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Capítulo 30 - De volta à Fazenda

As cortinas brancas se moviam suavemente conforme a brisa passava por elas, trazendo certa suavidade ao quarto de Anne naquela manhã. Seus olhos estavam perdidos na delicadeza da renda, porém, nada enxergavam além disso.

Suas mãos pequenas se agarravam à coberta colorida que cobria seu corpo magro, porque, mesmo com o calor lá fora, ela tremia de frio. A febre emocional que a acometeu há uma semana não dava trégua. A ruivinha mal saía da cama, a não ser por suas necessidades básicas. Diana e a Srta. Stacy a ajudavam a banhar-se e a comer.

Anne odiava depender tanto das pessoas daquela maneira. A vida toda fora sozinha, lutara sozinha e vivera sozinha. Era difícil para ela permitir que a ajudassem com as coisas mais simples, pois se sentia pior do que já estava.

Mas a verdade era que suas forças a tinham abandonado. Não saber o que aconteceu com Gilbert era o que a estava matando por dentro. Não queria aceitar e nem acreditar no pior. Anne sabia que o jovem guerreiro era forte e saudável e que não desistiria assim da vida. Mas a falta de notícias estava deixando-a desesperada. A única coisa que a mantinha sã era o feto se desenvolvendo em seu ventre.

Ele era o único motivo que a impedia de se entregar totalmente à dor. Ali estava um pedacinho de Gilbert, e daquele amor que vivia em seu coração desde o primeiro dia em que seus olhos cruzaram com os de um certo sargento, altivo em cima de seu cavalo.

Anne sorriu de leve ao se lembrar das discussões que tiveram, das provocações, até que se renderam ao que sentiam, pois a atração entre eles era grande demais para resistirem. Gilbert era tudo ou mais do que um dia ela sonhara para si mesma. Ele lhe dera tudo, ensinara-lhe tudo, principalmente a descobrir a mulher que estava escondida em seu interior.

Por causa dele, Anne florescera, entendera sua natureza e se despira de anos de uma criação rígida e preconceituosa. Ele a libertara, mas agora não estava ali para viver com ela a gestação de seu primeiro filho.

Lágrimas começaram a correr pelo seu rosto silenciosamente. Ela não sabia quantas vezes chorara nos últimos dias. Anne estava emocionalmente exausta, mas não conseguia parar de pensar.

Roy estava morto há uma semana, mas sequer conseguia sentir algum pesar. Ele fizera da vida dela um inferno e alívio era a única sensação que tomara conta de seu peito, quando constatara que seu pesadelo maior tinha terminado.

Lembranças do velório do ex-marido vieram à sua cabeça, enquanto seus olhos se perdiam na renda das cortinas novamente.

A capela parecia fria e impessoal naquele dia particularmente chuvoso. Sentada no primeiro banco, com as mãos em posição de oração, a ruivinha tinha os olhos secos e desejava estar muito longe dali. Não havia quase ninguém na igreja, a não ser ela, a Srta. Stacy, que se sentou a alguns bancos atrás de Anne para dar-lhe privacidade naquele momento complicado.

Roy acumulara tantos desafetos durante sua vida, que não havia ninguém ali para prantear sua morte. As pessoas que tinham vindo para sua despedida final estavam ali por obrigação, e não porque realmente sentiam algum afeto por aquele homem que nunca tivera uma palavra carinhosa para alguém. Roy fora uma pessoa tenebrosa, com uma vida horrorosa e que não merecia respeito algum.

Anne estava naquela igreja, pois fora forçada. Não queria vir e negara até o último minuto, mas a Srta. Stacy lhe disse que era melhor que ela viesse, para evitar comentários piores do que já vinham fazendo sobre ela desde que Anne voltara. Ela mesma tinha ouvido certas coisas que a deixaram estarrecida.

As pessoas tinham a tendência de desdenhar sobre aquilo que não conheciam. Faziam uma ideia mental do assunto e acreditavam naquilo que desejavam e, quanto mais sórdidas essas opiniões eram, mais as pessoas se tornavam maldosas. Anne sentia os olhares sobre ela o tempo todo, mas aprendera a ignorar, especialmente quando ouvia termos a seu respeito, que feriam sua integridade como mulher.

