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08 | EU TENHO MILHÕES DE DESEJOS DE AGRADAR VOCÊ

CAPÍTULO OITO | UN VERANO SIN TI
❝EU TENHO MILHÕES DE DESEJOS DE AGRADAR VOCÊ

seu rosto de anjo subitamente se cobre de brilho, o sorriso de um anjo estranho, e a luz fica embaçada, mas acredito eu que você me roubou naquela noite. toda a minha inocência de mulher sem emoção⸺ CANDIDE CRUSH; therapie taxi

O CLIMA DE FEVEREIRO EM BARCELONA IRRITAVA ALEXIA MAIS DO QUE ELA PODERIA ADMITIR. Houve dias de chuva constante, mas também céu azul e sol quente de inverno. Tudo parecia mais abafado e, embora durante o dia fosse possível usar roupas mais leves — óculos escuros e uma camiseta geralmente eram a ordem do dia durante à tarde — logo se tornava necessário se enrolar em camadas de roupa quando o sol começava a se pôr.

Era a inconstância que irritava Alexia.

Quando ela entrou em campo para a partida contra o Rayo Vallecano no Estadi Johan Cruyff, estava com frio e depois ficou frustrada também, porque além do clima, ela não teve um começo de jogo tão bom quanto havia planejado. Em qualquer outro momento, Alexia teria balançado a cabeça e tentado recuar, mas naquele dia, parecia um pouco mais difícil fazer isso quando ela sabia que Gisèle estava na área de "família e amigos", observando-a jogar. Embora não fosse a primeira vez que a garota a via jogar, era a primeira vez que ela a via em uma partida que dificilmente seria uma das suas melhores. Alexia estava exigindo muito de si mesma.

Mas Gisèle não tinha ideia disso. Ela estava se divertindo. Crnogorčević havia marcado aos dezesseis minutos do jogo e a cantora comemorou animadamente com Mapi e Alba. A irmã de Gisèle havia deixado Mollet para assistir ao jogo naquela noite, e Mapi estava fora da partida devido a uma lesão no tornozelo. Ela ficaria fora por mais alguns dias, mas nada que comprometesse sua temporada.

— Ela não gosta de câmeras ou de falar na frente das pessoas, e então Guillem veio e disse: 'Ei, escute, você provavelmente vai ganhar todos os prêmios possíveis nesta temporada, e você é tão boa, nós te amamos tanto, vamos fazer de você o rosto do time, ok? Não é uma pergunta' — disse Mapi, contando a ela o que havia acontecido no dia em que Alexia enviou algumas mensagens para Gisèle.

As mensagens que a fizeram embarcar em um avião para Barcelona.

Aliás, Holly ainda não tinha ideia de que Gisèle não estava em Londres. Ela havia cancelado dois encontros, com a desculpa de que não estava muito disposta por aqueles dias, e Holly pareceu aceitar bem. Além disso, ninguém havia chamado atenção para sua estadia em Barcelona também. Nenhuma foto ou especulação. Ninguém poderia dizer que ela não estava confortavelmente aconchegada em seu apartamento em Londres com seus gatos.

Mas, enfim, seguindo em frente e voltando ao que era importante, a respeito dos dias complicados de Alexia, a jogadora havia falado sobre isso, mas não em detalhes. Ela falou muito mais sobre o desentendimento com o treinador, Lluís, e evitou mencionar que também tinha ficado brava com Mapi, porque na verdade o cerne daquela "discussão" entre elas era justamente o "não relacionamento" entre Alexia e Gisèle - e sinceramente, não tinha sido exatamente uma discussão, porque ninguém levantou a voz, ninguém se opôs a nada. Alexia apenas revirou os olhos e tentou fingir que a amiga não existia pelo resto da tarde depois de a ouvir falar sem parar.

— Agora ela está planejando como fugir — Alba acrescentou, mas fez isso brincando, e Gisèle riu um pouco.

— Você acha que é por isso que ela está assim? — Gisèle acenou para o campo, em direção a uma Alexia irritada após errar um passe.

Uma Alexia irritada assim era algo a que Gisèle não estava exatamente acostumada. Mas Mapi havia comentado minutos antes sobre o quão intensa a garota era em campo. Não parecia nada fora do comum.

