próximo que consigo chegar sem demonstrar a vontade que estou sentindo de fodê-la.. — Sussurro ao pé do seu ouvido sentindo-a tremer somente com minhas claras e sinceras palavras — Vê se agora tenta disfarçar a surpresa, meu amor. — Acaricio sua bochecha e logo depois me afastei.

— Você me paga.

— Alias, — aponto meu dedo indicador em sua direção dando dois passos para trás. — Seu cabelo combinou bastante com o seu rosto corado.

— Não me faça te matar.

— Eu te amo.

Um sorriso sorrateiro repuxou o canto de minha boca e pisco em provocação fazendo ela semicerrar os olhos. Se eu não estivesse a uma distância razoável da garota diria que teria sido abatido. Respiro fundo e a olho uma última vez antes de dar as costas com intenção de alcançar o Kevin.

— O que eu falei? Você nem conseguiu disfarçar... — Zomba me fazendo rolar os olhos. — Estamos fodidos, irmão.

— Minha coleira declarou resistência.

— Idiota. — Rimos.

{...}

Um enfermeiro coletou meu sangue e a única palavra que me disse foi que o acordo estava completo. Ele iria trocar a minha amostra por uma saudável, já que as substâncias da droga ainda se mantém presente em meu organismo por no mínimo dois dias, ainda poderia ser detectável no resultado.

Depois nosso time ficou metade do dia treinando e só ganhamos descanso no segundo em que o outro time pegou o resto do dia e eu fiz exatamente o que a Scarlett pediu, ignorei a presença do Nolan. Apenas peguei minhas coisas e voltei para o hotel sem confusão.

Maggie ainda está me evitando só para não tocar no assunto de nossa mãe. Ela sequestrou minha namorada e as duas foram para o studio. Provavelmente a morena quer mudar o visual e isso só significa uma coisa. A Miller virou uma bomba relógio. Estou ferrado.

— Que droga.

Deitado sobre os lençóis frios daquele quarto encaro o teto branco e equívoco sem realmente conseguir organizar os meus próprios pensamentos. Já se fazia alguns minutos que tomei um banho e a noite paira sobre a cidade indicando o seu ápice para diversão. Merda, não sei por que aceitei sair.

— Só para aquecer  — Kevin diz ao me entregar um copo. — Parece precisar. 

— Onde conseguiu?

— Digamos que nesse hotel temos um ótimo bar salvadoras da pátria.

— E como você conseguiu pegar?

— Só precisei de uma mulher solidária.

— Achei que tinha parado com isso de se aproximar das mulheres com dobro de sua idade só pra fazê-las comprar.

— Bom, pelo menos temos bebidas.

— Você é inacreditável.

— Tive um ótimo professor.. — Brinca e virei todo o líquido amargo sentindo descer rasgando pela garganta. — Vai com calma, cara.

— Tem mais?

— Sim, mas deixa para quando formos ao Mitchell. — Pegou o casaco e andou em direção da porta. — Vamos?

— Preciso mesmo ir?

— Não me faça te carregar no colo.

— Seria bom já treinar quando for me levar pela escada quando casarmos.

— Podemos começar agora. — Abre os braços como se pedisse para pular.

— É uma pena esse andar ter elevador

— Otário — Rimos saindo do quarto.

O trânsito estava caótico e deplorável naquela estrada fria, o que foi só mais um motivo para me deixar ainda mais arrependido por ter vindo. Era notório a minha vontade de me jogar do carro só para conseguir escapar da ressaca que me espera na manhã seguinte.

Demoramos cerca de quarenta e cinco minutos para chegar. O lugar ainda era o mesmo e não mudou nada. A pista de dança e o bar lotados, som alto e mesas com bebidas e cigarros, pessoas quase se comendo em um canto qualquer. Só melhoraram na iluminação, antes era bem mais discreto esse detalhe.

— Vou procurar pelo resto do pessoal, e você já pode se servir. — Kevin fala um pouco alto por causa do som. — Só não se divirta sem mim.

— Impossível não se divertir com esse lugar contagiante. — Fui sardônico.

— Depois de duas doces de vodka você vai se animar, então relaxa.

— É o que espero.

— Tudo bem — Se afastou — Acho que avistei o Max. Vê se não some.

— Não tenho pra onde ir mesmo.

— Fica ligado.

Foi a última coisa que disse antes de se misturar no meio da multidão. Suspiro fundo me dirigindo para o balcão e me sento no banco. Ergo o olhar em volta procurando pelo Barman, mas acabei me deparando com o indesejável. Uma garota me observando com um sorriso travesso. rolo os olhos. Fala sério.

— Aaron Miller — Um homem á minha frente exala, surpreso.

— Eddie?

— Cara, quanto tempo. — Sorriu ainda admirado por me ver.  — O que te trás de volta em Chicago?

— Temporada de jogos.

— Entendo — Serviu um rapaz ao lado com tequila pura. — Novidades?

— Tenho bastante.. — rimos — Eu não sabia que ainda trabalhava nesse lugar

— O que posso dizer? Mitchell e nem o Bar sobreviveriam sem mim.

— De fato. — Aponto o dedo para uma garrafa na prateleira. — Aquela.

— Vejo que ainda é o mesmo.

— Acredite, eu mudei bastante.

— Me deixe adivinhar. — Serviu o meu copo com o líquido. — Uma garota?

— Sim, a garota.

