17 | Proposta
—— A A R O N ——
A figura do seu rosto delicado refletiu contra o visor enquanto permanecia com a expressão concentrada. Notei que em seu pescoço estava um colar de uma espécie de cavalo e ela mexia nele em silêncio com os olhos fixos na estrada. Quando chegamos na simples casa no fim da rua estacionei o carro em frente à residência.
— Chegamos. — Disse quebrando o silêncio fazendo-a me olhar.
— Obrigada por hoje, você conseguiu melhorar o meu dia. — Abriu um leve sorriso. — Poderia te convidar para entrar, mas o seu celular não parou de tocar então imagino que tenha coisas para resolver.
— Tudo bem, e também não estou preparado para enfrentar a fúria da sua mãe. — Rimos.
— Você até pode ter conseguido me surpreender hoje, mas a garotinha te superou.
— Agora tenho que te dar uma flor? — Brinquei fazendo-a rir.
— Sério que vai querer disputar com uma criança?
— Não deixo ninguém me subestimar então sim. — Comecei a rir. — Mas se o moletom contar como presente então sai na frente.
— Ah o moletom... — Sua voz saiu um pouco falha.
— É, eu vi uma garota do primeiro ano usando o meu moletom, então imaginei que você vendeu. — Segurei a risada.
— O que? Se eu soubesse que daria para ganhar uma boa grana com aquele moletom eu tinha vendido e não dado de graça. — Reclamou me fazendo soltar uma prazerosa gargalhada.
— Fiquei magoado.
— Foi mal, eu só não queria ter que aturar a escola toda falando de mim logo nos meus primeiros dias. — Me olhou curiosa. — Mas como sabia que era seu?
— Sou o único que usa aquele estilo de moletom por ser o quarterback do time, e como eu não dei para nenhuma outra garota suspeitei.
— Humrum — Murmurou de forma duvidosa.
— Espera, você acha mesmo que eu saio distribuindo para as garotas da escola?
— Você não é muito confiável.
— Aposto que o Thomas me descreveu super bem. — Revirei os olhos.
— Ele estava errado...
Olhei fixamente para a mesma e ela sorriu sem jeito erguendo suas orbes azulado sobre os meus. Seus olhos estavam brilhando de uma forma que me perdia entre pensamentos. Vejo-a suspirar fundo e desviar o olhar para a paisagem que seguia fora do carro.
— Por que deixa as pessoas ter uma impressão errada de você? — Voltou a me encarar confusa. — Isso não faz o menor sentido.
— Como assim?
— Todo mundo só fala coisas ruins de você, mas...
— Não me importo com o que pensam sobre mim. — Interrompi.
— Então você prefere ter a fama de um babaca? — Suspirou indignada. — Isso é idiotice.
— E por que acha que eu não sou um?
— Uma pessoa babaca não faz o que você fez. — Me olhou esmorecida — Mas entendo, você só quer continuar sendo o cara que finge não ligar pra nada.
— Você não me conhece.
— Tem razão, mas algo me diz que você só quer se esconder. — Sorriu de lado e destravou o cinto. — Vou entrar agora, obrigada pela companhia.
Vejo-a abrir a porta para descer e antes de sair se virou para mim com os lábios entreabertos como se quisesse me dizer algo, mas desistiu saindo do carro.
— Se cuida estrela. — Debruçou-se na janela para falar comigo.
— Você também.
Abri um sorriso vendo-a caminhar em direção a porta e ergui minha mão no banco observando-a entrar. Em seguida girei o volante para a pista e aumentei o rádio ao som de Travis Scott indo embora já que o meu celular estava cheio de ligações perdidas da minha mãe. {...}
Assim que cheguei avistei um carro desconhecido estacionado em frente à minha casa com a placa de Califórnia. Peguei minhas coisas e entrei pela porta da cozinha ouvindo vozes vindo da sala. Em um descuido acabei esbarrando na mesa fazendo um barulho e logo escuto passos vindo em minha direção.
— Aonde você estava? — Reclamou minha mãe em tom baixo.
— Fui dar uma volta e...
— Não temos tempo, vem logo! Uma pessoa está querendo falar com você e o seu pai já está sem assunto para enrolar. — Falou me conduzindo para o outro cômodo.
