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Capítulo 12- Um novo lar

ANNE E GILBERT

A noite já tinha caído, e Anne não sabia quantos quilômetros haviam cavalgado. Estava tanto tempo em cima de um cavalo, mas preferia morrer a deixar que qualquer um dos três homens percebesse sua fraqueza. Seu espírito lutador não desistia fácil, e as privações que vivera no orfanato, e mesmo na casa de Roy, a fizeram fortalecer-se por dentro, mostrando-lhe que nunca deveria dar ao inimigo armas para vencê-la em seu próprio território.

Porém, sentindo as mãos do homem que se tornara o herói galante dos seus sonhos em sua cintura, Anne se perguntava se Gilbert era realmente seu inimigo. Os outros dois homens que vinham logo atrás a olhavam com uma expressão cheia de raiva, e o ódio latente ali a fazia tremer, mas o rosto de Gilbert permanecia impenetrável, o que não lhe dava uma única pista do que estava pensando.

Anne olhou ao seu redor, e percebeu que estavam em um lugar bastante ermo onde havia muito pouco verde, e a maior parte da paisagem em geral se constituía em rochedos e vasta área de terra que conforme os cavalos avançavam sobre ela, a poeira parecia se infiltrar em todos os poros. Logo ela estava se sentindo suja e pegajosa, louca por um banho e um lugar para dormir. Ainda não tinha recuperado suas forças do seu problema de insolação, por isso não sabia quanto tempo conseguiria permanecer em cima daquele cavalo sem desfalecer. Mas ela possuía uma teimosia que ultrapassava seu bom senso, por isso, resolveu prestar atenção à paisagem, para tentar esquecer momentaneamente de seu mal-estar.

Não havia muito com o que se distrair, pois por todos os lugares que passavam não havia nada muito diferente, a não ser talvez as montanhas e pedras que tinham formatos irregulares e por isso, formavam desenhos estranhos e curiosos que aos olhos humanos poderiam se passar por coisas totalmente distintas. Anne não sabia como se sentia naquele momento. Estava livre das mãos de Roy, e fora Gilbert quem lhe dera aquela liberdade. No entanto, tinha um pouco de receio por não saber para onde estava sendo levada, o que a fazia se perguntar se não tinha ganho um par de algemas diferente daquelas que Roy lhe impusera.

Os dois nativos quiseram matá-la, mas o Sargento Blythe os impedira, mas teria ele tanta influência sobre aqueles rapazes, a ponto de não deixar que a aprisionassem? O que seria dela então se o pior acontecesse? O que seria de sua vida se Gilbert não pudesse salvá-la uma segunda vez? O temor a fez começar a transpirar, e desejou não estar usando aquelas roupas incômodas. Não conseguindo mais manter sua ansiedade sob controle, Anne interrompeu o silêncio pesado entre eles e perguntou:

-Sargento Blythe, para onde estão me levando?

-O Sargento Blythe não existe mais. Eu me chamo Estrela da Manhã. Por favor, nunca mais fale comigo utilizando meu antigo nome.- o tom de voz foi ríspido e Anne estremeceu ao ouvi-lo falar daquela maneira, por isso, se calou por medo que ele pudesse ficar ainda mais zangado.

Ao vê-la encolhida sobre o seu cavalo, Gilbert se sentiu culpado no mesmo instante. Não queria fazê-la sentir medo, mas ouvi-la chamá-lo por seu nome antigo lhe trazia lembranças demais, lembranças essas que ele vinha tentando esquecer a algum tempo, principalmente as relacionadas à ela. Anne não fazia ideia do quanto ele vinha lutando para tirá-la de seu coração, pois seu sentimento por ela não tinha futuro, era um descompasso em seus planos e um tremendo erro ficar sofrendo por isso.