— Onde ela está para me apresentar o milagre em pessoa? — Brinca fazendo ambos rirem e me entregou a bebida.

— Já deve estar chegando. Maggie saiu com ela e até agora nada.

— Maggie também veio?

— Sim, mas pode desfazer o sorrisinho do rosto porque ela e o Kevin...

— Espera, é sério?

— Milagres acontecem. — Retruco e ele gargalha jogando o pano por cima dos ombros olhando em volta.

— Demoraram bastante.

— Foi exatamente o que falei. — Viro o líquido fazendo uma careta batendo o copo no balcão. — Outra.

— Não mudou no alcoolismo.. — Pega a garrafa de vodka colocando do meu lado. — Quando esvaziar me chamar.

— Não quer deixar outra de reserva?

— Termina essa primeiro, amigo.

Merci. — Uso meu péssimo francês e ele riu se afastando para atender as outras pessoas que chamavam.

Encho o meu copo até o fim, o líquido transborda e cai sob o balcão, mas não me importo. Apenas suspiro fundo me preparando para o estrago dando uma goleada e o copo retorna a ficar vazio novamente. Uma música tocava alta e várias pessoas conversavam animadas pelo ambiente. Que saco.

— Posso te pagar uma bebida? — Uma
voz feminina soa atrás de mim e nem me dou o trabalho de olhar.

— Meu copo está cheio.

— Há quanto tempo? Um minuto atrás antes de deixar vazio? — Brinca e fico calado sem olhá-la. — Aaron! — Agora ela teve minha atenção.

Não estava reconhecendo sua voz por causa do som alto, mas assim que ergo meu olhar para o seu rosto só não dei um sobressalto porque estava sentado. Ela sorriu e eu desejei nunca ter vindo.

— Freya?

— Finalmente, achei que não tinha se recordado de mim, o que é impossível

— O que você faz aqui? — Pergunto ao ignorar seu comentário anterior.

— Fazendo o mesmo que você. — Olha para a vodka. — Por que não me falou que estava na cidade? Quando eu te vi quase não acreditei.  

— E por qual motivo eu avisaria?

— Como assim? Depois daquela noite...

— Falou certo, "uma noite".

— Aquilo não pareceu ter sido só uma noite e você sabe muito bem disso.

— Freya — Solto um riso nasalado e ela entreabriu os lábios — Eu não sei o que você acha que rolou entre nós, mas caí na real. Não me interessa.

— E por que não?

— Porque eu não quero falar sobre isso e eu tenho namora. Então por favor, só para de me sufocar.

— Namorada? — Debocha no meio de uma risada. — Você não é do tipo que entra em um relacionamento.

— Pessoas mudam.

— Pessoas sim, mas não você.

— Acredite, eu já ouvi isso antes e olha só como eu estou agora...

— Sentado no bar enchendo a cara?

— Sentado esperando a minha linda e maravilhosa garota entrar pela aquela porta e atrair a atenção de vários, mas procurar apenas pelo meu...  — Falo e somente com sua reação incrédula foi o bastante para me deixar satisfeito.

— Ótima história, quase acreditei.

— Já faz quanto tempo desde a última vez que você me viu? Nove messes?

— Quase isso.

— Agora responda — Inclino a cabeça um pouco para o lado, analisando-a e ela apenas deu de ombros. — Pensou mesmo que eu continuaria sendo um idiota pra sempre?  — Pergunto vendo a garota engolir em seco. — Acorda. 

— Se o que falou realmente é verdade eu lamento pela sua namorada... — Se aproxima um pouco mais. — Deve ser constrangedor se deparar com garotas que você já ficou em todo lugar.

— Bom, — me inclino um pouco de seu rosto. — Sabemos que também é difícil pra você saber que não passou de mais uma na lista. É revoltante, não é?

— Não dou a mínima.

— Tem certeza? Não me convenceu.

— Não vou entrar no joguinho só para aumentar seu ego. — Sorriu — Mas eu ainda estou esperando pelo abraço de boas-vindas, meu querido.

— Sem chance disso acontecer, mas se eu soubesse que estaria hoje no bar eu teria ateado fogo com você dentro.

— Tem certeza de que mudou?

— Porque não fazemos assim — Encho meu copo de vodka. — Eu continuo na minha bebendo tranquilo e você faz a mágica de desaparecer.

— Isso não foi nada educado. Sua mãe não te ensinou modos?

— Garota, finge que não me viu aqui e vai embora antes que propositalmente o bar desmorone em cima de você.

— Meu bem...

— Você não vai querer me ver irritado

— Suas ameaças são melhores quando estamos na cama, então tenta de novo

— Prefiro me jogar de um prédio.

Minha voz soa arrogante e fria vendo a garota suspirar fundo. Quer saber o motivo deu evitar Chicago? A noite de que me arrependo? Pois bem, é Freya. Se você acha Scarlett obcecada, agora multiplica por trilhões. Deus, por favor me salve. Estou implorando.

— Esse lugar é enorme, então por que não procure um canto bem longe?

— Isso é um jogo?

— Só se for de sobrevivência — ironizo e ela permaneceu parada — Ok — pego a garrafa. — Deixa que eu saio.

Rolo os olhos fazendo menção de sair, mas sua mão em meu peitoral impediu a minha retirada. Seguro firme em seu punho sem a mínima vontade aceitável de ser gentil e afasto-a em brusco. Ela sorriu amenizando a pressão do punho

— Da próxima vez que tocar em mim não vou ser tão paciente.

