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29 | CASA DE VERÃO EM BARCELONA

CAPÍTULO VINTE E NOVE | UN VERANO SIN TI
❝CASA DE VERÃO EM BARCELONA❞

nova edição da cartier, chef gourmet na minha cozinha, voos que não custam distância alguma... pais de chá da tarde com sotaque. se isso é a vida, então nós vivemos no paraíso. céus de champanhe, o que você quiser. le commode, o castelo francês, para onde iremos, só o céu sabe ⸺ BARCELONA; samm henshaw

A SEMANA QUE GISÈLE PLANEJOU EM PARIS ACABOU SENDO EXATAMENTE O QUE ELA E ALEXIA PRECISAVAM. Uma pausa na rotina de Barcelona e uma chance de simplesmente descobrir mais sobre o tecido de uma cidade que nenhuma delas chamava de lar, mas ambas amavam. Alexia já tinha estado lá algumas vezes antes, mas é claro que a conexão de Gisèle com Paris era mais forte. Parte disso se devia ao tempo que passou com Luke, só que essa era outra história, e ela não estava realmente pensando nisso mais.

As duas ficaram no Le Bristol, o mesmo hotel que Gisèle sempre escolhia quando estava na área, todo elegante na Rue du Faubourg Saint-Honoré. A equipe já a conhecia, sempre sabendo exatamente o que esperar dela, em uma relação que já durava anos. Alexia, que estava um pouco mais acostumada a Montmartre ou ao Sénat, acabou entrando no ritmo de tudo com bastante facilidade. E então havia Venetia, que honestamente não parecia entender completamente ainda o quão diferente era estar em casa. Embora, para ela, todo o conceito do que era um lar estivesse um pouco no ar. Ela estava em Barcelona a maior parte do tempo com a mãe e a família de Alexia, mas também passou bons meses em Londres.

Com a garotinha, Gisèle tinha reparado, cada dia parecia uma pequena aventura, observando-a descobrir algo novo. Por isso, e por sugestão de Alexia, elas fizeram as coisas turísticas em Paris, embora ambas já tivessem visto algumas delas pelo menos uma vez. Elas usaram táxis para se locomover pela cidade, mas também experimentaram o metrô, que ainda era a maneira mais fácil de ir de um lado para o outro pela cidade. Num desses dias, Alexia estava usando o canguru Beco Gemeni para carregar Venetia, e Gisèle tinha uma mochila de maternidade Chlóe Kids nos ombros — bem, na verdade, em grande parte desses dias. Com Venetia enrolada em Alexia, elas passearam pelos jardins das Tulherias, foram ao Musée d'Orsay e comeram no Les Papilles depois de retornar ao hotel para se preparar para o jantar.

Com alguns dias sem planejar, procurando coisas para fazer e levando Venetia para ver tudo, elas apenas tentaram aproveitar o que já amavam na cidade. Claro, elas não podiam fazer tudo, e as refeições noturnas eram bem limitadas, porque nem todos os restaurantes parisienses pareciam prontos para acomodar algumas horas com um bebê, não importava o quão calma ela estivesse. Por causa disso, Gisèle entendeu que, pessoalmente, Paris era uma das cidades mais desafiadoras para viajar com um bebê. Coisas como restaurantes muito pequenos, falta de cadeiras altas e estabelecimentos sem espaço de fraldário quase faziam parecer uma batalha difícil sair com Venetia, mas, por outro lado, a quantidade de museus e espaços abertos para aproveitar compensava tudo. Elas tomavam café da manhã, almoçavam e jantavam no Nolinski Le Restaurant, em parte, por esse motivo. Era um restaurante com culinária mais elevada, os hambúrgueres de foie gras e o bife eram perfeitos, assim como todos os outros pratos, e o melhor de tudo, eles tinham cadeiras altas para crianças, então elas iam muito ao Nolinski.