Trazê-la com ele fora uma escolha talvez equivocada que tivera que fazer, pois a vida de Anne corria perigo, e ela teria sido morta sem nenhum tipo de misericórdia por seus amigos. Gilbert também tinha consciência de que era uma enorme tentação, a qual teria que aguentar até saber exatamente o que faria com ela. Não permitiria que nenhum mal lhe acontecesse, pois Anne não poderia ser punida por algo que seu marido fizera, mesmo que esse ponto de vista não fosse compartilhado pelos seus dois outros amigos.

-Vou te levar para a aldeia onde vivo agora. Não se preocupe. Lá você estará segura.- o rapaz respondeu, em um tom mais ameno. Anne assentiu silenciosamente. Não sabia o que esperar daquele homem que a conduzia com firmeza, enquanto também controlava seu cavalo com grande habilidade. Ele parecia ter mudado, e apesar de cuidar dela naquele percurso com todo o zelo que se esperaria do Sargento Blythe, dentro daquela alma algo tinha se modificado com a dureza daquela vida a qual ele se dedicava agora,

Ainda assim, seu coração batia por ele como jamais tinha batido por mais ninguém. Se ao mesmo pudesse acabar com aquela distância que conseguia sentir entre os dois. Queria com um toque leve de seus dedos no rosto de Gilbert, demonstrar o tamanho do seu amor, mas como faria isso se ele mal a encarava? Como ele reagiria se ela o abraçasse? Será que teria coragem de rejeitá-la ou também a abraçaria como no passado? Era difícil saber com aquela muralha entre os dois que mais parecia uma montanha alta demais.

-Vamos parar aqui. Precisamos descansar. Amanhã continuamos. - Gilbert disse para os outros dois amigos, que concordaram com ele no mesmo instante, descendo do cavalo, e ajudando Anne a fazer o mesmo.

-O que faremos com a mulher?- Olho de Águia perguntou na língua dos comanches nativos.

-Eu cuido dela. Anne ficará sob minha proteção. - Gilbert respondeu na mesma linguagem.

- Você sabe o que penso. Na minha opinião, deveríamos acabar com ela da mesma forma que o marido dela fez com sua prima. Olho por olho. - O rapaz disse com uma enorme carranca, mas Gilbert podia ver em suas feições a dor escondida ali, pois era a mesma dor que ele sentira ao ver Anne se casar com outro homem.

-Não é assim que nosso povo age. Não vamos nos igualar a alguém como Roy Gardner. Não somos assassinos. - Gilbert disse, encarando seu amigo de frente, que também não desviou o olhar.

-O que pretende então fazer com ela, Estrela da Manhã? Torná-la sua escrava? - Raposa Astuta perguntou, fazendo o sangue de Gilbert ferver. Seu lado índio entendia o costume dos nativos em pensar que uma mulher branca capturada, se não fosse morta, serviria seu captor de todas as maneiras, mas seu lado branco se revoltava contra aquela pergunta, porque nunca conseguiria imaginar Anne nessa posição, e ele nunca a submeteria a qualquer coisa que ferisse sua honra ou fosse degradante à sua condição como mulher.

-Eu disse que ela ficará sob minha proteção.- ele respondeu dando um fim aquela especulação. Olho de Águia e Raposa Astuta não disseram mais nada, pois conheciam Gilbert desde criança, e querendo ou não, ele seria o chefe da tribo onde eles viviam um dia, por isso o respeito que tinham por ele não deixava que questionassem suas decisões, mesmo que não concordassem com ele.

Gilbert se virou para Anne que o olhava com certo misto de curiosidade e temor e disse:

-Vamos pernoitar aqui e amanhã continuaremos nossa jornada até minha aldeia. - Anne não disse nada, mas de certa forma estava aliviada. Se eles não tivessem parado, talvez ela não tivesse suportado cavalgar mais um quilômetro.

Eles entraram em uma caverna escondida no meio das pedras. O lugar estava escuro, mas logo Gilbert resolveu o problema, acendendo algumas tochas com fogo produzido à moda dos índios, que utilizavam o atrito entre duas pedras para conseguirem uma fagulha que fosse suficiente para queimar madeira ou qualquer outro material semelhante.