— É esse o Aaron que conheci a meses atrás. Não essa versão deplorável que finge ter mudado.

— Não estou fingindo nada, e também não faço questão de tentar provar isso pra você. Agora se me der licença...

— Por que me odeia? — Questiona me vendo passar por ela. Suspiro fundo e penso duas vezes antes de me virar de volta para olhá-la.

— Por acaso a Anne sabe que você está se atirando para homens em bares? Se oferecendo fácil?

— Minha irmã não tem nada a ver com isso. Então não fale dela.

— Diferente de você, Anne vale a pena manter contato... — Falo de forma que sei que sentirá raiva.

— A única que não ficou, talvez queira manter contato só pra terminar o que não conseguiu há messes atrás.

— Patética.

— Falei alguma mentira?

— Só o que me interessa é a amizade e não sei por que ainda estou lhe dando ouvidos. — Dei as costas pronto para sair, mas ela não desiste.

— Meus pêsames á sua namorada.

Suspiro fundo e me viro pra ela com a mesma cara de desinteresse e a garota sorriu transparecendo satisfação.. Isso pra mim já deu.

— Quer saber? — Avancei dois passos em sua direção deixando-a presa entre meu corpo e o balcão — Se eu soubesse que me envolver com você me tiraria a porra da paz eu não teria enfiado o pau em você, Freya!

— Não sou suas putas. 

— Você não é nada e só de pensar em olhar pra sua cara me deixa enjoado.

— Já chega! Não vou permitir que me trate dessa forma.

— Graças a Deus... — Solto uma lufada de ar achando que sairá, mas Freya se inclinou um pouco do meu rosto.

— Só pra deixar claro, eu não esqueci de como me usou naquela noite.

— Do que está falando?

— Você me fez acreditar em tolices só pra alimentar o seu ego.

— Eu estava bêbado, então por favor.., Supera qualquer que seja a promessa ditas por mim.

— Não é tão simples como pensa.

— Só foi a droga de um sexo. Bota isso na sua cabeça... Não foi a porra de um contrato, Freya.

— Você é um merda mesmo.

— Falou a garota que se jogou pra cima de mim implorando para fodê-la só pra ganhar uma aposta de ficar com o cara mais gostoso da roda.

— Isso não é verdade.

— Ah não?

— De onde tirou essa mentira?

— A sua amiga me confessou quando estava em cima de mim... — Abro um sorriso vendo-a ficar surpresa. — Ela não te contou que ficou comigo? Uau.

— Você está mentindo.

— Por que eu inventaria isso?

— Então qual delas você ficou?

— Freya, eu realmente lamento que a sua obsessão por mim tenha ido muito longe, mas você precisa superar

— Me responde.

— Não me lembro bem, mas acho que o nome começava com D, de não é da sua conta. — Não contive uma risada.

— O mesmo babaca de sempre... Além de infantil não passa de um mentiroso

— Me deixe em paz.

— Não antes de me falar a verdade.

— Quer a verdade? Ok. — Escorrego o olhar pelo seu corpo e volto para o seu rosto — De todas você é a que mais me arrependo e só fiquei por pena.

— Cala boca! — Avança dando tapas e empurrões no meu peitoral. 

— Freya.

— Eu te odeio!

— Para! — Seguro seu braço. — Chega de se humilhar. — Imploro vendo que alguns olhares curiosos nos cercavam.

— Quem pensa que eu sou?

— Nada, Freya. Você não é nada além de uma Menina insegura, rancorosa e mal amada. — Cuspo as palavras com tanto prazer que não contive a minha satisfação de finalmente poder dizer.

Depois dessa esperei que Freya caísse na real e desse meia volta saindo, mas ela foi ousada e se inclinou para perto forçando contato físico dos seus lábios contra os meus me beijando. Aperto as mãos em seus braços e não deixei que durasse nenhum segundo afastando-a

— O que deu em você? — Passei a mão limpando a minha boca.

— Eu sei que você me deseja — tentou outro contato, mas recuei.

— Nem na porra do inferno.

Indago incrédulo ainda sem acreditar no que aquela vadia acabou de fazer e suspiro fundo mantendo a calma para não passar dos limites. Olhei em volta torcendo para que ninguém tenha me visto e redireciono meu olhar de volta para Freya que permanecia satisfeita pelo tamanho do estrago que causou.

— Vai embora — Foi a única coisa que consigo dizer, não posso surtar e dar o que ela espera que é me fazer sentir a porra da culpa. — Suma e nunca mais faça algo parecido de novo. — Dou um passo para o lado abrindo espaço para que pudesse passar. — Freya.

— Você acabou de me beijar e...

— Nunca em sã consciência eu tocaria em você, muito menos beijaria.

— Vai me dizer que não sentiu nada?

Tentou se aproximar de mim, mas me recuo. Novamente, suspirando fundo.

— Saia, agora.

— Aaron.

— Vai embora, porra. — Grito vendo-a se assustar.  — Eu não vou pedir outra vez, então por favor. Saia. 

— Está tudo bem por aqui? — Eddie se aproxima tentando entender o caus.

— Não, mas já está sendo resolvido.

— Isso não vai ficar assim — Freya diz ao passar por mim e travo o maxilar.

— Se eu fosse levar a sério todas vezes que uma vadia me ameaça... eu ainda não estaria aqui.

