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Hospital ?

27 Maio 2015

E lá me encontrava novamente. O portão que para mim se tinha fechado encontrava-se agora mesmo à minha frente, ainda me deixando da parte de fora do mesmo. O meu coração palpitava fortemente, e as minhas mãos pálidas suavam deixando-me cada vez mais nervosa. As minhas calças negras pareciam ainda mais apertadas, quase que travando a minha respiração. A minha camisola era aquela que eu havia levado embora quando fui, sim, a que pertencia ao Andy. O meu cabelo preso podia mostrar também uma gargantilha que na frente tinha um pendente feito pelo meu irmão com uma foto de todos que ele tinha tirado sem revelar o motivo. As minha botas pretas batiam no cimento à medida que eu sentia a brisa passar pelo meu cabelo. Podia ouvir do outro lado algumas vozes baixas, vozes masculinas e uma voz feminina autoritária mandando-os calar. Se eu queria encontrar o Andy, eu primeiro precisava da minha equipa de confiança. Os únicos nos quais eu confiava. Era tarde. Pelo menos eu sei que passava da meia-noite, e isso fazia-me agradecer-lhes mentalmente por estarem ali a desperdiçar as suas horas de sono à minha espera.

Julguei que talvez fosse melhor acabar com a espera que nos afastava a todos, por isso peguei no meu telemóvel mandando um toque ao Ashley. Levei a mão à face assim que ouvi tocar a música tema da Sailor Moon, percebendo que esse era o toque atribuído ao meu número. Sorri também mentalmente ao lembrar que essa tinha sido praticamente a música que sempre impuseram a mim, visto que com o Thomas foi o mesmo no dia em que nos conhecemos.
Ouvi imensos risos vindos do outro lado do portão, e de seguida ouvi alguns rangidos vindos do mesmo, vendo de seguida uma abertura pela qual passavam agora os meus companheiros de crime. Assim que o vi, atirei-me rapidamente para os braços do meu irmão. Porque embora nós estivéssemos estado juntos recentemente, eu sentia na mesma a falta dele.

- LUNA ! – ouvi a voz do Thomas e de seguida tinha-o abraçado à lateral direita do meu corpo , abraçando também a lateral esquerda do corpo do Oliver.

Antes que eu pudesse sequer responder, senti mais algum peso, agora na minha lateral esquerda. De seguida outro nas costas e mais alguns rodeando também o corpo do Oliver. Ouvia as vozes de todos sussurrarem palavras carinhosas bem como insultos que me faziam rir visto que me chamavam coisas como:

Seu hamster do mato.

Meu pato pelado.

E coisas desse género. Algo que para mim, nem era tão estranho assim.

- Hey , larguem a minha cunhada – ouvi a voz doce da Hannah e de seguida senti todos afastarem-se de mim , apenas para dar lugar ao seu corpo fino agora apertado contra mim – Sentimos a tua falta – creio que ela era como que a porta voz do nosso grupo, dizendo aquilo que todos pareciam estar a sentir.

Enquanto estava com a cabeça encostada ao ombro da Hannah, vi pelo canto do meu olho a figura do Kellin, bem como a do Thomas ao seu lado. No entanto algo me parecia estranho. Percorri ambas as figuras com o olhar até parar nas suas mãos, que se encontravam entrelaçadas. Parte de mim queria gritar, outra parte rir, e outra parte ainda queria perguntar tudo e mais alguma coisa. No entanto aquele não era o momento ideal. Após a minha atenção ter desviado, reparei também numa rapariga que eu nunca havia visto antes. Ela era tão bonita, e tão fofa. Encontrava-se atrás do corpo do Vic, ligeiramente escondida. Os meus braços pararam de envolver a Hannah, e o meu corpo virou-se para o do Vic, aproximando-me do mesmo.
Percebendo directamente onde eu queria chegar, o rapaz de cabelo comprido afastou o seu corpo, deixando-me olhar directamente para a rapariga ruiva que se encontrava agora ligeiramente encolhida. Aproximei-me ainda mais dela e estendi a minha mão, abrindo um sorriso para ela. Sorriso ao qual ela respondeu extasiante, abraçando-me de seguida.

- Eu chamo-me Danielle Victoria – a sua voz era doce, e calma. Podia perceber perfeitamente qual a sua relação com o Vic. E também podia perceber que as suas intenções eram boas.

- Eu sou a Luna, Luna Sm... - fui interrompida por uma tosse forçada vinda do meu irmão que se encontrava agora com um braço em volta dos ombros da Hannah e percebi a dica sorrindo para ele e voltando novamente a minha atenção para a rapariga, modificando o que ia dizer agora com um orgulho proeminente na voz – Luna Sykes – ela olhava-me confusa pela minha modificação repentina, no entanto apenas sorriu para mim afastando-se e indo até ao Vic que me olhava com um sorriso.

Procurei o Ashley com o meu olhar, no entanto não o via lá ao pé de nós. Assim que parei de o procurar encarei o portão ainda aberto, e reparei numa figura sendo arrastada até nós por outra. A figura que arrastava, percebi logo ser o Ashley devido àquele cabelo incrivelmente volumoso que só ele sabe deixar assim. A dúvida estava na figura arrastada. Notava apenas um cabelo curto, e não me lembrava em momento algum de alguém com um cabelo curto daquela forma. Até que arregalei os olhos ao ver a face do Austin tomar o lugar da sombra escura que outrora era essa figura. Parte de mim questionava o que estaria ele a fazer ali, ainda para mais com o meu grupo.

