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19 | A MANEIRA PERFEITA DE JOGAR COM SEGURANÇA

CAPÍTULO DEZENOVE | UN VERANO SIN TI
❝A MANEIRA PERFEITA DE JOGAR COM SEGURANÇA

sem rima ou razão, nós culpamos a estação por toda essa esperança e serotonina  DAISIES; good neighbours

O PRIMEIRO MÊS COM VENETIA FOI AGITADO, EMBORA NÃO DA MANEIRA QUE LUKE HAVIA IMAGINADO. Ele ficou em Barcelona nas primeiras quatro semanas, tempo suficiente para sentir que fazia parte de algo importante, mas não o suficiente para realmente se estabelecer em qualquer tipo de ritmo. Venetia era pequena e frágil, mas tinha uma vontade que falava muito sobre quem ela era com tão pouco tempo de vida - chorava quando queria, dormia quando queria e se alimentava sempre que Gisèle estava pronta, porque a garota mais velha parecia ser a única que realmente conseguia acalmar a filha nesse sentido, e isso acontecia quase o tempo todo.

Luke se viu ali parado por um longo tempo, imaginando qual era realmente seu papel em tudo isso. Ele estava lá, é claro, fisicamente presente, mas não conseguia se livrar da sensação de que era mais um visitante do que uma presença permanente na vida de Venetia. Ele não era aquele de quem Venetia precisava às duas da madrugada. E ele não era aquele em quem Gisèle se apoiava quando se sentia completamente exausta, embora ela sorrisse para ele quando se encontravam de manhã, e agradecesse quando ele lhe trazia chá ou se sentava ao lado dela no sofá porque ele passava a tarde com sua filha. No final, era contra Alexia que ela descansava quando finalmente desabava no conforto do quarto que ela chamava de seu, na casa da jogadora. Venetia também tinha seu espaço na casa de Alexia, arranjado no último minuto, mas bonito o suficiente com suas paredes azul-claras e decorações focadas em branco, com pequenas estrelas no céu e pequenos armários com roupas que definitivamente diriam adeus a Venetia em breve, porque a pequena tendia a crescer muito rápido - era assim que acontecia. Bem, pelo menos foi o que Gisèle ouviu.

Como Barcelona em julho era quente, muito mais quente do que Gisèle estava acostumada nos verões ingleses, o sol sempre batia forte com um calor quase irritante. Era tolerável ficar dentro de casa, mas sair nunca era uma má ideia também se fossem caminhar na sombra, e Luke acabou passando muito tempo andando pelas ruas rodeadas de árvores perto da casa de Alexia, arrastando o pequeno carrinho que Gisèle havia comprado alguns dias antes. A mãe de Gisèle, Celeste, estava por perto nas duas primeiras semanas, sempre pairando perto o suficiente para fazer parecer que estava sendo útil, embora na maioria das vezes ela estivesse mais no caminho do que qualquer outra coisa. Mas era uma coisa nova, e ela estava muito mais animada do que pensou que ficaria sobre a primeira neta, especialmente por ser de alguém que ela não imaginava que seria. Para Celeste, Robbie teria se estabelecido muito antes que os irmãos, e mesmo que as coisas com Gisèle não tivessem sido planejadas, ela, de certa forma, fez seu próprio caminho. No espaço de nove meses, ela não apenas deu à luz Venetia, mas também ficou noiva. A vida parecia boa o suficiente.

Outro que também ficou em Barcelona por duas semanas foi Henry. Enquanto Daria teve que voltar para Londres a trabalho, e o pai de Gisèle só visitou sua filha e neta por três dias, junto de Robbie e River, Henry ficou com sua mãe pelas mesmas duas semanas, tornando as coisas um pouco mais lotadas, mas não ruins. Ele estava hospedado em um hotel, o mesmo hotel que Luke, e se tornou um bom companheiro para o ator, porque saíam juntas ou então se encontravam à tarde para passar um tempo com Venetia. E embora Luke sempre tenha gostado de Henry, ele passou a apreciar a companhia do inglês de uma forma que não esperava. Henry tinha um senso de humor seco que cortava a estranheza da vida familiar naqueles primeiros dias, e ele ofereceu a Luke um alívio da tensão constante de não saber exatamente como ser útil quando todos os outros pareciam estar fazendo alguma coisa. Eles se sentavam juntos à noite, bebendo uma cerveja na sacada do hotel em que estavam hospedados, enquanto do outro lado da cidade Gisèle estava com Venetia e Alexia, ainda tentando descobrir como funcionar. Nessas horas, Henry dizia coisas como "bebês são ótimos até começarem a andar," o que o fazia concordar e rir um pouco, porque ele conseguia imaginar sua filha sendo tão enérgica quanto a mãe. Gisèle não foi a criança mais fácil. Ela era naturalmente agitada, e nunca ficava parada, e se Venetia fosse um por cento como ela, então eles definitivamente teriam um pouco de dor de cabeça.