— Erro seu achar que sou uma vadia.

Olhou-me uma última vez e saiu com a cara fechada para onde quer que ela tenha ido. Passo as mãos em meu rosto, estou cansado. Suspiro fundo em uma tentativa inútil de me concentrar com todo barulho em volta e sinto uma mão pesar no ombro.

— Você está mesmo bem? — Edd volta a perguntar intrigado. 

— Sim. — Busco pelo copo em cima do balcão e encho até a borda — Era uma maluca me enchendo o saco. — Viro o líquido apertando forte meus olhos ao sentir queimar. — Porra.

— Tem certeza de que foi só isso?

— Não se preocupe.

— Está bem.. — Deu a volta ficando do outro lado do balcão. — Achei mesmo que ela iria acabar com você.

— Mulheres quando se irrita costuma ganhar uma força surreal. — Brinco e rimos. — Preciso da bebida mais forte que você tiver.

— Misturar nunca acaba bem e você sabe muito bem disso.

— Só enche a droga do copo.

— Já posso estar mandando alguém ir chamar pelo Kevin? Acabei de ver ele com o pessoal do time.

— Não precisa, eu estou bem.

— Aaron.

Por favor?

Imploro fazendo uma cara exausto de um pobre coitado e o homem suspirou fundo dando-se por vencido e se virou pegando a garrafa enchendo meu copo. Dou um gole sentindo outra vez descer como ácido, mas no final uma sensação de refrescância prevalecer em minha garganta e fecho meus olhos.

Tento me concentrar, respiro fundo e passo a mão na garrafa. A música no local era boa, mas estava tão alta que eu mal conseguia ouvir meus próprios pensamentos. Me viro de costa para o balcão ainda sentando olhando para a entrada e nada de Amélia ou Maggie.

Então você não é dessa cidade? — A voz de um homem ao lado paquerando uma garota atraiu minha atenção.

— Não. — Respondeu, tímida e vaga.

— Qual seu nome?

— Eleanor

Lindo nome, igual você. 

Rolo meus olhos, imagino o quão está desesperado para conquistá-la, mas o cara não vai muito longe se continuar com essa cantada de quinta categoria. Sei que é errado ouvir as conversas de pessoas alheias, mas estava entediado o bastante para não tentar me distrair

— Obrigada...

Agradeceu gentilmente, fala sério. Ela não merece passar por isso. O homem sentou de frente para ela e pediu duas bebidas para o Barman que os serviu rapidamente. O moreno tentou usar a nova cantada e dessa vez não contive uma risada quase me engastado. Estou na porra do inferno.  

Ainda observando-o de canto de olho vejo o rapaz passar uma mão por trás da mulher alcançando discretamente o seu copo colocando um comprimido dentro da bebida que se dissolveu em segundos no líquido e logo depois pega na tentativa de entregá-la.

— Que filho da...

— Toma — Sorriu e ela pegou. Girou e levou a borda do copo na boca.

Por sorte não virou, não ainda.

— Chama os segurança.. — Digo assim que Eddie passou em frente.

— Por que?

— Só faça, rápido.. — Foi a única coisa que consegui dizer antes dele sair em direção dos seguranças sem entender  o motivo do meu pedido.

— Beba, aposto que vai gostar — Ouço o homem pedir, quase impaciente.

— Eleanor, que bom que te encontrei. Estava á sua procura. — Me aproximo fazendo ela me olhar confusa. — Você não vai querer beber agora, eu acabei de chamar o seu táxi, querida— Passo um braço pela ombro dela e o homem se levanta afastando um pouco de nós

Quem é...

— Sei que não me conhece, mas pode confiar em mim.. — Abaixo meu tom de voz para que só ela pudesse ouvir.

E por qual motivo?

— Esse homem não tem boas intenções com você, pode acreditar.

Como... — Foi interrompida.

— Por acaso você é alguma coisa dela?

— Somos amigos — Me coloco á frente

— Então por que diabos está cortando o nosso barato? Estávamos...

— Primeiramente, quem é você?

— E por que gostaria de saber?

— Como posso dizer, eu sou um amigo protetor — Repuxo um sorriso mordaz e ele suspira fundo.

— Joseph.

— E o que você faz Joseph? Além de se aproveitar das mulheres, é claro — Fui ousado vendo-o franzir o cenho.

— Sou empresário — respondeu ainda tentando entender. — O que você quis dizer com me "aproveitar"?

— Não é isso que faz para se divertir?

— Ainda continuo sem entender.

— Me deixe refrescar a sua memória.

Um riso nasalado escapou-me e peguei o copo das mãos de Eleanor. Ergo meu olhar para seu rosto e ela ainda estava confusa e totalmente perdida.

— Que tipo de coisa a sua empresa faz mesmo? — Pergunto ao me virar.

— Carros esportivos.

— Uau, deve ganhar bastante dinheiro. O que nos leva de volta ao início.

— Olha, foi bom o papo, mas eu estou de saída. — Fez menção de sair.

— Eu ainda não falei que terminamos a conversa. — Fui ríspido fazendo ele me olhar e começou a rir.

— Seus pais sabem onde você está?

— Vamos tentar de novo... — Balanço levemente o copo ignorando-o — Que tipo de diversão gosta de fazer?

— E por que isso seria importante?

— Joseph, você tem bastante dinheiro e pode ter tudo que desejar, mas nem isso parece suficiente — Me aproximo cauteloso. — Já que faz coisas erradas.

