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Capítulo 1

— Os policiais ainda não têm informações a respeito da morte de Lucas Cavalcante, filho do empresário famoso Léo Cavalcante com a socialite Margot Shuartz Cavalcante. — O jornalista comenta pela décima vez no dia, e tenho vontade de vomitar a cada minuto que ouço alguém pronunciar o sobrenome de nossa família. Eles falam no nome de meu pai, de uma forma que parece ser mais importante do que a morte de um inocente. — Lucas foi encontrado morto há quase trinta dias no beco do precipício na favela do Leão, comunidade de São Gonçalo, Rio de Janeiro. Além de ser estudante de direito, os amigos e familiares de Lucas afirmam que o rapaz de 21 anos era íntegro e responsável. Sem antecedentes criminais, Lucas foi encontrado morto pelo tenente-coronel André Couto, o Coutinho, e este, afirma que conhecia bem o rapaz e que jamais havia identificado qualquer vestígio de uso de entorpecentes nas feições de Lucas, ou má conduta. — Solto uma gargalhada fraca, porque sei que Lucas andava sempre chapado. — O médico legista, Dr. Carlos Soares, informou que Lucas teve graves ferimentos internos, alguns provavelmente antes de ter caído no beco do precipício, lugar conhecido pela fama de desova de cadáveres da comunidade, e outros que provavelmente foram ocasionados por sua queda. Havia ferimentos externos também, fato que o médico apontou que podem ter sido provenientes de uma sessão de mais de vinte e quatro horas de tortura, tais como mordidas, queimaduras em primeiro grau e... — Desligo a televisão, assim que mamãe cruza a porta de entrada.

— Clarisse, ainda de pijama a essa hora? — fala, assim que me vê deitada no sofá, e pede ao motorista que leve suas compras para o andar de cima. Desde que Lucas faleceu, ela tem gastado mais tempo fora de casa do que enfrentando os problemas de frente. Talvez, porque tudo aqui a lembre dele.
Só de me lembrar do rosto inchado e desfigurado do meu irmão no caixão, sinto tristeza.

— Quando voltará para a faculdade? — Ela pede espaço para se sentar ao meu lado, e lhe concedo. Sinto a palma de minha mão suada e tento focar no que ensaiei mais cedo.

— Sabe, mãe, eu andei pensando...

— Lá vem... — ela sorri fraco, dando-me mais visibilidade da existência de olheiras, e eu faço o mesmo.

— Acho que realmente já está na hora de voltar, mas não quero ficar me incomodando em ir e vir todos os dias para casa. As disciplinas estão um pouco puxadas e acho que seria mais seguro permanecer na facul durante a semana, o que acha? — Sinto as palavras tremerem ao passo que termino a frase, mas ela parece não perceber. Noto até que ela aparenta estar mais à vontade com essa conversa.

— E você moraria aonde, mocinha? Sabe que me preocupo com o seu bem-estar.

— Eu sei, e é por isso mesmo que eu precisaria morar mais perto de lá. Eu levo aproximadamente duas horas para chegar todos os dias na facul, não acho justo comigo também... — Desvios os olhos, diante da mentira deslavada que estou sendo obrigada a contar.

— Ainda não entendi porque não preferiu fazer uma faculdade particular, Clarisse, já até estaria terminando o seu curso. — Dona Margot afirma, e rebato que ela sempre soube que esse era o meu sonho, uma vez que eu queria o meu currículo completo, com cursos que eu conquistei ao invés de pagar por eles. — Pretende morar aonde? Teria que ser mais próximo do Centro. Você sabe que lá não é um lugar para mocinhas, e seu pai jamais permitiria.

— Papai nem tem parado em casa, ultimamente, Dona Margot. — solto a verdade de uma única vez. — E posso morar no Grajaú ou até mesmo na Pavuna. Posso pegar o metrô... — Ela arregala os olhos.

— Minha filha andando de metrô? — Minha mãe se levanta rapidamente do sofá e eleva o tom de voz: — Você ficou maluca, menina?