Mas no meio de tudo isso, eventualmente, Henry e Celeste retornaram para Londres. Eles fizeram as malas, deram um beijo de despedida em Venetia e Gisèle, prometeram voltar logo - embora não estivesse claro quando "logo" realmente seria - e deixaram Luke sozinho com Gisèle e Alexia. Foi quando a realidade do pequeno trio inesperado realmente se instalou. Luke tirou uma folga do trabalho no Globe, e as primeiras semanas foram boas - caos de recém-nascido, claro, mas administrável. Mas na terceira semana, ele estava começando a sentir o puxão de sua vida de volta para Londres. Ele sentia falta do teatro, sentia falta dos bastidores, da expectativa de uma plateia ao vivo. E estar em Barcelona era como estar na vida de outra pessoa, interpretando um papel que não se encaixava completamente nele, e embora amasse Venetia, ele sabia que não poderia ficar para sempre naquela cidade. Eles deveriam dar um jeito, e isso era muito óbvio.

Enquanto isso, Alexia esteve em casa em suas curtas férias e esteve em casa na pré-temporada, o que significava que ela estava por perto o tempo todo. Se Luke já não estava se sentindo um estranho, isso certamente não ajudou. Ela era ótima com Venetia, naturalmente boa no tipo de coisas em que Luke se sentia desajeitado - segurá-la, acalmá-la, até mesmo trocar fraldas, o que ele não dominava sem fazer bagunça. A vida de Alexia havia se tornado menos externa e mais voltada para a família, e isso era evidente. Ela não se importava em conciliar tudo com treinamentos ou a imprensa constante que tinha começado a seguir a vida dela depois de uma temporada perfeita. Ela estava totalmente presente, algo que Luke admirava. Houve momentos em que Luke voltava de uma caminhada ou de uma ida ao mercado e encontrava Gisèle e Alexia encolhidas no sofá, Venetia entre elas, e era quase certo demais para ele. Elas pareciam uma família, o tipo de família que realmente não precisava dele cem por cento do tempo e ele não conseguia se sentir mal com isso.

Os dias se estenderam assim, um se misturando ao outro. As manhãs eram lentas, com Venetia acordando cedo e se agitando até ser alimentada. Luke se oferecia para ajudar quando batia na porta da casa de Alexia pouco depois das oito, mas não havia muito que ele pudesse fazer além de sentar-se à mesa da cozinha, observando Gisèle com Venetia muito agitada chamando a atenção de Alexia enquanto ela fazia café para eles. À tarde, ele levava Venetia para passear, empurrando seu carrinho pelas ruas. Eram essas caminhadas que mantinham Luke um pouco firme, dando a ele a chance de sentir que fazia parte de algo mais normal, mesmo que fosse só por um tempinho.

Mas, no final do mês, Luke estava se preparando para ir embora. Seu trabalho no Globe não era algo que ele pudesse apenas se afastar, porque tinha embarcado novamente naquilo há pouco tempo, retornando depois de quase dois anos longe da companhia, e estava prestes a começar uma corrida de quase seis meses no palco de Shakespeare. Embora Gisèle nunca tenha dito nada, ele poderia dizer que ela sabia que ele estava mais do que ansioso para voltar para Londres. Eles não falaram sobre isso. Em vez disso, eles apenas andaram em torno disso - Luke arrumando suas coisas uma manhã e então aparecendo para ver Venetia apenas à tarde e então comentando que estava verificando voos para a sexta seguinte. Bem, Gisèle o entendeu, e queria pontuar que estava tudo bem ter ele voltando para casa. Ela não queria que ele se sentisse mais preocupado por estar indo embora, até porque não era permanente. Além disso, Gisèle estaria lá. Venetia estava bem.