— Ela não começou bem — disse Mapi — Mas se alguém sabe como mudar o ritmo, é ela, definitivamente.

Não era mentira. Alexia sabia como sair de momentos como aquele, mas algo simplesmente não estava funcionando naquela noite. Quando o Barcelona foi para o intervalo com dois gols na conta, contra algumas tentativas frustradas do Rayo Vallecano, ela saiu ainda mais silenciosa do que o normal.

Na volta do intervalo, Alexia viu Jana receber um cartão amarelo aos 50 minutos do segundo tempo. Hamraoui então marcou com uma assistência de Oshoala. Pouco depois, Alexia estava na área, pronta para cruzar para o que deveria ter sido uma boa jogada, quando ganhou uma entrada dura. Ela acabou "atropelando" uma placa de publicidade por conta disso, mas não conseguiu se segurar e acabou no chão, com um arranhão na perna, um corte acima da sobrancelha que nem mesmo sentiu e muitas reclamações a fazer.

Ela foi substituída logo depois, com Caroline Graham Hansen entrando em seu lugar. Perto do final do jogo, foi justamente Caroline quem deu uma assistência para um gol de Lieke Martens. Gisèle não viu muito depois disso. Mapi e Alba acompanharam a inglesa até o estacionamento alguns minutos depois do jogo, enquanto Alexia mandava uma mensagem para a inglesa dizendo que a encontraria lá. Ou pelo menos Alba fez isso. Mapi parou quando viu Jenni saindo do estádio com uma garota que Gisèle nunca tinha visto na vida. Aparentemente, Mapi tinha algo para conversar com a mais velha, e Alba acabou sendo a "third wheel" para Gisèle e sua irmã.

Alexia apareceu com Lluís no estacionamento, e eles pararam alguns metros depois do carro da jogadora, conversando sobre algo - parecendo realmente sérios. Alexia ouviu muito mais do que falou, e quando o assunto finalmente terminou, ela se despediu do mais velho com um aceno e um aperto de mão. Virando o rosto, Alexia sorriu de leve quando viu a irmã e a abraçou por um momento antes de se voltar para Gisèle e a abraçar por mais tempo do que talvez ela mesma estivesse esperando. Quando se afastou, o aperto continuou na cintura da garota, Alexia segurou seu queixo com as mãos, inclinando sua cabeça um pouco mais alto, e então ela se inclinou, deixando um beijo rápido em seus lábios.

— Vocês são lindas, eu admito — Alba comentou, e Alexia a encarou deixando um riso escapar. Gisèle se afastou de vez em Alexia, mas uma das mãos da garota achou a sua, e logo elas estavam com os dedos entrelaçados — Mas eu realmente não preciso ver isso.

— Vocês se divertiram? — Alexia ignorou o comentário e perguntou quando o sorriso em seus lábios se tornou mais quieto. Alba assentiu.

— Você aparentemente não — a irmã da jogadora apontou.

— Eu tive uma partida terrível — ela confessou, ainda que não tivesse sido seu pior momento, mas mesmo se Alba falasse sobre isso, Alexia definitivamente não escutaria.

— Nós temos dias e dias — Alba deu de ombros — Ei, eu vou indo. Tem um carro de aplicativo me esperando lá fora, mas... — ela encarou a irmã, e então continuou — La mare em va dir que li preguntés què et sembla anar a dinar demà (A mamãe falou para eu perguntar o que você acha de ir almoçar lá em casa amanhã).

— Realment era una pregunta? (Foi realmente uma pergunta?).

— Je saps que no. Ella et vol allà. (Você sabe que não. Ela quer você lá).

— Qui hi serà? (Quem vai estar lá?).

— Jo, la mare, el tiet Ricard i la tieta Anna, la Míriam i el Marc. També va trucar a l'Adrián, però no sé si realment se'n va. És a Madrid, torna a primera hora del matí (Eu, a mamãe, o tio Ricard e a tia Anna, Miriam e Marc. Ela chamou Adrián também, mas não sei se ele realmente vai. Ele está em Madrid, volta durante a madrugada) .

— Tampoc puc dir que ho faré, almenys no segur (Não posso dizer que vou também, pelo menos não com certeza).

— Per què? (Por quê?).