— Pois eu não seria a primeira de nossa família... — Deixo escapar, vendo-a suspirar. Ela sabe que me refiro a Lucas e os gostos peculiares que ele costumava ter. — Mãe, moramos na Barra, e daqui até o Centro é distante. Não quero ter que sair tarde da noite da facul e correr mais riscos... — Coloco um drama maior para ver se consigo atingir a emoção dela.

— Ok! Procure um lugar, e me passe o valor dos custeios e tudo mais. Tire fotos para ver se aprovo. — Faço que sim com a cabeça e forço um sorriso já sabendo que ela falaria exatamente isso. Ela me puxa para um abraço apertado. — Minha menininha está crescendo. — Minha mãe olha dentro dos meus olhos e completa baixinho: — Só espero não me arrepender disso...

+++

Eu havia encontrado na internet várias fotos de apartamentos que tinha certeza que seriam aprovados por mamãe. Conhecendo a boa conduta de sua filha, óbvio que ela jamais desconfiaria de nada, então, após receber o meu aumento de mesada, finalmente arrumei minhas malas e parti. Nossa despedida foi composta por choro, mas também por orgulho e satisfação, porque meus pais queriam ver pelo menos um dos seus filhos formado, tendo a possibilidade de um futuro promissor. Por isso, confesso que sai de casa com o coração apertado, pois sabia que eu poderia vir a encontrar o mesmo destino triste do meu irmão.

Dentro do ônibus, recebi algumas mensagens e ligações do André, mas preferi não o atender. Não quero iludi-lo achando que, depois de termos passado a noite em que descobrimos a morte de Lucas juntos, voltaríamos a namorar. Confesso que me senti carente naquela noite e que precisava de algum conforto masculino que não fosse o meu pai, então, passar a noite com André me fez esquecer por algumas horas aquele sentimento de impotência que eu estava sentindo.
O telefone começa a tocar algumas vezes, até o momento em que o desligo de vez.

A viagem é longa, e deixo o sono acumulado por vários dias me levar. Não sei por quanto tempo dormi, mas lembro-me de estar sonhando com Lucas, quando acordo sobressaltada, e o rosto de uma senhorinha, que havia se sentado ao meu lado no início da viagem, aparece no meu campo de visão.

— Estamos no ponto final, minha querida.

— Ah! — Olho em volta, completamente, perdida. Levanto-me depressa e pego a minha mala de viagem e minha bolsa de mão. Sigo a senhorinha, dona dos cabelos mais grisalhos que já vi na vida, e lhe pergunto conforme descemos do ônibus juntas: — A senhora sabe me dizer como faço para chegar nesse lugar? — Mostro-lhe o papel amassado, que trazia no bolso da minha calça jeans, e a senhorinha esbugalha os olhos, comprimindo o maxilar.

— Tem certeza que é para lá que a senhorita vai? — Engulo em seco e faço que sim com a cabeça, sem mais alternativas. — Se quiser me acompanhar, irei lá para dentro também.

— Isso seria bom, obrigada. — Solto o ar lentamente, sentindo minhas pernas tremerem um pouco.

— Mas tenta não encarar muito, tudo bem? — Ela vira-se para frente e, após atravessarmos a rua principal, continuamos o nosso caminho. Pretendia perguntar sobre o que ela queria dizer com isso, mas, à medida que seguíamos a rua, percebi algumas pessoas espalhadas pelas calçadas; algumas sentadas e outras até dormindo, como se estivessem em casa. É nítido que estão usando ou usaram alguma substância tóxica, mas sinto o meu coração se partir ao ver crianças pequenas ao lado de adultos, que parecem completamente aleatórios para os filhos; mulheres, que aparentemente já foram bem afeiçoadas, vestindo trapos rasgados e sujos; homens, com uma aparência suja, discutindo uns com os outros e pedindo dinheiro eventualmente.

Olho para o chão, um pouco envergonhada, tentando não pensar no quanto eu gostaria de estar no conforto de minha casa neste momento.

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