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26 | LÁGRIMAS EM IBIZA

CAPÍTULO VINTE E SEIS | UN VERANO SIN TI
❝LÁGRIMAS EM IBIZA

me diga que não é o fim, a verdade é que eu não sei por onde começar, tentando dançar para afastar meu coração partido ⸺ TEARS IN IBIZA; the stickmen project

GISÈLE MAL FALOU COM ALEXIA, PELO MENOS DESDE QUE DEIXOU BARCELONA PARA AS COMEMORAÇÕES DE FIM DE ANO. Ela havia decidido, no último minuto, terminar o ano em Londres, e o silêncio entre ela e Alexia se estendeu, longo e desconfortável.

Toda vez que seu celular tocava, ela meio que esperava que fosse Alexia, com um pedido de desculpas ou algo assim, na verdade. Mas de um jeito ruim, nunca era. E ela não estava pretendendo dar o primeiro passo. A teimosia era forte em Alexia, mas com Gisèle não era diferente, e agora era justamente esse detalhe que estava levando a melhor sobre ela.

De volta a Londres, as coisas eram mais previsíveis. As luzes de Natal brilhavam intensamente na cidade, e as decorações estavam lindas com a iluminação da Carnaby Street, seguindo pela Regent Street até a Oxford. O ar quase parecia cheirar a todos aqueles pães assados ​​britânicos e a chocolate quente, e a família de Gisèle estava mergulhada exatamente no tipo de caos em que ela precisava estar para se distrair da confusão com Alexia.

Uma semana após retornar a Londres, Gisèle estava na casa do irmão mais velho, Henry. Venetia estava encolhida em seu DockATot, dormindo e alheia a tudo ao seu redor, enquanto Henry estava encolhido na outra ponta do sofá, com o nariz enterrado no celular. Ele tinha algo para fazer relacionado ao trabalho, algo que surgiu no último minuto, mas Gisèle mal registrou o que ele disse, e ele disse muito. Sua atenção estava no iPad em suas mãos, onde o Barcelona estava jogando seu último jogo antes do fim da pequena pausa de fim ano - contra o Madrid CFF.

O jogo estava estranho. Fora de controle, de alguma forma. Normalmente, o Barça estaria no controle total porque era o time superior, mas ali tudo parecia irregular. O time não estava ruim em campo. Era Alexia que não estava jogando bem e, como resultado, do meio-campo, nada parecia estar funcionando. A jogadora estava fora de sincronia com suas companheiras de equipe, errando passes e perdendo chances claras.

Gisèle observou a câmera dar zoom em Alexia após outro passe errado, sua expressão ilegível, mas Gisèle a conhecia bem o suficiente para ver a frustração aumentando. Os ombros de Alexia estavam tensos, seus movimentos menos fluidos do que o normal, e Gisèle se perguntou se ela estava pensando nelas, e era por isso que ela parecia tão desconectada. Bem, ela odiava o pensamento, se fosse honesta. Odiava a ideia de que a bagunça delas tivesse vazado para o jogo de Alexia. Ela deveria ter sido capaz de compartimentar isso, para manter tudo fora do campo, mas talvez não fosse tão fácil. Não quando você estava em um relacionamento como aquele, especialmente para Alexia, que sentia tudo tão profundamente quando se tratava de Gisèle.

A inglesa olhou para Venetia, seu pequeno peito subindo e descendo no ritmo suave do sono, e ela se mexeu no conforto do DockATot. O celular de Henry tocou um segundo depois, e ele murmurou algo para si mesmo antes de se levantar para atender a ligação, indo em direção à área externa nos fundos da casa. O olhar de Gisèle voltou para o jogo. O placar ainda estava 0-0, e o Barcelona deveria estar vencendo por pelo menos dois ou três se fosse um jogo normal. O Madrid CFF não era um time difícil, nem de longe, mas ainda assim estava dando uma boa luta. E então Gisèle viu, outro passe errado de Alexia que quase levou a um contra-ataque.