— E tirou essa conclusão agora? — Riu

— Sim, — Olho para o líquido no copo e redireciono meu olhar de volta para seu rosto. — Você parece cansado, por que não bebe um pouco?

— Eu não estou afim.

— Tem certeza? É só um gole.

— Já disse que não.

— Tudo bem — Coloco minha mão no bolso da calça repousando o copo em cima do balcão — Me responda, o que pretendia fazer com a garota?

— Nada.

— Então não iria machucá-la?

— Óbvio que não — Instalou — Espera, você acha que eu faria algo com ela?

— Sim — Mantenho meu olhar fixo em seu rosto e ele transmite surpresa.

— Tenho cara de quem faria isso?

— Preciso responder? — Arqueio uma sobrancelha — Joseph, certo? — Passo  a olhar em volta. — Por que batizar os copos das mulheres?

— Como assim?

— Qual é — rolo os olhos — Eu vi o que você fez, não sou idiota.

— Viu o que?

— Comprimido, bebida e garota.

Riu nervoso.

— Você não tem como provar nada do que acabou de insinuar.

— Só basta uma ligação para a polícia que eles mesmo resolvem o impasse. 

— Eu estou falando a verdade, não iria fazer nada com ela. — Desceu o olhar para o rosto da garota — Não é mesmo, Eleanor?

— Na dirija a palavra com ela. Olha pra mim quando for falar.

— Eu não sei quem você é, mas acabou de se envolver com a pessoa errada

— Jura?

— É melhor esquecer o que achou ter visto hoje, para o seu bem e o dela.

— Isso é uma ameaça? — cumprimi  os olhos e Joseph nada falou — Foi o que pensei. — Abro um sorriso e me viro para a mulher. — Você veio com alguma amiga que eu possa chamar?

Pergunto ignorando totalmente o cara atrás de mim. A morena negou com a cabeça transparecendo medo em suas expressões faciais e encolheu-se. Vejo que o homem estava inquieto demais com medo de que as pessoas perceba o que estava acontecendo.

— Você quer que eu chame um táxi?

— Sim, por favor.

— Está bem, fica aqui — Peço fazendo menção de sair para chamar o Eddie e fazer o segurança escoltar Joseph para fora do bar logo, mas fui impedido.

— Onde pensa que vai? — Sinto a mão daquele maldito me barrar — Não vai querer envolver a polícia nisso.

— Tira suas mãos de mim.

— Não vou deixar você passar.

— E eu não vou pedir de novo.

Permaneci parado, sem recuar, sem se quer demonstrar estar intimidado e a mão dele ainda me impedia de passar. Desço brevemente meu olhar para seu braço firme na minha camiseta e volto a olhar para seu rosto vendo-o engolir em seco assim que abro um sorriso.

— Se planeja me dar um soco, ótimo vá em frente, caso contrário, para de amassar a minha camisa. Ela é nova.

O tom sardônico manteu-se presente em minha voz e ele fechou seu punho fortemente desejando me acertar com o soco, mas hesitou, patético. Solto um riso nasalado ao vê-lo ficar com medo somente com meu olhar firme. Estava evitando iniciar a briga, ultimamente é só isso que evito e não sei por que eu ainda me envolvo em uma.

— Não tenho a noite inteira.

— É uma pena, daqui você não saí.

— Sério? Droga.

Finjo desapontamento sem de fato dar a mínima e ele inspira. Direciono meu olhar para a garota que estava tensa e sem saber o que fazer, talvez pensava em correr, mas seu estado de choque a impedia de se mover. 

A música parece que ficou mais baixa e algumas pessoas já se concentrava a nossa volta curiosos sabendo que iria surgir uma briga. Pelo menos nada do Kevin ou alguém do meu time á vista.

— Vamos fazer assim... eu vou embora e você continua agindo normal. 

— Acha mesmo que vou deixar você ir embora depois do que tentou fazer?

— Lhe dou a minha palavra de que não irei fazer nada se me deixar ir.

— A sua palavra não vale de nada.

— Estou avisando, não se meta.

— Eu prefiro tentar a sorte. — Repuxo  outro sorriso e dessa vez sinto apertar ainda mais a roupa. — Mas que droga, eu adorava essa camisa

— Sua única preocupação agora é  com o estado da camisa? É sério?

— Sim ela tem um significado forte pra mim. — Aperto seu braço fazendo-o me soltar. — É a única que nunca manchei com sangue de um babaca.

— Podemos mudar isso e manchar com o seu. — Sorriu.

— Boa tentativa... — Travo o maxilar e Joseph eleva os ombros.

— Uma ligação e eu posso acabar com sua vida inteira então caí fora.

— Hm, ele é calculista — Fui sarcástico

— Quer mesmo continuar com isso?

— Estou demonstrando não querer?

— Garoto idiota. — Murmura e passou a se aproximar — Você não aguentaria um soco.

— Por que não tenta? — Sorri sem me mexer ou recuar. Apenas parado, sem se quer piscar — Vamos, Jose. — Sorri

— Aaron!

Uma voz mais do que familiar indagou atraindo minha atenção. Ergo a cabeça para o lado vendo Amélia me olhando preocupada e só bastou uma distração para aquele homem desferir um soco no meu rosto que me acertou em cheio. Passo a língua no meu lábio inferior e sinto o gosto de sangue.

Filho da...

— O que você fez? — A loira questiona tentando se aproximar de mim.