Na manhã em que Luke foi embora, agosto havia se acomodado bem, ainda com aquele calor característico do verão de Barcelona. Venetia estava cada dia mais habituada à sua pequena rotina, e Gisèle também, embora Luke pudesse dizer que ele mesmo estava segurando suas lágrimas porque ainda que quisesse voltar para Londres, também sentiria falta da filha. Gisèle foi levar Luke ao aeroporto, e Luke beijou a cabeça de Venetia, depois a bochecha de Gisèle. Em seguida, ele acenou para Alexia no banco da frente do carro e não disse muito, além de garantir que voltaria eventualmente, se Gisèle não seguisse para Londres tão cedo.

Dois ou três dias depois que Luke foi embora, Mapi e Jenni foram visitar a pequena Venetia numa tarde, o que foi, por si só, um tipo de evento próprio. Mapi chegou com um presente que provavelmente era mais para ela do que para o bebê - pequenos macacões do Barcelona nas cores do time, com o nome de Venetia impresso nas costas, como se ela já fizesse parte do time. Jenni levou alguns brinquedos, que muito provavelmente não seriam usados ​​tão cedo, mas também um cobertor, feito à mão, com o nome da garotinha bordado. Foi uma visita tranquila, mais sobre o costume de aparecer do que qualquer outra coisa. Mapi tirou fotos do bebê enquanto Jenni aproveitou para conversar com Alexia, porque elas mal tinham se visto depois do temporada. Quase houve uma breve sensação de normalidade diante daquele momento.

Depois disso, Misha também deu as caras em Barcelona. Chegou numa segunda-feira e foi embora na quarta-feira. Ela nunca ficava muito tempo longe de Londres, de qualquer forma. Ela estava na cidade a maior parte do ano e, mesmo quando tinha tempo para viajar, sempre parecia que estava apenas com metade de si onde quer que fosse. Mas Misha fez o seu tempo em Barcelona parecer o melhor. Ela levou presentes práticos como um aparelho de ruído branco que aparentemente deveria ajudar nas noites mais agitadas de Venetia e outras coisas que deveriam ajudar com o sono. E então, uma semana depois que Misha se despediu, Alexia estava de volta aos treinos, passando as manhãs com Adrián, seu fisioterapeuta, o que fez com que Gisèle se visse passando cada vez mais tempo em Mollet com a mãe de Alexia.

Gisèle nunca esperou realmente se relacionar tão bem com a mãe de sua namorada - noiva. A palavra ainda estava se acomodando na mente de Gisèle. Mas, de qualquer maneira, Eli tinha um jeito de fazer as coisas parecerem muito simples para as duas, e o espanhol de Gisèle estava quase cem por cento, então ela o usava praticamente a todo momento estando com Eli. A mais velha também cozinhava o almoço para elas, fazendo perguntas apenas o suficiente para mostrar que se importava mesmo, mas não o suficiente para fazer Gisèle sentir que estava sendo interrogada quando às vezes ela se sentia quando estava conversando com sua mãe. Elas se sentavam no pátio à tarde, Venetia nos braços de Eli enquanto Gisèle tomava seu chá de hortelã, e havia uma calma nisso que Gisèle não sabia que precisava até estar a sentindo. Alexia se juntava a elas no fim da tarde, cansada da sessão, mas ainda animada, e depois Alba voltava do trabalho, e então por algumas horas, tudo parecia muito bem. O mês caminhou assim, tranquilo, no final.

*

No início de setembro, Alexia estava no sofá com chaise, com as pernas esticadas. Venetia estava deitada sobre seu peito, com o calor do pequeno corpo do bebê tomando sua pele descoberta. Alexia estava usando apenas um top esportivo e shorts, com o tempo mais quente dentro de casa, o suficiente para justificar o mínimo de roupas naquele dia. Mas Venetia estava bem coberta, com um pijama azul de mangas compridas. Alexia podia sentir as pequenas respirações de Venetia contra sua pele, e seus dedos pequeno se contraindo enquanto ela dormia. A TV estava ligada, sintonizada em um noticiário catalão, mas o volume estava baixo, quase inaudível sobre o silêncio da sala. Alexia não estava realmente prestando atenção de qualquer forma, ela estava pensando sobre a próxima temporada, e o fato que faltava apenas uma semana para o início dela, e o momento simples de ter uma última pausa especial antes que a Liga F retornasse e as outras competições consumissem seus dias novamente.