A garota queria sussurrar "O que há de errado com você?" como se Alexia pudesse ouvi-la a milhares de quilômetros de distância, mas ela permaneceu quieta. Isso era parte do problema, e Gisèle meio que sabia disso. A distância que ela havia colocado entre elas. O fato de que elas não tinham se falado antes de Gisèle ir embora. Mas Gisèle esperava que o tempo separadas esfriasse as coisas, desse a ambas uma chance de respirar. Ela tinha boas intenções. Mas, em vez disso, parecia que ela estava só piorando tudo.

Outro ataque fracassado do Barça, e desta vez, Gisèle conseguiu ver Alexia revirar os olhos enquanto ela gesticulava em direção a árbitra quando ela ganhou um desafio mais duro e a outra jogadora não recebeu nada por isso. O jogo se arrastou depois disso, os minutos passando muito devagar, e o Barça ainda não tinha encontrado um avanço. Gisèle fechou a transmissão antes do fim, assim que Henry voltou para a sala de estar, segurando uma xícara de café. Ele se sentou ao lado da irmã, em vez de voltar para onde estava antes, e esticou as pernas em direção à mesa de centro.

— Eu deveria ter... — Gisèle começou, mas parou, sem nem saber o que queria dizer.

Henry olhou para ela, tomando seu café. Ele era, de certa forma, o mais indiferente emocionalmente dos irmãos, mas de alguma forma esse fato era reconfortante às vezes. Em parte, era a razão pela qual Gisèle gostava tanto de conversar com ele. Henry nunca a forçaria a falar sobre nada. Ele estava lá, e a ouviria se ela quisesse ser ouvida.

— Jogo difícil? — ele perguntou, sabendo o que sua irmã estava vendo minutos antes porque tinha ouvido o comentário, mas ele também tinha olhado para o placar quando abriu o Google para procurar outra coisa em seu celular.

— Sim — disse Gisèle.

Ela se recostou no sofá e pensou que não era assim que ela havia imaginado passar o Natal, mas também não conseguiu se arrepender cem por cento. Bem, Alexia estava tendo um dia péssimo, mas ela teria de lidar com isso.

— E o que você estava dizendo... você deveria, exatamente, fazer o quê? — Henry perguntou, e então continuou, sem espaço para a resposta — Quer falar sobre isso?

— Não há nada para falar. Você sabe o que aconteceu.

— Sim, eu sei — Henry concordou — Mas você ainda está irritada com isso, então talvez valha a pena desabafar.

— Foi só... idiota.

— Certo. A coisa toda da Mapi.

— Não era sobre a Mapi. Não realmente — Gisèle deu de ombros — É o fato de que Alexia achou que eu seria tão idiota ao ponto de tentar a deixar com ciúmes, como se estivéssemos num joguinho e não em uma relação séria de quase um ano — Henry levantou as sobrancelhas, mas não a interrompeu — E sabe o que é ridículo? Não foi nem o ciúme em si que me irritou. Eu entendo, as pessoas ficam com ciúmes. Mas sugerir que eu faria algo com Mapi na cara dela de propósito só para ter uma reação... não tem nem sentido.

— Bem... quero dizer, talvez ela tenha se deixado levar, sabe? As pessoas dizem coisas estúpidas quando estão com raiva — ele disse, tentando soar o mais neutro possível — Não que eu esteja defendendo ela, mas... você sabe como é.

— É, bem, eu não gosto de ser acusada de algo que não fiz. Especialmente não por alguém que deveria confiar em mim.

— Não, eu entendo. É só que... parece que ela estava se sentindo insegura. Ciúmes deixam as pessoas paranoicas. Talvez ela tenha visto algo que não estava lá.

— Eu não estava fazendo nada. E a pior parte é que acho que ela nem percebeu o quão fodido foi pensar que eu poderia fazer.

— É complicado. Mas olha, vocês duas nunca tiveram um grande desentendimento e, quero dizer, vocês duas são teimosas pra caramba, ao menos pelo que você comenta sobre a Alexia. Em algum momento isso teria de acontecer. Aconteceu agora. Então, é só tentar fazer disso uma lição. Conversar funciona.