— No vull pressionar a Elle. Amb prou feines ha parlat amb la seva mare i després es reunirà amb l'oncle Ricard? I ja saps, sempre que la mare organitza aquests dinars i diu que trucarà a l'oncle Ricard i a la tieta Anna, tota la família acaba anant. (Não quero colocar pressão na Elle. Ela mal conversou com a mamãe e então vai conhecer o tio Ricard? E você sabe, sempre que a mamãe organiza esses almoços e diz que vai chamar o tio Ricard e a tia Anna, a família inteira acaba indo).

— I no és hora d'això (E não é a hora disso?).

— Havíem acordat no provar res fins a l'estiu, abans del naixement del nadó. (A gente tinha combinado de não tentar nada antes do verão, antes do bebê nascer).

Claro que Alba sabia sobre o bebê. Mais porque Mapi não conseguia guardar segredo do que qualquer outra coisa, mas Gisèle não se importava muito em falar sobre isso. Ela havia dito a irmã de Alexia que estava esperando uma menina quando a viu naquela noite no jogo do Barcelona.

— I és clar que això no va passar(E claramente isso não aconteceu).

— Ens hem saltat alguns passos(A gente pulou algumas etapas).

— Així que no estarà malament saltar-ne uns quants més, germana. A la mare li encantarà veure-la demà, i si això ho prens seriosament... vull dir que en algun moment haurà de conèixer la família a Mollet. (Então não vai fazer mal pular mais algumas, irmã. A mamãe vai adorar ver ela amanhã, e se você está realmente falando sério sobre isso... quero dizer, em algum momento ela vai ter que conhecer a família em Mollet).

— Li preguntaré què pensa d'anar-hi, però no puc prometre res. (Eu vou perguntar o que ela achar sobre ir, mas não prometo nada).

— Excel·lent. Ens veiem demà. Ah, i si us plau, demana a aquesta noia que surti aviat a la teva cita (Ótimo. Eu te vejo amanhã. Ah e, por favor, peça essa garota em namoro logo).

— Alba-

— Ho dic seriosament, Ale (Eu estou falando sério, Ale) — Alba reforçou, um pouco como uma brincadeira, mas ainda assim séria sobre a conclusão daquela conversa. A mais nova se voltou para Gisèle, que tinha estado realmente perdida nos últimos minutos, ouvindo a troca em catalão e não pegando mais do que apenas uma ou duas palavras — Foi ótimo te ver hoje. Eu estava falando com a Ale que a mamãe chamou vocês duas para o almoço amanhã, e nós não aceitamos "não" como resposta.

— Claro — Gisèle disse, sem muito problema — Nós vamos estar lá.

— Você ouviu? — Alba apontou na direção da irmã e então se inclinou para abraçar Gisèle rapidamente, se despedindo — Vocês vão estar lá, Ale.

Alba abraçou Alexia em seguida, e riu suavemente quando escutou a irmã murmurando algo como "você é impossível" em seu ouvido antes de se afastar.

A jogadora viu a irmã indo embora, e logo depois deu seus passos e abriu a porta do carro para Gisèle, antes de dar a volta e se acomodar no assento do motorista. Ela deixou Sant Joan Despí em direção a Vallvidrera, e pelos primeiros cinco minutos do caminho de quase meia hora, o carro parecia estranhamente silencioso. E ficou assim até que Gisèle fez algo sobre isso.

— Você está bem?

— Aham — Alexia desviou o olhar da estrada por um segundo, e sorriu gentilmente antes de estender a mão direita e apoiar na perna da inglesa.

— Sobre o que você e Alba estavam falando? — Gisèle deixou a curiosidade transparecer, porque tinha sido certamente um momento estar no meio de duas pessoas falando catalão, sem a mínima ideia do que elas estavam realmente falando.

— Oh, bem... — Alexia limpou a garganta — Minha mãe nos chamou para o almoço de amanhã, mas isso Alba te contou.

— E...?

— Eu apenas quis saber quem vai estar lá — a mais velha deu de ombros — Minha mãe sempre acaba enchendo a casa de gente, e eu não queria que fosse uma surpresa tão grande para você, chegar lá e precisar conhecer tanta gente de uma só vez.

— Eu realmente não me importaria — Gisèle foi honesta.