Gisèle estava lá em cima, encerrando seu banho. Alexia praticamente insistiu que ela tomasse seu tempo, tivesse esses momentos para si mesma. Gisèle agradecia eles, e Alexia não se importava nem um pouco em ficar "sozinha" com Venetia. Na verdade, ela gostava disso. Aqueles momentos tranquilos em que eram apenas as três, sem pressa, sem barulho, sem cronogramas de treinamento. Para quem costumava estar sempre fazendo alguma coisa, Alexia se adaptou bem a estar levando tudo com mais calma. Ela não estava acostumada com aquilo, ficar tão parada, tão quieta, mas estava começando a entender o apelo.

Quando Gisèle entrou na sala de estar alguns minutos depois, com o cabelo ainda úmido do banho, vestida com uma camiseta larga e shorts, ela parou na porta por um momento, observando Alexia deitada no sofá, com Venetia dormindo em seu peito. Ela se moveu com cuidado até o sofá, abaixando-se para se sentar em meio às almofadas ao lado de Alexia. Sem dizer uma palavra, ela se inclinou e deu um beijo suave nos lábios da mais velha, que sorriu contra ela, sem se mover muito para não acordar Venetia, mas sua mão livre encontrou a perna de Gisèle, deixando ali um aperto suave.

Elas ficaram sentadas ali em um silêncio confortável por um tempo, com o barulho baixo da televisão ao fundo. Mas, depois de alguns momentos, Gisèle cortou o silêncio, sua voz mais suave, e só um pouco hesitante.

— Eu estive pensando — ela começou — Sobre voltar para Londres. Só por um tempinho — a mão de Alexia, apoiada no perna de Gisèle, apertou sua pele, e seus olhos acabaram se erguendo para encontrar os dela. Houve um lampejo de algo em sua expressão. Ela não estava exatamente magoada, mas perto disso o suficiente para que Gisèle pudesse reparar — Não é que eu não goste daqui — ela quis se explicar — Gosto. Gosto mesmo. Barcelona tem sido ótimo. Mas Londres é para mim o que Barcelona é para você, sabe? E eu só... sinto falta. Não é por muito tempo também. Acho que... bem, eu só quero que a Vee conheça a outra casa dela. E não estou apressando nada... Não vou fazer isso hoje ou amanhã, mas...

Alexia não respondeu imediatamente, deixando as palavras serem absorvidas. Ela entendeu, é claro. Ela passou tempo suficiente em Londres com Gisèle para saber o quanto a cidade significava para ela, e como estava ligada à sua família, à sua carreira, à sua vida antes de Barcelona. Mas com uma temporada que começaria em uma semana, a ideia de Gisèle e Venetia estarem em Londres enquanto ela ficava em Barcelona a atormentava um pouco. Mas ela não iria pedir demais também. Quase como uma brincadeira, Venetia tinha nascido ali mesmo, em Barcelona, ​​e como qualquer criança nascida em território espanhol, ela tinha cidadania espanhola, porque tinha sido registrada ali semanas antes. Ela era jovem demais para se lembrar de qualquer coisa também, mas uma parte de si estava conectada a Barcelona enquanto Londres ainda parecia distante demais. Em partes, Gisèle só queria que a filha conhecesse a outra parte de si. Era justificado.

— Eu entendo — Alexia finalmente disse, sua voz baixa — Mas com a temporada começando... não poderei estar lá o tempo todo. Você sabe disso, certo?

— Eu sei. E não espero que você esteja. Eu só... acho que preciso de um tempinho lá. Não para sempre, só... um pouco.

— Certo — elas ficaram sentadas ali em silêncio por mais alguns momentos. Alexia sabia que não poderia estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Ela não poderia estar no campo e em Londres, não poderia se dividir entre o futebol e sua família tanto quanto queria. Mas ela entendia a necessidade de Gisèle por Londres, mesmo que isso significasse ficar longe — Eu vou para lá quando puder — ela acrescentou.

— Eu sei que você vai — Gisèle sorriu, se inclinando para pressionar outro beijo nos lábios de Alexia, dessa vez um pouco mais longo, um pouco mais terno.