Com iluminação suficiente para clarear o local, Anne pôde observar melhor aonde estavam. O local era amplo, frio e um pouco úmido pela falta de luz solar, mas não chegava a ser desagradável. Havia curiosas pinturas nas paredes, como imagens que contavam histórias antigas e fantásticas. Pelo que podia entender dos símbolos impressos ali, parecia uma batalha de ancestrais, onde o sol, a lua, e as estrelas se faziam bastante presentes. Ela gostaria de ter um pouco mais de conhecimento para compreender com exatidão tudo o que aquela pintura extraordinária feita por mãos humanas parecia representar naquele pequeno pedaço de mundo fora da civilização atual.

Fascinada, Anne passou os dedos por cada um deles, tentando absorver na ponta dos dedos aquela sabedoria secular, que nunca seria compreendida pela raça humana moderna, se não tivessem uma interpretação precisa de cada figura tão habilidosamente desenhada ali.

-Essa pintura representa uma guerra entre tribos por domínio de territórios.- Gilbert explicou bem atrás dela, fazendo o coração de Anne acelerar as batidas por sentir o rapaz tão perto. O hálito dele em seus cabelos fez seu estômago dar um nó, e ela queria ter coragem de se virar e capturar os lábios masculinos com os seus. Fazia tanto tempo que Gilbert a tinha beijado pela última vez, que a necessidade desse contato era imensa. Porém, Anne não se mexeu, pois pressentia que se o fizesse, o rapaz se afastaria e não queria que isso acontecesse. Ao invés disso, ela perguntou ainda de costas:

-Quem desenhou tudo isso?

-Meus ancestrais, e seus descendentes depois deles. - Gilbert respondeu, com seu olhar preso na cabeleira brilhante. Ele ainda se lembrava da textura deles, e como eram macios ao tato. O perfume de Anne ainda era o mesmo do qual ele se lembrava, e a pele dela continuava tão alva como no dia em que chegara em Charlote town. Ele pensara que depois de meses embaixo daquele sol escaldante, a tonalidade sedosa mudaria para a mesma de todas as mulheres por ali. Ou acabavam ficando morena demais, maltratadas pelo clima da região ou adquiriam um vermelho permanente como seria no caso de Anne. No entanto, a pele dela não mudara, resistindo aquele calor todo, como uma flor silvestre que não esmorecia diante das ações do tempo, e perigosamente o atraía a ficar cada vez mais perto, mas ele sabia que não devia. Anne não pertencia ao seu mundo, mesmo que ele desejasse de todo o coração nunca mais deixá-la ir.

-Isso é lindo. Um tipo de arte rústica encantadora. É preciso muito talento para conseguir retratar algo assim com tanta verdade.- Anne disse com sinceridade, embora a presença do homem atrás de si lhe causasse certo nervosismo e excitação ao mesmo tempo. De alguma maneira, ela tinha mudado nos últimos meses. Seu casamento com Roy lhe mostrara o lado negativo de um relacionamento conjugal. Mas embora temesse qualquer contato íntimo com outro homem, pois a maneira como seu marido a tratara nesse aspecto deixara em seu corpo certos traumas, ela sentia que com Gilbert era diferente.

-Acho que meus ancestrais não pensavam muito no lado artístico disso tudo. Foi apenas uma tentativa de contar uma história verdadeira, já que não sabiam ler ou escrever, então o que lhes sobrava eram apenas essas paredes onde podiam se deixar levar pela imaginação, e registrar suas lembranças aqui. - o rapaz lhe explicou.