No final da semana, Alexia e Gisèle tiveram um tempo só para elas. Gisèle tinha combinado com Luke, que estava em seu apartamento na cidade, de passar os últimos dois dias da viagem com Venetia. Ela havia deixado tudo o que Venetia poderia precisar, e então, naquela primeira noite longe da filha, ela e Alexia acabaram em um pequeno restaurante no Marais com um menu simples, escrito em giz em uma parede velha na entrada. Depois, elas passearam pelo bairro, acabaram em um bar de vinhos e dividiram uma garrafa de tinto, então meio que conversaram por quase duas horas até que, muito depois da hora de dormir, a hora de sempre, ainda estavam aproveitando a noite. Como uma última ideia de última hora, elas seguiram para o Moulin Rouge, na área de Pigalle no Boulevard de Clichy, em sopé de Montmartre, a cerca de vinte minutos de onde elas estavam inicialmente.

O passeio tinha sido sugestão de Gisèle, talvez porque ela supostamente fosse uma viajante cultural, ou pelo menos era o que ela ouvia as pessoas lhe apontarem sobre suas viagens. O "problema" era que ela geralmente nunca perdia a chance de ver um show quando estava viajando, e o Moulin Rouge era o maior quando se estava em Paris. A primeira vez que ela esteve em Nova York, ela se divertiu muito na Broadway, e viu Chicago, que era meio que um dos shows mais populares, há anos em cartaz. E a primeira vez que ela esteve em Paris, estava lá para ver Moulin Rouge. Em parte porque ela amou o filme de Baz Luhrmann, mesmo que Moulin Rouge fosse algo por si só, independente, sem a memória do filme.

Na verdade, Gisèle viu o filme quase uma década depois que ele foi lançado, porque ela tinha apenas sete anos quando isso aconteceu. Talvez ela não devesse ter se incomodado em ver o filme depois disso, mas ela amou Luhrmann no minuto que viu um de seus primeiros filmes, e ela assumia que ver Nicole Kidman como Satine tinha sido um daqueles momentos de "despertar" sobre sua sexualidade ou algo assim.

No Moulin Rouge, ela tinha estado lá duas vezes antes, e sabia o que esperar. A entrada, por pessoa, custava aproximadamente 90 euros, mas se o jantar estivesse incluído, esse preço poderia subir para quase 300. Gisèle passou pelo jantar, mas ainda assim pagou um pouco mais por conta da garrafa de champanhe que acabou em sua mesa. Quanto ao show em si, o Moulin Rouge oferecia dois horários todos os dias do ano, às nove e à meia noite, e a duração era de aproximadamente uma hora e quarenta. O segundo horário, normalmente, era quando realmente o espaço se enchia. Naquele dia não foi diferente.

Para Alexia, que não era exatamente do tipo que ia a shows como aqueles, ela parecia consideravelmente feliz em ir junto com Gisèle, na direção de mais de uma hora de espetáculo. Realmente um espetáculo, com os trajes de penas, as luzes brilhantes, as dançarinas se movendo, e fazendo isso tão certo que fazia parecer fácil.

Mas, no dia seguinte à noite no Moulin Rouge, foi a vez de Alexia ter um plano para o que fazer. Ela tinha dado aquela sugestão por toda a semana, e Gisèle não pode realmente ignorar, por isso, pouco depois da uma da tarde, a inglesa se viu sendo arrastada por Paris até o Parc des Princes para ver o Paris Saint-Germain jogar contra o Stade Rennais. Não parecia um jogo importante, mas o Messi estaria em campo depois de ter saído do Barcelona em agosto do último ano. Detalhe terrível, se Alexia estava realmente pontuando isso, mas as coisas eram como eram e o Barcelona não estava exatamente em um momento financeiro bom. De qualquer forma, ela estava em Paris e "tinha que ir ver o Messi jogar", como se não tivesse praticamente convivido com ele, de um jeito ou outro, nos últimos nove anos indo e vindo da Ciutat Esportiva.

O jogo em si, no entanto, foi um pouco decepcionante apesar do estádio praticamente lotado para a partida. Claro, Mbappé marcou no começo, numa corrida pela ponta que terminou com um final limpo, mas depois disso nada realmente aconteceu. O PSG parece satisfeito em manter a posse de bola, com apenas algumas tentativas sem entusiasmo de quebrar a defesa do Rennais. Messi estava em campo, mas parecia que ele estava mal envolvido, e quando ele pegava a bola, era principalmente para dar um passe ou iniciar uma jogada que não exatamente acabava em algum lugar. Alguns cartões amarelos para o PSG quase "animaram" as coisas, mas no final, Gisèle estava pensando que ela poderia ter se divertido mais assistindo aos highlights antigos das noites de Champions com o Messi com uma camisa do Barça, onde ele realmente fazia as coisas — e ela sabia que teria se divertido mesmo, porque já tinha feito exatamente aquilo com Alexia, enfiado em um pijama tarde da noite, mais vezes do que poderia contar.