Ninguém sabia o que ela passara nas mãos de Roy, e o cavalheiro que Gilbert fora, cuidando dela e curando suas feridas. Não deixaria que ninguém profanasse suas lembranças do único homem que fizera tudo para que ela fosse feliz.

As palavras do padre sobre a imortalidade da alma passaram por Anne como um sopro gelado. Não encontrou conforto ali. Seu coração estava pesado demais para sentir qualquer tipo de alívio. Anne era religiosa e sabia que Deus estava ao seu lado. Tudo o que lhe acontecera fora provocado pela mesquinhez humana. Nada tinha a ver com o Pai Maior. E era por Ele que acreditava que Gilbert estava bem e voltaria para ela.

A ruivinha respirou aliviada quando, por fim, tudo terminou. Ela esperou a benção final, mas por respeito ao celebrante do que ao homem que estava sendo velado. Quando o caixão foi retirado dali Anne caminhou até a saída da igreja, com a Srta. Stacy ao seu lado e, já do lado de fora, ela afirmou:

― Sinto-me hipócrita por estar aqui e não conseguir sentir nada em meu coração.

― Você não é a primeira viúva que vejo aliviada no enterro do marido. Isso não é um pecado, Anne. Em vista de tudo o que passou, ― Srta. Stacy suspirou como se lembrasse remotamente de algo e depois continuou. ― Eu tive sorte de ter tido um marido maravilhoso, que me amava e fazia tudo por mim. A maioria passa pela mesma situação que você passou. Então, não se sinta culpada. Roy teve o fim que mereceu.

Anne a olhou surpresa. A Srta. Stacy sempre fora sensata e, de certa forma, aquelas palavras a faziam se sentir confortada.

― Quero apenas que isso acabe. Estou cansada de fingir algo que não sinto. Roy foi um marido péssimo e não me trouxe nada de bom. ― Anne calou-se abruptamente. Não queria lembrar da pior época de sua vida, pois era como se maculasse tudo de bom o que viveu depois.

― Não consigo imaginar como se sente, mas seria bom que ninguém soubesse que seu bebê é de outro homem. Você sabe como as pessoas podem ser maldosas. Acho que a visita de seu marido foi bastante provincial. ― A Srta. Stacy falou, enquanto esperava pela reação de Anne.

― Não posso permitir que as pessoas pensem que meu bebê é daquele homem horrível. Meu filho não merece isso e o verdadeiro pai dele também não. ― Anne afirmou. Não deixaria que seu filho carregasse aquele estigma.

― Eu entendo os seus sentimentos, mas estou dizendo isso para a proteção de seu filho. Não sei quem é o pai dele, mas ninguém nessa cidade vai aceitar uma criança bastarda. Pelo bem dele, Anne, pense no que eu disse. ― A Srta. Stacy a encarou com seriedade, fazendo a ruivinha sentir-se estranha por dentro.

Não gostava da ideia de mentir e criar seu filho com base em algo planejado para protegê-lo, mas entendia o que a Srta Stacy quisera dizer. Para seu filho ter uma chance naquela sociedade cruel, ele não poderia levar o nome do verdadeiro pai, pois o sangue mestiço de Gilbert correria em suas veias e, por esse motivo, sua vida não seria fácil. Contudo, Anne não pretendia esconder dele suas origens, porque jamais deixaria que o legado de Estrela da Manhã fosse aniquilado por conta do preconceito. Ela nunca deixaria que a memória dele fosse esquecida e seu filho saberia o guerreiro maravilhoso que ele fora.

Voltando ao presente, Anne colocou as mãos sobre o seu ventre e suspirou. Ela tinha quase certeza de que seria um menino e desejava desesperadamente que Gilbert estivesse ali para que juntos pudessem criá-lo com todo amor.

Ela não ligava para o que as pessoas pensavam. Vivera tempo demais sob as asas do preconceito e repressão. Embora tivesse dito à Srta. Stacy que pensaria sobre o que ela falara, Anne não pretendia deixar que Roy Gardner entrasse em sua vida de novo. Gilbert era o pai de seu filho e ninguém tiraria dele esse direito.

Naquele momento, Diana entrou em seu quarto com uma bandeja na mão e encarou seu rosto banhado de lágrimas.

Você está triste de novo. Era uma afirmação e não uma pergunta, e Anne deu como resposta um suspiro profundo.

