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Capítulo 52


Quero um cigarro.

Tinha conseguido me controlar bastante desde que comecei a terapia. Só fumava uma vez ao dia com Thomas, na escola, ou nem isso desde que as férias começaram.

Mas naquele momento eu não sabia o que fazer. Estava ansiosa, com o mundo caótico, parecendo que estava em outra realidade vendo tudo acontecer através de uma corrente d'água. Um borrão. Não sabia o que fazer com minhas mãos. 

Eu costumava ter as mãos para me ajudar.

Não sei.

Não sei como cheguei aqui na sala, mas meu pai estava limpando as feridades de Thomas e Ty dormia no sofá. Minha mãe tentava falar comigo no corredor sem sermos ouvidas, enquanto Roberto Carlos cantava "Esse Cara Sou Eu". Eu odeio essa música. 

- Lily, preciso entender o que está acontecendo aqui.

Estou paralisada

- Desculpa, mãe.

Começo a chorar.

Sei que ela quer me matar no momento. Afinal, um dos conselhos mais frequentes dos meus pais é "cuidado com as companhias", "fique longe de quem te faz mal", "não cace confusão", e agora estamos com dois garotos aleatórios feridos em plena noite de natal na sala da nossa casa.

Mas ao invés de ficar revoltada comigo ou me cobrar, ela faz o que eu menos espero.

Ela me abraça.

- Você precisa falar comigo, Lily. Para eu poder ajudá-los.

Acho que é isso. Você avisa e tenta prevenir os seus filhos de coisas ruins. Mas quando já está envolvido até o pescoço o que resta é tentar ajudar.

Seco as lágrimas.

- Eu sabia que ele tinha um pai violento, mas mãe, juro, juro que não imaginava isso. Que poderia ser tão ruim assim. Não faço ideia do porquê isso aconteceu, só sei que a mãe dele morreu de câncer há uns anos e o pai tem sido difícil dede então. Mas sei lá, Thomas havia me contado que ele estava saindo com uma mulher do trabalho, então pensei... -Começo a chorar de novo e soluço. -Pensei que tivesse melhorado. Mãe, sou uma pessoa horrível. Eu deixei isso acontecer. Se eu tivesse feito algo antes, eu...

- Lily, calma. -Minha mãe segura minhas mãos. - Não adianta se desesperar agora. Não mais. Ele deve ter um motivo para ter escondido isso por tanto tempo. Relacionamentos abusivos são sempre complicados. Você é inteligente e sabe disso.

Respiro fundo e assinto.

- Mãe, precisamos ajudar eles. Sei que é pedir demais, mas... 

Ela logo me interrompe.

- Não é, Lily. O fato de ele ter vindo aqui... ele deve estar bem desesperado. Uma coisa de cada vez, ok? Ele terá que me contar tudo e colaborar para eu ajudar o máximo. Sou advogada, posso ajudar nas questões legislativas e judiciárias, mas ele vai precisar de uma assistente social. Acho que posso conhecer alguém. Uma amiga de infância.

- Obrigada, mãe. Fiquei com medo de você me xingar. Sei que só trago problemas.

- Não, Lily. Não fala assim... É um baita problema, mas de alguma forma esse garoto confia em você. Isso é bom.

Olho para Thomas. Ele e meu pai conversam.

Ainda não sei como agir. 

Dois mundos se colidem.

Eu e minha mãe vamos até eles, mas antes ela coloca um cobertor sobre Ty.

Roberto Carlos canta "Por isso eu corro demais". Melhor.

- Como você tá? -Pergunto quase num sussurro para Thomas. Ele tem uma gaze cobrindo boa parte de um dos seus olhos, um corte leve nos lábios e na testa. O nariz parou de sangrar. Boa parte dos seus braços estão com roxos. Ele está com uma sacola de gelo sob a mão direita machucada.

- Aparentemente, nada quebrado. -Ele responde com um sorrisinho, porém logo faz uma careta de dor. Idiota, ele ainda tem coragem de ser sarcástico.