Passando o jogo, e passando a tarde, a última coisa que Gisèle realmente fez em Paris foi parar no Les Crèmes, um café não tão conhecido, que nunca estava completamente cheio, mas que era um dos preferidos da garota se ela estava na cidade. O dia meio que passou rápido depois disso. Em um momento elas estavam fazendo o check-in no Le Bristol no início da semana e, no outro, estavam fazendo as malas, se preparando para o voo de volta para Barcelona, ​​com Venetia agitada depois de se despedir do pai, com o mais velho sem realmente saber se conseguiria a ver antes da metade do próximo mês, muito porque ele estava indo para Bath, para gravar, meio que voltando para sua segunda família, que era definitivamente o que o elenco de sua série era.

Dois dias após o retorno a Barcelona, ​​​​as coisas voltaram ao ritmo habitual. Bem, na maior parte. Alexia acordou cedo para treinar na Ciutat Esportiva terça-feira, e Gisèle passou a manhã em casa com Venetia, que tinha feito da sua nova diversão tentar rastejar atrás de Nala e rir toda vez que ela saiu correndo. Mas aquela terça-feira foi diferente. Muito porque Gisèle e Alexia tinham um compromisso marcado há semanas. No geral, era Gisèle quem vinha provocando isso há algum tempo, ainda que tivesse sido Alexia a jogar na mesa o plano vago de encontrar algo novo para elas, uma casa que parecesse mais com a família delas, para ter Gisèle em Barcelona de maneira permanente. Ainda que a inglesa estivesse em Barcelona permanentemente, de um jeito ou de outro, mas agora que as coisas tinham mudado, entre elas especialmente, a ideia de um espaço maior precisava deixar de ser apenas uma ideia.

Quando chegou na hora do almoço, Alexia conseguiu se livrar do treino da tarde. Ela entrou no carro depois de um banho pós-treino, enquanto vestia uma camiseta preta macia e calça de moletom, com um casaco nos ombros, e então fez o caminho de volta para casa, mandando uma mensagem para Gisèle, só para avisar que não demoraria. No tempo que ela chegou, não precisou realmente de muita espera, porque Gisèle tinha a visto parando o carro, e não foi nem mesmo um minuto depois para Alexia a ver caminhando em direção ao carro, sem Venetia, isso porque a garotinha estava na sala de estar com Alba, que não estava trabalhando naquele dia e comentou que não teria problemas em ficar com a sobrinha por algumas horas.

Gisèle chegou ao carro com um sorriso nos lábios e deslizou para o banco do passageiro sem dizer uma palavra. Ao afivelar o cinto, ela se inclinou para o lado e beijou Alexia. A mão de Alexia instintivamente encontrou a bochecha de Gisèle, e o momento demorou um segundo a mais do que talvez devesse. Eventualmente elas se afastaram, e então logo Gisèle estava falando animada sobre a casa que elas veriam enquanto Alexia seguia o endereço no GPS do carro.

A viagem até Sarrià-Sant Gervasi não foi longa, mas foi o suficiente para uma conversa mais agitada sobre o porque Gisèle ter pedido para agendar aquela visita. Havia tantos pontos. O distrito era privado, escondido em um dos cantos mais desejáveis ​​de Barcelona. Era conhecido por suas escolas internacionais, a cinco minutos de caminhada de uma estação de trem e a apenas seis quilômetros do centro da cidade. Ainda assim, parecia um mundo distante da constante agitação de Barcelona. Gisèle tinha feito uma rápida pesquisa no Google sobre a área antes e então ela tinha passado pelo bairro com a irmã de Alexia. As ruas eram bonitas e as casas escondidas atrás das fachadas protegidas eram realmente bonitas. Ela estava empenhada em ver a casa que tinha achado quase um mês antes.

O agente estava esperando por elas na entrada, embaixo do sol, em um terno que parecia mesmo muito caro de longe. Ele reconheceu Gisèle, e não só pelas conversas, mas pelo óbvio, ainda assim tentou não transparecer tanto a ideia que queria fechar aquele negócio ali, com pressa, justamente por ela ser ela.