Assim que entrei na sala avistei um homem sentado no sofá de frente para o meu pai tomando uma xícara de chá e quando percebeu a minha presença ergueu seus olhos em minha direção deixando sua expressão aliviada.
— Você deve ser o Aaron. — Afirmou se levantou para me cumprimentar.
— Sim, sou eu. — Respondi confuso olhando para os meus pais e então nos sentamos no sofá.
— Me chamo Alfredo e estou aqui para representar uma universidade.
— Que bom...
— Ficamos impressionados com a sua habilidade de retomar o controle sobre muita pressão.
— Aquele jogo foi bastante difícil.
— Sim, mas você soube virar o placar de um jeito fabuloso. — Fez uma pausa e me olhou sério. — Sabemos que tem várias outras universidades de olho em você e por isso estou aqui para te oferecer a nossa proposta.
— Desculpa, mas qual universidade você está representando mesmo?
— Só para você ter uma noção de tão talentoso você é, a Stanford veio de muito longe só para lhe oferecer uma bolsa.
Naquele momento o meu coração parou por um segundo. Sabia que tinha universidades interessados em me oferecer uma bolsa, mas Stanford é outro nível. Meus pais estavam tão surpresos quanto eu já que uma das melhores universidades do mundo está me oferecendo uma oportunidade.
— Isso é sério?
— Sim, estou aqui para saber se você aceita a nossa proposta.
— Isso é muita coisa para processar, não consigo acreditar!
— Espero que tome a decisão certa, pois temos muitos planos para o seu futuro.
— Por que o treinador não disse que tinha olheiros de Stanford assistindo ao jogo? — Perguntei confuso ainda sem acreditar.
— Pedimos para manter segredo já que poderia atrapalhar o desempenho dos jogadores.
— Isso é incrível filho. — Disse meu pai e ele parecia orgulhoso.
— Bom, vou deixar vocês conversarem e se decidir, mas ainda estamos de olho no seu potencial então não dê nenhum deslize Aaron.
— Pode deixar...
— Em breve entraremos em contato para mais informações. — Falou se levantando. — De todos os jogadores que já avaliei você foi um dos melhores.
— Fico honrado em saber disso.
— Não queremos que desperdice o seu talento. — Confessou indo em direção a porta.
— Mais uma vez quero agradecer pela oportunidade.
Vejo-o assentir e então se despediu caminhando até o seu carro, mas antes de entrar ele se virou e acenou para nós e em seguida pegou a estrada. A minha ficha ainda não caiu, saber que tenho chances de entrar em Stanford foi um grande choque.
— Espero que eles não descobrem as burrices que você faz. — Falou meu pai dando de ombros indo para a cozinha.
— Como evitar fazer isso com um ótimo exemplo dentro de casa? — Ironizei sendo ignorado.
— Não vamos brigar filho, estou tão orgulhosa de você.
— Obrigado mãe...
Suspirei fundo e me afastei subindo as escadas indo em direção ao meu quarto. Minha vontade era de gritar de raiva, mas a notícia que recebi era boa demais para ficar estressado por causa do meu pai. Desde aquele dia na delegacia a minha relação com ele foi de mal a pior. Uma conversa civilizada não parecia fazer parte do seu diálogo já que sempre que tentamos conversar ele acha uma brecha para discutir ou me humilhar de todas formas possíveis.
Assim que tomei um banho para me sentir mais relaxado vesti uma roupa ficando apenas de short já que não estava mais tão frio, então ficar sem a camiseta era aturável. Joguei-me na cama à espreita de receber alguma mensagem de Amélia, pois a mesma ficou de me mandar resenhas de um livro que me forçou a confessar que gostava.
Ter passado o dia com uma garota que não pensa só em flertar ou tentar ficar comigo foi muito bom, pois sempre que tento conversar com uma me sinto sufocado, mas com a Amélia foi diferente, me senti confortável. Ouço o meu celular apitar e pensei no mesmo instante que era ela, mas assim que olhei pelo visor havia uma mensagem do Kevin na qual dizia. "A ruiva está de volta"
— Mas que droga!
{...}
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