— É, eu sei, mas... sei lá. Eu me cansei no minuto em que ouvi o que ela tinha para dizer sobre isso. Por isso voltei para cá, acho que só estava precisando estar em casa, de novo.

— Eu entendo — Henry olhou para a irmã — Mas bem, vocês vão passar por isso, eu tenho certeza.

*

O vestiário ainda estava agitado, embora a partida já tivesse acabado há mais de vinte minutos. A energia não tinha diminuído, e havia um distinto ruído residual do que era uma comemoração bem merecida após uma vitória duramente conquistada, o que não era tão comum na Liga F. O Barcelona era o time superior. Parada ali, em meio ao som das garotas tirando suas chuteiras, as garrafas de água sendo jogadas para frente e conversas enquanto parte da recuperação começava, Alexia não estava realmente presente. Ela se sentou meio caída no banco, tirando as meias lentamente, olhando para o chão, tirando as chuteiras e então se encostando na parede atrás dela.

Sua mente estava em outro lugar. Não tinha sido sua melhor noite, e ela sabia disso. Ficou óbvio desde o minuto em que o jogo começou. Muitos toques pesados, passes ruins, correndo quando ela deveria ter ficado no lugar e ficando quando deveria ter mudado de posição. Até as jogadas mais simples pareciam uma luta, e para alguém como ela, isso era dizer alguma coisa. Ela nem queria ver o que as pessoas diriam nos comentários pós-jogo, e não que ela fizesse isso com muita frequência, mas se havia um dia para não entrar nas redes sociais, era justamente aquele. Afinal, Alexia não precisava que ninguém lhe dissesse o que ela já sabia; ela tinha estado no campo.

— Ei — uma voz familiar interrompeu o silêncio de Alexia. Mapi, pronta para tomar um banho, com uma toalha pendurada no ombro, se aproximou e sentou ao lado de Alexia. Ela não disse nada a princípio, apenas a encarou, como se estivesse tentando descobrir se Alexia falaria ou se ela realmente precisava perguntar o que ela queria perguntar. Alexia ficou quieta, puxando um fio solto do short que estava usando. Mapi se recostou, os braços cruzados sobre o peito  — O que aconteceu lá fora?

— O que você quer dizer? — Alexia murmurou, mas manteve os olhos no short, como se se livrar daquele fio solto fosse a tarefa mais complicada do mundo.

— Você não era você mesma. Quer dizer, nós vencemos, mas...

— Eu só... não estava focada — Alexia soltou um suspiro suave e deixou sua atenção de lado em seu short, recostando-se na parede.

— É, eu percebi — houve um momento de silêncio, e então Mapi perguntou, com preocupação genuína — Isso é porque Gisèle foi passar o Natal com a família? Quer dizer, eu entendo que vocês amam ficar juntas, mas se toda vez que ela estiver distante vocês agir assim, nós meio que temos um problema.

— Não é isso. Eu só tive alguns dias difíceis — Alexia disse, se mantendo vaga.

— Bem, seja lá o que for, afetou você esta noite — ela fez uma pausa, escolhendo suas palavras cuidadosamente — Eu só estou dizendo... se há algo acontecendo, você não precisa lidar com isso sozinha, a ponto de deixar que isso se espalhe para o campo.

Alexia deu de ombros, sem entusiasmo. Ela sabia que Mapi estava certa. Normalmente, ela era aquela em quem todos se apoiavam, aquela que mantinha as coisas estáveis, mas naquela noite, ela não tinha conseguido se manter por perto, muito presa em si mesma. Mas como ela poderia explicar o que estava acontecendo quando falar sobre isso era na verdade um pouco embaraçoso. Ela tinha sido a errada na situação. Ela estava com raiva, e não de Gisèle, mas com raiva de si mesma e irracionalmente com raiva no momento que levou a tudo isso, mesmo que não fosse culpa do momento em si. Muito porque, olhando bem, ela reconhecia que nada tinha acontecido.