— Não se intrometa.

Ele a empurrou e Amelia só não caiu no chão porque esbarrou nas pessoas que impediram sua queda. Elevo meu olhar rapidamente para vê se ela está bem e sinto cada átomo do meu corpo ferver transbordando em ódio.

Cuspo o sangue da boca e ergo o olhar de volta para o homem á minha frente

— Ninguém — Murmuro entre dentes  olhando-o. — Ninguém toca na minha garota. Ninguém! — Ingado

— Aaron, para!

— Hoje é seu dia de sorte, eu não vou mais me importar com as manchas de sangue na minha camisa.

— O que vai fazer? Você não passa de um adolescente temperamental.

— Memorize esse rosto pois é o último que verá por um bom tempo. — Sorri e isso foi o bastante para a raiva subir á sua cabeça e avançar.

Tentou acertar-me com um soco, mas desviei revidando em seguida com um soco forte na boca do seu estômago. O homem curvou-se perdendo o fôlego e não esperei nem um segundo para que pudesse se reerguer e desferi outro no seu rosto, o que o fez cambalear e cair. Eu nunca tive tanta vontade.

— Depois que engasgar na sua própria possa de sangue eu vou cortar a porra de sua mão e enfiá-la em sua garganta, seu merda imprestável.

Chutei com toda a minha força no seu estômago fazendo-o gemer com a dor e agarrei na sua camisa obrigando-o a me olhar. O Joseph sangrava como um porco abatido, patético. Havia gritos e animação de pessoas à toda euforia me pedindo para continuar.

Mesmo com seu rosto jorrando sangue eu dei um soco certeiro que abriu um enorme corte na sua sobrancelha. Em momento algum senti pena, tudo o que eu queria era acabar de vez com a raça desse infeliz, então fechei meu punho segurando-o pela gola da camisa e tudo que eu fiz foi desferir vários socos no mesmo que tentava desviar.

Para.. — Ele implorou mais cedo do que esperei segurando meu braço.

— Cala a boca! — Dou um golpe ainda mais forte fazendo-o se soltar e atingir as costas no chão.

Patético.

— Vamos, se levanta.

— Isso é divertido pra você? — Sorriu entre a dor e cuspiu o sangue da boca.

Fiquei calado.

— A sua diversão é agredir as pessoas como se fossem um saco de pancadas.

— Já falei pra calar a porra da boca.

Ergui o punho e antes que eu pudesse desferir outro golpe fui empurrado pra trás por um segundo homem que tudo indica ser amigo do Joseph. Meu corpo chocou-se contra uma mesa e o rapaz aproveitou o momento pegando uma garrafa tentando me acertar, mas eu esquivei dando um golpe na sua face.

— Dois contra um?

— O que foi.., não aguenta? — O rapaz se pronunciou quebrando a garrafa de vidro na cadeira deixando bem afiado

— Pelo o que me lembre, eu acabei de golpear os dois.. — Provoco mantendo um sorriso sorrateiro.

— Quer mesmo me dar motivos para usar isso em você, garoto?

— Bom, eu estou aqui, não estou?

— Pra um adolescente até que você é bastante corajoso e muito burro. 

— Você que entrou em uma briga que nem é sua e eu que sou o burro?

— Sem regras.

Avança na minha direção pronto para me acertar com o objeto cortante, mas antes que pudesse me golpear o otário foi lançado longe pelo Max que surgiu do nada espancando-o sem piedade. E eu confesso que fiquei surpreso.

— Vamos deixar mais justo!

O moreno diz surrando o homem que após o desfecho cai com tudo no chão sem ao menos conseguir descobrir de  onde vinha os murros. Um sorriso fez presente no meus lábios enquanto via a cena satisfatória do Foster acabando com o desgraçado.

Algumas pessoas em volta começaram a se afastar assustados e não demorou muito para que os seguranças surgisse e tirasse o Max de cima do homem que parece inconsciente no chão. Esse é o meu garoto.

— Onde nós estávamos? — Volto com a minha atenção para Joseph vendo-o se arrastar pelo chão tentando sair.

Me aproximo chutando um copo que tentava alcançar e me agacho na sua frente olhando-o atentamente. Minha mão latejava, estava toda machucada, mas não me importei. Joseph parecia assustado, ótimo. É bom que esteja.

— O seu erro foi achar que poderia se aproveitar das garotas sem acontecer nada, mas advinha só... — Me levanto cuspindo no chão. — Estava errado.

Por favor...

— Eu até pensei em só fazer você sair preso  desse lugar, mas depois do que fez com minha namorada. — Solto um riso nasalado — Assinou a porra de sua penitência para o inferno.

— Como eu poderia saber que aquela vadia era a sua namorada?

— Ah, cara. Você não falou isso.

— Eu não dou a mínima.. — Murmura rindo em deboche. — Uma puta sem a porra do senso — Tossiu tentando não se engasgar no sangue — Quem em sã consciência ficaria com alguém como você? Doentio e descontrolado.

Não pensei duas vezes antes de acertar um chute em sua barriga, com todas as minhas forças fazendo-o gritar de dor

— Nunca... — Empurro seu corpo com o pé e  ele virou-se. — Nunca mais fale da minha namorada dessa forma.

Fiz menção de chutá-lo outra vez, mas antes que eu pudesse efetuar o ato fui afastado pra longe, bruscamente.

— Se continuar vai matá-lo.