*

Alexia nunca tinha pensado tão diretamente nisso, com planos e detalhes, mas ela sempre quis ter filhos. Talvez ter crescido com uma irmãzinha em casa tivesse feito seu trabalho. Talvez ela tenha herdado essa coisa materna da mãe, ou talvez tenha sido o papel dela na vida de Alba se tornando ainda mais acentuado depois da partida do pai das duas. Bem, ela não sabia dizer ao certo. Ela se lembrou quando entrou no time sênior do Barcelona, ​​ainda muito jovem, mas sentindo um pouco de inveja das jogadoras mais velhas nos dias estranhos durante a temporada em que elas podiam levar os filhos para o treino, para sentar na lateral do campo e assistir as mães jogarem. Ela queria muito aquela coisa toda. E, sendo honesta, sempre quis uma filha. Duas, na verdade.

Naquela tarde de jogo no Johan Cruyff, olhando para Gisèle com sua garotinha de dois meses nos braços, Alexia meio que sabia que, não importava o que mais tivesse acontecido ou fosse acontecer em sua vida. Ela tinha sido sortuda demais por ter aquelas duas em sua vida. Foi a primeira vez que Gisèle voltou a um estádio de futebol desde que Venetia nasceu. Se todos os outros dias fossem como aqueles, Alexia continuaria feliz para o resto da vida.

O sol da tarde estava muito baixo, enquanto as jogadoras do Barcelona e do Granadilla Tenerife começavam seus aquecimentos. Gisèle tinha Venetia enrolada em um cobertor aconchegante com pequenos protetores de ouvido protegendo-a do barulho. Ela escolheu vestir Venetia com a camisa minúscula do Barcelona da temporada passada, aquela com detalhes amarelos, assim como a que Alexia usou quando levantou o troféu da Champions. Parecia importante - era o primeiro jogo de sua filha, e ela ficou realmente adorável com "Alexia" escrita nas costas da pequena camiseta.

Venetia estava surpreendentemente calma também. Ela se acomodou no peito de Gisèle desde o primeiro momento, sua mãozinha ocasionalmente se esticou para agarrar o tecido da camisa da mãe. Era um jogo de tarde, o que significava que havia mais famílias nas arquibancadas, menos torcedores barulhentos e, embora a seção em que estavam sentadas não estivesse lotada, parecia familiar. As pessoas sorriram e acenaram para Gisèle, mas a deixaram em seu próprio espaço, o que ela apreciou de verdade.

O jogo começou e, na maior parte, correu bem. O Barcelona dominou a posse de bola e, quando Bruna Vilamala marcou o primeiro gol, o estádio já estava agitado. Gisèle se deixou relaxar um pouco, ajustando os protetores de ouvido de Venetia e olhando para baixo para ver como ela estava. O bebê estava dormindo, o que não era nada de novo, já que com dois meses era realmente muito do que fazia. Venetia dormia. Ela dormia umas dezesseis horas por dia, em tempos espaçados, mas dormia.

Então, mesmo que não entendesse nada realmente, Venetia dormiu por praticamente o jogo inteiro. Quando veio o segundo gol, uma cabeçada de Summer Bennett - a nova zagueira que se encaixou perfeitamente no time como se estivesse lá há anos -, de um escanteio cobrado por Mapi, o barulho um pouco mais alto não incomodou a garotinha. Patri marcou logo em seguida, e Pina bateu com outro gol também, mas o momento real veio no início do segundo tempo. Alexia. A bola chegou até ela do lado de fora da área, e Gisèle conseguiu sentir uma mudança de energia. Ela já tinha visto aquele movimento antes, tinha quase memorizado a maneira como Alexia tocava, olhou para cima e então mandou a bola voando. A rede ondulou, e o barulho cresceu novamente.

Após o apito final, a vitória do Barcelona por 5 a 0 foi selada, e a multidão começou a se dispersar lentamente. Gisèle esperou por ali, sem pressa alguma, observando as jogadoras desaparecerem pelo túnel. Ela não se importou com a espera; na verdade, isso lhe deu um momento para respirar. Mas depois, quase uma hora depois, ela estava seguindo para a saída das jogadoras.