A propriedade ficava mais alta, em um lugar onde se podia ver a cidade se espalhando. A casa em si era algo completamente diferente. Projetada por algum arquiteto famoso — "conhecido por suas casas elegantes e modernistas em Los Angeles", o agente comentou, embora Gisèle mal tivesse registrado o nome do homem. Alexia deu um aceno enquanto o agente falava sobre tudo, mas seu foco já estava mudando para os detalhes do lugar.

Os três andares se estendiam, todos conectados por um elevador no centro e uma larga escadaria de pedra de basalto que parecia acenar para cima, como se a casa estivesse dizendo para que todos entrassem e a conhecessem de perto. Havia espaços abertos por todo lugar, e tudo era muito extenso, que quase parecia possível se perder em uma parte da casa e nunca mais sair. Mas então havia muitas vistas. As janelas do chão ao teto emolduravam a cidade de um jeito muito bonito, e Alexia mentiria se dissesse que não tinha sido conquistada ali. Claro, todo o resto era bonito também, e a casa era definitivamente muito maior do que o lugar em que ela estava morando.

Lá pelo fim da visita, Gisèle estava parada perto de uma das janelas no andar principal, a voz do agente tinha quase desaparecido enquanto o olhar dela estava vagando para o lado de fora. Ela se encostou ao lado de Alexia, olhando para a extensão abaixo. Alexia, bem, ela estava pensando que talvez aquilo fosse o que as pessoas queriam dizer quando pontuavam a casa dos sonhos. O lugar tinha todas as coisas que ela nunca pensou em ter, mas parecia uma ideia boa ao vê-las na sua frente.

O único problema parecia ser o preço. Ela ouviu o agente comentar, e então levantou as sobrancelhas um pouco surpresa, mas na verdade não realmente. Fazia sentido. Mas o valor, e ela pensou, cinco milhões de euros era muito dinheiro. Alexia sabia que de um jeito ou outro poderia ajudar com a compra, ou tentar, e honestamente dinheiro nunca era mesmo um problema para Gisèle, mas gastar tanto dinheiro em uma casa parecia um pouco absurdo.

A verdade era que Alexia não precisava de tudo aquilo. Nem da adega, nem do closet enorme, nem da academia, nem da sala de estar extra no último andar com vista da cidade. Gisèle talvez precisasse, no entanto. Ela estava acostumada com aquele tipo de coisa. Ou pelo menos parecia que ela precisava, parada ali realmente considerando tudo. Talvez fosse por isso que Alexia não disse nada de ruim sobre o lugar quando elas se despediram do agente. Talvez ela só quisesse ver Gisèle feliz, mesmo que isso significasse aceitar a ideia de estar ali em termos que não eram os dela.

*

Quando Alexia colocou os pés no vestiário, com uma bolsa no ombro e seguindo em direção ao seu espaço, Irene já estava lá, amarrando seus tênis, com suas chuteiras apoiadas no banco que ela estava sentada, de cabeça baixa. Ela olhou para cima quando Alexia se aproximou.

— Bom dia — Alexia murmurou.

— Bom dia. Você parece... não exatamente bem — Irene comentou, boa em fazer aquele tipo de coisa. Entender Alexia mesmo que ela não tivesse dito nada — O que houve?

— Por que a pergunta?

— Sua cara — a mais velha foi honesta.

— Muito obrigada — Alexia falou, um tom mais irônica do que qualquer costume — Hm, Gisèle encontrou esta casa, e fomos ver ontem. Um lugar muito legal, não vou mentir. Fica em Sarrià-Sant Gervasi, meio no alto da colina, sabe?! É bonito, é moderno, toda de vidro e com uma boa vista. Gostei. Gostei muito.

— Parece ótimo — Irene murmurou, ainda focada em seus pés, mas elas estavam ouvindo e levantou o rosto um segundo depois, endireitando sua postura — Então, vou perguntar, qual é o problema?