— Estou bem — disse Alexia, soando um pouco vazia demais, até mesmo para seus próprios ouvidos — Sério. Só... cansada.

— Certo —  Mapi a estudou por um longo momento, claramente ainda não convencida, mas decidindo não pressionar mais. Alexia assentiu, silenciosamente grata por não receber mais perguntas. Mapi se levantou então, dando a Alexia um último olhar — Temos essa pausa agora, então... tente descansar. Vejo você em janeiro.

— Eu vou fazer isso — Alexia murmurou, nem mesmo olhando para cima — Hm... obrigada.

— Pelo quê?

— Por se importar. 

*

Gisèle passou o Natal como a maioria dos anos anteriores, com sua família, com todos trazendo algo para a mesa. A casa de sua mãe estava cheia – Henry, Robbie, Daria e River todos se juntando às comemorações. Misha até levou seu novo namorado, Son – que Gisèle sabia que era uma estrela do Spurs, o que os levou a algumas boas discussões considerando que metade da casa estava cheia de fãs do Arsenal. De qualquer forma, todos deixaram claro que North London era vermelho. Mas Son era um cara legal e se deu bem com todos, especialmente com aquele que importava, o pai de Misha.

Celeste também convidou sua família extensa – sua mãe e irmãs – então em um ponto havia muitas vozes na sala, se sobrepondo, competindo, interrompendo umas às outras. Mas era caloroso, porque lembrava das reuniões de fim de ano da infância de Gisèle, como sempre eram. Houve momentos em que ela podia sentar e assistir seus irmãos agirem como se não tivessem atingido a maioridade, brigando por cada pequena coisa, ou pegar seu padrasto e seu pai conversando sobre o jogo de futebol da semana passada, de uma forma que parecia estranhamente reconfortante. Normal, para dizer o mínimo.

Duncan, na verdade, tinha ficado lá a maior parte do dia, até a noite. Mas então, na manhã de Natal, ele saiu de Londres cedo para ir para Milton Keynes, onde passaria o dia com seu lado da família. Gisèle também passou direto pelo dia casa da mãe. No dia 25, ela estava pronta para levar Venetia para a casa da família de Luke em Southampton. Não pronta para ficar lá, mas foi exatamente o que aconteceu.

Luke tinha o tipo de família em que as pessoas realmente gostavam umas das outras e gostavam de receber pessoas. Então o lugar estava muito lotado. Venetia chegou e se viu com seus avós sem problemas, e antes que percebesse, Gisèle estava ficando mais tempo do que havia planejado, bebendo vinho e ouvindo a mãe de Luke contar suas velhas histórias. Ela insistiu que Gisèle ficasse para o almoço, e a garota acabou reparando que parecia meio incapaz de dizer não. Então ela ficou, e acabou passando a tarde observando Venetia sorrir para todos que a pegavam, e tentando brincar com os sobrinhos mais velhos de Luke, como se realmente soubesse o que estava acontecendo. Gisèle percebeu o quão confortável tudo ainda era, apesar de tudo. Enquanto isso, Alexia estava em Barcelona, ​​passando o Natal com sua própria família - sua mãe, irmã e alguns parentes de sua mãe. Eles se reuniram na casa de Eli em Mollet, e Gisèle imaginou que provavelmente seria tão simples quanto os Natais de Alexia geralmente eram, pelo que ela havia lhe contado, mas não menos animado. Era assim que Alexia gostava das coisas. Gisèle se perguntou, brevemente, se Alexia tinha sentido sua falta naquele dia. Mas então ela afastou o pensamento, porque pensar em Alexia não parecia realmente a melhor coisa no momento.

