Capítulo 39
No caminho para casa, meu celular vibra com uma mensagem de Thomas e meu coração dá um salto. Com tudo que tinha acontecido no final da aula, havia esquecido que queria encontrá-lo.
Havia apenas seu endereço. Direto e sem rodeios. Com a mensagem clara: Venha. Se algo bom ou ruim ia sair disso, saberíamos quando eu chegasse lá.
Cheguei em casa correndo, engoli o almoço correndo e minha mãe, que hoje estava almoçando em casa e não no trabalho me reprendeu dizendo para que eu fosse mais devagar, pois isso engordava. Eu sei que eu não preciso engordar mais, mãe. Valeu. Mas eu tenho motivos.
-Vou na casa de uma amigo estudar.
Ela ergueu as sobrancelhas e logo depois franziu o rosto. Descontentamento.
-Que amigo é esse?
-Thomas. É um novato, chegou tem quase dois meses.
-E porque você nunca o mencionou para mim antes?
Dei de ombros.
-Não achei que fosse importante.
Por favor, pare de fazer perguntas. Não quero falar sobre ele com você. É constrangedor. Meus sentimentos devem estar estampados na minha cara.
-E como você pretende ir até a casa dele?
-Ele mora aqui perto. Só pegar um ônibus.
Ela respirou fundo pensando.
-Não espere anoitecer para voltar.
Concordei e fui direto para o banheiro tomar um banho para tirar o suor do corpo. Coisa que eu não costumava fazer assim que chegava da escola, mas eu iria encontrar Thomas e eu queria ficar cheirosa para ele. Como aquelas pessoas que passam e deixam seu cheiro impregnado em você, sem ser necessariamente perfume. Apenas seu cheiro. E isso cativa e faz você querer encontrar aquela pessoa novamente pelo simples cheiro. Era algo puro e sensual ao mesmo tempo.
Estava calor, a primavera já havia chegado, no entanto parecia verão, e por mais que eu sentisse vergonha das minhas pernas grossas roçando umas nas outras, e os pelos nas minhas canelas, panturrilhas e tornozelos eu decidi ligar o foda-se. Eu não era obrigada a vestir calça jeans nesse tempo. Coloquei um short jeans curto e larguinho, para ficar confortável. Conquistas do dia a dia, pessoal.
Peguei a mochila e sai de casa. Não tive que esperar muito, logo o ônibus passou e de repente estava em frente a casa de Thomas. Era uma casa normal, nem muito simples, nem muito extravagante. As janelas e as portas eram de madeira ao invés de metal, o que eu gostei, dando um ar mais aconchegante e rústico.
Bati a campainha ansiosa e lá estava ele. Com shorts porém com seu moletom preto de sempre, mesmo estando calor.
-Ei. -Disse ele ao girar as chaves, abrir o portão e me abraçar.
-Olá. -Respondi me aconchegando e aproveitando o máximo possível daquele abraço.
Pensei em fazer a pergunta genérica do "tudo bem?", mas parecia tão banal e falso naquele momento.
-O que rolou com você? -Perguntei por fim. Ele parecia abatido, como se não houvesse dormido direito à noite e estava acabando de acordar de um cochilo pós almoço, com o cabelo levemente desgrenhando, que eu achava lindo. Porém não parecia machucado, pelo menos, não recentemente.
Thomas apenas suspirou e disse um "Vamos entrar", e ao dizer isso ele me conduziu para dentro de sua casa, com sua mão delicadamente nas minhas costas; o que me causou alguns arrepios pelo seu simples toque.
Caralho, eu realmente estava com os hormônios à flor da pele.
Ele me mostrou a casa brevemente, e mencionei que eu havia achado as janelas e as portas bonitas, então ele respondeu que o motivo era que seu pai era gerente em uma loja de marcenaria.
-Onde está seu irmão? -Perguntei me sentando no sofá e colocando a mochila no chão.
-Escola. Ele estuda em horário integral, manhã e tarde.
-Por que não foi na escola hoje? -Perguntei de uma vez. Não estava mais com medo de levar um corte. Quero que ele se abra comigo. Preciso que ele se abra comigo.
-Meu pai. -Por um momento ele apenas disse isso se jogando no sofá ao meu lado. Seu braço preguiçosamente atrás de mim, mas sem de fato me tocar. -Chegou estressado do trabalho. Bebeu demais. Fez um escândalo jogando algumas coisas na minha cara. Não dormi direito. Então aproveitei e levei Ty para a escola hoje cedo, pois ele sempre fica afetado quando eu e meu pai brigamos.
Contive um sorriso. Eu havia conquistado certa confiança dele e isso aquecia meu coração.
-Fico feliz que tenha me contado isso. -Tentei soar o mais sincera possível com aquelas palavras, e coloquei minha mão em sua cocha e fiz um carinho como um gesto de gratidão. -Você está bem? -Fiz a pergunta clichê pois não queria ser tão invasiva ao ponto de perguntar "Ele te machucou?"
-Sim e não. -Ele suspirou e aninhou a cabeça no meu pescoço, me abraçando e fiz cafuné em seus cabelos. Eles eram tão macios. Eu poderia ficar ali por horas...
Não sei quanto tempo ficamos naquela posição, só sei que paramos quando ele começou a dar alguns beijos no meu pescoço e logo subiu para a minha boca. Um beijo não tão curto a ponto de ser um selinho, e não tão longo a ponto de haver muita troca de saliva.
-Obrigado por existir. -Thomas disse num sussurro e encostou sua cabeça no meu busto, porém sem tentar nada.
Aquelas palavras me pegaram de surpresa. Mais do que se um "eu te amo" tivesse saído da sua boca. Fiquei atônita.
Peguei sua cabeça e segurei entre as minhas mãos e o encarei no fundo seus olhos. Eu não poderia dizer mais uma palavra sequer, nossos olhares já haviam se encontrando espiritualmente e reconheciam a alma um do outro. Dessa vez eu o beijei intensamente.
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