— O problema... — Alexia começou, e logo em seguida ela estava ocupando espaço vago ao lado de Irene — É o preço. É... bem, é muito. É o tipo de coisa em que nunca imaginei gastar tanto dinheiro. E sim, eu sei que Gisèle tem mais do que o suficiente para isso, mas... eu não sei, eu meio que quero ajudar com isso também, ainda que pareça um pouco impossível. Eu sinto que devo ajudar, mas gastar esse tipo de dinheiro em uma casa simplesmente não parece comigo. Você acha que parece?

— Não exatamente, mas... — Irene levantou uma sobrancelha — Qual o preço?

— Cinco milhões ou qualquer coisa assim.

— Ah, sim, isso é... isso está lá em cima.

— Exatamente — Alexia disse, concordando — E a questão é que Gisèle já disse que está bem com isso, que ela realmente não precisa da minha ajuda com o dinheiro. Mas eu ainda quero ajudar. Eu não quero apenas ficar de braços cruzados e deixar ela comprar tudo. Tipo, preciso sentir que estou contribuindo para o que estamos construindo juntas.

— Você precisa falar disso com ela — Irene deu de ombros — Quero dizer, se a casa parece a casa certa para vocês duas, talvez não seja sobre dinheiro. Você gostou do lugar?

— Gostei.

— Talvez você só precise deixar acontecer. Não é como se você não estivesse contribuindo de outras maneiras, certo? Você vai se casar em breve, ainda que você não tenha uma data, ou pelo menos esse é o plano, pelo que você tem falado. Então, talvez pense nisso como... você está construindo algo maior do que apenas "a casa".

— É, acho que isso faz sentido. É tão... estranho também. Nunca pensei em gastar tanto em nada. Você sabe, a gente está sempre pensando no dia seguinte ou no que vamos fazer quando isso aqui... — ela acenou para o espaço ao redor — Não for mais uma coisa. E então eu vejo a Elle, e ela está sempre tipo, "é, eu posso pagar por isso', como se não fosse muito.

— Você talvez precise entrar em bons termos com o fato de que está com alguém que tem uma relação diferente da sua com dinheiro. Uma relação muito diferente, é preciso dizer — Irene riu suavemente — Mas ouça, se ela estiver bem com isso e você amar a casa, talvez você só precise confiar nela nesse ponto. Não é como se você não fizesse parte dessa decisão só porque não está investindo cinco milhões na coisa toda. Você faz parte do quadro geral. Você é praticamente a mãe da filha dela. Claro, Venetia tem um pai presente, mas você me entendeu.

— Talvez eu só precise mesmo me acostumar com a ideia.

— E ei, você vai morar em uma casa legal de qualquer maneira, então eu não ficaria muito estressada com isso também — a mais velha brincou.

— Ok — Alexia riu, se levantando — É um jeito de pensar.

*

Quando Venetia finalmente caiu num sono calmo e sua respiração suave preencheu o espaço do quarto, Gisèle pôde se despedir da filha e caminhar em direção ao quarto de Alexia, com os pés descalços no chão gelado. Alexia saiu do banheiro minutos antes, e seu cabelo estava solto em volta dos ombros, mas completamente seco já que ela tinha gasto o tempo o secando. Ela estava deitada de bruços na cama, usando apenas um top esportivo e um short mais solto. Não estava exatamente quente ali dentro, mas sua pele ainda estava mais quente do banho que tinha tomado.

Assim que sentiu o colchão afundar levemente sob o peso de Gisèle, Alexia virou a cabeça, levantando o rosto do travesseiro. Gisèle estava usando uma de suas camisas — um pouco grande demais para ela, com a bainha roçando em suas coxas. A inglesa sorriuu gentilmente, acomodando-se ao lado de Alexia, seus dedos seguiram diretamente para as tatuagens em suas costas.

— Ei — Gisèle disse baixinho. Ela deixou seus dedos traçarem as linhas de tinta ao longo da espinha de Alexia, correndo suavemente por ali.

— Você sabe... — os olhos de Alexia se fecharam por um segundo antes dela murmurar — Ter a mulher mais linda do mundo tocando suas tatuagens é uma das melhores coisas dessa vida.

— É mesmo? — Gisèle riu — Melhor do que... não sei, ganhar uma segunda Champions na frente da sua torcida?

— Ok, ok — Alexia balançou o rosto, ou quase, mas ela fez como conseguiu e sorriu na direção de Gisèle — Não vamos nos emocionar também.