- Alguém tem alguma coisa para te dizer – o Ashley pronunciou-se assim que chegou à nossa beira puxando o Austin para a sua frente e dando-lhe um carolo na nuca.

- Uhn – o rapaz que eu outrora conhecera de cabelo comprido encontrava-se agora com uma expressão mais máscula, e mais séria também. Ele encarava o chão de uma forma envergonhada, e nas faces de todos eu podia ver leves sorrisos de compaixão formados – Eu peço desculpa por aquilo que fiz ao Andy e ao teu irmão. Eu estava cego pela Jenny ... Eu só queria ter a chance de ser feliz, e ela disse que se eu a ajudasse a ficar com o Andy, teria a chance de ficar contigo – ele sussurrou a última parte, e eu apenas suspirei acabando por colocar-me em bicos de pés e abraçando-o.

- Ambos sabemos que nenhuma das duas partes vai ter quem quer – murmurei ao seu ouvido e acabei por me afastar olhando-o seriamente, acabando por deixar escapar um sorriso de canto – Mas eu perdoo-te, se nos ajudares a encontrar o Andy – estendi a mão na sua direcção esperando que ele fizesse o mesmo para termos assim o acordo selado.

A sua mão alcançou a minha e um sorriso formou-se no seu rosto, bem como nos rostos dos restantes presentes. Olhei em volta e senti algo estranho. Sentia que algo não estava bem. Mas não era com o ambiente, nem com as pessoas ali. Era apenas como se o meu corpo estivesse a ser possuído pelo meu sexto sentido, deixando-me desligada do mundo à minha volta enquanto na minha mente parecia ouvir o meu nome ser chamado vezes e vezes sem conta. Abanei a cabeça e olhei em volta vendo todos os olhos pousados em mim. A mão do Ashley encontrava-se no meu ombro abanando-me levemente o mesmo. Olhei-o nos olhos, os meus encontrando-se ligeiramente arregalados, com uma expressão preocupada na minha face. Ele apenas pressionou os seus lábios contra a minha testa e eu notava que ele também se encontrava tenso. Talvez tivesse sentido o mesmo que eu.

- Não te cruzas-te com a Jenny ? – o Austin olhava em redor completamente abstraído do momento no qual eu e o Ashley estávamos envoltos, e do qual agora tínhamos sido retirados pela sua questão.

- Como assim ? – a minha voz soava trémula mas ríspida ao mesmo tempo.

- Ela saiu daqui à menos de 10 minutos. Recebeu uma chamada qualquer e foi embora – ele encolheu os seus ombros e colocou as suas mãos dentro dos seus bolsos negros.

- Sabes para onde ela foi ? – o Ashley colocou a sua mão sobre o meu ombro olhando o Austin, meio que me fazendo sentir que estava a pensar no mesmo que eu.

- Ela disse qualquer coisa sobre ter de ir para o hospital ? – a resposta do Austin soava mais como uma questão, como que se estivesse confuso, ou incerto das suas palavras.

Porque haveria a Jenny de se estar a dirigir para o hospital ? A única resposta que me piscava na mente era o Andrew, mas não fazia sentido ela saber e menos sentido fazia ele estar naquele local. Virei-me para o Ashley preparada para pedir o número da mãe do Andy quando este esticou a sua mão com o seu telemóvel. Agradeci mentalmente por ele ter compreendido aquilo que eu estava a pensar enquanto os outros se encontravam todos ligeiramente perdidos. Também não os julgo, visto que estão todos na companhia do/a amado/amada é normal que não estejam muito atentos ao resto.
Peguei rapidamente no seu telemóvel e afastei-me das pessoas que lá se encontravam para que pudesse falar mais calmamente. Ouvi o toque dando indicação que já estava a chamar e esperei olhando o céu que já se encontrava negro. As estrelas pareciam inexistentes, mas talvez isso fosse apenas eu a sentir a falta da pessoa que iluminava o meu céu que sempre havia sido tão escuro como esta noite. Fui chamada novamente ao planeta Terra com uma voz calma do outro lado da linha.

- Estou Ashley ? – a voz da senhora soava pelo telemóvel e eu apenas gelei. Não sei porque mas sentia um enorme nervosismo por estar ao telemóvel com a mãe daquele rapaz.

- Uhn, não é o Ashley – murmurei baixo sabendo que mesmo assim falara alto o suficiente para ela me ouvir.

- Oh, quem fala ? – a senhora soava realmente carinhosa, nem questionara o motivo de eu ter o telemóvel do Ashley.

- Eu sou a Luna – murmurei baixo e assim que ia terminar de me apresentar ela rapidamente respondeu-me.

- Desculpa mas eu não quero falar contigo – a sua voz agora era ríspida e eu senti um arrepio percorrer o meu corpo. Apenas queria saber o motivo de a senhora me estar a falar assim.

- Porque não ? – não sabia se tinha ou não o direito de perguntar isso, mas eu não entendia o motivo.

- Por tua culpa o meu querido filho está no hospital – mesmo sem estar ao pé dela conseguia distinguir o choro na sua voz, fazendo-me arregalar os olhos com a confusão.

Como assim o Andrew está no hospital ?

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