Ela ficou ali na entrada, Venetia enrolada em seus braços. Os pequenos protetores de orelha do bebê tinham encontrado o caminho para dentro da abertura lateral da bolsa maternidade que Gisèle estava usando transversalmente, com tudo que um bebê poderia precisar para uma tarde fora. Gisèle olhou para cima assim que chegou mais perto do fim do corredor, próximo ao vestiário, e viu Alexia deixando o espaço com a roupa de antes do jogo e os cabelos levemente úmidos. Alexia apressou um pouco o passo, cruzando a distância entre elas antes de se inclinar, beijando Gisèle nos lábios, para então encarar Venetia, já desperta, entre elas. Uma das mãos de Alexia seguiu para o rosto da garotinha, ajeitando o cabelo dela por um momento. A outra achou seu caminho para a cintura de Gisèle, contente o bastante em se sustentar ali.

— Como ela ficou?

— Dormiu durante a coisa toda. Nem seu gol acordou ela.

— Inacreditável — Alexia revirou os olhos, numa irritação falsa — Foi praticamente meu melhor gol, e ela não viu.

— Acho que você tem que continuar marcando, só para garantir que ela não perca nada.

Alexia se inclinou, suas lábios encostando os de Gisèle uma segunda vez. Ela demorou um segundo ali, sentindo o calor do momento, então se afastou, mantendo o sorriso no rosto.

— Talvez eu faça um hat-trick na próxima vez — ela disse.

— Sinceramente, por agora, acho que você poderia marcar dez gols, e ela sempre vai escolher o sono dela em vez do futebol. É assim que é.

— Bem, acho que vou ter que impressionar você em vez disso — Alexia murmurou.

— Ah, você já fez isso, acredite em mim.

Alexia olhou para o lado, antes de virar o rosto para trás por um momento, encarando a direção do vestiário.

— Você quer entrar? As garotas adorariam conhecer a Vee.

— Claro, a gente pode fazer isso.

Elas foram na direção do vestiário, o barulho da conversa pós-jogo já tinha se espalhado a tempos, e quando Alexia abriu a porta, a atmosfera de dentro estava ainda mais agitada. A maioria das garotas já tinha tomado banho e quem ainda não, estava num momento de recuperação. Mas todo mundo estava ali, pegando garrafas de água, ajeitando camisas suadas em cestos para roupas sujas, deixando o ambiente definitivamente muito menos bagunçado do que se esperaria num pós-jogo, quase que para ajudar quem cuidaria daquilo depois.

Assim que Alexia entrou agarrando a cintura de Gisèle enquanto a guiava para dentro, os olhos de Mapi foram os primeiros a se iluminar. Ela interrompeu uma conversa que estava tendo com Ingrid e caminhou até as três, dando muito mais atenção à garotinha nos braços de Gisele do que a qualquer outra coisa.

— Princesa! — a garota falou, sorrindo enquanto estendia a mão para que Venetia pudesse pegar. A mãozinha da pequena agarrou o dedo indicador de Mapi, e a mais nova se aproximou ainda mais, ficando realmente de frente para Gisèle, que sentiu de imediato o cheiro do perfume que ela estava usando.

Antes que Alexia pudesse entender o que estava acontecendo e então entrar numa espiral de que Mapi deveria ter cuidado, a garota já havia tirado Venetia dos braços de Gisèle, com a permissão dela, e com uma gentileza surpreendente, embalou o pequeno bebê como se já tivesse feito aquilo um milhão de vezes antes.

— Ela é linda, eu ainda não me acostumei com isso — disse Mapi, olhando para Alexia e depois de volta para Venetia — Estou te dizendo, futura capitã aqui. A gente precisa começar a trabalhar cedo.

Venetia se mexeu por um momento, mas não fez barulho de descontentamento. Ela estava bem acordada, o que fez Mapi sorrir suavemente, e então se virou para o resto das garotas, que tinham diminuído o barulho por completo, perguntando quem queria conhecer a mais nova integrante do time. A maioria foi se aproximando, mas com cuidado para não causar tanta agitação. Foi Jenni quem veio na frente, se inclinando um pouco para olhar a garotinha.

— Ela tem o nariz da Ale — Jenni falou e levantou os olhos, encarando Alexia para então desviar o olhar para Gisèle — Você tem certeza de que esse bebê não é dela?

— Confie em mim, eu verifiquei — a inglesa brincou — Além disso, eu tenho certeza de que eu me lembraria se Alexia estivesse envolvida.

— Ah, por favor... — Patri revirou os olhos do lado de Mapi — Sem detalhes.