Elas não se falaram. Nem no Natal, nem no Ano Novo. Na verdade, elas não se falaram por dias. No Ano Novo, Alexia foi para Ibiza com Jenni, Leila, Laia e Misa, e pelo jeito das coisas - se o Instagram era alguma indicação - foi uma viagem despreocupada. Gisèle não conseguiu evitar sentir uma pontada de algo, ciúme, talvez, ou apenas frustração por Alexia parecer estar vivendo sua vida tão facilmente, sem se importar que ela estava fora.

Gisèle, por outro lado, foi para Milton Keynes para passar o Ano Novo com a família de seu pai. Foi agradável o suficiente e muito mais tranquilo do que o caos do Natal, mas quando janeiro chegou, ela estava deixando Londres. Era o começo de janeiro, e a primeira partida do Barcelona de volta das férias de fim de ano era grande: as quartas de final da Copa de La Reina. Gisèle desembarcou em Barcelona na tarde do jogo, e a cidade a recebeu com uma recepção mais fria do que o normal para o clima costumeiro.

Ela foi para a casa de Alexia, com Venetia tirando seu sono da tarde, sua atenção na filha, mas também na transmissão da partida de Alexia contra a Real Sociedad que havia começado trinta minutos atrás, e pelo que Gisèle pôde perceber, com uma rápida olhada em suas notificações, não parecia estar indo muito bem.

Bem, se alguma coisa, era consistente com o último jogo antes da pausa. Alexia tinha jogado muito mal, e parecia estar indo na mesma direção. Gisèle não precisava de muito para entender isso, e ela praticamente podia ouvir os comentaristas dizendo bobagens sobre isso.

Se a situação era frustrante para Gisèle, que estava apenas assistindo a tudo em uma tela, era ainda mais perturbadora para Mapi, que, fora da escalação devido a uma pequena lesão que a manteria fora por uma ou duas semanas, estava assistindo a tudo o que estava acontecendo das arquibancadas acima do banco de reservas. Em parte, foi precisamente o desconforto de ver um jogo consideravelmente fácil escapar das mãos de seu time que fez Mapi ligar para Gisèle.

O celular de Gisèle tocou quando ela estava chegando na casa de Alexia, no banco de trás do carro que Samih estava dirigindo - uma solução temporária, um carro alugado. Mas ela precisaria cuidar daquilo se estivesse ficando em Barcelona indefinidamente. O que ainda era o plano.

— Por que você está me ligando? —Gisèle perguntou.

— Que merda está acontecendo com a Alexia? Ela está... ela está brincando como se tivesse esquecido como chutar uma bola. Parece está tentando lembrar se deixou o forno ligado em casa, preocupada com o ferro de passar a roupa na tomada, e não com o que está acontecendo no campo.

— Está tão ruim assim? — a garota murmurou — Não parecia tão preocupante olhando daqui.

— Ah, pelo menos você está vendo... — Mapi revirou os olhos — Olha é uma merda que você está em Londres-

— Não estou em Londres.

— Não?

— Estou chegando na casa da Alexia.

— Bem, isso é menos ruim — Mapi disse — Olha, Gisèle, eu sei que ela está completamente fora de si por conta de algo que aconteceu com você.

— Não é exatamente justo me culpar por isso.

— Não estou te culpando, mas você... você é parte importante da vida dela. Ela não tem ideia do que está fazendo, isso não é nem certo. Então, seja lá o que aconteceu, eu preciso que você venha até o estádio, fale com a Alexia no intervalo e conserte isso. Faça o que você tiver que fazer. Fale com ela, grite com ela, ou qualquer merda assim. O time precisa dela, e ela está completamente desanimada.

— Mapi...

— Por favor — disse Mapi, a urgência em sua voz deixando claro que ela não estava brincando —Estamos nas quartas de final da Copa de La Reina. Se Alexia continuar jogando como se estivesse perdida em sua própria cabeça, vamos ser eliminados pela Real Sociedad, de todos os times, e eu não consigo lidar com esse tipo de humilhação sem fazer nada. No caso, eu não posso estar em campo, então estou tentando a coisa mais próxima.

— Mapi, eu-

— Eu vou te interromper de novo e implorar se for preciso — Gisèle suspirou — Por favor.

