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Não lhe toques

27 Maio 2015

Eu sentia o meu coração acelerar, eu não conseguia falar nem sequer olhar para lado algum. De alguma forma o Oliver deve ter notado o meu estado de espírito pois senti a sua mão alcançar o meu ombro e os seus olhos postos em mim.

- O que se passa maninha ? – ele sorriu levemente para mim mas a sua expressão logo passou a preocupação assim que notou na minha respiração e no meu aspecto desligado de tudo.

Estendi apenas a minha mão com o telemóvel para que ele pegasse no mesmo, e ele assim o fez olhando-me confuso e encostando o telemóvel ao seu ouvido.

- Estou sim ? – ele estava confuso, notava-se facilmente, no entanto eu não conseguia falar para lhe explicar quem era.

- Oliver ? – eu ouvia a voz da senhora ainda que atenuada.

- Oh, senhora Biersack olá – um sorriso confuso estava na sua face, enquanto na minha ainda permanecia a mesma expressão. Eu já não conseguia ouvir a voz da senhora, ouvindo somente agora as respostas do meu irmão. 

- Uhn, ela é minha irmã – ele sorriu levemente para mim e mesmo que eu tentasse devolver o sorriso eu não conseguia – Podia-me por favor passar ao Andy ? - os olhos do meu irmão arregalaram ao ouvir a resposta da senhora, que calculo que tenha sido o que ela me tinha dito previamente - Uhn, eu entendo, e podia-me dar a morada do hospital ? - rezei para que ela lhe desse, mesmo que ela não me quisesse perto do seu filho. 

Vi um sorriso aparecer na face do Oliver, e ouvi a sua voz agora mais baixa agradecer, seguidamente ele desligou a chamada e entregou-me o telemóvel. Olhava-o esperando alguma palavra vinda dele, e ele apenas sorriu levemente dando-me a sua mão.

- Vamos ter com ele sim ? - apenas assenti ainda que dentro de mim estivesse a crescer uma esperança bem como a alegria de o poder rever , e isso fazia-me querer gritar. 

O meu irmão aproximou-se dos outros que se encontravam a conversar, e eu encarava o céu escuro sentindo a brisa forte que me levava os cabelos para a frente da minha face. Não cortara o meu cabelo desde a última vez que estivera aqui, por isso o mesmo encontrava-se bastante comprido. Senti de repente uma mão em cada ombro meu e olhei para o lado direito vendo o Thomas, e de seguida para o esquerdo, vendo o Kellin. Acabei por sorrir virando-me de frente para eles e cruzando os braços contra o peito esperando uma explicação enquanto olhava para o Kellin.

- Okay okay, eu conto, mas agora pára de me matar com os olhos - ele soltou uma gargalhada e eu suspirei sorrindo. 

- Contas, mas quando estivermos com o Andy - murmurei baixo mas de forma a que me ouvissem. 

O Thomas sorriu timidamente e eu apenas lhe deitei a língua de fora, recebendo o mesmo gesto como resposta. De seguida pude ver o grupo que estava mais atrás aproximar-se de nós.

- Vamos - falei alto e com um tom destemido. 

Notava o orgulho estampado na face de Oliver, ou poderia ser apenas a felicidade de me ter novamente ali. Eu finalmente podia achar que estavam felizes pela minha presença. 

Sorri na direcção do grupo e virei costas começando a andar. 


☜♥☞ 


- Como assim não podemos entrar ? - a voz do Oliver era audível por toda a sala de espera daquele hospital. 

- Desculpe, mas deram-nos ordens especificas para não deixarmos entrar aquela menina, pois iria perturbar o paciente - a recepcionista de olhos escuros e cabelo curto encaracolado olhou-me por mim por cima dos seus óculos antigos e apontou com a caneta na minha direcção, o que me deixou ligeiramente indignada.   

 - Diga-me lá quem é que lhe deu essa ordem ridícula ? - Hannah resolvera entrar na discussão e eu podia notar raiva na sua voz. 

- A namorada do paciente - a mulher falou agora desviando o olhar para o computador fixo à sua frente. Ao ouvir as suas palavras estava preparada para interromper, no entanto alguém o fez por mim.

- Loira de olhos azuis ? - a voz de Thomas era mais grossa do que o costume, mostrando também alguma aversão da sua parte. 

- Essa mesmo - a senhora respondera arrogantemente e uma pequena luz acendeu-se na minha mente. 

- Jenny - o Austin acabou por murmurar, tirando-me as palavras da boca. 

Assim que percebi o que se estava a passar não podia estar menos interessada nas regras. O meu corpo ganhou lance e eu comecei a correr pelo corredor fora. Eu ouvira o quarto no qual ele estava quando o Oliver perguntou por ele na recepção mesmo antes da senhora lhe dizer que não podia autorizar a sua entrada. Ouvia berros vindos da sala de espera chamando os seguranças, mas eu não podia recuar agora, não quando estava tão perto de o ver de novo. 
Vi o número 7 na porta e sorri interiormente com a ironia visto que era também o número do meu dormitório de volta ao campus. Parei em frente à porta e inspirei fundo abrindo a mesma de rompante de seguida para me deparar com o corpo da Jenny debruçado sobre o corpo do Andy, e os seus lábios nos dele. 

- Não lhe toques ! - soltei um grito agonizado enquanto as lágrimas já apareciam nos meus olhos.

Ele trocou-me.

Ele está a beijá-la. 

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