-Eu sei que é uma pergunta boba, mas sabe me dizer quem ganhou essa batalha? Não consigo entender por esses desenhos quem saiu vencedor.- ela ouviu Gilbert respirar longamente antes de responder:

-Não existem vencedores em uma guerra. Ambos os lados sempre saem perdendo de alguma maneira.- Havia uma verdade incontestável naquelas palavras que ela mesma não ousaria discordar. Mesmo quem provava ser mais forte numa batalha, não estava isento de suas dores. Vidas eram perdidas, e sonhos eram destruídos, então que sabor poderia existir em uma vitória coroada com sangue e desgraças alheias?

-Está com fome? Eu tenho alguns alimentos em minha sacola de provisões. Posso preparar a você uma refeição simples, se não se importar. - o rapaz ofereceu, fazendo Anne se virar para ele e dizer:

-Não estou com fome, mas um banho seria muito bem vindo. Estou me sentindo carregada de poeira até meu último fio de cabelo.- Gilbert lhe lançou um olhar desapontado ao responder:

-Sinto muito. Acho que terá que esperar até chegarmos à aldeia. Lá existem muitos rios onde poderá se banhar à vontade. - Anne sentiu um arrepio ao pensar nessa possibilidade. Nunca vivera tal experiência. Sempre morara na cidade, com banheiro privativo e água quente, como Gilbert esperava que ela se banhasse ao ar livre? Com a água fria podia se acostumar, mas com a possibilidade de outras pessoas a verem em trajes íntimos, isso nunca.- Me siga. Vou te preparar algo para comer.- Gilbert disse, apontando para um ponto mais adiante.

Anne o acompanhou até o local indicado, e se sentaram de frente um para o outro. Ela observou enquanto o rapaz preparou-lhe um sanduíche simples de pasta se amendoim, e ao estendê-lo a ela, também lhe ofereceu água fresca do seu cantil, que ela aceitou com gratidão, pois estava com a garganta tão seca que parecia ter engolido toda a terra que encontraram pelo caminho até ali.

-Obrigada. - Anne disse, sorrindo fraco para Gilbert que apenas balançou a cabeça em uma simples aceitação do agradecimento dela, sem encará-la, pois não podia. Anne era linda demais, e aqueles olhos azuis falavam com sua alma como se fossem estrelas em um noite enluarada. Aquela mulher era tudo o que um homem poderia desejar, mas que alguém como ele nunca poderia ter.

Ele fez para si mesmo um sanduíche que comeu em silêncio em companhia de Anne, ao mesmo tempo em que uma pergunta queimava na garganta da ruivinha, que precisava saciar sua curiosidade, mesmo que Gilbert se zangasse com ela. Porém, antes da questão principal, ela disse:

-Onde estão seus amigos?

-Estão em vigília do lado de fora. -Gilbert respondeu. Era de sua natureza nunca confiar em nada totalmente, e por terem vivido uma vida inteira se preparando para lutar em todas as ocasiões em que sentiam que o perigo os rondava, se mantinham em constante alerta quando estavam longe de suas tribos.

-Estrela da Manhã, quem é Ka'kwet?- ela tornou a perguntar, utilizando o nome indígena do rapaz, embora em seus lábios lhe soasse estranho.

-É minha prima. - Gilbert respondeu, apreciando internamente a maneira como Anne dissera o nome que ele adotara definitivamente.

-E o que ela tem a ver com Roy?- Anne perguntou novamente. Ela tinha ouvido aquele nome na conversa que os dois rapazes nativos tiveram com Gilbert. Embora não pudesse entender o que estavam dizendo, ela percebera, pelo tom zangado deles, que a participação de seu marido naquela história não tinha sido nada boa.

-Você não vai querer saber. - Gilbert respondeu, tentando evitar aquele assunto, pois não queria magoar Anne com sua verdade sobre o marido dela.

-Eu quero sim. Acho que se envolve Roy de alguma forma, eu tenho o direito de saber. - Anne o contestou, e ao ver a expressão decidida no rosto dela, o rapaz respondeu:

-Minha prima conheceu um homem a alguns meses, e se encontrava com ele às escondidas. Ninguém da aldeia desconfiou a princípio, porque não podíamos imaginar que Ka'kwet iria contra os princípios sob os quais foi criada. Então, ela sumiu e toda a verdade veio à tona. Não sabemos onde ela está, ou se está viva ou morta. Tudo o que sabemos é que ela foi embora com um homem branco, e desde então nunca mais foi vista.