Ela e Alexia ainda não tinham colocado um rótulo no que tinham, apesar de terem trocado outros beijos depois do que tinha acontecido no carro. Mas nada além disso. Elas ainda estavam desaceleradas, mas não tão desaceleradas. A coisa era que, Alexia estava um pouco receosa de dar um passo adiante quando o combinado inicial estava muito distante disso. Ela só não queria fazer besteira, mas até Gisèle tinha passado por esse ponto. A ideia de esperar até que parecesse certo... bem, parecia certo.

Alexia não disse nada. O silêncio acendeu no carro por alguns segundos - ou alguns minutos -, até que algum tempo depois a garota estava suspirando nervosa.

— Eu sei que não fizemos exatamente o que combinamos que faríamos — ela disse — Mas não posso dizer que eu tenha me arrependido.

— Estamos falando sobre isso? — Gisèle acenou entre ela e Alexia.

— Sim.

— Bem, apenas aconteceu — ela deu de ombros — Não é como se a gente tivesse feito também algo terrível.

— Não, de modo algum.

— Parece mais tolerável, não?

— Quero dizer... — Alexia começou — Eu odiava imaginar que você estava longe, e odiava também pensar que estava sentindo todas essas...essas coisas, sem poder realmente fazer nada. Eu vou ser honesta...

— Estou ouvindo.

— Me arrependi de dizer para esperarmos até que isso parecesse certo para tentarmos algo logo que falei sobre. Fiquei a noite inteira pensando: "Você é muito idiota, Alexia".

Gisèle riu.

— Mesmo?

— É muito difícil não ficar pensando em você vinte e quatro horas por dia, Elle.

— Não é menos difícil desse lado — Gisèle confessou.

— Então... — a mão de Alexia ainda estava na perna de Gisèle, e continuou ali, mas a inglesa apoiou sua mão por cima e logo depois seus dedos estavam entrelaçados — O que você quer fazer?

— O que você quer fazer? — Gisèle devolveu a questão.

— Eu fiz a pergunta primeiro.

— Mas você me ama, então é justo que me deixe tomar conta da situação aqui — a inglesa brincou e Alexia riu.

Não era nenhuma mentira. Ela tinha dito aquilo. Ela tinha dado um passo adiante e falado que amava a garota, e por mais que não tivesse ouvido de volta - porque Gisèle ficou completamente sem palavras -, não era difícil imaginar que os sentimentos estavam lá. Gisèle tinha um jeito doce de mostrar que se importava, e ela se importava muito.

— Ok, acho que quero... — ela se interrompeu — Quero perguntar o que você acha de ser minha namorada? Oficialmente. Não precisamos contar para ninguém fora das pessoas que importam, falar sobre e fazer isso maior do que talvez precise ser — Alexia se referiu a atenção que Gisèle recebia, e a inglesa não precisou de muito para entender — Mas quero chegar e te apresentar amanhã como minha garota.

*

Alexia sabia que a grande vencedora do relacionamento com Gisèle era sua provedora de internet e provavelmente a empresa de celular - e talvez as companhias áreas com as quais ela lidaria já que tinha começado a estar mais disposta a fazer aquela distância entre Barcelona e Londres a menor possível. Gisèle tinha sido doce o bastante para ir a ver por duas vezes. Alexia não se importaria de fazer o mesmo. Isso porque ela soube imediatamente que era louca por Gisèle assim que a viu. De modo honesto, ela não teria parado para conversar com uma "estranha" em um banheiro se não tivesse sido tão absorta pela garota ao ponto de mal ter pensado o quão confuso aquilo poderia parecer. Mas então, aquilo aconteceu e ela se pegou pensando em como e quando poderia estar com ela durante a maior parte de cada dia. Gisèle estava em Barcelona, ​​mas não ficaria para sempre. Quando ela fosse embora, Alexia sabia que passaria a maior parte do tempo grudada no celular para falar com ela.

Mas enquanto a distância não se tornava algo, Alexia estava confortável em a ter por perto. E parecia ser a coisa mais natural do mundo contar para aquela mulher incrível tudo sobre sua vida — e seus sentimentos — e ouvir ela fazer o mesmo. Parecia a coisa mais natural do mundo ter ela em casa e agir como se por todo o tempo a vida tivesse sido daquela maneira exata.