— Olhe para esse rosto — Jenni estendeu a mão para gentilmente passar um dedo na bochecha de Venetia, que tinha a testa franzida — Essa é a expressão da Ale de 'estou prestes a gritar com alguém por perder um passe'.

Estarás organizando el centro del campo cuando tengas cinco años, lo sé, pequeña (Você vai estar organizando o meio-campo quando tiver cinco anos de idade, eu bem sei, pequena) — Mapi murmurou para Venetia em seus braços.

A garotinha parecia contente com Mapi enquanto elas passearam pelo vestiário depois disso. Mapi, que tinha entrado no modo tia completamente, estava apontando coisas para Venetia como se ela pudesse realmente entender. Eventualmente, Mapi fez um show até relutantemente passar Venetia de volta para Gisèle, que sorriu e envolveu sua filha em seus braços. Alexia observou o momento, e aproveitou a deixa para dizer que elas estavam indo embora já. Alexia se moveu para frente e gentilmente pegou a bolsa que estava suspensa no ombro de Gisèle, certificando-se de a equilibrar ao lado de sua própria mochila e da familiar nécessaire da Louis Vuitton que sempre carregava em dias de jogo, desde que ganhou de Gisèle, meses atrás. Ela deu um último aceno para o time antes de envolver seu braço em volta de Gisèle, e com Venetia acomodada com segurança entre as duas, elas saíram do vestiário juntas.

Quando elas chegaram ao carro, Alexia abriu a porta traseira, ajeitando as coisas no chão do carro antes de pegar Venetia e cuidadosamente a colocar na cadeirinha ajustada da maneira certa, certificando-se de que ela estava bem presa, consideravelmente acostumada com aquilo porque já tinha feito aquela mesma coisa algumas vezes boas desde que Venetia tinha nascido. Era outra coisa em que ela se tornara boa - ser meio que uma mãe. Era complicado, porque Venetia não tinha o sangue dela, mas de um jeito era dela, e ter um recém-nascido era exigente por si só. A vida de Alexia tinha se ajustado a isso, e ela estava bem com essa nova realidade.

Alexia fechou a porta com delicadeza e viu que Gisèle já tinha se acomodado na frente. Então, ela entrou no banco do motorista, e se preparou para dar partida, ligando a rádio numa estação qualquer que estava falando sobre a rodada anterior da La Liga - que tinha começado poucas semanas antes.

Os dias seguintes passaram em um ritmo ao qual Alexia estava bem em viver. Treinos pela manhã, uma rotina familiar de preparação, seguida por tardes em casa, onde ela podia se livrar do peso da restrição de capitã e simplesmente ficar com Gisèle e Venetia. Elas se estabeleceram em uma rotina, que parecia quase perfeita demais, como algo que só poderia durar um pouco antes que a realidade se instalasse. As manhãs eram intensas demais - exercícios de condicionamento físico, sessões em equipe, reuniões de equipe. Mas quando ela voltava para casa, o rostinho de Venetia iluminava o dia por completo.

Houve tardes tranquilas em Barcelona mesmo, em casa, ou então elas seguiam para Mollet. Venetia deitada em um cobertor enquanto Alexia e Gisèle arrastavam seu carrinho pelas ruas que Alexia tinha crescido, conversando sobre qualquer besteira. Mas, apesar disso, sempre havia um relógio correndo ao fundo. Dez dias depois daquele primeiro jogo da temporada 21-22 da Liga F, a realidade começou a se mostrar. Gisèle estava voltando para Londres. Elas conversaram sobre isso por dias, a logística disso, a necessidade de Gisèle voltar para casa por um tempo, e como ela queria que Venetia conhecesse sua segunda casa o quanto antes. Mas ali, quando o dia realmente chegou, parecia diferente. Parecia difícil demais deixar elas irem embora.

Elas estavam na sala, sentadas no sofá, Venetia dormindo em seu DockATot bem no espaço maior do sofá, felizmente inconsciente do que estava acontecendo. As malas de Gisèle estavam perto da porta, arrumadas com cuidado, como um lembrete claro de que ela não estaria ali amanhã ou depois. Mas, apesar disso, havia ainda mais coisas de Gisèle no guarda-roupa de Alexia do que enfiado nas malas que ela estava levando. Bem como as coisas de Venetia, que estavam todas ali ainda, com apenas uma bolsa de viagem pronta para as duas horas até Londres - até porque o restante de suas coisas estavam de volta em Londres, intocadas. Independente, aquilo era quase como um jeito de manter Alexia pensando que, de um jeito óbvio, as duas voltariam.