-E vocês acham que esse homem é Roy? - Anne perguntou, chocada com aquela revelação.

- Não tenho provas concretas, mas tudo indica que sim. A minha prima era só uma criança quando ele a seduziu, Anne. E não sei que tipo de promessas ele fez a Ka'kwet para que ela achasse que valia a pena abandonar seu povo para seguir um homem, que apenas a usou para conseguir o que queria.

-Como pode saber se é Roy se não tem provas que atestam sua culpa?- Anne queria acreditar que tudo aquilo era uma falsa suposição. Não podia acreditar que se casara com um homem vil como aquele.

-Seu marido não é o que pensa, Anne. Ele está envolvido com contrabando de todos os tipos, inclusive tráfico de mulheres. - Gilbert disse com a voz cortante, sentindo-se magoado por Anne duvidar da palavra dele.

-Está querendo me dizer que Roy pode ter seduzido sua prima para vendê-la como escrava?- ela perguntou ainda mais chocada do que antes.

-Sinto muito que tenha descoberto tudo dessa maneira. Mas a verdade é que seu marido não é um homem de bem. Ele sempre esteve sob minha vigilância, e tem escapado impunemente por tudo de mal que ele fez nesse mundo. Eu poderia te revelar muito mais do que disse até agora, mas acho que é suficiente o que te contei.- Gilbert tornou a fixar em silêncio, mas Anne não aceitou que a conversa tivesse acabado daquela maneira, por isso disse:

-Se tinha todas essas suspeitas, por que não as levou a seus superiores?- Anne o questionou.

-Eu as levei, mas eles disseram que sem provas não poderiam fazer nada.- Gilbert explicou, já cansado daquele assunto. Roy Gardner não era seu assunto preferido, principalmente naquele momento em que o fazia se lembrar que Anne tinha a aliança dele em seu dedo.

-Mas....

-Por favor, Anne. Apenas coma e esqueça essa assunto. Não vai conseguir mais nada de mim sobre ele hoje.- o rapaz a interrompeu e encerrou aquela conversa que tomara um rumo que ele não desejava.

Anne não insistiu, mas seus pensamentos ficaram lá, rondando sua cabeça como um redemoinho de informações incessantes. Seria possível que Roy fosse tão baixo a ponto de fazer algo tão abominável com uma garota tão jovem? Ele traíra com Josie era uma coisa, pois ambos eram adultos e sabiam exatamente o que estavam fazendo, mas raptar uma menina nativa para ganhar dinheiro com isso, era desprezível demais para qualquer homem, principalmente alguém com uma patente militar.

A temperatura tinha caído bastante na última hora, e sem perceber, Anne começou a tremer. Gilbert percebeu o que estava acontecendo, especialmente quando ela abraçara o próprio corpo para se proteger.

-Você está com frio. - Era uma afirmação e não uma pergunta, e Anne apenas assentiu com um movimento de cabeça.- Fique aqui, pois vou buscar um pouco de madeira para fazer uma fogueira.- Gilbert disse, e então saiu, deixando-a apenas em companhia das pedras ao seu redor.

Sem ter muito o que fazer, assim como para acalmar um pouco sua ansiedade, Anne resolveu caminhar alguns metros, se distraindo com os desenhos da parede de seu lado esquerdo, onde outro tipo de história estava sendo contada. Do que podia perceber, se tratava dessa vez de alguma coisa envolvendo os astros naturais como lua, estrelas e sol, e sua conexão com a natureza e todos os seres vivos. Era algo interessante de se observar, pois a cada figura levava a um desenvolvimento diferente, cheio de criatividade e cores vibrantes.