No dia seguinte ao jogo contra o Rayo Vallecano, Alexia saiu de casa muito cedo. Gisèle ainda estava dormindo, mas perto das oito, quando a jogadora colocou os pés na sala, a cantora já estava de acordada, deitada com Nala no sofá.

Alexia tinha uma sacola nas mãos, de um café não tão longe ali de onde vivia. Ela também tinha essa pequena caixinha enfiada no bolso da calça de moletom, mas escondida bem o bastante para que Gisèle mal tivesse anotado.

A jogadora seguiu para a cozinha, mas não sem antes se inclinar no sofá e deixar um beijo no rosto de Gisèle e mexer com Nala, com sua mão livre. Nala que, por sinal, não pareceu gostar de nada disso, quando Alexia atrapalhou seu momento muito bem acomodada perto da barriga de Gisèle. Naquele ponto, Alexia tinha apenas aceitado que Nala era literalmente o ser que administrava aquela família como uma grande chefe. Nem Alba, que era a filha mais nova, e uma princesa aos olhos da mãe, tinha tantas privilégios quanto Nala. Alexia também sabia quando não mexer com ela, e afinal quem iria querer mexer com aquele "pequeno demônio"? - como Mapi costumava se referir a Nala. Ela era a verdadeira rainha Putellas.

Aquele início da manhã - depois que Alexia ajeitou o café da manhã na bancada da cozinha -, foi discreto, tanto quanto nas manhãs anteriores. Gisèle se sentou ainda em seu pijama e elas conversaram um pouco antes de seguirem para o quarto, para que se arrumassem já que tinham que deixar Barcelona em uma hora ou duas, já que enfrentariam uma hora de estrada e Eli não era realmente a pessoa mais favorável a atrasos. Elas tinham um horário afinal.

Gisèle começou a se arrumar primeiro, mas sem muita surpresa Alexia terminou antes dela. A inglesa demorou um bom tempo embaixo do chuveiro, apenas aproveitando a água fria, feliz que não estaria reclamando do calor de Barcelona naquele dia porque a temperatura estava em 15 °C. Em um dia normal, se fosse um pouco mais acima que isso, ela reclamaria, e então Alexia retrucaria que era loucura, porque aquela era o inverno da cidade. Mas estava frio. Apenas não frio o suficiente. As pessoas reclamavam do clima de Londres, mas na verdade era a coisa que Gisèle mais gostava. Ela adorava a chuva, e adorava o frio, e o tempo "ruim".

Quando a inglesa saiu do banheiro, o cabelo dela ainda estava um pouco úmido do banho, e ela pensou que precisaria dar um jeito naquilo. A garota se moveu pelo quarto usando apenas sua calcinha. Ela sorriu para si mesma quando achou o vestido solto que tinha separado no dia anterior no topo de onde suas roupas estavam no armário de Alexia - algo fácil de combinar com seus tênis.

Assim que Gisèle colocou um braço no vestido, a porta se abriu com um rangido e Alexia entrou. Seus olhos pousaram em Gisèle, no meio do movimento, e por um segundo, ela congelou. Sua respiração realmente ficou presa na garganta e Gisèle notou o olhar não exatamente assustado, mas um pouco preocupado no rosto de Alexia, como se ela estivesse sentindo muito por não ter batido na porta. Gisèle sorriu gentilmente.

— Um pouco sem palavras, eu entendo, eu vejo — a garota brincou, ou provocou, com um sorriso levemente idiota, e então se colocou no vestido antes de caminhar até Alexia.

As mãos de Alexia emparelharam desajeitadamente a cintura de Gisèle por um segundo quando viu a garota tão perto, como se ela tivesse outra coisa em mente - e ela realmente tinha. Ela viu Gisèle se inclinar para um beijo e retribuiu antes que a inglesa finalmente se afastasse um pouco, ainda sorrindo.

— Espere — Alexia disse, sua voz um pouco trêmula. Ela pescou algo do bolso, e Gisèle não precisou de muito para ver um par de delicadas pulseiras de quartzo rosa — Eu vim aqui para te dar isso. Desculpa não ter batido na porta.

— O quarto é seu — Gisèle lembrou.

— Desculpa por não ter batido na porta — Alexia reforçou, e Gisèle uniu seus lábios uma segunda vez, por um único momento.

— Isso é para mim? — os olhos de Gisèle seguiram as pulseiras.