— Você sabe, é só por um tempinho — Gisèle disse suavemente, afastando uma mecha de cabelo do rosto de Alexia.

— Eu sei. Eu só... — ela fez uma pausa, olhando para Venetia — Vou sentir falta de vocês duas.

Gisèle se inclinou, beijando-a gentilmente, um beijo que demorou mais do que o esperado. Quando ela se afastou, descansou a testa contra a de Alexia por um segundo, de olhos fechados e respirando juntas.

— Você começou a temporada de vez — Gisèle sussurrou — Você vai estar ocupada e nem vai notar o tempo passar. Quando menos esperar nós estamos de volta.

— Eu vou notar — Alexia deu uma risada, balançando a cabeça.

E então, antes que o momento pudesse se estender mais, Gisèle manteve a distância, não querendo fazer daquilo algo mais difícil do que deveria ser. E o tempo correu. Samih tinha parado na frente da casa de Alexia, em um táxi espaçoso, minutos antes. O jato particular de Gisèle estava pronto no El Prat, esperando para levá-la de volta a Londres, e Samih tinha voado apenas para se certificar de que o caminho seria seguro o bastante, sem muito para se preocupar. Quando a porta de casa foi aberta, depois da mensagem de Samih dizendo que estava ali, o segurança estava pronto para ajudar com os malas, e Alexia ainda se manteve parada na porta, antes de carregar Venetia em seus braços para fora, com sua expressão cuidadosamente composta, ainda que ela quisesse honestamente romper algumas lágrimas - mas, depois, ela pensou que estava sendo só um pouco dramática demais. Gisèle se acomodou no banco de trás, e Alexia deixou Venetia nos braços dela antes de se inclinar para um último beijo, mais demorado, com seus lábios se tocando por um segundo a mais do que talvez devessem.

— Me mande uma mensagem quando chegar — Alexia disse baixinho, passando a mão no cobertor de Venetia e aproximando o rosto de umas das mãozinhas das pequenas, beijando os nós de seus pequenos dedos. Antes de se afastar de vez ela olhou para Gisèle por mais um segundo — Eu te amo.

— Eu também te amo — Gisèle respondeu de volta, e mais um beijo depois, ela estava vendo Alexia fechar a porta do carro com cuidado, e então o veículo se afastando.

Alexia esperou o carro sumir de vez virando para a esquerda para que pudesse entrar em casa. Ela fechou a porta, e Nala se mexeu em sua cama no canto, fazendo um pequeno som sonolento. Alexia sorriu para ela.

— Acho que somos só nós duas por agora — ela sussurrou, mas não que Nala tivesse se importado, parecendo bem o bastante em ignorar sua dona.

O silêncio da casa ainda era algo que Alexia teria que se acostumar, mesmo que apenas por alguns dias. Gisèle voltaria, é claro que voltaria. Mas a temporada estava começando, e com ela o ritmo de vida também mudaria. Gisèle não tinha se preparado para estar em Barcelona para sempre, e na verdade ela nem tinha falado sobre isso. Além disso, a casa de Alexia não era grande o suficiente para uma família morar. Venetia precisava de espaço, e Alexia tinha se ajustado com aquilo por enquanto, mas sua casa ainda era uma casa de uma mulher solteira que tinha sido transformada em algo mais improvisado. Ela estava apenas começando a pensar mais à frente. O mais à frente envolvia Gisèle e Venetia, e envolvia as três definitivamente vivendo como uma família.

O que ela não tinha pensado era no meio. A incerteza da transição, onde os dias eram vívidos em fragmentos, onde as decisões se emparelhavam sem serem ditas, e as paredes de sua casa eram provisórias e permanentes ao mesmo tempo porque tudo ainda parecia confuso. Ela se sentou no sofá, o cobertor com detalhes em amarelo de Venetia ainda pendurado no braço da poltrona ao lado, onde Gisèle o havia deixado, e viu que estava esperando por algo. Pelo quê, ela não tinha certeza. Talvez fosse o próximo passo de uma só vez, ou talvez fosse apenas um sinal de Gisèle de que aquilo, aquela vida indo e vindo e se dividindo entre duas cidades não era tudo o que elas teriam.

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