Não deveria ficar nesse quarto por tanto tempo. O dia está lindo, ensolarado e faria muito bem a você e ao seu bebê ― insistiu a morena.

Não tenho energia para isso. Desculpe-me por ser um fardo. Vou tentar melhorar ― lamentou-se Anne.

Fazia dias que sequer saía na varanda. As coisas tinham perdido a graça para ela. Jerry até tinha pedido para colocarem em seu quarto uma estante com livros. Entretanto, Anne sequer conseguia se concentrar.

Você não é um fardo. Apenas me sinto triste por vê-la nessa situação. Sua energia sempre foi tão vibrante nessa casa. Não desista, Anne pediu Diana.

Não estou desistindo. Ainda mais agora. Anne apontou para o próprio ventre, onde sua maior alegria crescia diariamente.

Diana sorriu tristemente e Anne entendeu que ela estava pensando em Ruby. A prima de Diana tinha piorado consideravelmente, e todos sabiam que era questão de dias para que a doença a levasse de vez. A ruivinha tinha esperanças de que um milagre acontecesse, mesmo sabendo que as chances eram bem pequenas.

Como está Ruby? Ela criou coragem para perguntar.

Nada bem. O médico veio vê-la ontem para vê-la e pediu que nos preparássemos. Ainda não acredito que vamos perdê-la. Ao dizer aquelas palavras, Diana tinha os olhos marejados e Anne sabia que o sofrimento dela era legítimo.

A morena fora capaz de abrir mão do homem que amava para que a prima fosse feliz e era incrível constatar toda a sua dedicação durante todos aqueles anos. Diana parecia não perceber o quão admirável ela era.

Sinto muito. Anne quase sussurrou. Seu coração estava pesado por Ruby também. Nos últimos dias, a ruivinha não pudera visitar a amiga. Após o funeral, ela se trancaram naquele quarto e tudo o que conseguira pensar era seu filho e Gilbert. Talvez estivesse sentindo pena de si mesma, mas não se importava, porque queria se dar o direito de sofrer sem ter que se explicar para ninguém.

Obrigada. Vou deixá-la descansar. Espero que mude de ideia quanto a sair daqui. O ar puro vai fazer seu humor melhor e as cores de sua face também. Anda pálida demais e isso não é bom. E aproveite para comer melhor, pois quase não tem se alimentado e ficar debilitada nesse momento só deixará sua situação pior. Chame-me se precisar de mim ― disse Diana e caminhou para a porta, deixando Anne sozinha com seus pensamentos e, depois de algum tempo, ela acabou cochilando.

Suaves toques em seu ombro a fizeram acordar horas depois. Assim que abriu os olhos, deparou-se com a Srta. Stacy sentada em sua cama e a encarando com uma expressão triste.

Um baque em seu peito lhe deu a sensação de maus presságios e, sentindo-se nervosa, a ruivinha se sentou na cama e perguntou para a boa mulher que continuava a olhá-la com compaixão:

O que aconteceu?

Venha, está na hora. Ruby quer falar com você. ― A Srta. Stacy parecia séria demais naquele momento, o que fez Anne assentir, enquanto seu coração parecia encolher no peito. Ela sabia o que aquele olhar significava. Ruby não tinha mais tempo e era terrível demais saber disso.

Rapidamente, ela se vestiu com a ajuda de sua boa amiga e caminhou para o quarto de Ruby, sentindo sua respiração se tornar ansiosa. Não pensara que aquele momento chegaria tão cedo. A morte rondava aquela casa desde que Anne pisara ali pela primeira vez, mas tivera esperanças de que aquela história tivesse um final feliz.

De repente, a imagem de Gilbert surgiu em sua mente, mas ela a afastou. Não era hora de se lamentar pela perda de seu amor e sim apoiar uma amiga que sempre fora uma irmã para ela.

Quando entrou no quarto, Anne sentiu seu estômago rodar. Não estava preparada para aquele momento, mas Ruby merecia toda a sua atenção. Ao se aproximar da cama, ela viu o rosto da esposa de Jerry quase translúcido pela palidez, seu corpo magro sobrando dentro da camisola branca, enquanto sua cabeleira loira — a única coisa saudável que Ruby ainda tinha — espalhada pelo travesseiro.