Alexia concordou, de repente um pouco nervosa. Ela logo imaginou em todos os relacionamentos que Gisèle tinha tido e em como nenhum deles tivesse talvez pensado em dar uma pulseira para ela ao invés de um anel. A ideia pareceu estúpida imediatamente.

— Eu pensei... em vez de um anel, sabe?! Eu queria algo que fosse bonito, mas talvez... mais discreto. Menos óbvio para a mídia, com toda a atenção em você. Mas ainda significa algo — ela respirou nervosa — Falando agora pareceu muito bobo-

— Não é — Gisèle a interrompeu sorrindo, e ela falou tão honestamente que Alexia reconheceu que era verdade — É perfeito. Isso é, hm, isso é quartzo rosa, não é? Para o amor, ou algo assim.

— Sim, sim. É para simbolizar o amor incondicional — a jogadora deu de ombros — E paz também. Dizem que é bom para o coração. Eu achei que combina com a situação. Então você vai usar um e eu o outro.

Gisèle pegou a pulseira, seus dedos roçando os de Alexia enquanto ela a prendia em seu pulso, ou tentava. O fecho quem ajeitou realmente foi Alexia, tomando cuidado para não deixar tão apertado. Gisèle admirou a pulseira por um momento, então olhou de volta para Alexia, ainda com o mesmo sorriso no rosto.

— Eu amei — ela sussurrou.

Respirando fundo, Alexia encontrou coragem para fazer a pergunta que estava em sua mente novamente, embora Gisèle já tivesse dado uma resposta, porque no dia anterior as duas tinham conversado no carro, aquilo ali parecia um pouco mais real.

— Então... você quer ser minha namorada? Quero dizer... Oficialmente, eu digo.

— Você está me pedindo de novo?

— Eu estou pedindo como deveria ter pedido.

— Você sabe a resposta, não sabe? — Gisèle perguntou e Alexia assentiu, mas a inglesa continuou de qualquer maneira — Eu quero ser sua namorada, Ale.

Elas se beijaram novamente, mas dessa vez devagar, enquanto Alexia tentava se apegar que aquilo era a realidade. Ela nunca tinha se sentido daquela maneira por ninguém antes. Assim que conheceu Gisèle, quando conversou com Mapi sobre como poderia muito bem se casar com ela e ficar juntas para sempre, ela não estava realmente pensando alto e distante. Ainda que parecesse um pouco como uma loucura completa. Elas se conheciam desde outubro, e pareciam tão pouco tempo se comparado a velocidade com a qual Alexia tinha caminhado em seus outros relacionamentos - mas também, não era como se ela tivesse muito para comparar.

Mais tarde, Alexia estava na cozinha, arrumando cuidadosamente as duas caixas médias de Magdalenas, uns pequenos bolos leves e fofos, que ela havia comprado na padaria favorita de Eli naquela manhã. A jogadora não queria aparecer de mãos vazias na casa da mãe, mesmo sabendo que ela já teria preparado uma mesa inteira para o almoço, com sobremesas incluídas.

Seu próprio reflexo na janela da cozinha chamou a atenção quando ela fechou a caixa e se certificou de que não abriria, e estremeceu levemente ao ver o pequeno corte perto de sua sobrancelha — que ela tinha ganho quando caiu sobre uma placa de publicidade na noite anterior. Ela realmente não tinha reparado, mas vendo, a impressão era a de que imediatamente parecia pior que realmente era.

Fosse porque estava realmente muito feio o corte, ou porque Gisèle aparentemente tinha um poder sobrenatural que Alexia ainda não conhecia - ela descartou a segunda opção logo -, quando a inglesa surgiu na cozinha, já pronta, com o cabelo solto e um cardigan creme ao redor do torso, ela estava segurando um pequeno tubo de creme de aloe vera. Seus passos seguiram sem presa, mas ela também não tinha hesitação e quando se aproximou de Alexia, sem dizer uma palavra, destampou o creme e gentilmente colocou um pouco nas pontas dos dedos, inclinando-se para aplicar logo acima da sobrancelha de Alexia. A mais velha piscou um pouco confusa, mas uma risada suave escapou dela.

— Você não precisa... — ela começou, mas Gisèle a interrompeu com um sorriso silencioso e um beijo. O que parecia um ótimo jeito de a manter quieta.