— Me solta!

— Aaron, porra! — Kevin indagou me empurrando. — Se acalma.

— Esse cara não merece ser poupado.

— Mas você sim — Eleva o tom de voz atraindo minha atenção — Amélia não merece ver isso.

— O desgraçado desrespeitou ela!

— E aposto que ele aprendeu a lição.

— Que se dane, isso não é o suficiente  pra mim — Tento novamente escapar das mãos do Kevin, mas foi inútil.

— Se fizer isso vai ferrar com tudo e a sua garota não vai mais olhar pra você da mesma forma, é isso que você quer?

Suas palavras foram como um choque para realidade, rapidamente recupero meu fôlego olhando para a minha mão encharcada de sangue e depois para o homem caído no chão. Droga... perdi a cabeça. Totalmente.

— Idiotas...  — Joseph tirou sarro e ao tentar avançar Kevin me impediu, de novo.

— Não vale a pena.

— Mas...

— Não vale a pena, Aaron. — Repetiu afastando-me pra trás. — Entendeu?

— Sim.

— Então se eu te soltar agora você não pra cima dele? — Pergunta e fixo meu olhar no Joseph. — Aaron?

— Pode me soltar. — Afirmo voltando a minha atenção para o seu rosto.

Kevin assentiu afastando e vejo Eddie com o segurança, ele olhou pra mim e ficou perplexo. Mesmo de longe pediu para que eu saísse antes que a polícia chegasse. Passo a mão na garrafa que estava no balcão e meus olhos procura em volta pela Amélia, mas nada. Ela foi embora. Merda!

— Eleanor, você... — Aponto na direção da saída e ela se levantou tentando não olhar para o sangue na minha mão.

— Sim.

{...}

Após eu sair os seguranças chamaram a polícia que levaram o maldito direto para delegacia. Eddie tentou o máximo me deixar de fora e não me dedurou, o que de qualquer jeito não foi vantajoso já que o treinador vai me matar.

Droga...

Depois que expliquei o motivo, Kevin saiu para procurar Amélia e tentar no mínimo esclarecer as coisas, mas não acho que será tão fácil assim. Quando ela me viu naquele estado cego e sem controle a fez mudar bastante o jeito que me enxergava. Eu ferrei com tudo

Max e o resto do pessoal do time ficou tão revoltados que pretendiam acabar com o homem antes mesmo de chegar na delegacia.., mas com muito esforço  os convenci para deixar quieto eu não pretendia deixá-los fazer burrice. Mas gosto de ver como tenho o respeito do meu time. É algo de se admirar.

— Ela vai voltar — Eleanor fala e viro meu rosto para olhá-la.

— Isso é o que espero — Murmuro me escorando na parede ao lado.

— Você gosta bastante dela, né?

— Mais do que tudo. — Sorri.

— Então sim, ela vai voltar... Talvez só precise de um tempo para digerir.

— Torço por isso.

— O que você fez foi muito corajoso e sou muito grata, de verdade.

— Foi o mínimo, não precisa agradecer por algo que qualquer um faria — Arfo de dor ao virar o líquido da garrafa na minha mão. — Merda

Seus dedos estão ferrados, não acha melhor fazer algum curativo?

— Estou bem, isso não é nada.

— Se você diz... — Murmura olhando a hora no seu celular — Acha que aquele homem vai fazer alguma coisa?

— O mínimo que vai acontecer é ficar preso por uns dois dias, pagar fiança e remoer a briga pelo resto da vida inútil que ainda lhe resta. — Descontrai e ela sorriu discreta.

— Uma pena ter estragado sua camisa

— De fato — Rimos e o táxi estacionou á nossa frente — Como prometido, sua carona. — Afasto indo até o carro.

— Como eu posso te...

— Só toma cuidado... — Abro a porta e ela se aproximou, mas antes de entrar se virou e me olhou. 

— Obrigada, Aaron.

— De nada.

Deu-me um breve abraço e em seguida entrou passando o cinto de segurança em volta do corpo e fechei a porta indo para o lado do passageiro. Peguei uma quantia generosa de dinheiro para dar ao motorista e me inclinei na janela.

— Leva ela em segurança pra casa.

O homem apenas assentiu e me afastei vendo-o pegar a estrada. Fiquei parado observando até perdê-lo de vista e dou um gole na garrafa. O meu dia hoje foi péssimo e não sei como irei escapar da bagunça que insiste em me rodear.

Como irei dizer para Amélia que uma garota simplesmente me agarrou? Ou que estou ficando louco com meu pai controlando a minha vida? Achei que essa viagem seria um refúgio, mas só piorou ainda mais. Que droga, não sei o que fazer na "Porra do inferno".

— Imaginei que iria precisar... — Uma voz suave atraiu minha atenção.

Girei meu rosto para o lado e fixei meu olhar na encantadora garota parada na calçada de frente pra mim segurando algo entre as mãos. Seus olhos estavam vazios e distantes, como uma estrela inalcançável.

Você voltou.

— Bom, alguém tinha que trazer o gelo não é mesmo? — Amélia disparou e me entregou o saco.

— Obrigado.

— A sua mão está péssima.

— Tinha que ver como ficou o rosto do outro cara. — Fui sardônico.

— Kevin me contou. — Sentou em um banco ao lado — Ele mereceu e gostei da sua atitude de ajudar a garota.