O rapaz segurava a mão magra da esposa nas suas, e o curvar de sua postura corporal indicava seu ar derrotado e pesaroso. Quando Ruby viu Anne, seus olhos verdes se iluminaram e, com a voz rouca pelo esforço, ela pediu:

Sente-se aqui, por favor. Ela apontou o outro lado da cama, onde Anne se sentou imediatamente.

Como se sente, minha amiga? perguntou Anne, segurando na mão que Ruby oferecia, fazendo-a se espantar com o quanto ela estava gelada.

Estou bem e feliz. Sabe por quê? Ruby sorriu e, quando Anne balançou a cabeça em negativa à pergunta que ela fizera, disse: ― Porque esse sofrimento vai terminar.

Não fale assim, Ruby. Nós todos te amamos e não queremos que vá protestou Jerry, com a voz embargada.

Ah, meu querido. Eu te amo tanto. Mas não sabe o quanto estou cansada. Preciso ir, para que você possa ser feliz de novo. Vou me encarregar para que isso aconteça em breve. Ruby olhou para Diana, que se mantinha quase escondida no canto do quarto, e trocou um olhar significativo para ela, enquanto a morena balançava a cabeça, como se negasse algo.

Não, meu amor. Nunca poderei ser feliz sem você respondeu ela, com lágrimas silenciosas escorrendo pelo seu rosto.

Você não pode viver em função desse sofrimento, Jerry. Logo vai entender isso. Apenas peço que me deixe ir em paz. Meu corpo não suporta mais tanta dor. Lágrimas subiram aos olhos de Ruby, deixando o marido perceber toda a sua angústia.

Naquele instante, Anne entendeu que não podiam ser egoístas. Por mais que desejassem mantê-la em suas vidas, havia um limite que a alma conseguia chegar e o de Ruby já tinha atingido o máximo. Com carinho, Anne depositou um beijo no dorso das mãos da enferma, que a olhou com uma expressão sorridente e declarou:

Minha amiga, querida. Não sabe o quão feliz me deixou com sua amizade sincera. Esse lugar pode ser bem solitário, embora não haja outro no qual eu desejaria estar. Ruby trocou olhares com o marido e, depois, continuou a falar. Você é muito especial, Anne, e desejo que seja feliz também. Lute por seus objetivos e não desista deles, principalmente do amor.

Anne balançou a cabeça, tentando não chorar, e as únicas palavras que conseguiu dizer foram:

Obrigada.

Apertando a mão dela e a do marido, Ruby tornou a sorrir, mas, logo em seguida, um acesso de tosse tomou conta de seu corpo, deixando-a quase sem fôlego. Quando esse momento passou, ela estendeu a mão e tocou o rosto do marido com carinho, para depois pender a cabeça para o lado, dando seu último suspiro, ao mesmo tempo em que a mão jazia sobre a cama inerte.

Ela se foi. A Srta. Stacy constatou, com a voz entristecida daquelas que sabiam bem o que uma perda como aquela poderia causar.

Não! Jerry gritou, debruçando-se sobre o corpo da mulher, soluçando dolorosamente de um jeito que Anne nunca o havia visto fazer.

Com cuidado, Anne desprendeu sua mão que ainda segurava a dela, deixou um último beijo no rosto de sua amiga que acabara de partir e sussurrou:

Descanse em paz, minha amiga corajosa. E saiu dali, dando privacidade a Jerry para prantear sua esposa em paz.

O funeral foi realizado no dia seguinte, como mandava o costume da região. Apenas amigos e parentes foram permitidos, respeitando o luto daquela família que perdeu um de seus membros cedo demais.

Usando um vestido preto de Diana, Anne se sentou na primeira fileira de bancos, próximos ao caixão da amiga, por quem orou fervorosamente. Sentado perto dela, Jerry permanecia em um mutismo preocupante, quase como se estivesse em negação do que acontecera no dia anterior.

A ruivinha podia entender seus sentimentos. Perder alguém que se ama era como perder parte de si mesmo. Anne experimentava a mesma sensação diariamente, mesmo que tudo dentro dela protestasse contra essa ideia. Ela

não conseguia acreditar que Gilbert estivesse morto. Anne teria sentido em seu coração se tivesse acontecido.