- Apesar de que, na minha opinião, deveríamos ir ao hospital. -Minha mãe fala em voz alta. -Faz muito tempo desde que seu pai parou de trabalhar como enfermeiro.

- Eu confio na capacidade dele. -Thomas responde rapidamente e todos rimos. Seria bom, se não fosse trágico.

- E Ty? -Pergunto.

- Vai ficar bem. Os machucados dele são superficiais. -Meu pai responde enquanto guarda o kit de primeiro-socorros. - O Tomás aqui foi o herói desse garotinho.

- Thomas, pai. Sem acento no a. 

Thomas faz um gesto como se não ligasse, porém eu conheço meu pai. Devo corrigi-lo o quanto antes em relação a nomes, pois, caso contrário, ele me chamaria de Liliane e meu irmão de David pelo resto da vida. Lilian e Dave, pai. Somos seus filhos. Vamos lá, faça um esforço.

Na real, eu amava quando ele trocava os nomes. Era engraçado e suspeitava que ele fazia de propósito.

- Thomas, aceita alguma coisa? Água? Refri? Temos muita comida da ceia, você quer? -Minha mãe oferece.

- Não precisa, não. Obrigado. 

Mas eu vejo que seus olhos quase brilharam quando minha mãe disse a palavra "ceia". Meu coração se aperta.

Nota mental: alimentar muito o Thomas depois dessa conversa. Sei que agora ele não está com clima para comer.

- Me desculpa mesmo, viu. Mil perdões por estragarem o natal de vocês. -Thomas diz e quero muito abraçá-lo porque sinto que ele vai chorar ali mesmo.

- Que isso! Fala isso não, cara! -Meu pai se indigna, e sei que ele não está totalmente sóbrio porque chama Thomas de "cara", mas está bem o suficiente para fazer curativos. 

É isso: acho que quando se é adulto você tem esse dom de conseguir ficar sóbrio em momentos desesperadores.

- O natal já estava estragado mesmo Thomas! Dave, o irmão de Lily, trocou a gente pela família da namoradinha. Fica assim não!

- Não fala assim da Helena, Maria. A garota é uma gracinha. Eles estão noivos.

Então eles começam aquelas briguinhas triviais de sempre.

- Gente, foco aqui. -Dou um grito moderado para eles me ouvirem.

- Desculpa, Tomás. Aqui em casa é assim mesmo. A gente briga, grita, bebe, chora.

- Pai. -Digo entredentes. O cara acabou de ser espancado pelo pai e ele me solta uma gafe dessas.

- Thomas. Thomas. Não Tomás. Entendi, Lily.

Reviro os olhos. No entanto, Thomas está sorrindo.

- Adorei seus pais. -Ele sussurra no meu ouvido. Estou consciente da mão dele roçando na minha do meu lado, da nossa proximidade, da intimidade, da atração pairando. Sei que minha mãe já percebeu, mas não comenta nada. Se meu pai percebeu, também não fala nada. Obrigada, Deus.

Mesmo assim, sou cautelosa e não abuso. Me afasto sutilmente dele, e me sento ao seu lado na bancada da cozinha. Meu pai e minha mãe estão sentados de frente para nós, bebendo cerveja, porém sérios. Esperam respostas.

- Por que não me contou antes? Eu poderia ter ajudado.

Ele fica cabisbaixo com a mudança de assunto repentina. Não sabe o que responder. Dá de ombros, coça a nuca.

- É complicado.

- Thomas, para nós te ajudarmos você vai ter que contar tudo para gente. Do contrário, não há muito o que podemos fazer. -Minha mãe logo diz.

Ele fica com a cara fechada, meio que a contragosto. Thomas é muito reservado. Tanto que se fechava demais, e queria resolver tudo sozinho. Orgulho. Provavelmente era o pior defeito dele.

Ele suspira.

- Acho que agora vou aceitar aquele copo d'água.


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