— Shhhh — ela murmurou contra os lábios da jogadora — Fique parada.

O toque de Gisèle era delicado, mas seus dedos estavam frios contra a pele quente de Alexia. A mais velha suspirou suavemente, deixando seus olhos se fecharem por um breve momento enquanto Gisèle terminava de fazer o que tinha de fazer. De repente, parecia haver algo tão íntimo apenas naquele momento entre elas, mas tão rápido quando Alexia foi surpreendida com a aproximação de Gisèle, ela foi igualmente surpreendida com a falta de contato.

Quando Gisèle realmente terminou, Alexia reparou que ela tinha esse pequeno curativo nas mãos, e a viu tirar o papel dele para então o colar com cuidado no pequeno corte em seu rosto. Ela provavelmente faria aquilo quando voltasse da casa mãe, mas Gisèle tinha se apressado, achando seu caminho pelo kit de primeiros socorros que havia no pequeno armário do corredor.

As duas trocaram um sorriso, e antes que Alexia pudesse dizer mais alguma coisa, Gisèle se inclinou e a beijou outra vez, e Alexia não conseguiu deixar de sorrir contra seus lábios.

— Obrigada — Alexia murmurou enquanto elas se afastavam, mas com seus rostos ainda próximos.

— Bem, não posso deixar você aparecer na casa da sua mãe com esse corte parecendo pior do que é. O que ela vai pensar?

Alexia riu, sua mão encontrando seu caminho para a cintura de Gisèle, puxando-a um pouco mais para perto.

— Você vai sempre cuidar de mim? Porque eu posso me acostumar com isso.

— Alguém tem que fazer isso, amor — Gisèle disse, deixou outro beijo rápido nos lábios de Alexia antes de se afastar, mal reparando em como tinha chamado a garota. Mas Alexia reparou e, se fosse possível, logo ela estava sorrindo ainda mais — Agora, acho que nós precisamos mesmo ir. Você disse que o caminho até Mollet é de uma hora, então-

Alexia não deixou a namorada concluir, e voltou a puxar para si, se inclinou, roçando seus lábios contra os de Gisèle em um beijo carinhoso, depois outro, e então outro, e um último.

A mão livre de Gisèle encontrou seu caminho ao redor da cintura de Alexia, puxando-a para mais perto, e Alexia envolveu seus braços ao redor de Gisèle. Quando elas se afastaram, se abraçaram, e a mão de Gisèle desceu lentamente pelas costas de Alexia, seus dedos traçando a curva de sua espinha antes de se enfiar por baixo da camiseta. Alexia estremeceu levemente com o toque, e ela enterrou o rosto na curva do pescoço de Gisèle, sentindo seu perfume.

— Estou muito feliz que você esteja aqui — Alexia murmurou contra sua pele, e as palavras saíram tão baixas que era quase como se fossem destinadas apenas ao espaço entre elas.

Gisèle pressionou os lábios na têmpora de Alexia em resposta, um sorriso puxando o canto de sua boca.

— Eu também — ela sussurrou, seus dedos continuando seu caminho lento e reconfortante pelas costas de Alexia — Estou muito feliz por estar aqui.



notes.

OI! parando aqui apenas para deixar uns links e comentar que essa história aqui vai fazer parte de um universo com outras três histórias - e a segunda já está publicada, apesar de ainda não ter um primeiro capítulo e também não ter uma data para o primeiro capítulo - mas eu espero que apesar disso ela tenha o povo, então vão lá dar uma olhada querides :)

antes dos links, só deixando claro que o universo como um todo se chama "off the line" (mas talvez isso mude mais para frente) e a segunda história é a com a Leah Williamson. a terceira é com a jenni, mas a quarta ainda é uma "surpresa" porque acho que está cedo demais nessa história aqui para vocês saberem sobre isso... mas mais para frente, estaremos aí.

agora os links...

... aqui apenas uma representação visual do que a Gisèle está usando para ir no almoço da família da Alexia (inclusive, próximo capítulo teremos a família Putellas-Segura sendo uma pouco caótica).

e aqui a pulseira que serviu como "anel de compromisso" para minhas queridas que considero tanto.

e aqui o link de 'hot pink ice cube', a história com a Leah.

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