Imersa em seus pensamentos, Anne viu Diana se aproximar e se sentar ao lado de Jerry. Assim como o rapaz, o rosto dela era uma máscara de tristeza. A morena estendeu a mão e a apoiou no ombro de Jerry como forma de consolo, mas ele continuou olhando para o vazio, como se não tivesse notado.

Aquela cena causou uma imensa solidão em Anne, porque, por mais que fosse difícil, Jerry tinha alguém para partilhar suas lembranças de Ruby, enquanto ela apenas podia contar consigo mesma para lembrar-se de Gilbert.

A cerimônia fúnebre realizada pelo pároco local foi emocionante, assim como as homenagens feitas a Ruby. Anne se emocionou em vários momentos e, quando perguntaram se alguém queria dizer algo, ela se levantou e foi até o púlpito.

Todos esperavam que Jerry dissesse algo, mas nas condições em que ele se encontrava, ninguém ousou pedir-lhe algo tão doloroso. Assim, colocando seu coração em cada palavra, Anne disse:

Ruby foi uma das pessoas mais doces que conheci. Quando cheguei nessa cidade, vindo de longe, eu não conhecia ninguém e, tanto ela quanto o marido, me abriram as portas de sua casa para que eu tivesse um lugar para ficar até que eu me casasse. Ela foi mais que uma amiga para mim, pois sempre me tratou como uma irmã. Em todo o tempo em que passou por sua enfermidade, nunca vi Ruby triste ou desanimada. Ela tinha sempre um sorriso no rosto e palavras carinhosas para oferecer a quem precisasse. Sem dúvida, ela foi uma das pessoas mais corajosas que conheci. Nunca vou esquecê-la, assim como ela viverá nos corações de todos aqueles que tiveram a sorte de conhecê-la como eu.

Anne terminou de falar com lágrimas rolando por seu rosto. Quando ela olhou para Jerry e Diana, ambos choravam abertamente, partindo o coração da ruivinha totalmente. A Srta. Stacy também chorava, mas tentava esconder sua emoção, enxugando os olhos discretamente com seu lencinho de linho.

Várias outras pessoas quiseram prestar sua homenagem a Ruby com algumas palavras. Entre elas estavam empregados do forte, pessoas que viviam perto dali e que foram ajudadas inúmeras vezes por doações que Ruby pessoalmente entregava. Cada palavra que mostrava a bondade daquela garota simples e de coração gigantesco, fazia Anne chorar ainda mais. Ruby tinha sido alguém maravilhoso, que não merecera a doença que a levou. Infelizmente, aquele mal terrível não escolhia suas vítimas e acabou atingindo alguém que apenas queria viver sua vida ao lado do homem que amava.

Quando o funeral terminou, após terem levado Ruby para seu descanso eterno, todos voltaram para suas casas e Anne foi direto para seu quarto, exausta e com suas emoções abaladas. Precisava tomar uma decisão sobre sua vida, mas não tinha ainda certeza do que fazer. Por isso, ela passou várias horas deitada na cama naquela noite, tentando achar uma solução para seu dilema.

Assim que o dia amanheceu, ela se levantou e foi procurar Jerry em seu escritório. Ele parecia bastante abatido, mas já estava totalmente mergulhado no trabalho, como se procurasse ali o antídoto para sua dor. Quando Anne entrou, o rapaz desviou o olhar da papelada em sua mesa e disse, com a voz cansada:

Ainda bem que já levantou. Eu precisava falar com você.

Alguma notícia? perguntou Anne, sentindo seu coração disparar.

Infelizmente, não. Não encontramos o Sargento Blythe em nenhum lugar. Meus homens o procuraram por todos os cantos possíveis e não acharam nenhum vestígio dele.

Acha que ele pode estar escondido em algum lugar? A pergunta dela soou ansiosa, e ela mal conseguia segurar sua ansiedade.

Não. Temo que o pior possa ter acontecido. O Sargento foi ferido gravemente e, como temos vários animais selvagens soltos por essas planícies, pode ser que... ― Jerry parou de falar ao ver o olhar apavorado de Anne e seu rosto pálido.

Não! disse ela com firmeza. Eu não acredito nisso. Gilbert está vivo. Eu saberia se ele não estivesse mais entre nós.

Anne, eu sei que tem esperanças, mas, por favor, procure ser realista. Não podemos descartar nenhuma possibilidade. O rapaz a alertou.