Ambas riram e Gisèle se inclinou, tocando os lábios no ombro de Alexia. Alexia se mexeu, virando de lado para que elas ficassem de frente uma para a outra, seus narizes quase se tocando. Seus olhos se encontraram e a mais velha se inclinou dessa vez, com seus lábios encontrando os de Gisèle no meio do caminho.

— Podemos conversar? — Alexia disse quando se afastou.

— Sobre? — Gisèle levantou uma sobrancelha, sua mão ainda apoiada nas costas de Alexia.

— A casa que vimos — ela disse — Eu estive pensando nisso. É só que... é muita coisa. Não só o dinheiro, mas tudo. E eu sei que você está bem em pagar por isso, mas eu não quero sentir que estou apenas... vendo tudo acontecer sem fazer nada. Você entende?

— Ale — Gisèle falou gentilmente, correndo a mão pelas costas Alexia — Eu não tomaria uma decisão como essa sem você. Eu sei que é muita coisa, mas não é sobre dinheiro. Você faz parte disso e não se resume a quanto você gasta.

— Eu sei. É só que... eu não quero sentir que não estou contribuindo. Que não estou fazendo a minha parte.

— Você faz mais do que o suficiente, e bem mais do que "sua parte" — Gisèle se inclinou novamente, apoiando sua testa contra a de Alexia — Mesmo. Você estar aqui, comigo, com Venetia, é isso que importa. Estamos fazendo isso juntas, e não é sobre dinheiro, não mesmo.

— Tenho pensado muito sobre isso — disse Alexia depois de um momento — A casa, eu digo, e... tudo, na verdade. Você sabe, a maioria das mulheres com quem eu jogo ou joguei... elas não podem se aposentar e viver do que ganharam durante o tempo que estão jogando. Quer dizer, fui inteligente com meu dinheiro e posso muito bem fazer isso. Em alguns anos, eu poderia me aposentar e viver bem. Mas isso não é normal no jogo feminino — Gisèle não a interrompeu, apenas manteve sua mão se movendo lentamente, traçando as costas Alexia. Ela entendeu de onde aquilo estava vindo. Realmente entendeu — Eu não sou louca de sair vivendo um estilo de vida com carros ou casas, completamente insana. Eu sou cuidadosa. Paguei os empréstimos estudantis da minha irmã, ajudei minha mãe... Não preciso de muito. E, você sabe, nos últimos dois ou três anos, tive muito sucesso com o time, e estamos ganhando muito mais dinheiro no lado feminino do que antes, ainda que de um jeito não seja nada comparada com os caras do outro lado. Então, sabe, estou naquele percentual superior que poderia pensar em apenas viver minha vida depois de tudo isso.

— Bem, se você entende de onde você está vindo, você não deveria se sentir culpada por isso.

— Não, não — Alexia suspirou, se ajeitando na cama de costas, seu olhar fixo no teto agora — Eu não me sinto culpada, não exatamente. É só... é muita coisa para pensar. Eu sei que tenho sorte, que tenho oportunidades, e que trabalhei por isso também, claro, e que, por alguma razão, quero dizer... por alguma razão, eu sou realmente boa no que faço. Mas eu não quero levar isso como algo garantido.

A vida de Gisèle era diferente, mas sobre isso ela nunca tinha sequer mentido. Fama, dinheiro, sucesso, tudo tinha chegado cedo para ela, de uma forma que era quase difícil de entender bem quando ela olhava para trás. Ela estava assinando contratos de milhões de euros antes mesmo de saber como administrá-los, ainda jovem demais, e ela tinha vivido em um mundo onde pessoas como ela às vezes apenas viviam confortavelmente sem precisar pensar no que poderia vir a seguir.

— As coisas têm sido diferentes para mim. Estou nisso há um tempo, e eu meio que encontrei o sucesso cedo. Eu sei o tipo de dinheiro que eu tenho acesso... não é o mesmo para você. E eu odeio que seja assim, se eu for ser honesta. Quero dizer, eu não tinha muita ideia, mas conhecendo as garotas do Barcelona... você sabe.

— Eu sei.

— E eu já disse isso, mas sobre a casa... Na verdade não é sobre quanto dinheiro eu estou investindo nisso. É sobre nós construirmos algo juntas. E se aquela casa parece certa para você, para mim, para nossa família, então é isso que importa.