— Tudo bem, tudo bem... eu vou.

*

Gisèle estava no corredor do Johan, que se ligava ao vestiário. Venetia estava bem com Eli, na seção reservada à família, e agora a inglesa tinha cerca de trinta segundos para organizar seus pensamentos - ou pelo menos fingir que sabia o que estava fazendo - antes de ver Alexia indo para o túnel, para retornar para o segundo tempo do jogo contra o Real Sociedad.

A verdade é que ela não sabia o que esperar. Alexia tinha sido uma bagunça em campo, e isso não era algo que alguém pudesse dizer levianamente. Ela estava falando sobre sua Alexia, que por sinal também era a Alexia Putellas, que até aquele momento tinha feito uma temporada quase absurda, com números até melhores que a da temporada passada, que lhe renderam a Bola de Ouro. Mas Gisèle tentou não pensar muito. Ela virou à direita, e lá estava Mapi, parada no túnel com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco, parecendo meio alheia, meio entediada. Mapi a viu quase imediatamente, erguendo uma sobrancelha quando Gisèle se aproximou.

— Você veio — disse Mapi com um sorriso, abrindo os braços para que Gisèle pudesse abraçá-la. Então ela o fez — Eu não tinha certeza se você realmente apareceria.

— Bem, eu tinha que aparecer — Gisèle murmurou, se afastando do abraço.

— Então... — Mapi olhou para onde as jogadoras logo estariam passando, então de volta para Gisèle — O que aconteceu?

— Não estou falando sobre isso agora. É só... complicado.

— Tudo bem — Mapi olhou para ela por um momento, mas não insistiu no assunto. Em vez disso, ela acenou com a mão e sorriu — É melhor você pelo menos tentar consertar isso, mas ei, só estou dizendo, sem pressão. É só que, bem, você provavelmente é a única que pode fazer alguma coisa de qualquer maneira.

Antes que Gisèle pudesse dizer qualquer coisa sobre isso, houve movimento no túnel. As jogadoras estavam retornando para o segundo tempo, e então lá estava ela - Alexia, seguindo um pouco atrás, caminhando lentamente. Ela parecia focada, como sempre, mas não exatamente feliz como em qualquer outro dia. Assim que viu Gisèle, seus passos diminuíram. Ela viu as garotas indo embora, e seus olhos dispararam entre Gisèle e Mapi, claramente tentando entender a conversa de última hora. Mapi deu um rápido aperto no ombro de Gisèle, sentindo que era hora de ir embora, e murmurou um "boa sorte" antes de desaparecer de volta pelo caminho que tinha vindo minutos antes.

Gisèle não teve muito tempo para pensar em Mapi indo embora, porque Alexia estava parada bem na frente dela. O constrangimento era um pouco óbvio demais. A tentativa de Alexia de sorrir saiu mais como uma careta - como se ela estivesse se esforçando demais para agir normalmente. Mas também não era como se ela não fosse estranha de vez em quando fazendo as coisas mais normais. Ela era um pouco.

— Ei — ela disse suavemente.

— Ei — Gisèle respondeu. O silêncio se estendeu entre elas pelo que pareceu uma eternidade, e Gisèle estava começando a pensar que ela teria que ser a única a quebrá-lo, quando finalmente, Alexia abriu a boca novamente.

— Sinto muito — ela disse, e Gisèle revirou os olhos com tanta força que pensou que ficariam daquele jeito para sempre.

— Ah, pelo amor de Deus — ela murmurou, dando um passo à frente e puxando Alexia para um beijo antes que ela pudesse pensar demais. Alexia congelou por um segundo, claramente não esperando pelo movimento, mas então ela derreteu, sua mão subindo para segurar suavemente o rosto de Gisèle. Quando elas se separaram, Gisèle manteve a mão no braço de Alexia, dando-lhe um leve aperto — Você precisa voltar lá e agir como uma pessoa séria. Jogar essa merda direito.