Eu sei, mas em meu coração, sinto que ele vai voltar. Não faço ideia de onde ele está, mas não consigo pensar de outra forma.

Entendo. Você sabe que teremos uma audiência para apurarmos o que aconteceu no dia em que Roy foi morto, não é? Anne balançou a cabeça, concordando. Eu tentei deixar você fora disso, mas disseram que você terá que dar o seu testemunho. Sinto muito. Jerry se lamentou.

Tudo bem. Estarei preparada respondeu ela. Eu também tenho algo a lhe dizer. Preciso dar um jeito na minha vida e pensei em voltar para a fazenda que era de Roy. Acha que é possível?

É sim. Com a morte dele, você é a única herdeira. Mas quer mesmo voltar para lá? Não prefere ter seu bebê aqui? Você sabe que essa casa também é sua disse Jerry, espantado com a decisão dela.

Obrigada pela oferta, mas preciso ter minha própria casa.

Tudo bem. Mas vou enviar alguns empregados para te ajudar. Não quero imaginá-la sozinha naquela fazenda. Jerry declarou.

Certo. Obrigada por tudo respondeu Anne, com um sorriso triste. Parto hoje à tarde.

Vou providenciar tudo. Fique tranquila. O rapaz garantiu, fazendo com que Anne apertasse sua não em sinal de gratidão.

Longe dali, na aldeia indígena onde Anne passara os últimos meses, um jovem guerreiro lutava por sua vida. Ao seu lado, Kak'wet permanecia em alerta, cuidando do rapaz com toda dedicação. Ele estivera entre a vida e a morte por muitos dias, mas felizmente parecia ter superado o pior.

Enquanto trocava os curativos feitos pela anciã da aldeia, Pena Branca, seu avô, entrou na tenda e perguntou:

Como ele está?

A febre baixou, mas ele continua inconsciente. Estou preocupada, avô. Ele não para de chamar por ela. Não seria melhor trazê-la aqui? perguntou a jovem Índia, terminando de fazer os novos curativos.

Seria perigoso. Principalmente depois de tudo o que aconteceu. Vamos esperar que ele melhore e depois decidir o que fazer. Pena Branca ordenou.

Está bem. Kak'wet concordou, enquanto olhava para o guerreiro que permanecia alheio a tudo.

Enquanto isso, naquela tarde, Anne chegava à fazenda dos Gardners. Assim que a carruagem parou na frente da casa onde ela vivera seus piores dias de vida, seu coração pareceu pesar. Ela se lembrou dos dias terríveis e angustiantes quando tudo o que desejava era fugir dali.

Algumas lágrimas subiram aos seus olhos e ela chorou em silêncio pela garota que chegara ali cheia de sonhos, e os vira morrer um a um a cada dia que passara ao lado de Roy Gardner.

Algum problema, senhora? perguntou Lucy, a empregada que Jerry providenciou para ajudá-la na fazenda.

Não, está tudo bem. Vamos entrar ― respondeu Anne, enxugando os olhos com a manga do vestido.

A casa não mudara nada por dentro, desde que Anne fora embora dali. Uma camada fina de poeira cobria tudo e Anne, junto com Lucy, abriu todas as janelas para arejar um pouco o ambiente.

Em seguida, ela se instalou em um dos quartos de hóspedes, permitindo que Lucy fizesse o mesmo com outro quarto. Em hipótese alguma, Anne usaria o quarto que fora dela e de Roy. Aquele lugar lhe acionava gatilhos terríveis, por isso pretendia mantê-lo trancado por tempo indefinido.

Mais tarde, depois que Lucy a ajudou a arrumar suas coisas no quarto novo, ela tomou banho e descansou um pouco. Como estava sem apetite, apenas pediu para que a garota lhe preparasse um chá com biscoitos. Munida de uma bandeja de prata, xícara de chá e biscoitos de nata, Anne sentou-se na varanda da casa e, enquanto tiravam seu chá saboroso, ela fitou a imensidão do céu coberto de estrelas, pensou em Gilbert e disse em voz alta, como se o rapaz pudesse escutá-la:

― Eu vou te encontrar, eu juro.

Uma estrela piscou intensamente, firmando aquela promessa, que como uma brisa suave foi levada até o infinito.

Olá, pessoal. Descupem a demora. Espero que gostem do capítulo e medeixem suas opiniões. Beijos e Obrigada.

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