Anne se perdeu nessa contemplação e não percebeu que se afastou do lado seguro de onde estava. Ela caminhou alguns passos em direção a um abismo imperceptível à noite. De repente, ela escorregou e ficou dependurada em uma altura que sequer conseguia calcular de onde estava. Seu grito de terror ecoou por toda a caverna, e se desesperou ao se lembrar que estava sozinha. Suas mãos se agarraram a uma pedra que havia por ali quase às cegas, sustentando seu peso para que não despencasse para dentro de toda aquela profundidade.

Quando estava quase perdendo suas forças, mãos fortes a puxaram para cima, e assim que seus pés tocaram o chão firme, Anne abraçou a cintura de seu salvador e começou a chorar.

-Calma. Você está segura. Não vou deixar que nada machuque você. - A voz de Gilbert chegou até ela suavemente, e a fez se lembrar do Sargento Blythe em seus momentos mais apaixonados.

Os dedos dele desceram por seus cabelos, em movimentos tão sutis como se quisesse acalmar uma criança. Naquele momento não importava que tivesse sido raptada, e não soubesse qual seria seu destino dali para frente. Tudo o que importava em seu coração era os braços dele que circulavam seu corpo com carinho, e sua cabeça encostada no peito musculoso, onde sentia que era o seu lugar, onde podia se esconder de todas as mágoas do mundo porque aquele homem complicado, às vezes incompreensível e duro em sua maneira de ser exteriormente, a fazia se sentir viva e protegida, mesmo que para ele não tivesse o mesmo significado.

Por seu lado, Gilbert queria eternizar aquele momento, onde poderia esquecer quem era apenas para ter aquela garota especial em seus braços. Mulher nenhuma tivera o coração dele como Anne tinha, e nenhuma outra o teria enquanto vivesse. Mas assim como aquela emoção viera, ela foi embora, e o rapaz se afastou de Anne dizendo:

-Vamos sair daqui. Você está gelada. - ele segurou a mão de Anne e a levou para onde estavam antes, e Anne se sentou na mesma pedra onde ouvira as revelações sobre seu marido, esperando que Gilbert acendesse a fogueira com alguns gravetos que encontrara em algum canto por ali.

Mas mesmo com o calor do fogo, ela tremia, e não era apenas de frio, e sim por conta de todas as emoções pelas quais passara naquele dia, junto com a fraqueza de seu corpo ainda um pouco debilitado de sua enfermidade de semanas anteriores.Gilbert, que não perdia um movimento seu, e que a observava cuidadosamente, se aproximou dela e disse:

-Venha.- ele lhe estendeu a mão, e Anne a segurou, sentindo os dedos fortes se agarrarem aos seus, e em seguida, estava aninhada nos braços dele de novo, absorvendo todo o calor que aquele corpo masculino poderia lhe oferecer. Assim, ela adormeceu, sentindo mais uma vez que tudo voltara ao seu lugar dentro dela.

Quando amanheceu, Gilbert lhe ofereceu mais um sanduíche como café da manhã, e então saíram da caverna e se juntaram aos dois nativos, que os esperavam do lado de fora. Montados em seus respectivos cavalos, voltaram a cavalgar, e não demorou muito para alcançarem o seu destino.

-Chegamos, aqui é nossa aldeia. - Gilbert lhe disse, com um brilho no olhar que Anne logo compreendeu.

Ele estava em casa, no lugar onde pertencia, onde o espírito dos seus ancestrais estavam, onde seu povo o esperava com suas esperanças renovadas. Talvez fosse um recomeço para ela também, um novo capítulo de sua vida que começaria a ser escrito naquele instante em que ela olhava para aquele lugar tão simples, mas tão cheio de uma paz que ela tanto precisava, e desejou fervorosamente que pudesse fazer dali o seu lar daquele dia em diante.

Olá, pessoal. Um novo capítulo postado. Espero que o apreciem e me deixem seus votos e comentários como incentivo . Muito obrigada por lerem. Beijos







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