— Eu tenho uma irmã, então gostaria que ajudassem ela em situações como essas, mas espero nunca precisar.

— Isso é fofo.

— Tanto faz... — Sentei-me no banco e coloquei o gelo nos hematomas — Pelo menos tive sorte em não ter deslocado.

— O seu time estaria ferrado.

— Sim.

— E como o treinador vai reagir?

— Nada bem, suponho. — Resmungo e ela suspira fundo evitando me olhar.

— De qualquer forma, está lascado.

— Acontece... — Levo o gelo no rosto e sinto um incômodo — Achei que tinha ido embora depois do que presenciou.

— Eu fui, mas no meio do caminho eu lembrei que vim de carona.

— Perdeu sua chance de ter tido uma saída dramática... — Brinquei e dessa vez um sorriso discreto surge no canto de seus lábios. Tão linda.

— Não me faça causar outro olho roxo

— Pega leve.. — Sorriu, mas vejo-a me evitar brevemente — Eu odiei vê-lo se envolver na briga após o empurrão.

— Não vou pedir desculpa por isso, eu faria de novo se algum idiota tocar em você. Entendeu?

— Mas e quanto a mim, Aaron? — Sua voz saiu arrogante. — Acha que eu me perdoaria se acontece algo com você?

— Amor, eu estou bem.

— Mas e se não estivesse...

— Ei. — Levo minha mão no seu rosto e seus olhos desce para os hematomas nos dedos. — Está tudo bem comigo.

Mas...

— Olha pra mim... — Peço em um tom carinhoso e  seus olhos finalmente me encaram, carregados de insegurança.

— Ele tinha razão? 

— Sobre o que?

— A sua diversão é a adrenalina que a confusão causa em você?

— Não. — respondo, calmo — Eu odeio isso, odeio pra caralho.

— Então por que continua?

— As vezes precisamos fazer coisas de que não gostamos para o bem maior.

— Se prejudicar é o bem?

— Se isso ajudar quem eu amo, sim.

— Você é um idiota. — Resmunga com amargura. — Um tremendo idiota.

— Eu sei.

— A minha vontade agora é... Céus!

— Sim, eu sei que você quer terminar de acabar comigo, amor.

— Então é melhor ficar esperto.

— Ameaças super saudáveis. — Brinco e ela riu — Obrigado por ter voltado

— Não me agradeça, mas sim Chicago. Esqueceu que aqui não temos carros? Esse foi o único motivo de não ter ido.

— É claro.

— Já viu o absurdo que está o valor do táxi? Prefiro esperar carona — Zomba tentando parecer séria.

Um sorriso ameaçava brotar em meus lábios enquanto suas expressões tenta ser intimidadora, mas não aguentei. A garota fez uma careta emburrada e só bastou descer seus olhos para a minha boca para permitir uma aproximação.

Contorno seus lábios com meu polegar e devagar aproximo meu rosto tocando a ponta de nossos narizes iniciando um beijo calmo e duradouro. Movíamos os rostos de forma lenta, dando encaixe e só nos soltamos quando perdemos o ar.

— Preciso que saiba de uma coisa.

Shiu.. — Leva seu dedo indicador na minha boca. — Agora não.

— Mas é importante.

— Imagino que seja uma noticia ruim, então só me deixe aproveitar mais um pouco desse momento bom.

— Tudo bem. — Afastei-me colocando um fio de cabelo atrás de sua orelha e ela fechou os olhos brevemente.

— Promete tomar cuidado?

— Por que do nada todos resolveram tirar o dia pra me fazer prometer?

— É sério, você me promete?

— Sim, eu dou a minha palavra.

— Não quero te ver se machucar, o que aconteceu lá dentro não parecia...— fez uma breve pausa. 

— Não parecia eu — Complementei.

— Você me deixou preocupada.

— Sinto muito... — Acaricio a sua pele e ela voltou a me olhar. — De verdade

— Podemos ir embora agora? Odeio o som que vem de dentro dos bares.

— Desde quando frequentou esse tipo de  lugares? — Pergunto curioso e um sorriso torto surgiu entre seus lábios.

— Só pra você saber, eu também tive momentos em que não me orgulho.

— Me conte mais.

— Só depois de um banho na piscina de hidromassagem na água morna.

— Tudo bem, vou bancar o táxi já que você estava esperando pela carona.

— Idiota — Gargalhou e olhou-me por breves segundos trazendo de volta seu brilho intenso — Como consegue ficar bonito até com hematomas no rosto?

— É o meu charme.

— Odeio seu ego.

— Eu também te amo, linda — Dou-lhe um selinho e me levanto para chamar o táxi. — Vamos?

— Não quer esperar pelo Kevin e Mag?

— Os dois já estão bem longe daqui.

— Como assim?

— Bom.., o que você acha? — Pergunto olhando-a e Amélia precisou de alguns segundos para processar.

— Que horror... — Fechou a cara e não contiver uma gargalhada — Isso não te incomoda nem um pouco?

— Não tem muito o que ser feito.

— Entendo — Levantou-se e caminhou em direção do táxi que estacionou em frente me observando abrir a porta. — Sabe... — Antes de entrar olhou-me por cima dos ombros — Poderia ser a gente — Sorriu travessa fazendo meu corpo estremecer de cima á baixo.

Céus...

{...}

Tive que dividir esse capítulo em
duas partes pra não ficar muito
longo, então sim.

• O abençoado do Hot vem! •

Amém, irmãs.

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