— Eu entendo, entendo mesmo. Mas é muito dinheiro. Não quero que você pense...

— Por favor, não diga que não quer que eu pense que você está se aproveitando ou algo assim, porque nós duas sabemos que não é isso. Não é. Você não está. Não é algo — Gisèle a interrompeu, porque era praticamente o pensamento óbvio, e ela sabia que Alexia estava a um passo de pontuar aquilo.

— Eu não quero que pareça... desigual.

— Não é desigual. Nunca foi desigual. Quer dizer, vamos lá, você realmente acha que estou controlando isso? Que toda vez que pedimos comida para viagem, ou compramos algo para casa, ou vamos para algum lugar e eu fico com a conta, eu estou sentada lá tipo, 'Bem, são mais vinte euros na minha conta, Alexia.' Somos nós. Eu posso pagar. Nós duas sabemos disso. E honestamente, eu só... eu só quero que você me deixe fazer isso. É isso. É só o que eu estou pedindo.

Alexia ficou quieta por um momento. Ela passou a mão pelo cabelo, então a deixou cair ao lado do corpo.

— Só não quero que você sinta que está carregando tudo.

— Não estou — Gisèle garantiu — Você faz coisas por nós o tempo todo. Isso... isso é só uma coisa. E eu quero fazer isso, mesmo.

Alexia olhou para cima, seus olhos procurando o rosto de Gisèle, tentando encontrar algum argumento que se sustentasse. Mas era difícil, especialmente quando ela sabia, no fundo, que Gisèle não estava exatamente errada.

— Você tem certeza disso?

— Sim. Tenho — Gisèle falou — Realmente tenho.

— Certo... — Alexia murmurou, e então sorriu um pouco — Eu te amo, mas você sabe disso — ela disse, voltando a virar o corpo para encarar Gisèle.

— Eu também te amo — Gisèle murmurou — E, além disso, acho que temos algo muito especial aqui. Não estou preocupada com o resto, amor.

Os lábios de Alexia se contraíram em um leve sorriso, e ela se inclinou para o toque de Gisèle. Os dedos de Gisèle se arrastaram para cima, tirando os cabelos de Alexia para o lado do pescoço, e ela se arrepiou sem precisar de muito. Ela deixou a mão ali, bem na base da garganta de Alexia, o toque roçando sua clavícula.

— Você sabe como me deixar um pouco mais tranquila — Alexia disse suavemente, sua respiração prendendo um pouco.

— Não se trata de te apenas te deixar mais tranquila — Gisèle respondeu — Na verdade, é mais sobre te lembrar do que é importante.

— E o que é importante? — Alexia perguntou.

— Nós — ela disse — Isso aqui.

— Vem cá — Alexia murmurou, sua voz abaixando enquanto ela puxava Gisèle para mais perto. Ela se mexeu um pouco, seu corpo virando apenas o suficiente para deixar Gisèle se acomodar com suas pernas ali, uma de cada lado dela.

Gisèle não estava usando muita coisa, só aquela blusa larga que mal chegava até o fim de suas coxas, e o tecido se amontoava conforme ela se movia, revelando mais de si mesma. A simplicidade do momento, e a intimidade por si só fazia tudo parecer ainda mais doce. Ela se inclinou e seus lábios tocaram suavemente os de Alexia. A mais velha deixou suas mãos se moverem para a cintura de Gisèle, a segurando ali. Os quadris de Gisèle pressionaram um pouco mais perto dos de Alexia. Então as mãos de Alexia deslizaram pelas costas de Gisèle, sobre o tecido solto da blusa.

— Eu te amo — Gisèle repetiu.

— Eu te amo — Alexia murmurou — Você é tão linda.

Gisèle se levantou um pouco, apenas o suficiente para olhar para ela, e um pequeno sorriso acabou sendo puxado logo ali, no canto de sua boca.

— Você sempre diz isso — ela falou, arrastando os dedos da mão direita ao longo do maxilar de Alexia — Mas acho que você quis dizer isso ainda mais esta noite.

Alexia sorriu, e então uma risada silenciosa escapou dela. Ela quis mesmo dizer aquilo, de uma forma que parecia quase grande demais para colocar em palavras.

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