Alexia piscou, um pouco surpresa com a mudança repentina de tom.

— Espera, o que-

— Nós vamos conversar depois de tudo isso — Gisèle disse firmemente, a interrompendo antes que ela pudesse começar outro pedido de desculpas. Ela não estava com humor para uma longa conversa no meio de um túnel do estádio, ainda mais quando Alexia deveria estar voltando do intervalo — Estamos bem. Estamos bem. Você só precisa voltar lá e jogar como a Alexia que eu conheço.

Alexia abriu a boca, provavelmente para dizer outra coisa, mas Gisèle já estava se virando para sair. Venetia estava esperando com Eli, e Alexia precisava voltar ao seu jogo. Ela disse a Mapi que faria algo a respeito, e ela fez - do seu jeito. Mas quando estava prestes a sair, sentiu a mão de Alexia envolver sua cintura, puxando-a para trás. Antes que ela pudesse reagir, Alexia a estava beijando novamente - dessa vez com mais urgência, como se estivesse tentando transmitir tudo o que não tinha conseguido dizer nos últimos dias. Quando finalmente se separaram, Alexia apoiou a testa na de Gisèle, e sua respiração ficou mais uniforme.

— Sinto muito — ela sussurrou novamente, dessa vez mais suave, mais sincera.

Gisèle suspirou, afastando uma mecha de cabelo do rosto de Alexia.

— Você pode continuar dizendo isso — ela murmurou, e então sorriu e continuou brincando, — Mas isso não vai me impedir de dizer para você jogar melhor no segundo tempo — Alexia riu, e a tensão entre elas desapareceu, e foi diminuindo pouco a pouco.

— Eu sei. Eu vou... eu vou fazer o melhor.

— É melhor — Gisèle respondeu com um pequeno sorriso — Ou então eu terei que lidar com todos aqueles torcedores completamente malucos que esgotaram a capacidade do Johan para essa partida, e honestamente, não estou no clima para isso — Alexia sorriu. Gisèle deu-lhe um último beijo na bochecha antes de recuar, sua mão descendo pelo braço de Alexia até que elas finalmente a soltaram — Vai lá. Eu vou estar te assistindo.

Alexia concordou, seu olhar demorando-se em Gisèle por mais um momento. E então, quando Gisèle estava prestes a se afastar de vez, Alexia a segurou perto por mais um tempo, de novo. Ela a beijou. Mais lento, mais carinhoso. Quando elas se separaram, Gisèle ainda podia sentir o calor dos lábios de Alexia nos dela, e seu coração batendo um pouco mais forte, como se tivesse sido ela a correr os quase cinquenta minutos do primeiro tempo daquele jogo.

Alexia se inclinou para perto, sua respiração quente contra o ouvido de Gisèle enquanto ela sussurrava, quase suave demais para ouvir sobre o barulho do lado de fora.

— Eu realmente sinto muito pelos últimos dias — ela disse — Isso só me fez reparar que... mal posso esperar para finalmente colocar um anel em seu dedo e me casar com você — antes que ela pudesse dizer algo, antes que ela pudesse processar, Alexia se afastou com um sorriso. Um sorriso um pouco torto, como se ela soubesse exatamente o que tinha acabado de fazer.

— Você vai perder o início do segundo tempo se não for agora — Gisèle conseguiu dar um pequeno sorriso, sua voz mal passando de uma bagunça meio sussurrada — E eu vou cobrar isso, você sabe — ela disse, e Alexia riu, caminhando para o fim do túnel, se afastando, mas com seus passos para trás, e seus olhos brilhando com algo que fez o estômago de Gisèle ficar quase gelado.

— É melhor você cobrar. Estou contando com isso.

E com isso, Alexia saiu correndo, porque havia uma partida para terminar, e ela precisava mesmo mostrar mais do que tinha mostrado naquele primeiro tempo, porque tinha alguém para impressionar. E não que se baseasse naquele tipo de coisa, mas estava falando de Gisèle. E tudo com ela era tão... diferente.

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